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O Último dos Moicanos (1992): A Guerra de Independência das 13 Colônias e o mito romântico da fundação da América




"O Último dos Moicanos" é um filme de drama histórico do diretor Michael Mann, produzido pela Fox, sobre a Guerra de Independência dos Estados Unidos, em 1757. O filme foi baseado no clássico da literatura histórica de 1826, de James Fenimore Cooper. Em 1757, O major do  exército britânico Duncan Heyward chega em Albany, Nova York, durante o processo de guerras indígenas durante a guerra dos 7 anos, o livro de Cooper aborda as origens do processo de independência. Ele é designado para proteger e escoltar as duas filhas, Cora e Alice Munro, até o Forte William Henry, nas montanhas Adirondack. Heyward pede para Cora se casar com ele, mas ela quer mais tempo para decidir. No caminho, o comboio com as jovens é atacado por uma tribo. O índio moicano Chingachgook, seu filho Uncas e seu filho adotado, Hawkeye, os salvam e passa a ajudar Heyward, as duas mulheres e parte da tropa a chegar até o destino 




Acontece que Magua era na verdade um Huron, que liderou os britânicos para uma armadilha que mata a maioria dos soldados ingleses da caravana.


O trio concorda em levar as mulheres em segurança até o forte. Eles encontram um massacre na casa dos amigos deles na região, eles não podem enterrar os corpos dos amigos para não sinalizar que eles estavam ali. 


Cora e Hawkeye começam um romance enquanto conversam sobre as tradições do pai de Hawkeye ao anoitecer. Já Alice desperta interesse por Uncas. 



Eles acham o forte cercado dos franceses (que lutavam ao lado dos americanos na guerra de independência), e os Huron, sua tribo indígena aliada. O Coronel Munro é surpreendido por ver suas filhas, enquanto o major Heyward fica com ciúmes da aproximação de Cora e Hawkeye, até o ponto dela dizer que não queria mais se casar com o oficial inglês. 


Um homem da milícia local tenta alcançar o General Webb no Forte Edward para reforços na operação, com ajuda de Hawkeye, Chingachook and Uncas. Depois que Munro se recusa a honrar o acordo de Webb para deixar a milícia tomar conta de suas casas. Hawkeye ajuda eles a escaparem. Ele é preso depois por sedição, e condenado ao enforcamento. 



Entretanto, quando descobrem que o exército britânico está em extrema desvantagem, então Munro aceita o acordo  do General francês Louis-Joseph de Montcalm para rendição. Os britânicos poderiam deixar o forte de maneira honrada, com seus standarts e armas. Magua era furiosamente contra Munro, e juro se vingar matando suas filhas. 


Depois de Munro se recusar a honrar o acordo feito por Webb que a milícia podia sair, uma vez que Munro saiu do forte junto com os civis. Os guerreiros Huron os atacam e Munro é capturado, mas fica ferido de morte, e Magua corta sua cabeça por vingança. Hawkeye, Uncas, e Chingachgook lutam contra os soldados Huron para salvar Cora, Alice e Heyward e alguns soldados britânicos. Eles se escondem em uma caverna atrás de uma cachoeira, mas Magua os acha. 


Antes de Hawkeye, Uncas, e Chingachgook fugirem através da cachoeira, Hawkeye conta fala para Cora ficar viva e promete voltar para buscá-la. (algo que não é mostrado em sequência no filme, sendo uma falha de continuidade, pois já vemos as duas prisioneiras dos moicanos depois).


Magua leva seus três prisioneiros para um acampamento Huron. Enquanto eles decidem o destino dos prisioneiros na tribo, levando elas até o sábio da tribo. Hawkeye tenta pedir pela vida delas, falando que elas eram inocentes dos crimes do pai. Antes queriam apenas matar as duas garotas, mas fica decidido que Magua pegaria Alice para si, e que Cora fosse queimada viva. Apesar de Hawkeye se oferecer para ser queimado no lugar de Cora. Heyward, que está agindo como tradutor, diz para levar sua vida pela vida de Cora. Hawkeye dá um tiro de misericórdia para Heyward não morrer uma morte tão dolorosa. 




