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História da Literatura: Da Epopeia Clássica ao Romance Moderno

A literatura acompanha a humanidade desde seus primórdios como uma forma de expressão estética cultural e evolutiva, preservação da memória e construção de identidade das nações ao longo da história. Antes mesmo da invenção da escrita, os mitos orais, e os cantos ritualísticos já representavam uma tentativa de organizar o mundo e dar sentido ao corpo de experiência humano. 


A arte literária sempre foi compreendida como mais do que mera técnica: ela carrega em si a busca pelo belo, pelo sensível e pelo universal. Entretanto, a literatura não existe fora de um contexto social e histórico. O escritor, ao elaborar sua obra, dialoga com ideologias, estruturas de poder, tradições culturais e transformações políticas. 


Assim, cada texto literário é também um documento vivo das tensões e dos ideais de sua época. Os gêneros literários foram se consolidando como formas de organização e classificação: a epopeia, a tragédia e a comédia na Antiguidade; a lírica, a narrativa no período clássico enquanto a crônica, o ensaio e a oratória seguiram essa evolução dos escritos, formando a literatura e a própria escrita historiográfica em tradições distintas. 


Ao longo do tempo, houve a consolidação e evolução textual.  O romance, a crônica, o ensaio e tantos outros formatos híbridos que surgiram. Esses gêneros não nasceram isolados: sua formação esteve ligada às necessidades sociais de representação — desde o canto heroico que glorificava líderes e deuses até o romance burguês que refletia a ascensão do indivíduo moderno, mas isso torna se incontestável no século XIX. 


Com o surgimento das literaturas nacionais, especialmente a partir do século XVIII e XIX, a literatura ganhou uma função identitária e política. As nações em formação buscavam no campo literário elementos de diferenciação cultural, símbolos de pertencimento e vozes capazes de afirmar uma identidade própria diante de influências estrangeiras. O romantismo, por exemplo, foi decisivo nesse processo, resgatando mitos, tradições populares e histórias fundacionais para consolidar a ideia de povo e nação.

Alguns exemplos de romances que moldaram o nacionalismo foram Os Miseráveis de Victor Hugo na França, ou O Guarani e Iracema de José de Alencar no Brasil. 


 O romance realista europeu do século XIX, os poemas indianistas do Brasil romântico, os cantos épicos africanos de resistência ao colonialismo, todos demonstram que a literatura é um lugar onde estética, política e identidade se entrelaçam.


Muito antes de Ilíada e Odisseia, já havia a Epopeia de Gilgamesh por exemplo, sendo considerado o "primeiro livro do mundo". Existem grupos e subgrupos, existem de casas em comum entre o gênero ensaístico, narrativo, dramático e lírico. 



Os livros antes dos papiros e pergaminhos eram escritos em tábuas, como as leis mosaicas.


Dentro desses gêneros literários o primeiro é em termos de evolução é o gênero narrativo, surgido nos primórdios da civilização, com a epopeia, os primeiros romances, o conto, a novela e a fábula. Já no gênero do drama, abarca também a comédia, a tragicomédia, a farsa e o "auto". 


Já o gênero lírico envolve letra e música, são as canções, a égloba, o soneto, a balada, o rondó, a ode e a elegia. 

O gênero mais "evoluído", ou seja, acadêmico é o gênero ensaístico, subdividido em ensaio, crônica, oratória, apólogo, memórias e máximas jurídicas. Seria o gênero das tendências políticas e sociais, da oratória, da retorica pública. Dos textos de Sêneca, Cícero e afins. Em Roma, a burocracia e a política traziam para o foco obras como Eneida de Virgílio. 


Portanto, a literatura deve ser vista tanto como arte que transcende quanto como instrumento de reflexão social. Reconhecer esse duplo papel é essencial para compreender sua importância na formação do pensamento crítico, da sensibilidade estética e da memória coletiva da humanidade. A literatura acompanha a humanidade desde seus primórdios como uma forma de expressão estética, preservação da memória e construção de identidade das sociedades mais variadas. Podemos dar o exemplo da arte e da literatura que se juntam no ofício das iluminuras, por exemplo que eram imagens que acompanhavam os textos sagrados. 


