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Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989): Filme suavizou livro de Stephen King mas é a melhor adaptação da obra até hoje. Confira as diferenças do livro para o filme


Um médico muda para a pequena e fictícia Ludlow, para assumir uma posição na Universidade do Maine acompanhado pela esposa e os dois filhos do casal, além do gato da família. Entretanto, a nova casa fica perto de um antigo cemitério misterioso. 



Podemos debater diversos aspectos de Cemitério Maldito, mas vou me focar no que pode ser mais interessante para qualquer adaptação: as diferenças do livro para o filme e suas adaptações consecutivas. E se tratando de um livro de Stephen King, sempre espere muitas diferenças nas adaptações. 


Começando pelo título. O livro acabou ficando no Brasil "O Cemitério". Já o filme, no original ficou Pet Sematary, que seria literalmente "Cemitério de Bichos". Mas, além de estranho, ficaria com sentido ambíguo uma vez que teria estar com a grafia errada para passar o sentido. Aqui, resumimos para "Cemitério Maldito", que passa a sensação "filme de terror" da trama, mas é um péssimo sentido uma vez que o cemitério da trama é um antigo território indígena micmac. Ou seja, assim é como se algo indígena fosse maldito. 


Esse é um dos filmes que eu também li o livro, por isso tenho tanto a comentar sobre essa história que fica difícil começar. Vamos começar então com a questão dos micmacs. Existem filmes que a trama propõe uma ideia tão forte que supera o universo fílmico e se torna uma espécie de lenda ou imaginário popular. Por exemplo, foi A Felicidade Não se Compra que criou a ideia do "fantasma dos natais passados", ou seja, uma pessoa frustrada vendo como seria a vida de seus próximos se ela nunca tivesse existido. Já Pet Cemitary imagina como seria poder morrer e voltar vida caso fosse enterrado em cemitério indígena sagrado. 


A ideia se tornou tão disseminada na cultura popular que gerou episódio de Além da Imaginação, música do Ramones e etc. Mas, sempre me perguntei: dá onde veio essa ideia? Uma pergunta que logo me levou a pensar: por qual motivo Stephen King escolheu os micmacs?


Os micmac ou mi'kmag são um grupo étnico indígena do leste do Canadá. Foram um dos primeiros povos a habitarem a região Atlântica do Canadá e são falantes do grupo Wabanaki da família linguística algonquiana, e falam a língua Mi'kmag como dialeto próprio. Atualmente, estão localizados na Nova Escócia, New Brunswick, Quebeque, Terra Nova, Maine e Boston, e falam o inglês ou francês como segunda língua.


Os Micmac acreditavam no Kisu'lk (Criador) ou Kji Niskam (Grande Espírito). Kisu'lk é o criador do mundo. E cada ser humano foi criado com uma missão, mas possuía o livre arbítrio, Caso não cumprisse a missão designada até a sua morte, voltaria em um novo corpo para tentar novamente. Caso cumprisse a missão designada, ficaria no plano espiritual para sempre e auxiliava os seres humanos no plano terreno.


Entenderão? King tirou daí a ideia, de imaginar que a pessoa reencarnaria para completar uma missão. Ou seja, nunca morreria e encontraria o descanso eterno. E se outra pessoa sentisse isso em relação a outra pessoa? Ou até mesmo se um sentimento de uma pessoa por outra a fizesse reencarnar por não permitir seu esquecimento? É mais ou menos isso que estava na mente de King quando fez Pet Cemitery.


Isso é bom para se ter em mente na medida que tanto o livro como o filme lindam com uma temática pesada: a morte infantil. Para mim, esse é um tema tão pesado mais uma vez torna difícil falar sobre o filme. Mas é uma coisa que acontece, e pensando na influência da cultura micmac o filme fica mais interessante e mais fácil de abordar.


É engraçado que o Louis do livro é descrito como alguém que na minha cabeça sempre associei a Gregory Peck em To Kill a Mockingbird (O Sol é Para Todos). Enquanto no filme, Loius é um bobão, alguém que parece alheio. Rachel no filme, é totalmente histérica. Enquanto no livro, ela é legal. No livro, eles tem uma boa relação e você percebe que eles se gostam de verdade e estão tentando formar uma família, apesar da reprovação da família de Rachel, que é superprotera (e elitista), pois uma irmã de Rachel chamada Zelda, morreu quando ela ainda era criança. 


