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Tempos Modernos (1936): A crítica a desumanização do trabalho na Era da Industrialização em maior obra de Chaplin



O vagabundo Carlitos trabalha em uma linha de montagem de uma fábrica de metalurgia, onde sofre muito com o estresse do ritmo do trabalho repetitivo. Ele eventualmente sofre um colapso nervoso e fica louco, chegando a ficar preso dentro da máquina que tentava reparar; ele é então enviado para o hospital. Após sua recuperação, Carlitos é preso por engano em uma manifestação de greve. Quando ele salva os policiais de uma rebelião na cadeia, conseguindo assim voltar ao mundo do emprego depois de ter sido considerado maluco antes, para mais uma vez não conseguir se adequar nas regras do trabalho é então que conhece Ellen, tão desajustada quanto ele


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Esse filme marcou época, foi meio futurista ao prever uma "televisão" de controle total sobre os trabalhadores e vigilância. O filme marcou um discurso político definitivo sobre a revolução industrial, mostrando como a tecnologia poderia ajudar a explorar ainda mais o trabalhador. Muitos críticos quiseram nomear o filme de a crítico, mas se assim fosse, seria censurado pelos nazistas? A realidade é que o filme parece uma continuação de libreto do clássico Manifesto Comunista.


O filme foi um marco, por isso que nomes como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Maurice Merleau-Ponty nomearam uma revista científica deles: A Tempos Modernos, em homenagem ao filme. Foi no ano de seu lançamento o filme mais popular no Reino Unido. O filme na época foi considerado uma propaganda do partido comunista, como também propaganda do Partido Liberal da época (a centro esquerda da época). Joseph Goebbels proibiu na Alemanha por ser um "filme comunista", por exemplo, sendo um argumento contra quem colocou como um filme "apolítico". 


Fizemos aqui uma análise também do filme também de Chaplin, O Circo (1928). Fizemos aqui uma análise também do filme também de Chaplin, O Circo (1928). Chaplin também tem filmes lindos como Luzes da Cidade (City Lights) ou Em Busca do Ouro (The Gold Rush, 1925) são filmes também incríveis de Chaplin. 


O que impressiona em Tempos Modernos é que é um dos mais ousados já feitos, é uma descrição contando com a perspectiva do trabalhador sobre os adventos e desafios da revolução industrial e o novo modo de vida gerado por esse tipo de capitalismo em cidades. 


A crítica ilustra uma ideia errônea de que o filme seria apolítico por enfatizar o carácter aleatório de como se entra ou não em um movimento social, mas temos que lembrar, que com as regras de censura do Hay Code da época, regras de censura do Hay Code da época, apenas comentar sobre temas políticos, ou citar o comunismo no filme já era algo extremamente conscientizado por parte de Chaplin, que também sempre sofreu essa acusação de comunista. 


Quando pensamos na história do Lula, a questão desse filme se impõe como similar, já que tem cenas de acidentes de trabalho, como o que Lula sofreu. Mostrando no filme a falta de importância da vida humano para os capitalistas e para a visão de lucro. Passamos por uma aula do capitalismo na fase inicial da Grande Depressão, passando por empregos no porto, depois emprego em lojas de departamento, e depois emprego na cafeteria/danceteria. 


Entre 1929 até 1935, os Estados Unidos e o mundo inteiro também sofreu com essa crise, e passaram assim por um período de reconstrução conhecido como New Deal, altamente estimulado por ideologias de esquerda, que pela primeira vez na história puderam fazer parte da economia mundial ideias heterodoxas de economia. A indústria de cinema foi a que mais prosperou no meio da famigerada crise de 1929, nesse link temos uma tradução de um vídeo do Arquivo Nacional Americano, onde mostra dados e informações sobre a indústria dos sonhos que subiu de índices enquanto as outras áreas da sociedade todas caíram. 


O estilo de Chaplin aqui está completo e maduro, é o melhor filme dele, tão bem dirigido que acaba sendo um filme sério e de comédia ao mesmo tempo, já que as cenas  dirigidas por Chaplin tem uma qualidade a amais. Como a cena do patins que não foi filmada com nenhum perigo para ele, já que foi usado fundo falso. 


O final ainda muito enigmático mostra a ideia de resiliência e resistência apesar de tudo dar errado para os trabalhadores, a mensagem no fim é de esperança pelo coração dos "little man" da sociedade. 


Uma homenagem ao fim dos outros tipos de filme ao estilo de Chaplin e Buster Keaton, Harold Lloyd, que agora seriam cada vez menos comum, mas que sustentaram a indústria durante a Grande Depressão que foi um dos panos de fundo de certa parte do filme de crise mais pesada no começo e passeamos por ciclos de empregos e capitalismo diferentes. 


O filme começa já com o narrador louvando os frutos da revolução industrial, vemos câmeras de monitoração nessa época, monitor de telecomunicações, colocando aqui tons futuristas no filme, que podem passar despercebidos pela maioria das pessoas.  