Crítica do filme


O filme foi baseado em uma obra clássica da literatura americana de James Fenimore Cooper, The Last of the Mohicans, um livro de 1826 que marcou a história dos Estados Unidos por querer abordar a visão romântica fundadora do longo processo de independência americano, usando um estilo de escrita ao estilo da antropologia de Lewis Morgan para descrever a cultura ameríndia, o que é interessante, pois o trabalho de Morgan foi em cima dos índios iroqueses, de onde tirou sua inspiração para seu tipo de classificação evolucionista. Vale lembrar que o filme marca a chegada ao poder do democrata Bill Clinton, eleito no mesmo ano do lançamento do filme. 


Na cidade onde moro, Niterói, a lenda é que o índio Araribóia, da tribo dos Temiminós (uma tribo de origem tupi), fez um pacto com os portugueses para expulsar os franceses (que queriam fazer a França Antártica) e por isso ganhou uma sesmaria (uma concessão de terras). Isso faz de Niterói a única cidade do Brasil fundada por um indígena. 


Se alguém já leu o clássico "O Guarani", ou "Iracema" de José de Alencar aqui no Brasil, vemos obviamente uma tentativa de fundar uma ideia a partir da visão romântica dos índios como a etnia principal fundadora. 


O que passa uma ideia romântica de integração, que apenas pode ser abordado como uma forma de inspiração histórica. Aqui nós temos aquele debate meio inútil se "era o índio bom, ou mau?", um velho debate acadêmico já batido uma vez que se eles eram os nativos da América, isso simplesmente não importa. 



O filme tem um mote muito bom e clássico. Diferente de O Guarani, onde Peri era gostado pelo pai de Ceci, ele que não se sentia a altura da amada. 


Nesse filme, o paradigma é um pouco diferente. O nativo herói Hawkeye foi adotado e logo para todos é índio (faz parte do "sindicato" por assim dizer), e por mais que tenha salvado o Major inglês e as filhas do coronel, eles discordam em relação ao papel da milícia local, e também sobre o ataque aos colonos amigos dos nativos praticados pelos aliados de momento dos ingleses.

 

Temos uma diferença aqui entre José de Alencar e James Cooper. Se James Cooper queria dizer que os "índios morreram e foram assimilados na figura do homem americano moderno", José de Alencar buscava dizer que a cultura indígena era viva e pulsante no Brasil, com grande número de tribos ativas em diversos espaços geográficos brasileiros (na época do século XIX). 


A história do livro que virou filme da Fox já foi adaptado no cinema em 1936. A Fox, apesar de ser um estúdio conhecido por ser "conservador" tem um interesse em estórias contadas sobre pautas raciais e internacionais, vale lembrar que é dos estúdios da Fox os filmes de política da boa vizinhança do Brasil com os Estados Unidos, ou filmes como "Gentlemen Prefers Blondes". 


Também filmes com temáticas raciais como "Pinky" (um filme sobre uma garota que foi considerada branca quando foi estudar e volta para casa e sofre preconceito dos brancos da região que a odeiam por ter se disfarçado de branca para poder estudar e virar uma enfermeira), ou filmes de faroeste de tese, como Consciências Mortas (que reflete o lado bárbaro da pena de morte nos Estados Unidos), ou produções como "Planeta dos Macacos (1968)" (até hoje para mim, o filme mais questionador já feito). 


Entretanto, nesse filme a Fox exagerou na sua mania de "mito ianque" e produziu um documento altamente celebrado pelo público por seu romantismo. 


O homem americano segundo Cooper (algo que poucos entenderam de seu livro), é O NATIVO, que se miscigenou, ou aprendeu com os índios. Ou seja, a América é dos índios e todo o resto é invasor, um ponto que sedimenta e explica os conflitos que veremos melhor no filme Cavalo de Ferro (1924)


É muito interessante reparar que há um debate implícito no filme, se esse tipo de percepção romântica dos nativos seria ruim ou boa em termos historiográficos, mas a lição cultural no filme supera qualquer questionamento nesse sentido. 


