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Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021): Apesar de pretencioso, trama ideológica e efeitos mal acabados fazem filme da Marvel derrapar


Na China feudal, Xu Wenwu descobriu os dez anéis, armas místicas que concedem a seu usuário a imortalidade e poderes divinos. Wenwu estabelece a organização dos Dez Anéis, conquistando reinos e derrubando governos ao longo da História. Em 1996, Wenwu começa a procurar Ta Lo, uma vila que dizem abrigar feras míticas, para expandir seu poder. Ele viaja por uma floresta mágica até a entrada da vila, mas é impedido de entrar pela guardiã da vila, Ying Li. Os dois se apaixonam, mas os aldeões rejeitam Wenwu, então Li sai com ele. Eles têm dois filhos, Shang-Chi e Xialing. Wenwu abandona os Dez Anéis para ficar com sua família. Quando Shang-Chi tem 7 anos, Li é assassinado pelos inimigos de Wenwu, a Gangue de Ferro. Wenwu mais uma vez pega os anéis para massacrar a Gangue de Ferro, reassume a liderança de sua organização e faz Shang-Chi passar por um treinamento brutal em artes marciais. Quando Shang-Chi tem 14 anos, Wenwu o envia para assassinar o líder da Gangue de Ferro. Depois de cumprir sua missão, um desmoralizado Shang-Chi foge para San Francisco, adotando o nome de "Shaun" e trabalhando como manobrista com sua amiga, Katy. Até que eles são atacados em um ônibus


Eram capangas atrás dos Dez Anéis, e que roubam um pingente que Li deu a Shang-Chi. Wenwu fornece anonimamente a Shang-Chi a localização de Xialing. Temendo que os Dez Anéis irão atrás do pingente de Xialing, Shang-Chi decide encontrá-la. Ele revela seu passado para Katy, que insiste em ajudá-lo. Eles encontram Xialing em um clube de luta underground em Macao, que ela fundou após escapar de Wenwu. Os Dez Anéis atacam o clube da luta, com Wenwu chegando inesperadamente para capturar Shang-Chi, Katy, Xialing e seu pingente


História por trás do filme 


O personagem dos quadrinhos Shang-Chi foi concebido no final de 1972. A Marvel Comics desejava adquirir os direitos para adaptar o programa de televisão Kung Fu, mas teve a permissão negada pelo estúdio proprietário do programa, a Warner, dono do principal rival da Marvel, DC Comics. Em vez disso, a Marvel adquiriu os direitos dos quadrinhos para o vilão da história em quadrinhos, Dr. Fu Manchu, de Sax Rohmer. Eles desenvolveram Shang-Chi, um mestre do kung fu, que foi apresentado como um filho até então desconhecido de Fu Manchu.


HQ da primeira aparição de Shang-Chi


Apesar de ser um personagem original, muitos dos personagens coadjuvantes de Shang-Chi (principalmente Fu Manchu, Sir Denis Nayland Smith, Dr. James Petriee Fah Lo S Budap) foram criações de Rohmer. Nenhum personagem da série de televisão Kung Fu foi incluído na série de quadrinhos, embora o personagem Lu Sun, em uma das primeiras edições, tenha uma forte semelhança com Kwai Chang Caine com a adição de um bigode. Com o artista Paul Gulacy, a aparência visual de Shang-Chi foi modelada para parecer com a de Bruce Lee.


De acordo com Englehart, seu nome foi influenciado por seu estudo do I-Ching , composto por 升 (shēng) que significa "ascendente" e chi que significa energia vital. No Brasil, o personagem foi lançado com o nome "Mestre do Kung Fu", pelo qual ele é mais conhecido. O filme faz um esforço de reposicionamento de marketing do herói no Brasil, tentando estabelecer o nome Shang-Chi, pelo qual ele é conhecido em todo mundo.


De acordo com Margaret Loesch, ex-presidente e CEO da Marvel Productions, Stan Lee discutiu um filme ou série de televisão em potencial baseado no personagem Shang-Chi da Marvel Comics com o ator Brandon Lee e sua mãe Linda Lee durante os anos 1980, com a intenção de ter Brandon Lee estrela como o personagem. O pai de Brandon, a lenda das artes marciais Bruce Lee, foi a inspiração visual do artista Paul Gulacy ao desenhar Shang-Chi durante seu mandato na série de quadrinhos Master of Kung Fu na década de 1970. 


Em 2001, Stephen Norrington assinou um contrato para dirigir um filme de Shang-Chi intitulado The Hands of Shang-Chi. Em 2003, o filme estava em desenvolvimento na DreamWorks Pictures com Yuen Woo-Ping substituindo Norrington como diretor e Bruce C. McKenna contratado para escrever o roteiro. Ang Lee se juntou ao projeto como produtor em 2004, mas o filme não se materializou depois disso e os direitos do personagem foram revertidos para a Marvel. 