Essa ideia do panóptico de vigilância de todos é muito futurista e ainda não existia dessa forma, ou seja, o filme acertou em uma previsão de futuro, tem esse sentido de vanguarda. Ou seja, o controle aumentado pelo uso da tecnologia. 




Na prisão, ele chega a ingerir acidentalmente cocaína que um outro prisioneiro tinha escondido no saleiro. A droga contrabandeada e, no delírio subsequente, evita ser colocado de volta na cela e acaba libertando os policiais e ganhando uma carta de indicação do Xerife por isso.  


Chaplin era incrível., ele atuou, dirigiu, pensou no roteiro anos antes e experimentou com algumas cenas com som, mas trocou pelo efeito de gravar poucas frases ao estilo antigo em diálogos posicionados como filmes do seu tipo de obra. 


Chaplin também compôs a trilha sonora do filme, foi entre o próprio Chaplin que compôs grande parte das músicas, como também David Raksin, que sincronizou e compôs as partes junto com a edição final do filme.


contando com a música Smile, primeiro gravada depois pelo artista Nat King Cole., que tocava nos momentos mais emocionantes e ficou como um clássico do cinema eternamente. Ele soube garantir o estilo dele em uma época que o cinema falado já era muito mais usado do que o cinema mudo ao estilo de filmes antigos. 


 Vemos então o patrão aumentando o ritmo de produção, enquanto os trabalhadores não conseguem acompanhar. Aqui começa as primeiras peripécias do filme, já vemos a dureza de manter o ritmo do personagem Carlitos. 


Mostra a pausa do trabalho e até mesmo no banheiro o patrão vigia o que você está fazendo, além do stress de marcar o ponto na folha.  A cena marcante da demonstração da máquina de comer automática  "Alimentadora Bellows" para os operários economizarem o tempo do almoço. 




A mímica do nosso Carlitos é maravilhosa, ele parece dançar e se mover sem nem registrar ou fazer esforço, como uma segunda pele,  e vemos que o corpo do trabalhador continua se movimentando mesmo sem estar trabalhando, uma crítica ao automatismo, mostrando os efeitos no corpo das pesadas rotinas de horas de trabalho em fábricas. 



Isso era uma forma além de mirar a ideia de maximizar os lucros da produção, uma forma também de controlar a individualidade, e o tempo de fumar o cigarro no banheiro. É uma mão dupla, querem cortar o tempo do intervalo e a individualidade do trabalhador.  O milho engasga na máquina, que começa a quebrar na hora com o milho agarrado na boca de Chaplin. Do nada, sem querer, os caras que estavam consertando a máquina colocam duas porcas de metal no prato e fazem Carlitos engasgar novamente. 


O dia acaba, e mais uma vez o patrão pede velocidade máxima. A cena mais famosa onde ele entra nas engrenagens da fabrica. Vemos que a rotina de trabalho torna Carlitos quase insano e ele sai correndo atrás primeiro da secretária do patrão. depois e uma senhora aleatória na rua e aí acaba perseguido pela polícia. Ao sofrer o acidente, ele passa a trabalhar com os trabalhadores intermediários e que pareciam não trabalhar no sindicalismo por ter a ideologia do patrão, mas não dura muito. 


Depois da crise nervosa, ele fica curado, mas desempregado. Ao sair do hospital, ele sente a agitação e o caos do hiper estímulo da cidade que deixava ele doente. O fim do século XIX logrou alguns direitos universais do trabalhador, como as 8 horas de trabalho, por exemplo, sendo o grande marco disso. 

Conquista muito difícil de se manter até hoje em dia, onde as escalas de trabalho extra e estilo em demanda "on the clock" impera na maioria das empresas, um filme que também fala sobre isso é o Safety Last! (O Homem Mosca), Safety Last! (O Homem Mosca), do Harold Lloyd. O risco para o trabalhador das sub condições dos empregos é claro que se manteve para o trabalhador do século XX também, apesar das conquistas de alguns direitos anteriores. 


Ao estar na rua desempregado, acha uma bandeira na rua e começa a lutar na greve com pautas sindicais, assim meio por acaso. Ele é preso como o líder do movimento grevistas. Agora vemos a parte da mocinha Ellen (é interpretada pela Paulette Goddard) do filme e vemos ela no porto roubando banana. Seu pai era um dos desempregados e acaba morrendo por conta da violência da polícia na greve. 




Enquanto Carlitos, preso,  foi preso de novo como líder comunista na cadeia. Seu companheiro de cela, que é gigantesco, aparece fazendo bordado, o que intriga e preocupa Carlitos, que é baixinho. Alguém coloca cocaína no saleiro e Carlitos usa na comida sem querer e fica doidão. 