Podemos comparar esse filme com o filme "O Patriota", estrelado por Mel Gibson, que é completamente errado se pensado enquanto realidade histórica. No filme de Gibson, os nativos são apagados do enredo, como também o começo da escravidão é ocultada. Esse filme que conta a história de um homem que era na verdade, Benjamin Martin, um senhor de escravos, conta como os brancos americanos conseguiram vencer os ingleses sem nenhuma ajuda indígena, o que é completamente incorreto historicamente. Nem mesmo retrataram a tensão e briga de tribos no meio das negociações, entre os ingleses e os franceses. 


O Patriota é um filme dos anos 2000, na época da eleição de George W. Bush para a casa branca. Esse filme foi uma forma de resposta ao filme épico e correto de Michael Mann. 


Para Michael Mann, pelo que eu senti do filme, a trama é uma lição cultural da necessidade de entender que se os Estados Unidos e o continente americano como um todo, se formou através do nativo americano, que posteriormente, foi massacrado e exterminado da sua própria terra original.  


Assim ele tenta estabelecer de novo, que quem são particularmente nacionais, da terra, são os nativos. Até porque a maioria dos ingleses colonos que vieram inicialmente fugiam de perseguições religiosas, portanto, viviam fechados em si e em seus costumes, ao estilo "amish". 

 


O que o filme aborda? As guerras indígenas vieram dentro do contexto da guerra dos 7 anos, que ocorriam antes mesmo da chegada do homem branco. Aqui no Brasil era a briga diferentes tribos que acontecia e que foi utilizada para separar os conflitos e ajudar na colonização. No filme, era a briga dos Moicanos contra os Huron. O mais engraçado é que no Brasil entre 1753 1756, houve algo parecido com a Guerra Guaranítica, ou "Guerra dos 7 povos", onde uma tribo Guarani enfrentou tropas portuguesas e espanholas, do conflito saiu a necessidade de criar o Tratado de Madri. 


Casas ao estilo da nação/etnia Huron.


"A Guerra Guaranítica", ou "Guerra dos Sete Povos", foi um conflito envolvendo índios da tribo Guarani e as tropas portuguesas e espanholas, entre os anos de 1753 e 1756, que resultou das decisões do Tratado de Madri a respeito dos limites dos domínios de Portugal e Espanha na América do Sul. Os jesuítas eram contra a escravidão dos índios defendiam eram contra o sistema de "encomienda" (sistema de escravidão na América). 


Como Bartolomeu de La Casas, que passou a vida toda como um escravizador de índios, mas depois de "estudar", se tornou um dos maiores nomes a ficar contra o sistema de escravidão e trabalho indígena. 


A região em disputa se chamava Sete Povos das Missões e foi ocupada originalmente por padres jesuítas, que levaram os índios do litoral brasileiro para o sul da colônia no intuito de protegê-los da escravidão e iniciar a evangelização. Portugueses e espanhóis disputavam a região para aprisionar os índios e utilizá-los como mão de obra escrava e buscar metais preciosos". 


O conflito no Brasil era uma resposta ao Tratado de Madri (1750), como também, podemos perceber que as guerras dos índios para defender seu território aconteceram não apenas nos Estados Unidos, mas no continente americano como um todo. No livro de Cooper, vemos uma tentativa de abrandar esse conflito, dizendo que se os índios morreram, parte do traço genético dos novos habitantes, era em parte, também indígena. A França estava lutando por seus territórios  na guerra dos 7 anos contra a Inglaterra, e depois no processo de independência participou ao lado dos colonos americanos. Sendo um processo de longa duração. 


Como o personagem índio mestiço interpretado por Daniel Day-Lewis simboliza em parte a ideia do "novo homem americano". Outro traço fundamental é ver que as vestimentas e armas utilizadas no filme praticamente saíram de um museu, de tão corretas e exatas que eram. Com trabalho adicional para fazer as armas de maneira o máximo possível autêntica. 


Simplificando, os moicanos (parecidos com os Botocudos brasileiros) se associaram momentaneamente com os ingleses em prol de expulsar os colonos americanos que estariam tomando suas terras, pois a tribo maior era inimiga deles de milênios, e essa tribo (dos ioroqueses e dos algonquian) foram as tribos do norte que fizeram pacto com os colonos americanos "venderam" parte das terras para os novos moradores. Simplificando mais ainda, os ingleses e os moicanos, versus os Algonquian, que tinham pacto com os locais e com os holandeses. 