Em setembro de 2005, o presidente e CEO da Marvel, Avi Arad, anunciou Shang-Chi como uma das dez propriedades sendo desenvolvidas como filmes pelos recém-formados Marvel Studios, depois que a empresa recebeu financiamento para produzir a lista de dez filmes que seriam distribuídos pela Paramount Pictures. Shang-Chi foi colocado em uma lista de personagens que a Marvel pensava que poderiam fazer grandes filmes, apesar de serem relativamente desconhecidos, já que ele tinha uma "história muito Disney" nos quadrinhos.


A fotografia do filme começou em fevereiro de 2020, filmando no Fox Studios Australia em Sydney e em locações em todo o estado de New South Wales, sob o título provisório Steamboat. O fotógrafo Bill Pope atuou como diretor de fotografia do filme. Cretton escolheu Pope porque sentiu que o estilo do diretor de fotografia poderia ser naturalista e acentuado, e por causa do trabalho de Pope em Matrix (1999) e na trilogia Homem Aranha de Sam Raimi, que Cretton acreditava ter o tom certo para um filme focado em personagens asiáticos e asiático-americanos. Cretton se inspirou na filmografia de Jackie Chan, na série Ip Man, Tai Chi Master e Kung Fu Hustle, entre outros nas artes marciais e gêneros de kung-fu, bem como anime e videogames. 




Em 12 de março de 2020, depois que os estúdios começaram a interromper a produção de filmes devido à pandemia de COVID-19, Cretton decidiu fazer um teste para o coronavírus depois de trabalhar junto com pessoas que haviam sido potencialmente expostas a ele. Essa foi uma precaução, pois Cretton teve um bebê recém-nascido e ele se auto-isolou enquanto esperava esses resultados; o teste posteriormente deu negativo. Enquanto Cretton se auto-isolava, a Marvel suspendeu a produção da primeira unidade do filme, mas pretendia que outros aspectos, como a segunda unidade, continuassem normalmente. Em 13 de março, o resto da produção do filme foi interrompido enquanto a Disney interrompia as filmagens da maioria de seus projetos. Antes do fechamento, Ronny Chieng se juntou ao elenco em um papel não revelado. No início de abril, a Disney mudou muito de sua Fase Quatro pacote de filmes devido à pandemia, movendo Shang-Chi 's data de lançamento para 07 de maio de 2021. 



As obras de construção dos sets do filme foram retomadas no final de julho de 2020 e, em 2 de agosto, todo o elenco e equipe de filmagem já haviam chegado para começar a filmar "nos próximos dias". Qualquer elenco e membros da equipe que retornassem à Austrália de fora do país tiveram que ser colocados em quarentena por duas semanas após a chegada antes de retornar ao trabalho, de acordo com as diretrizes da Austrália. Mais tarde, em agosto, Yeoh foi confirmado para aparecer no filme. No mês seguinte, a data de lançamento do filme foi adiada para 9 de julho de 2021, depois que a Viúva Negra (2021) foi alterada para maio de 2021. Em outubro, as filmagens aconteceram em San Francisco, também sob o título provisório Steamboat. Os locais de filmagem incluíram os bairros Russian Hill, Noe Valley e Nob Hill, bem como Fisherman's Wharf e Ghirardelli Square. As filmagens terminaram em 24 de outubro de 2020. As filmagens também deveriam ocorrer em Los Angeles. 


Para a ação do filme, Cretton se inspirou nos mais diversos estilos de luta devido ao personagem ser treinado em diferentes tipos de artes marciais . Isso inclui o "estilo wushu elegante, quase etéreo" de Crouching Tiger, Hidden Dragon (2000) e as lutas "cinéticas" dos filmes de Jackie Chan. Coreógrafos chineses foram usados ​​para criar cenas de luta no estilo wuxia. Schwartz disse que havia um significado para cada estilo de luta no filme, e eles ajudaram a contar a história visualmente. A sequência da luta no ônibus fazia parte da proposta de Cretton para o filme, chamando-a de um "cenário hipotético" para ajudar a explicar as sequências de luta de que gostava, "aquelas em que as apostas continuam aumentando à medida que a luta continua". Uma vez que foi planejado para o filme, Cretton creditou a Allan por trazer a " comédia física parecida com Buster Keaton, misturada com configurações e recompensas, e apostas subindo e subindo a níveis quase ridículos". Coordenador de luta Andy Chengacrescentou que a luta no ônibus levou mais de um ano para ser planejada, passando por até 20 iterações diferentes, com a maioria das diferenças pertencendo à luta dentro do ônibus. A sequência foi parcialmente concluída quando a produção foi encerrada para COVID, exigindo que os envolvidos "retuníssem" assim que a produção fosse retomada para concluí-la. Dois ônibus foram utilizados, em um gimbal de 15 pés (4,6 m) de altura para "todos os grandes movimentos" e outro gimbal de 3,3 pés (1,0 m) de altura, com as viúvas e as cadeiras removidas na maioria das vezes por segurança. Cheng acrescentou que descobrir como o ônibus seria dividido ao meio e coreografar uma luta em torno disso foi "a parte mais difícil". Embora as cenas externas da sequência tenham sido filmadas em San Francisco, as cenas internas do ônibus foram filmadas em Sydney.