Com isso, uma galera faz uma rebelião e ele ajuda porque também está chapado e por isso ajuda sem pensar. Acaba liberando os policiais e com isso nem quer sair da cadeia. Ele acaba lendo das greves de fora, e acaba se acostumando com a cadeia. Ele tinha uma foto de Abraham Lincoln na cela dele, mostrando que estava um pouco republicano por conta de suas poucas opções de vida, acreditando em pouca mudança social. 


Ele se torna um homem livre, mas queria ficar na cadeia, mas acaba conseguindo uma carta de recomendação para arrumar um emprego vinda do xerife. Ele acaba não se encaixando de novo e libera um navio inteiro do porto e aí ele é determinado a voltar na prisão. 


Ao ser informado de que em breve será libertado devido aos seus atos heroicos, ele argumenta, sem sucesso, que prefere ficar preso. Quando é solto, ele consegue emprego em alguns lugares, mas sempre é explorado no fim, ou fica com fome ao ponto de querer comer tudo no restaurante já esperando que no fim chamem a polícia. 


Aí Carlitos encontra a garota com fome na rua e enquanto ela tentava roubar um pão e ao ela quase ser pega, ele diz que foi ele que roubou e não ela.  O pai da mocinha é assassino e ela e as irmãs ficam órfãs, a moça foge da polícia enquanto eles se distraem.





Ele entra depois no restaurante, come de tudo e depois não paga. Depois ele pega um charuto e fuma na frente do policial que está ali para prender ele de novo. Eles são pegos pelo camburão e os dois juntos atacam e provocam um acidente, depois disso o policial acorda e Carlitos dá uma porrada para ele dormir de novo na cabeça e aí eles fogem juntos.


O modelo do casal de classe média padrão passa ao fundo enquanto a órfã diz que não tinha onde morar para ele. Eles se imaginam na cada perfeita e ideal. Com a vaca tirando leite na porta de casa e o bife sendo asado com a parreira de uvas no alcance da mão. Ele promete querer trabalhar nem que for para dar uma casa para a namorada. Ele pega a carta do xerife e pega o emprego na loja de departamento e leva ela para comer lá. E depois eles vão dar uma volta na loja de brinquedos, onde eles andam de patins na loja. 


Em uma das cenas mais bonitas, ele patina de olhos fechados, é uma cena bem bonita e impactante, onde a direção é pensada em cada detalhe. Quando ele vê o vão e a altura de onde ia cair, aí que ele quase cai para trás, mas o detalhe de como que Chaplin sabia patinar de maneira perfeita. 


Ele oferece para ela dormir em uma das camas da loja e que ele vai acordar ela antes de abrir a loja. Enquanto isso, ladrões aparecem na loja armados. Ao cara atirar no velho rum, ele fica bêbado demais e reconhece o colega do trabalho da metalurgia. Ele diz que não são ladrões, só estão com fome. Todos bebem juntos. Mais uma vez, ele é preso. 


10 dias depois, ela espera ele sair na porta da cadeia. Ele diz que achou uma casa para eles.  Eles passam a morar na casinha e ele vê no jornal depois do café da manhã que a fábrica estava contratando de novo. Ele sai empurrando todo mundo na fila do emprego e são colocados para consertar as máquinas e um dos colegas de Carlitos quase perde sua cabeça em um momento de desatenção.  


Ele conserta as máquinas e o seu colega acaba preso dentro dela. Quando o horário dá, ele dá a pausa mesmo com o colega preso para comer, nada interrompe sua rotina. Um exemplo da precarização doi trabalho. Mas fica com pena do colega e dá um sanduíche para ele enquanto ele está "preso", como todos que estão em uma rotina de trabalho. Ele coloca um funil para dar café ao colega e depois substitui por um funil de um frango. 


Depois do acidente, eles decidem entrar em greve de novo. Ele sem querer atira uma pedra em um policial e é preso de novo. É libertado uma semana depois, a mocinha arruma um emprego em um café cantando e dançando e acaba se vestindo bem para se encontrar com ele. Ela arruma um emprego para ele como garçom . Enquanto a moça tem ficha no juizado de menores por vadiagem e fugir dos policias.   


No café é difícil servir as mesas pois o lugar está lotado de pessoas dançando o tempo inteiro que ficam na sua frente, chegou ao ponto na piada de ter que fazer uma cena de futebol americano para a comida chegar na mesa. Ele dança e faz mímica dos movimentos de apresentação de dança perfeitamente, e é impossível não querer dançar com Chaplin nessa cena. ele canta uma espécie de música popular entre italiano, francês e espanhol genérico. Todo mundo aplaude dessa vez o velho pequeno vagabundo. Ele é contratado pelo café. A polícia encontra a moça 


Eles fogem juntos para o meio do nada. Quando ela pergunta para ele "O que adianta tentar?" em uma das cenas mais emocionais do filme. Eles caminham pela estrada sorrindo ao som da clássica música Smile e de mãos dadas.  


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