As iluminuras são o melhor exemplo do imbricamento de artes plásticas e literatura. Mais tarde, os mapas dos primeiros navegadores manteriam a tradição artística de origem eclesial


Antes mesmo da invenção da escrita, os mitos orais, as epopeias e os cantos ritualísticos já representavam uma tentativa de organizar o mundo e dar sentido à experiência humana. Com a fixação em suportes materiais, como os pergaminhos e, mais tarde, o livro impresso, a literatura tornou-se um espaço de reflexão, criação artística e disputa de valores.


A arte literária sempre foi compreendida como mais do que mera técnica: ela carrega em si a busca pelo belo, pelo sensível e pelo universal. Entretanto, a literatura não existe fora de um contexto social e histórico. O escritor, ao elaborar sua obra, dialoga com ideologias, estruturas de poder, tradições culturais e transformações políticas. Assim, cada texto literário é também um documento vivo das tensões e dos ideais de sua época.


Ao longo do tempo, os gêneros literários foram se consolidando como formas de organização e classificação: a epopeia, a tragédia e a comédia na Antiguidade; a lírica, a narrativa e o drama em suas variações posteriores; e, na modernidade, o romance, a crônica, o ensaio e tantos outros formatos híbridos que surgiram para confundir as fronteiras entre os gêneros textuais. 


Esses gêneros não nasceram isolados: sua formação esteve ligada às necessidades sociais de representação desde o canto heroico que glorificava líderes e deuses até o romance burguês que refletia a ascensão do indivíduo moderno, como em Barry Lyndon. Os primeiros relatos épicos como A Odisseia e Ilíada são textos muito antigos e que ainda assim geram comoção. Recentemente,  acharam a versão mais antiga ja encontrada dessas obras, em grego ainda.




Com o surgimento das literaturas nacionais, especialmente a partir do século XVIII e XIX, a literatura ganhou uma função identitária e política. As nações em formação buscavam no campo literário elementos de diferenciação cultural, símbolos de pertencimento e vozes capazes de afirmar uma identidade própria diante de influências estrangeiras. 



O romantismo se torna corrente consagrada com público e métodos no século XIX, o romance foi decisivo nesse processo, resgatando mitos, tradições populares e histórias fundacionais para consolidar a ideia de povo e nação e isso fez surgir as literaturas nacionais que ajudaram os países a desenvolver seu senso de nação. Isso para o bem ou o mau. 


Exemplo, a literatura na Alemanha tornou o país "nariz em pé" em relação aos outros (por exaltar o país e a etnicidade saxã originária, valorizando suas estórias populares e orais. Já na península itálica, o latim e o italiano enquanto língua que unificaram territórios. Um dos poucos causos onde a língua veio antes do território. O próprio renascimento italiano já contava com a herança jurídica romana como em Petrarca e até mesmo Justiniano em obras posteriores, por exemplo, como influência para obras como  as de Dante Aliguieri como a A Divina Comédia. 



A compreensão da história da literatura exige perceber a arte como um fenômeno estético, mas também como um produto social e político. O artista não cria em um vácuo: ele é atravessado pelas ideologias de seu tempo, que influenciam seus temas, formas e escolhas. A literatura, nesse sentido, é um espelho crítico e criativo da sociedade.


Estudar a formação dos gêneros e das literaturas nacionais é fundamental para entender como as sociedades se reconhecem, se projetam e se transformam. O romance realista europeu do século XIX, os poemas indianistas do Brasil romântico, os cantos épicos africanos de resistência ao colonialismo, todos demonstram que a literatura é um lugar onde estética, política e identidade se entrelaçam.


Portanto, a literatura deve ser vista tanto como arte que transcende quanto como instrumento de reflexão social. Reconhecer esse duplo papel é essencial para compreender sua importância na formação do pensamento crítico, da sensibilidade estética e da memória coletiva da humanidade.

A epopeia, o épico, os cânticos orais vieram ao despontar das civilizações e se estabeleceram como expressão da expressão das sociedade primitivas, os gêneros fortalecidos estabelecidos por Alceu ou Safo correndiam a poétixa e estética próprias. Os primeiros a entender e escrever sobre os gêneros literários foi Aristótales em Poética,


Na Poética, Aristóteles (século IV a.C.) estabelece as primeiras bases sistemáticas para a teoria dos gêneros literários. Ele entende a poesia como uma forma de mímesis (imitação), mas não uma cópia servil da realidade — e sim uma recriação artística, que busca o universal por meio do particular.