Os índios americanos da etnia iroquês eram uma confederação que foi liderada pelos índios Mohawks, que se mobilizaram contra os Algonquian (aquela tribo do norte que a história diz que vendeu a ilha de Manhattan (o bairro mais nobre de New York) por um punhado de dólares. Isso simboliza algo bem forte sobre cultura, se os índios Huron estavam com os franceses e os americanos, os moicanos não queriam mesmo uma integração com os homens brancos. 


Hoje em dia, o penteado "moicano" parece ser mais uma moda entre jovens e rockeiros em geral, mas na história simboliza uma característica de um tipo de tribo indígena mais feroz e separada da convivência. Na época, a França de Luis XVI (o rei que perdeu a cabeça), dava enormes quantidade de recursos para os Estados Unidos para continuar a rivalidade histórica sempre presente entre França e Inglaterra. Alguns dizem que foi esse processo que ajudou a ruir a monarquia na França, diziam que o povo passava fome, enquanto soldados franceses eram mandados para os Estados Unidos em uma guerra que não era deles.  


Outra informação interessante dos Moicanos, é que eles não são apenas uma tribo indígena, como também são parte de uma forma de nação e etnia própria, sendo o mais correto dizer povos moicanos. 


O mesmo caso aqui que é bem parecido no Brasil vem dos índios Botocudos, que não eram "românticos" e nada bonzinho. Afinal, não tem como esperar ser "bonzinho" e "romântico" quando tudo que é seu é retirado de você por uma outra nação/etnia. Os Ioroqueses de Algonquian (um jogo que retrata isso no pano de fundo de uma simples televisão é o GTA IV). 


O mito indígena é muito interessante por debater o "estar dentro" "estar fora" da sociedade. Os moicanos, assim como os Botucudos são os "pais" do estilo do rock. Se pensarmos os Apaches (criaram o estilo de calça e botas de couro), os Botocudos (piercing, brincos ao estilo alargador), como também os índios Aimorés tinham esse estilo. Em geral, os nativos americanos sofreram com extermínio e com a invasão de seus antigos territórios


História por trás do filme


O elenco conta com Daniel Day-Lewis e Madeleine Stowe, com Jodhi May, Russell Means, Wes Studi, Eric Schweig, and Steven Waddington.


Daniel Day-Lewis e Michael Mann no set de filmagem.


A música do filme foi feito por Trevor Jones e Randy Edelman, e a música "I Will Find You" pela banda irlandesa Clannad. O tema musical foi retirado do escritor escocês Dougie MacLean. O filme foi lançado em setembro de 1992, ganhando o prêmio do Oscar por Melhor Trilha Sonora, o único Oscar ganho até então pelo por Mann. Daniel Day-Lewis recebeu sua segunda indicação ao BAFTA e ao Oscar como Melhor Ator por sua atuação no filme. 




Muito cuidado foi tomado para recriar trajes e adereços precisos. Daniel Winkler fez os parte das facas usadas no filme foram feitas pelo especialista Randall King. Wayne Watson é o criador do rifle "Killdeer" usado por Hawkeye no filme. O clube de guerra de gunstock feito para Chingachgook foi criado por Jim Yellow Eagle. O tomahawk de Magua foi feito por Fred A. Mitchell da Odin Forge & Fabrication.


As facas que foram feitas com materiais similares aos da época.


As roupas foram feitas por James Acheson, que já havia ganho Oscar pelos seus modelos, mas teve diferenças criativas com Michael Mann e aí, Elsa Zamparelli assumiu seu lugar preparando as roupas do filme. Aparentemente, Wes Studi e Maurice Roeves se tornaram amigos de longa data. 


As localizações de filmagem foram no upstate colonial de New York, filmado quase que exclusivamente nas montanhas Blue Ridge, North Carolina. Outros locais de filmagem usadas no filme para retratar as cachoeiras, incluem Hooker Falls, Triple Falls, BRidal Veil Falls e High Falls, todas localizadas na floresta recreativa DuPont State. Outra cachoeira foi em Linville Falls, nas montanhas da Carolina do Norte. Também foi usada a  Hickory Nut Falls, no Chimney Rock, nas cenas do fim do filme. As cenas em Albany foram filmadas em Asheville. 