Leitura do filme 


A pior coisa sobre Shang-Chi é que ele tinha uma boa premissa. Com a China sendo a economia que mais cresce, ter filmes com mais protagonistas chineses e atores chineses no elenco é algo que todos queremos ver. Porém, como muitas adaptações americanas sobre outras culturas, o filme decepcionou.


O roteiro do filme até que é bem amarrado e a atuação dos protagonistas e principais é boa. Mas qualquer ator para além dos principais, atua como se tivesse acabado de acordar ou ainda estivesse dormindo. 


Há também um certo mal acabamento ou ajustamento dos efeitos especiais do filme. Por exemplo, quando um carro é cortado ao meio na cena do ônibus descontrolado, não parece haver atrito real, parecendo uma faca na manteiga. Ou os bichos mal renderizados ao justapostos com fundo mais artísticos. A intenção era para botar arte e 3D em diálogo, mas na verdade um ressaltou sua distância em relação ao outro, principalmente para os efeitos dos animais e da vila. E que vila era aquela? Sério que a grande vila fantástica, só tinha uns bichos e ultra colorido? Faltou vida e razões para o lugar ser tão bom, pois bonito já não era.




Fora a falta de interações que pareçam reais nessa parte. Por isso, toda sequência da floresta e do treino está comprometida, justamente pela falta de verossimilhança dos efeitos e da interpretação, que não exploram bem o relacionamento dos personagens.


Entretanto, nada incomoda mais no filme do que a falta de nexo e foco nas transições, mas principalmente a tentativa de incultar uma perspectiva nacionalista e que endeusa a democracia como único sistema político válido, as custas de demonizar ou outros, leia-se o sistema político chinês, o comunismo. Vamos repassar a trama focando nos destaques que fazem mais e menos sentido. 


Nas cenas iniciais, vemos o pai de Shang em uma época feudal e no presente, parecendo uma analogia  a modernização chinesa recente, sob o regime comunista, na figura de seu pai. Em uma viagem, a floresta "se fecha para ele" e uma luta com uma mulher misteriosa, e que viria a ser a mãe de Shang, é travada. 


A mãe por outro lado, é representada como um figura da floresta, que vive em uma comunidade aldeã. Sua figura quase etérea se assemelha muito as imagens da "mãe terra", a "deusa da colheita" e a "ideologia do tudo que planta brota"; ideais nacionalista e conservadores que se assemelham em muito com o partido chinês Kuomintang, o qual a figura mais importante foi Chiang Kai-shek, e que governou o país na primeira metade do século XX. 


Essa dicotomia subjetiva entre a China nacionalista e comunista nos é remetida pelas influências estéticas claras do filme Adeus, Minha Concubina (1993).


Entretanto, uma terceira e violenta ruptura é mostrada ao chegarmos ao plot de Shang adulto e suas aventuras na cidade. Primeiro, ele conhece a namorada no karaokê, algo meio subjetivo, pois eles se vem ali e logo já estão juntos. 


Ele trabalha em um emprego simples de manobrista, algo meio que um bico. Nessa parte o filme busca muito se aproximar e captar a afinidade do espectador com o protagonista, já que como um filme impactado pela pandemia de Covid-19, o espectador ter a esperança positiva de "novo normal" e retomada econômica no cinema, é a essência para o sucesso do próprio filme. 


Então vem a cena do ônibus. De certa maneira ela é a melhor do filme, ao mesmo tempo que destoa muito do clima do filme. Ele vai para Macao, cidade chinesa com grande ligação com o Brasil por falar oficialmente o português como sua língua principal. Mas o filme não explora nada cultural da região. Macao é apenas um cassino e uma batalha (horrível e demorada) na lateral do prédio.




O filme demora muito a entregar a questão: quem e por que está perseguindo Shang e por qual motivo? Essa ideia do vilão ser pai do protagonista, além de meio batida, é fora de tempo. Afinal não é muito legal depois de uma pandemia onde as pessoas foram obrigadas a conviver mais no isolamento, uma trama onde pai e filho brigam de maneira freudiana. Apenas parece errado.