 A divisão clássica seria Épico, trágico e cômico. Épico – narrativo, voltado a grandes feitos e heróis (como Homero).Trágico – dramático, com ação encenada, que desperta piedade e temor no público, conduzindo à própria ideia de catarse (purificação emocional). O Cômico  simboliza a imitação do ridículo, a imitação das imperfeições humanas, com efeito de riso. 


O objeto imitado: personagens nobres (tragédia, épico) ou comuns (comédia). Modo da imitação: narrado (épico) ou representado em cena (tragédia e comédia). A tragédia é vista como o gênero mais elevado, por promover a catarse e por condensar ação, emoção e universalidade moral.


Antes de Aristóteles, Platão (século V-IV a.C.) tinha uma visão mais crítica e até desconfiada da poesia. Nos diálogos A República e Íon, ele afirma que os poetas não transmitem conhecimento verdadeiro, mas apenas imitações da realidade e a realidade sensível já seria, para ele, uma cópia imperfeita do mundo das ideias. Os principais pontos. Poesia como imitação da imitação. Para Platão, o poeta imita a aparência das coisas, não sua essência. Assim, estaria duas vezes afastado da verdade.




 A poesia teria um perigo moral da poesia, A poesia lida com as emoções, levando os cidadãos a se afastarem da razão necessaria para o sucesso da república.  Por isso, em sua cidade ideal (A República), os poetas seriam banidos, a não ser que servissem à educação moral e ao bem da pólis. No Íon, Platão reconhece algo quase divino no poeta, tomado por uma espécie de mania ou entusiasmo inspirado pelas musas (nas epopeias clássicas que falam muito sobre o surgimento da civilização ocidental). Porém, essa inspiração não equivale a conhecimento racional ou filosófico.


Platão via os poetas com desconfiança, como sedutores das emoções e imitadores afastados da verdade. Aristóteles reabilitou a poesia, vendo nela uma forma de conhecimento universal e estruturando os gêneros literários como modos legítimos de compreender a experiência humana.


A História factual também bebe e é uma forma de literatura, pois precisa estar adaptada a realidade cultural e idiomática. Outro autor, esse da História que marca muito essa bifurcação entre História e literatura e explica sobre as tradições, é o Arnaldo Momigliano. 


O seu livro aborda o surgimento da historia e da escrita historiográfica, mostrando as diferenças de métodos diferenciando através de nações e religiões diferentes. O mundo teria 3 fontes principais de inspiração para formação da própria escrita da história. A historiografia judaica, persa e grega. 

A palestra que surgiu o livro As raízes clássicas da historiografia moderna”), foi baseado nas Sather Lectures proferidas por ele na Universidade da Califórnia, Berkeley, entre 1961 e 1962. 

Aqui divide-se a historiografia (a escrita da História) historiadores gregos, persas e judeus. Os temas mais interessantes, o papel dos antiquários na Historia antiga, a emergência da historia nacional e das literaturas nacionais e a tradição historiográfica eclesiástica relacionada ao historia magistra della vita (exemplo de vida narrativo dos santos). 



A literatura acompanha a humanidade desde seus primórdios como uma forma de expressão estética, preservação da memória e construção de identidade. Antes mesmo da invenção da escrita, os mitos orais, as epopeias e os cantos ritualísticos já representavam uma tentativa de organizar o mundo e dar sentido à experiência humana. Com a fixação em suportes materiais – como os pergaminhos e, mais tarde, o livro impresso a literatura tornou-se um espaço de reflexão, criação artística e disputa de valores.

A arte literária sempre foi compreendida como mais do que mera técnica: ela carrega em si a busca pelo belo, pelo sensível e pelo universal. Entretanto, a literatura não existe fora de um contexto social e histórico. O escritor, ao elaborar sua obra, dialoga com ideologias, estruturas de poder, tradições culturais e transformações políticas. Assim, cada texto literário é também um documento vivo das tensões e dos ideais de sua época.

Ao longo do tempo, os gêneros literários foram se consolidando como formas de organização e classificação: a epopeia, a tragédia e a comédia na Antiguidade; a lírica, a narrativa e o drama em suas variações posteriores; e, na modernidade, o romance, a crônica, o ensaio e tantos outros formatos híbridos que surgiram. Esses gêneros não nasceram isolados: sua formação esteve ligada às necessidades sociais de representação  desde o canto heroico que glorificava líderes e deuses até o romance burguês que refletia a ascensão do indivíduo moderno, isso no século XIX é melhor explorado.

