O Massacre de Rosewood (1997): Ecos do passado de injustiça e violência em meio a uma América fraturada
Rosewood é um filme de 1997, inspirado no real massacre ocorrido na cidade de Rosewood. Na Flórida, em 1923, uma multidão branca ensandecida resolve atacar aleatoriamente pessoas negras da cidade. Um forasteiro e veterano de guerra que chega na cidade e começa a levantar a desconfiança de todos. O forasteiro quer inspirar os outros a se defender, mas também não se envolve até se ver atacado pessoalmente, tendo que ajudar a comunidade resistir a turba racista
Filme foi dirigido pelo direotorjá falecido John Singleton que também dirigiu o clássico dos clássicos Boyz in the Hood, com Ice Cube. Ao ser perguntado sobre o tema, ele respondeu:
Questionado sobre por que decidiu abordar esse assunto, Singleton disse: "Eu tinha um profundo — eu não chamaria de medo — mas um profundo desprezo." O ataque foi inspirado mesmo em fatos reais, ataques assim aconteciam o tempo todo também por uma profunda leniência das autoridades e instituições e também de parte do comércio com os procedimentos de segregação formal, que foi lei até 1968 nos EUA. O ataque em Rosewood chegou a atacar 140 pessoas e tiveram alguns sobreviventes e é através desses depoimentos que a maioria das pessoas se lembra do fato, que ficou mais esquecido que Tulsa, por exemplo.
Os anos 1920 foram insanos mesmo, pensa em uma década onde tudo mudou para permanecer depois igual., teve invenções como a fotografia com câmeras cada vez mais portáteis, o cinema de Buster Keaton e Charles Chaplin , mas também teve a volta da KKK ocorrida por conta das primeiras comunidades bem sucedidas oriundas dos esforços da própria população negra.
A primeira guerra viu alguns pelotões de soldados negros e isso gerou uma tradição, já havia um pouco disso com os Buffalos Soldiers. No cinema, mestres superavam a censura e agiam antes da implementação do Código de Censura oficial da academia. Eram tempos de radicalismo, mas de certa liberdade nas artes. Não apenas analisando os intensos anos 1920 na América, mas também a produção do filme em 1997. Uma das técnicas mais comuns de análise fílmica é analisar a temporada de abordada no filme em contradição com a época de produção recente do filme.
Em 1997, os Estados Unidos viviam as últimas do governo de Bill Clinton, um personagem que lembra no filme a figura de John, os dois viveram escândalos pessoais e tinham "mulheres de esquerda que não ligavam de ser traídas" entre muitas aspas para brincar um pouco com o arquétipo de Hillary Clinton, parecido com a esposa de John, em certa altura do filme, ela pergunta para ele, "John, você acha que eu reclamo daqui por causa das pessoas negras?", ela estava se referindo a odiar o lugar por conta dos radicais brancos e white thashes, que existem até hoje em cidades ao estilo cidade bem pequena. Apesar de inicialmente tentar fugir de se levantar contra o levante, aos poucos, Mann repara que terá que resistir e guiar a população da pequena cidade na Flórida com ajuda dos trens que levam as pessoas para fora da região pantanosa de conflito.
Tudo no personagem do Mann é bacana, é a verdadeira potência do filme e representa a primeira geração negra que ascendeu socialmente como veteranos da Primeira Guerra. Vale ressaltar essa coragem até mesmo de figuras que não se esperava muito. Mann chega a ser enforcado por uma multidão e resiste, o filme dá uma sensação espantosa de realidade, sendo uma produção de ouro, dificilmente poderá ser feito hoje em dia um feito histórico americano tão bom quanto este.