Isso faz com que, no livro, exista um grande debate entre Louis e Rachel que é a forma como ambos encaram a morte. Para Louis, como um médico, um cara da ciência, a morte é uma coisa natural, que deve ser abordada e ensinada para as crianças. Enquanto para Rachel, a morte é algo que se ignora ao máximo e nem se comenta sobre. Isso é motivo de uma série de debates entre eles no livro, como quando a filha deles, Ellie, faz perguntas sobre a morte, e Louis tenta ser o mais objetivo e verdadeiro possível, e Rachel pira e dá um esporro nele. Nada disso está no filme. 


Outro detalhe é que no livro, é logo no início quando ainda estão fazendo a viagem de carro para a nova casa. As crianças estão pentelhando e Rachel chateada, então Louis frustrado imagina-se dirigindo "para o sul, tomando o caminho de Orlando, na Flórida, onde poderia conseguir emprego como médico na Dísney World, sob um nome falso." Essa ideia de "médico da Disney" é algo revisitado diversas vezes no livro para dizer que Louis é um idealista, mas também entrega que Louis se vê como, em parte, preso pela relação. 


Outra cena com alterações importantes é a cena quando eles conhece o vizinho Jud. No livro, Louis e Rachel não consegue achar as chaves da casa nova. Então, cabe a Louis a missão de encontrá-la, enquanto Rachel fica com as crianças. Ela segura Gage o tempo todo no colo e leva Ellie para brincar em um balanço, que cede e Ellie se machuca, caindo no choro. Tentando acalmar Ellie e encontrar as chaves, Louis fica estressado e Rachel tenta ajudá-lo soltando Gage apenas alguns instantes na grama. Depois, quando pega ele no colo de volta, Gage está chorando muito, e como Louis é médico, dá para ele analisar o filho. Ele identifica uma picada de abelha no pescoço do filho. Nesse momento, ele escuta a voz do velho Jud, chegando de mancinho e ajudando eles. Ele tira rapidamente o ferrão da abelha de Cage e tentar ajudar a família cordialmente a encontrar as chaves.



No filme é tudo errado. Eles aparecem apenas desfazendo as malas. Rachel não está com Gage no colo. apenas vigiando ele parcialmente. Ellie cai do balanço igual. Então Louis e Rachel voltam a atenção para a menina. Assim, Gage caminha para a estrada e quase já é atropelado por um caminhão, sendo salvo por Jud que pega Gage antes de todos. Toda uma mudança que o filme faz, para mim, para que tenhamos menos afinidade pelos personagens como temos no livro para que seja um filme menos destruidor e psicológico e ficasse mais sendo um filme de terror. 


Continuando a série de diferenças que alteram muito a história, Jud no livro é descrito como um senhor de pele escura, já no filme ele é totalmente branco. E a principal mudança do filme: a esposa de Jud, Norma, foi totalmente cortada do filme, criando uma grande lacuna uma vez que no universo dos filmes ela já está morta quando Jud conhece a família de Louis, quando no livro a presença de Norma é frequente. 


Sendo objetivo, pois este é um filme que terei que contar coisas sobre a trama, tudo acontece quando em um fim de semana a esposa de Louis e as crianças vão viajar para a casa dos pais de Rachel. Então, Louis vai passar o fim de semana sozinho. Quer dizer, quase sozinho uma vez que ele terá que cuidar do gato de Ellie, Churchill, mesmo nome do primeiro ministro da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, uma piada de King que confesso que demorei a superar e parar de rir, pois o gato do filme/livro é super mal encarado. 