Com o surgimento das literaturas nacionais, especialmente a partir do século XVIII e XIX, a literatura ganhou uma função identitária e política. As nações em formação buscavam no campo literário elementos de diferenciação cultural, símbolos de pertencimento e vozes capazes de afirmar uma identidade própria diante de influências estrangeiras. O romantismo, por exemplo, foi decisivo nesse processo, resgatando mitos, tradições populares e histórias fundacionais para consolidar a ideia de povo e nas histórias nacionais. 


A compreensão da história da literatura exige perceber a arte como um fenômeno estético, mas também como um produto social e político. O artista não cria em um vácuo: ele é atravessado pelas ideologias de seu tempo, que influenciam seus temas, formas e escolhas. A literatura, nesse sentido, é um espelho crítico e criativo da sociedade.

Estudar a formação dos gêneros e das literaturas nacionais é fundamental para entender como as sociedades se reconhecem, se projetam e se transformam. O romance realista europeu do século XIX, os poemas indianistas do Brasil romântico, os cantos épicos africanos de resistência ao colonialismo, todos demonstram que a literatura é um lugar onde estética, política e identidade se entrelaçam.

Portanto, a literatura deve ser vista tanto como arte que transcende quanto como instrumento de reflexão social. Reconhecer esse duplo papel é essencial para compreender sua importância na formação do pensamento crítico, da sensibilidade estética e da memória coletiva da humanidade.


Aristóteles e a Poética: Gêneros Literários
Na Poética, Aristóteles (século IV a.C.) estabelece as primeiras bases sistemáticas para a teoria dos gêneros literários. Ele entende a poesia como uma forma de mímesis (imitação), mas não uma cópia servil da realidade — e sim uma recriação artística, que busca o universal por meio do particular. Por isso essa crítica a imitação da vida exercida na criatividade do poeta mas que nada contribui na pólis (cidade da época). 

A epopeia é resumida em obras como Ilíada e A Odisseia. A tragédia por sua vez é vista como o gênero mais elevado, por promover a catarse e por condensar ação, emoção e universalidade moral. O surgimento da poesia está ligado primeiro ao lirismo.  Antes de Aristóteles, Platão (século V-IV a.C.) tinha uma visão mais crítica e até desconfiada da poesia. Nos diálogos A República e Íon, ele afirma que os poetas não transmitem conhecimento verdadeiro, mas apenas imitações da realidade — e a realidade sensível já seria, para ele, uma cópia imperfeita do mundo das ideias.

Os primeiros escritos além de Homero, estão a Epopeia de gilgamesh (na Mesopotâmia) derivada da tradição oral  que tinham como função das sociedades coletivas, como os cânticos Vedas na Índia. Isso veio antes da escrita. O exemplo dessa ordem escrita antes do papel é o primeiro registro de regras foi o Código de Hamurabi. Aristóteles repartiu os gêneros entre Épico, Lírico e o Dramática, sendo a base primeira da teoria literária.

Na Idade Média houve um desenvolvimento da influência latina e religiosa nas línguas e na cultura da Europa que buscava se livrar da sua origem pagã e saxã. Surgem os gêneros eclesiais (religiosos), hagiografia, sermões, canções de gesta, novelas de cavalaria como Tristão e Isolda ou os relatos de Heloisa, a freira, além da poesia trovadoresca. Obras como A Canção de Rolando (França), e as cantigas de amor e amizade de Portugal. 


A modernidade trás a disseminação da impressão de livros, como trouxe também o progressivo aumento da escolarização e da leitura com a reformas protestante. A impressa e o romance como gênero despontam e inovam o interesse e a circulação de textos. 

Montaigne  e Bacon inovam na filosofia e no ensaio científico, depois disso, veio David Hume com importantes questionamentos sobre o empirismo, a experimentação e a observação científica. Dom Quixote de Cervante funda o romance moderno debatendo os valores cavalheirescos perdidos e o pessimismo do mundo moderno em relação ao povo e a sociedade em geral. 


Os séculos XIX e XX exercitam diversificação, com as mudanças sociais e políticas, os gêneros se expandem e se mesclam, se chama hibridismo.  O romance e o Realismo/Naturalismo faziam nascer o romance social, psicológico e científico ao mesmo tempo, era o final do século. É o exemplo de Zola com Germinal e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Outro exemplo é o livro Inocência de Taunay. 