O set que retratou o Forte William Henry foi construído em torno do custo de US$6 milhões de dólares. O filme estreou nos Estados Unidos em setembro de 1992, em 1,856 teatros. Foi o filme número 1 na sua semana de abertura. Sendo um filme que lucrou horrores (diferente da maioria dos filmes de Mann que são mais filmes de críticos). 


Diferente de outros filmes de Michael Mann, onde o lucro não foi muito, o lucro desse filme chegou a $10,976,661 milhões de dólares apenas na primeira semana, e depois nos Estados Unidos e Canadá $75,505,856 milhões de dólares, chegando no mundo todo a um total de $143 milhões. Roger Ebert, por exemplo, disse que o mérito especial do filme é traduzir de maneira simples uma literária extremamente não compreensível, a versão de 1936, estrelada por Randolph Scott é muito boa também, mas esse filme, apesar de feito já nos anos de 1990, também não deve nada ao filme original. 




Dentro da história dos Estados Unidos, durante sua formação a discussão inicial travada era sobre como se viveria no novo continente, em termos de deliberações coletivas, aquela nova sociedade era regida por ideais e leis deveriam emanar de um local específico, ou valer para todos os territórios. Várias lendas de integração são relembradas e tradições foram formadas com base nelas. O exemplo do dia de ação de graças, comemorado no dia 26 de novembro antecede o Natal, o chamado (thanksgiven) que simbolizou uma pretensa união entre os colonos ingleses e os nativos na fundação da América é uma data de encenação de que esse processo foi pacífico e orgânico,  porém não foi. 


As comemorações datam de 1621 na região de Plymouth. Esse feriado simboliza a tentativa de unificação dentro de um mito de integração das raças e etnias que começavam a disputar o território americano. As guerras indígenas americanas, também chamada "The Beaver Wars (Guerra dos Castores)", ou "a guerra dos franceses e dos iroqueses", longas batalhas disputadas em torno da região dos lagos no Canadá (na região do Rio Saint Lawrence) , onde os iroqueses disputavam territórios com os Huron e os iroqueses (aliados dos franceses). 


Se pudermos comparar aqui, os iroqueses são em termos de lendas e assimilações históricas como os Guaranis no Brasil, ou seja, um tipo de povo que aderiu aos colonizadores por guerras étnicas tribais mais antigas. Se Peri era o "índio perfeito" "o modelo de bondade", assim também é o protagonista do filme vivido por Daniel Day-Lewis.  Os iroqueses falam Huron e representavam uma grande confederação de tribos (que eram aniquiladas e assimiladas progressivamente, como Neutral, Erie), as tribos faziam trocas e se entendiam com os holandeses, ingleses (inicialmente), e depois com os franceses. 


 A leitura do livro lembra os manuais científicos, ou documentários do Discovery ou do History por seu carácter naturalista de descrições de costumes, povos e paisagens. Apesar dessa pegada "científica", os tons racialistas estão fortemente presentes no livro. Podemos dizer inclusive que esse livro que virou uma saga ao estilo "novela nacional" foi a principal inspiração para o grande clássico da nossa literatura "O Guarani", escrito em 1857 na época do Segundo Reinado de Pedro II. A figura do herói mitológico de José de Alencar já foi tema aqui do blog em textos mais antigos, sobre o livro "Ubirajara", outro clássico do autor que considero o maior escritor brasileiro de todos os tempos.


Para ser sincero e ir direto ao ponto o livro e o filme tem um enfoque explicar a origem americana através de uma forma de lenda e mito onde os nativos teriam sido assimilados ao americano moderno, mas isso pode ser acusado de ser um romantismo que esconde a violenta relação do homem branco que chega na América. O filme e o livro são representações das tentativas de unificação do perfil nacional do homem americano médio. O homem americano médio americano seria descendente de índios e teria que ser assim para sobreviver. 


Assista o filme dublado aqui:






Comentários

  1. Observa-se no filme que os índios moicanos remanescentes, não usam "cabelo moicano". Mágua, o índio da tribo huron, usa.
    Então, porque se denomina esse corte como moicano?
    Assisti a versão de 1936, com Randolph Scott, também muito boa.

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