Apesar de sucesso de crítica especializada, o filme não foi bem no lucro total e praticamente não se pagou, porém o filme é marcante demais, muito bem feito e fica para a posteridade. O incômodo que temos dos tradicionais filmes sobre segregação como Mississipi em Chamas, ainda é sobre como os brancos que se posicionaram contra a segregação também sofriam represália, como o caso desse outro filme que também foi inspirado em fatos reais, sobre o ataque e morte de três militantes dos direitos civis, dois deles era brancos, mas foram mortos juntos.
O filme mostra o caso de Mann, um personagem super interessante, que antes de Django Livre, trouxe um "heroi negro" para o contexto de um filme que seria apenas "mundo cão sem ele", sendo o melhor personagem de longe de todo o filme.
O personagem de John é complexo e complicado demais para analisar, ele inicialmente parece um vilão, usando as pessoas negras da região para enriquecer e lucrando com os vícios, possuindo uma "família modelo" que também morremos de raiva quando vemos no início da trama. Acontece que a esposa troféu substituta branca de John, muito religiosa e não gostada pelos filhos dele vira uma heroína do cacete no fim do filme.
Ela fala o tempo todo para John que é difícil para ela viver em Rosewood, inicialmente ele acha que ela está reclamando da população negra, nós achamos isso como audiência também e odiamos ela. John é um típico herói Macunaíma (sem carácter) e ao estilo de Gilberto Freyre, se envolve com uma garota negra local e tem encontros sexuais com ela na mercearia, que claro, algumas pessoas sabem. Eu pessoalmente fiquei com raiva do John, uma pessoa meio parasita na minha opinião, mas no fim, ele se redime em parte de ter lucrado com um sistema injusto de trocas. Sua esposa, na verdade, era uma mulher muito legal, ela força ele a até o fim ajudar, na verdade, ela foi muito mais heroína que ele e no fim ainda defenda as crianças de um ataque sozinha, passando a contar com o amor dos filhos de John.
Muito bonito também os materiais do filme, um ambientação que dará inveja as produções de época de hoje em dia. Um realismo quase documental e fantasmagórico. Isso porque usou de depoimentos reais de sobreviventes como Minnie Lee Langley que ajudaram a moldar o filme.
Estava aqui pesquisando como sempre faço quando vou escrever de algum filme, e achei um filme também que reflete sobre isso chamado Banished, baseado em um artigo-teoria que diz que ao o homem branco observar a ascensão econômica e estrutural das comunidades negras (que eram bem fechadas e autossuficientes por conta de toda a segregação imposta).
Ao observar isso, os brancos resolveram contra atacar e desenvolveram junto com a volta dos grupos radicais do século XIX uma estratégia de eugenia apoiada na própria Constituição Americana, em ideias como liberdade de opinião e liberdade de ação em relação aos donos da terra, a classe dos proprietários da terra, isso significa que onde você é proprietária você tem direitos de vida e morte, sem fiscalização nenhuma por parte das autoridades (que em muitas das vezes, linchavam e atacavam a população negra juntos).
A personagem da senhora, Tia Sara, que tenta apartar a briga por ter sido babá de todos aqueles ali, mesmo assim, foi morta sem piedade, fazendo com que o homem da casa tivesse que defender sozinho contra uma multidão de brancos irracionais. Acho que gosto do casal feito pelo forasteiro e a moça professora, é feito com certa delicadeza na trama e apesar de não parecer importa muito como motivação para Mann que havia chegado ali para estabelecer família e aí ocorreu o ataque.
O grande evento do filme é um não evento, um casal jovem e branco, que aparecem com tristes, porém não fazem nada na sua casa, tem os empregados negros para fazer. Até que um dia quando o marido da moça não estava, ela apareceu com um amante (branco também) que bateu forte na sua carta depois dela começar uma briga boba por ciúmes, ele bateu nela e deixou uma marca, ela rapidamente viu que a empregada e sua filha viram isso e logo ela teve que pensar em uma forma de encobrir esse ferimento do seu marido saberia que ela estava traindo se ela não inventasse algo, ela começou a gritar e disse que foi agredida por um homem negro, que acabava sendo incriminado pela moça sem nem mesmo ter nada com ela. Apesar da empregada saber disso, ela não pode contar, e quando ela conta, ninguém acredita.
