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Ainda Estou Aqui (2024): Premiado no Festival de Veneza e cotado para o Oscar, novo filme de Walter Salles é sobre desaparecimento de Rubens Paiva na ditadura

 

Ainda Estou Aqui, (I'm Still Here no título em inglês) é o filme novo do diretor Walter Salles de 2024. Filme escrito por Murilo Hauser e Heitor Lorega e baseado no livro do filho Marcelo Rubens Paiva com mesmo nome, onde relata o ocorrido como filho de político desaparecido, político perseguido pela ditadura e que desapareceu iniciando a saga da família em busca de respostas. O enredo segue as vidas de Eunice Paiva e Rubens Paiva e sua vida pacífica no Rio de Janeiro com suas 5 crianças antes do desaparecimento do político. O filme também é um dos 6 cotados para representar o Brasil no Oscar.


A história é comovente e acho que todos conhecem também o filho o jornalista Marcelo Rubens Paiva, ele é filho de Rubens Paiva, engenheiro civil e político do PTB que tentou renunciar a vida pública para manter a vida familiar, mas continuou sendo perseguido pela ditadura militar. Sua morte só foi confirmada com laudos apenas 40 anos depois de seu desparecimento.


Esse filme tem tanto detalhe bacana, vamos começar pelo menos importante, mas interessante também, uma das atrizes que interpreta a filha fez recentemente uma vilã dessas típicas em uma novela b da globo e também o filme Raquel 1.1 (sobre uma garota em um grupo jovem evangélico), que também falamos aqui no blog. Lembro de ficar impressionada com atuação dela e agora vi ela de relance nesse filme.


O Walter Salles é o cara que fez Central do Brasil, um ótimo cineasta, mas que é um pouco ignorado por ser muito herdeiro, se formos fazer uma piada light aqui. Mas ele é muito bom e entrega grandes odes de filmes com temas nacionais e humanistas. 


Fernanda Torres já fez vários filmes com temática de ditadura militar, um deles até mesmo com a presença de Anthony Hopkins, o filme A Guerra de um Homem Só. Fernanda também escreveu recentemente um romance sobre um grupo de amigos e que se passa também na época da ditadura chamado "Fim" . Fernanda Torres também já apareceu aqui no blog quando era novinha, em um filme de 1983, fazendo uma linda adaptação literária de um livro do século XIX, Inocência, onde ela fazia a protagonista


Fernanda Torres e Fernanda Montenegro interpretam Eunice Paiva, a esposa do jornalista desaparecido e sua busca incansável pelo seu marido, isso tudo sem perder o sorrio e a típica brasilidade.


Ela também participou do filme O que é isso, Companheiro? sobre o sequestro do embaixador americano, e o filme de ditadura também, Com licença, eu vou a luta, inspirado em um livro sobre um romance proibido de uma garoto e um cara mais velho que trabalhava no necrotério e que não era aprovado pela família. Fernanda Torres também fez o filme clássico Terra Estrangeira também com Walter Sales. 


Lembrando que Fernanda Torres é filha de Fernanda Montenegro que já disputou o prêmio de Melhor Atriz em um dos anos por Central do Brasil. Acredito que todos no Brasil tem aquela ligação sentimental com Fernanda Torres, ela é como se fosse uma mistura da Frances McDormand com a Tina Fey, é uma comediante muito conhecida e respeitada por trabalhos em drama e comédia, por isso que no trailer quando o personagem fala que eles "vão sorrir" significa muito.


Por situar a comédia como parte da vida há aqui uma valorização na ideia de vida comum como forma de resistência, até mesmo parte do drama, afinal de contas, apesar dos pesares, os anos 1970 tinha toda uma atmosfera própria que eu imagino que vai ser explorada no filme. Eu por minha vez vou ficar torcendo por Fernanda, já que sabemos que é quase impossível vencer o lobby das indicações principais, pois o artista além de ser bom tem que contar com um grande número de incentivadores e patrocínios. 


Selton Mello estava sumido um tempo, depois da sua série Sessão de Terapia e da famigerada "O Mecanismo" que deu muito errado. Agora ele também vai fazer o segundo filme de O Auto da Compadecida, outro clássico dos filmes brasileiros. Aqui ele faz o papel do desaparecido Rubens Paiva. 


O filme recebeu muitos reviews, resenhas e críticas e foi aplaudido por 10 minutos direto no Festival de Veneza, onde também ganhou Melhor Roteiro. Gostaria que existissem mais 5 ou 10 de filmes como estes para lembrar o que foi o período da ditadura militar, toda a perseguição e efervescência juntas formava uma sociedade reprimida, cansada, mas ainda esperançosa e que se refugiava no pão e circo, como a Copa do Mundo para resistir a crueldade do mundo. Nesse sentido, esse filme é um "filme classe A" nacional, que todos estão brincando o quanto todo mundo aqui no Brasil está doido para assistir esse filme. 


Agora em maio de 2014 a Sony Pictures Classics adquiriu os direitos de transmissão a América do Norte, no Oriente Médio,  Turquia, Portugal, Austrália e New Zealand. Vamos ficar na torcida pelo filme brasileiro que parece ser o único atual com esse tipo de recepção internacional. 




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