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Black Wall Street: primeiro comício de Trump é em Tulsa, cidade com longa trajetória de disputa racial



     
             A escolha da cidade de Tulsa, onde aconteceu um dos maiores casos de disputa racial da história americana, para Trump fazer sua primeira convenção, chama a atenção



         Trump já confirmou: sua campanha eleitoral começará por Tulsa. O Local era conhecido como Wall Street negra pela reunião de diversos comércios, igrejas e moradores veteranos da Primeira Guerra, como também cirurgiões e alfaiates e foi incendiado depois de ataques de supremacistas brancos há 99 anos atrás. 

         Além  de ignorar a pandemia, Trump parece querer jogar gasolina na chama dos protestos raciais que eclodiram no país.


          Em 1921, uma notícia sobre o ataque e abuso de uma adolescente, Sara Page, saiu em um jornal local chamado Tulsa Tribune acusando um jovem negro pelo crime. O resultado foi uma noite de bombardeio aos bairros e mortes de até 300 pessoas. Antes, em 1919, no desfile de volta da independência, o país havia saído na rua para comemorar a volta da guerra e acabaram voltando para casa com conflitos raciais para desenvolver. Afinal, os soldados brancos não aceitavam confraternizar com os veteranos negros.

      O dia primeiro de junho de 1921 foi um dos maiores massacres da história americana, conhecido como a queima da Black Wall Street, destruindo o pequeno polo econômico desenvolvido na região de bairros negros por raiva desses. Estimulados por diversos setores de homens brancos, principalmente delegados de polícia, veteranos de guerra e outros revoltados com a notícia do abuso.

        A história de Tulsa aconteceu em dois tempos. Um primeiro onde era uma próspera comunidade de maioria negra, concentrada no distrito de Greenwood, que nunca mais foi o mesmo.



      E o outro é agora, onde a tensão racial nos Estados Unidos chegou ao epicentro por conta do estopim do assassinato de George Floyd. Também por conta de diversos outros fatores, como a queda da economia e nos índices de emprego, condicionando o eleitorado republicano para o já tradicional domínio sulista e conservador. 


           Donald Trump para se encerrar na base mais ideológica de direita e perdeu seus índices populares por conta da antiga taxa de desemprego que era relativamente baixa. A influência direta do isolamento social tornou possível que se discuta que há uma certa vantagem nas próximas eleições para o candidato democrata, seja ele quem for. 

           O movimento black lives matter, que é uma pauta segmentada, recuperou uma tendência de ir para as ruas de certa linha de esquerda, e já culmina em uma experiência autogestionaria feita por um grupo que se denomina antifascista e vive em uma experiência anarquista, sem polícia e ocupando uma antiga delegacia de Seatle, gerando uma contradição. 
      
     Durante a pandemia, inicialmente quem buscava reabrir o país e pedir rebelião contra os governadores, principalmente os democratas, foi o próprio Trump, que agora resolveu assinar uma "reforma" policial que objetiva acabar com protocolos de imobilização que podem gerar a morte súbita do indivíduo, como no caso, tácticas de estrangulamento. 
        
        Hoje,  Tulsa busca lidar com esse legado através de comissões que buscam ainda as vítimas mortas no massacre, como também se empenha em museus e centros de memória para que as novas gerações não se esqueçam no legado da Black Wall Street e da terrível tragédia do massacre ocorrido em 1921. 



        Possuindo iniciativas como o Greenwood Art Project, que corresponde a um grupo de obras públicas temporárias para comemorar o centésimo aniversário da data. O projeto visa uma recuperação da comunidade. Além do centro histórico de Greenwood que reuni as fotos antigas da região e ajudam com a preservação desse pedaço esquecido da história americana. Há um projeto de pesquisa de DNA de desaparecidos naquela noite e do rastro de seus corpos que foram enterrados secretamente em uma área adjacente do cemitério da cidade. 

       Por conta do tenso passado racial, muitos acreditam que seja uma má postura de Trump dar prosseguimento a campanhas físicas, primeiro pelo coronavírus e também para não gerar mais protestos em resposta. A cidade já está ciente e por isso terá no dia do comício até mesmo toque de recolher, decretado pelo prefeito atual republicano George T. Bynum, além do governador do Estado de Oklahoma, Kevin Stitt, também republicano, chamar Trump e seu vice presidente Mike Pence para visitar Greenwood em Tulsa, distrito do massacre, uma medida que enfureceu muitos moradores locais. 

          Na noite desta sexta-feira, o toque de recolher, que seria promovido pela presença de Trump no local, foi cancelado.

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