Isso começa uma tensão gigante da cidade que busca especular as terras, John queria expandir seus domínios, então visava comprar as terras por um baixo preço pelo processo de expulsão natural ocorrida em cidades ao estilo de Rosewood. Mas Mann queria também as terras, já que gostou da cidade, e começa a ser questionado pelas autoridade, não tanto autoridade do xerife local, mas ainda assim consegue não sofrer represália de cara, já que contava com seu certificado de veterano da Primeira Guerra. Os anos 1920 também viram o fim da Primeira Guerra, o fim de grandes impérios históricos, como o Império Turco Otomano, a hiperinflação na Alemanha , e o começo do fim da dominação britânica e a crise do modelo do liberalismo clássico culminando na Crise de 1929 e o fim dos modelos clássicos.
Talvez o fator que não tenha vendido vendido do filme é que ele aborda a liberação sexual das mulheres como imediato inimigo da pauta racial, como a mulher do cara branco traia ele com outro cara branco, essa relação gerava uma liberdade muito antes de qualquer liberdade efetiva. No filme, a boa personagem de 'mulher branca' é a esposa de John, que inicialmente pensamos ser apenas mais uma maluca religiosa. Essa perspectiva mais "mundo cão real" coloca ele no hall de filmes de sérios debates raciais como Coração Satânico (Angel Heart 1987)
O filme te toca profundamente, além de ser cinema cinema com todas as letras, retrata eventos reais. Nos anos 1920, os Estados Unidos viveu uma época agitada, o surgimento do cinema profissional. Na época isso vinha em conjunto contraditoriamente com um regimento e esses massacres eram ligados ligados aos grupos terroristas brancos que vinham o surgimento de comunidade ou exclusivamente negras prósperas, ou onde os negros tinham possibilidade de enriquecer ou ter um piano, como mostrado no filme, e isso gerou ódio na população branca e (sem talento), claro, que você tem ódio, provavelmente você não terá o dom (o talento).
Outro exemplo foi Tulsa, ocorrido dois anos antes, em 1921. Quando uma multidão de brancos (KKK) se reuniu para
O elenco desse filme é lotado de atores pesados, porém não muito conhecidos pelo público brasileiro, Ving Rhames interpreta Mann, Don Cheadle como Sylvester Carrier, Jon Voight como John Wright, Bruce McGill como Duke Purdy, Loren Dean como James Taylor, Esther Rolle como Tia Sarah, Elise Neal como Beulah (Scrappie), Bridgid Coulter como Gertrude, Robert Patrick como o amante de Fanny, Michael Rooker como o xerife Walker, Catherine Kellner como Fanny Taylor, Akosua Busia como Jewel, Paul Benjamin como James Carrier, Kevin Jackson como Sam Carter, Mark Boone Junior como Poly, Muse Watson como Henry Andrews, Badja Djola como John Bradley, Kathryn Meisle como Mary Wright Jaimz Woolvett como o vice-conde, Vanessa Baden como Lee-Ruth.
Mann é um misterioso veterano da Primeira Guerra Mundial que está procurando terras para comprar. Ele chega à cidade de Rosewood, uma cidade pequena e predominantemente negra na Flórida. Rosewood é o lar dos Carriers, uma família negra em ascensão, liderada por uma matriarca, tia Sarah, e seu filho orgulhoso e teimoso, Sylvester. Mann logo conhece Beulah "Scrappie" Carrier, a prima mais nova de Sylvester, e os dois se apaixonam rapidamente.