Já o Modernismo vê uma ruptura de forma e conteúdo, o rompimento com formas fixas, experimentação. Novos gêneros: crônica, conto curto, literatura infantil, literatura de massa vem em cena.   

Os gêneros textuais hoje: literatura e comunicação. Hoje falamos não só em gêneros literários, mas também em gêneros textuais no sentido amplo (Bakhtin), que incluem cartas, reportagens, artigos, posts digitais, etc. Cada gênero nasce de uma necessidade social de comunicação e se molda de acordo com o suporte (oral, manuscrito, impresso, digital
O surgimento dos gêneros textuais acompanha a história da humanidade.

Na Antiguidade, foram classificados esteticamente (épico, lírico, dramático).Na Idade Média, serviram à fé e à cavalaria.
Na modernidade, refletiram o indivíduo e a nação. Hoje, atravessam literatura, jornalismo e mídias digitais em uma mistura que convive com as publicações burocratizadas dos sistemas acadêmicos e de publicação em revista. 

Assim, os gêneros textuais mostram como a arte da palavra é ao mesmo tempo criação estética, ferramenta de comunicação e registro da história coletiva. A escrita ocidental, veio da historiografia grega foi influenciada por nomes como Heródoto, Tucídides e Políbio. 



Historiografia Judaica: Contribui com uma perspectiva teológica e ética, integrada à compreensão narrativa do passado, especialmente no contexto da formação identitária e da memória coletiva.


Antiquarianismo: O papel dos antiquários (pesquisadores de antiguidades) como precursores do método histórico moderno, valorizando evidências materiais seria a tradição moderna entre o antiquarismo e a arqueologia. De onde vem a mania "Indiana Jones". 

Historiografia Eclesiástica: Como a escrita da história pela Igreja desenvolveu tradições próprias, entrelaçadas com a historiografia clássica.

Os Persas focavam em registros administrativos devido a forte história burocratica da região que hoje em dia é correspondente ao Irã,  Além disso, Momigliano destaca os papéis da historiografia romana, do antiquarianismo e da historiografia religiosa como fundamentais na constituição do pensamento histórico moderno.

 Antes mesmo da invenção da escrita, os mitos orais, as epopeias e os cantos ritualísticos já representavam uma tentativa de organizar o mundo e dar sentido à experiência humana. Com a fixação em suportes materiais – como os pergaminhos e, mais tarde, o livro impresso – a literatura tornou-se um espaço de reflexão, criação artística e disputa de valores.

A arte literária sempre foi compreendida como mais do que mera técnica: ela carrega em si a busca pelo belo, pelo sensível e pelo universal. Entretanto, a literatura não existe fora de um contexto social e histórico. O escritor, ao elaborar sua obra, dialoga com ideologias, estruturas de poder, tradições culturais e transformações políticas. Assim, cada texto literário é também um documento vivo das tensões e dos ideais de sua época.


Ao longo do tempo, os gêneros literários foram se consolidando como formas de organização e classificação: a epopeia, a tragédia e a comédia na Antiguidade; a lírica, a narrativa e o drama em suas variações posteriores; e, na modernidade, o romance, a crônica, o ensaio e tantos outros formatos híbridos que surgiram. Esses gêneros não nasceram isolados: sua formação esteve ligada às necessidades sociais de representação desde o canto heroico que glorificava líderes e deuses até o romance burguês que refletia a ascensão do indivíduo moderno.


Com o surgimento das literaturas nacionais, especialmente a partir do século XVIII e XIX, a literatura ganhou uma função identitária e política. As nações em formação buscavam no campo literário elementos de diferenciação cultural, símbolos de pertencimento e vozes capazes de afirmar uma identidade própria diante de influências estrangeiras. O romantismo, por exemplo, foi decisivo nesse processo, resgatando mitos, tradições populares e histórias fundacionais para consolidar a ideia de povo.

A compreensão da história da literatura exige perceber a arte como um fenômeno estético, mas também como um produto social e político. O artista não cria em um vácuo: ele é atravessado pelas ideologias de seu tempo, que influenciam seus temas, formas e escolhas. A literatura, nesse sentido, é um espelho crítico e criativo da sociedade.


Estudar a formação dos gêneros e das literaturas nacionais é fundamental para entender como as sociedades se reconhecem, se projetam e se transformam. O romance realista europeu do século XIX, os poemas indianistas do Brasil romântico, os cantos épicos africanos de resistência ao colonialismo, todos demonstram que a literatura é um lugar onde estética, política e identidade se entrelaçam.