Mas aí, ele vai com o pai para seu forte, onde o pai possui uma tropa de samurais com roupas que parecem de policiais de choque(referência a repressão nos protestos de Hong Kong?). Shang se lembra então que durante sua infância, o treinamento com seu pai era duro e violento, com castigos físicos, de novo remetendo a Adeus, Minha Concubina. 


Na mesa de jantar, o pai chama a namorada do filho de "americana", com certo nojo, ensejando de novo que o pai é comuna. Depois disso, o pai "convence" Shang a ir atrás da sua mãe que supostamente está em sua aldeia natal. Só que, do nada, na cela ao qual o pai botou eles, eles acham um velho com uma criatura bizarra, fogem, atravessam a floresta e a cachoeira sozinhos e chegam a vila. 


Lá contam para ele a lenda contra os "demônios da morte e das trevas" que "prometiam realizar sonhos e desejos", onde mais uma vez é ensejada uma crítica ao comunismo, só que de maneira horrível pois demonizadora e subjetiva, ensejando a ideia de alienação. Se fosse mais sincero e direto que está falando sobre política, talvez não ficasse tão ruim sua crítica ao governo da China, mas escamotear algo no meio do filme é de certa forma tentar trair e enganar o espectador.


No final temos uma batalha final horrível, com cenas de luta bagunçadas, onde o tom colorido e alegre da aldeia e seus bichinhos "fofos", não combinam para a porradaria e sangue sem fim do final entre os bichinhos e os samurais policiais. Aí eles se unem contra uma ameaça externa, que é o poder supremo do pai, ficando tudo confuso de vez, já que estava todo mundo se esfaqueando. E por último, mesmo que Shang esteja motivado por querer dizer que a tia (que parece metáfora da mãe) tem o direito de escolha de onde ficar e o que pensar, o fato de ele cair no braço com o pai para defender a vila, mas ela nem está ali e poderia ela mesmo se defender já que ela tinha sido a única até então a derrotar o pai, fica tudo muito freudiano para mim. 




Shang-Chi lembra os discursos anti-China de Trump quando era presidente: não caminha para lugar algum. A Marvel tem uma pegada abertamente mais republicana em suas histórias que a DC, que é mais democrata. Mas dessa vez exagerou, pois manteve a retórica anti-comunista em um filme onde o objetivo era louvar a China e a cultura chinesa. Como se o elogio fosse sempre acompanhado de uma ofensa primordial ao longo da trama. Um exemplo é a transição de espaços que a trama faz ao longo do filme. No início, eles estavam na cidade. As coisas eram meio zoadas, mas caminhava tudo bem. De repente, a trama coloca eles no rural, quebrando todo o clima do filme? Como se não pudesse mostrar uma trama de jovens chineses se dando bem na cidade e tivesse que redimensionar para o rural apenas porque está se abordando a China. Em outras palavras: o bom chinês é o rural, o da cidade é safado. Um preconceito e julgamento inerente que acompanha todo o filme, só que de maneira subjetiva pois o estúdio não quer que o público chinês e do Sul do mundo deixe de consumir o filme no cinema e no streaming. 


No final, o filme soa estranho, pois prega contra o comunismo chinês mas tão pouco é apologético aos Estados Unidos, pois são os democratas que estão no poder. Então qual o objetivo da crítica? Não poderia só adaptar o quadrinho sem nenhuma metáfora da atualidade política da China então? O público tende a gostar porque é chamativo uma trama de herói com protagonista chinês no mundo atual, onde a China tem maior relevância econômica, principalmente para o Brasil. Mas o filme tende a ser esquecido, pois não é o tipo de filme que a gente aguenta assistir duas vezes. Na verdade, o público depois se sente enganado achando que só venderam efeitos digitais feitos no fundo verde para a gente, vide o número das bilheterias que tiveram um boom na primeira semana, e na segunda começaram a cair.


Essa é a sensação principal que fica no final do filme: não seria mais fácil um filme sem efeitos digitais, de baixo orçamento, adaptando a trama para os dias atuais numa pegada pulp e noir, onde a "magia" fosse só um metafórica? Ia ficar mais barato e mais legal. Entretanto, acho que a própria produção do filme percebeu que o resultado final não ficou tão legal, e inseriu logo no final e depois de toda pancadaria, uma cena na mesa do bar com a namorada de Shang contando toda a aventura para amigos, que fazem uma cara de estranhamento com a narração hilária dela que destrói todo valor e emoção da aventura de Shang. Com certeza, a melhor personagem e a heroína do filme. 




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