A tia Sarah trabalha como governanta para James Taylor e sua esposa, Fanny, um casal branco que mora na cidade branca de Sumner. Fanny, que tem um histórico de traição ao marido, tem um encontro com o amante enquanto o marido está no trabalho. Fanny discute com o amante, que acaba batendo nela. Tia Sarah e sua neta, Lee Ruth, ouvem a discussão e a surra subsequente, mas não intervêm. Uma Fanny perturbada, desesperada para explicar seus ferimentos ao marido, sai de casa e pede ajuda. Ela então conta a vários moradores da cidade que foi espancada por um homem negro.
Os moradores brancos acreditam prontamente na alegação de Fanny. Ao saber de um condenado negro fugitivo chamado Jesse Hunter, um grupo de Sumner e cidades próximas vai a Rosewood para investigar. Os moradores negros de Rosewood são rapidamente alvos de uma multidão branca, incluindo homens de fora do estado e membros da Ku Klux Klan.
Como um estranho, Mann tem medo de ser acusado de atacar Fanny e linchado. Ele planeja deixar a cidade apesar dos protestos de vários moradores de Rosewood que se encontraram em uma igreja para discutir planos para defender sua comunidade. Fora da igreja, Mann entra em conflito com John Wright, um veterano da Guerra Hispano-Americana da Marinha e dono de uma loja de artigos gerais, um dos poucos moradores brancos de Rosewood. Wright também está se envolvendo em um tórrido caso extraconjugal com a prima de Sylvester, Jewel; Mann vai embora.
Quando o grupo chega à casa do Carrier, tia Sarah tenta apaziguar a multidão furiosa. Quando ela anuncia que o agressor de Fanny Taylor era um homem branco, alguém na multidão atira nela e ela morre devido aos ferimentos. O grupo chega e Sylvester atira e mata dois de seus membros. O grupo recua e um tiroteio começa. Após o assassinato de Tia Sarah, o grupo ataca Rosewood. Mann está saindo da cidade quando testemunha o linchamento de Sam Carter, o ferreiro. Mudando de ideia sobre ir embora, Mann retorna a Rosewood para lutar ao lado dos moradores.
O grupo aumenta em número. Acreditando que James Carrier tinha informações sobre o condenado fugitivo, eles o procuram. Depois de fazer uma tentativa malsucedida de intervir em nome de James, Wright relutantemente permite que o xerife Walker leve Carrier sob custódia porque o policial disse que só queria interrogá-lo. Quando Carrier diz que não tem nenhuma informação, ele é imediatamente baleado por um dos membros da máfia. Wright fica chateado e a máfia o acusa de ser brando com os negros.
A violência aumenta e se espalha para cidades vizinhas. Quando o grupo chega à fronteira do Condado de Alachua, um grupo de homens brancos armados e um xerife bloqueiam as estradas e os mandam voltar. Os membros sobreviventes da família Carrier eventualmente escapam em um trem, que havia sido arranjado por Wright. Scrappie e Mann finalmente se beijam antes de Mann partir com Sylvester. Os dois planejam se encontrar mais tarde. Depois que a violência diminui, James Taylor confronta sua esposa, Fanny. Ele percebe que Fanny mentiu para ele sobre a verdadeira causa de seus ferimentos e teve casos com outros homens depois que o xerife e os moradores da cidade contaram. Oficialmente, o número final de mortos foi de oito pessoas, duas brancas e seis negras. Outros relatos de sobreviventes e vários jornais afro-americanos colocam o número entre 40 e 150.
Minnie Lee Langley, uma sobrevivente, serviu como fonte para os designers de cenário, e Arnett Doctor, filho de um sobrevivente, foi contratado como consultor.[ Cenários recriados das cidades de Rosewood e Sumner foram construídos na Flórida Central, longe do Condado de Levy, onde os eventos ocorreram. A versão cinematográfica, escrita pelo roteirista Gregory Poirier, criou um personagem chamado Mann, que entra em Rosewood como um tipo de herói relutante de estilo faroeste. Compostos de figuras históricas foram usados como personagens, e o filme oferece a possibilidade de um final feliz.
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