Portanto, a literatura deve ser vista tanto como arte que transcende quanto como instrumento de reflexão social. Reconhecer esse duplo papel é essencial para compreender sua importância na formação do pensamento crítico, da sensibilidade estética e da memória coletiva da humanidade. Já era uma lembrança de um estilo de compreensão parecido com o de Antônio Cândido em Literatura e Sociedade. 



Aristóteles e a Poética: Gêneros Literários na Poética, Aristóteles (século IV a.C.) estabelece as primeiras bases sistemáticas para a teoria dos gêneros literários. Ele entende a poesia como uma forma de mímesis (imitação), mas não uma cópia servil da realidade e sim uma recriação artística, que busca o universal por meio do particular.


Outro exemplo de obra marcante é do manuscrito grego antigo (Hesíodo ou Homero) – Representa as raízes clássicas dos gêneros épico ou lírico ou de Tucídides e Herótodo com as tradições mais formais que deram origem a História factual junto com os relatos administrativos persa. As duas tradições fizeram surgir a ideia de autoridade e fonte, o "quem está falando?" ser a ideia de autoridade e peso da fala de líderes de opinião. Aqui se divide enormemente para o resto das tradições ligadas a poesia e o lirismo. 
 

É só me avisar que organizo mais imagens ou sugiro como usá-las em publicações, A historiografia grega destaca-se pela análise crítica dos acontecimentos e pela busca de causas universais; exemplos clássicos incluem Heródoto, que narra as Guerras Greco-Pérsicas misturando fatos e relatos orais, e Tucídides, cuja obra sobre a Guerra do Peloponeso evidencia rigor analítico e preocupação com a precisão. 


A historiografia persa, por sua vez, enfatiza a manutenção de registros oficiais e administrativos, servindo como instrumento de organização política e memória estatal; os anais e cronologias persas, compilados em palácios e arquivos reais, ilustram essa tradição documental. Além de relatos e estórias populares como "Mil e Uma Noites". 


Já a historiografia judaica incorpora uma dimensão ética e religiosa, narrando a história como memória coletiva e identidade cultural, como exemplificado nos livros bíblicos de Samuel e Crônicas, que registram eventos históricos integrando lições morais e valores espirituais. Cada uma dessas tradições contribuiu de maneira distinta para a formação do pensamento histórico moderno, fornecendo ferramentas narrativas, críticas e éticas que se complementam na construção da história como disciplina. É o valor da história única, daquela que está no livro. 


A compreensão da história da literatura exige perceber a arte como um fenômeno estético, mas também como um produto social e político acabado em si. Não é dizer "arte pela arte", mas entender que ela difere em si entre forma e conteúdo. Estudar a formação dos gêneros e das literaturas nacionais é fundamental para entender como as sociedades se reconhecem, se projetam e se transformam.




A experiência humana criou narrativas que eram ou não inspiradas na história factual. Não importa se abordavam monstros ou fadas, era o retrato rudimentar dos costumes e sociedades antes das letras em seu período mitológico. 

O Nascimento da Tragédia" (1872), de Friedrich Nietzsche, por sua vez aborda os dois impulsos artísticos primeiro nascidos, o apolíneo, a ideia denordem, beleza e forma em oposição ao caos e embriaguez do pensamento dionisíaco, que valorizava a ideia de liberação de emoções. É o primeiro estudo mais aprofundado do filósofo mostra essa ideia de valor nas letras clássicos que depois ele mesmo vem a perder na sua fase adulta e mais pessimista. 


O recorte do autor nos faz ver a evolução dos gêneros na época clássica. A época das epopeias épicas e dos feitos dos herois é substituída pela ascensão da tragédia presentes no teatro grego. Obras como Édipo e Antígona abordaram já a relação do indivíduo com o seu destino e em Antígona mais ainda fala-se sobre a "razão de Estado" e costume presente que antecederia a política e a desafiaria. Isso aqui quer mostrar a decadência de qualquer sociedade perante as ditaduras. 

No período clássico, a valorização da criação humana era livre e não respondia ao impulso cientificista moderno. Mas nisso também o filósofo mudou de opinião e passou a dar menos crédito da expressão e as emoções românticas fundadoras da sociedade. 
 

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