O que acontece é que, como no livro é explorado que Louis se sente preso pela família, nesse momento Louis e Churchill se tornam metáforas um do outro. Acontece que no livro, Rachel quer que Churchill seja castrado e Louis acata seu pedido, principalmente para que o gato fique mais caseiro e não saia de casa. Apenas para descobrir no dia seguinte, ao ser chamado por Jud, que o gato tinha sido atropelado. Aqui, lendo o livro, eu entendi como uma metáfora do fato de que apesar de Louis querer ter um tempo de sua família, ele sentiu falta dela, como um gato castrado preguiçoso demais para se aventurar pela noite. Já no filme, tudo isso é cortado, sendo apenas informado para Louis que o gato já tinha sido atropelado. 


Aí que entra o lance do cemitério. Em ambas as tramas, aqui Jud o fala sobre o cemitério e sugere enterrar o gato lá para não entristecer Ellie. Entretanto, a diferença é que no filme a ida ao cemitério é uma coisa simples, apenas uma trilha que eles fazem. Já no livro, o caminho para o cemitério é uma espécie de caminho mágico, cheio de obscuridades e momentos estranhos. 


Em ambos, o gato é ressuscitado mas volta com alterações de personalidade, sendo um gato muito mais hostil. Esses momentos de Churchill foram bem capturados pelo filme, onde as cenas com o gato escolhido são muito sinistras e engraçadas ao mesmo tempo. 


Agora, uma coisa que não posso esquecer é de Victor Pascow. Acontece que, tanto no livro como no filme, no primeiro dia de trabalho de Louis como médico da faculdade da cidade de Ludlow, a qual eles acabaram de se mudar, um jovem surge na enfermaria com a cabeça rachada e morre em sua sala. Depois disso, Victor se torna um fantasminha camarada que as vezes aparece para perturbar/ajudar Louis. Depois comentarei mais sobre ele. 


Então vem a morte de Gage. É curiosa a forma como King escolheu para trazer essa trama a tona. Isso acontece no dia que Louis leva Gage para soltar pipa, e durante a narração dessa cena bonita e divertida entre pai e filho, King vai e solta um "mal sabia Louis que Gage tinha menos de 10 dias restantes de vida". Assim, como se não fosse nada. Enquanto o filme, pior ainda, acredita na cena. Entretanto, no filme já especulávamos com a morte devido a cena inicial, quando Jud ajuda Gage. Enquanto no livro, acredito que King escolheu contar dessa maneira para reduzir o impacto de sua morte para o leitor, assim contando a notícia em um momento feliz do livro.  



Então Gage é atropelado pelo caminhão. No filme isso é aleatório, mas no livro é longamente explorado que os caminhões que passam ali são de uma grande empresa de fertilizantes "Orrinco". No filme, após a morte de Gage é clara a intenção de Louis de enterrar o garoto no cemitério de animais para ele voltar a vida. No livro, Louis tenta ser racional mas vai perdendo a razão lentamente. Jud associa ao fato de terem usado o lugar para trazer o gato de volta. Eles teriam despertado algo, um espírito primitivo, que decidiu se vingar. Aí e um pouco na pegada do "pacto", onde tem que se dar algo em troca. Só que no livro, como Louis é alguém da ciência, ele é cético para religião, magia e essas coisas. Logo para ele trazer um humano de volta a vida com aquele método está tudo bem.


É muito, muito triste, quando no velório de Gage o pai de Rachel vai para as vias de fato com Louis, derrubando o caixão de Gage no chão. Fato que no livro agrava a insanidade de Louis. 


 No livro e no filme, Louis despista Rachel e Ellie fazendo elas viajarem para a casa dos pais dela alguns dias para tentarem superar a morte de Gage, e que ele iria atrás delas em seguida. Ele aproveita que está só para desenterrar o corpo de Gage e enterrar no cemitério micmac. 


Acontece que Rachel sente algo de errado. No filme, é mostrado que o espírito de Victor Pascow fica a perturbando mesmo que ela não o possa ver, para que então ela volte para ver Louis. O problema é que ela já havia chegado na casa dos pais, não havendo nenhum voo de volta. Ela decide então ir de carro. Aqui está a grande diferença do filme para o livro. No filme, o carro dela enguiça perto de uma parta de caminhoneiros. Rachel então decide pedir uma carona a um deles. Na cena seguinte, vemos que ela conseguiu e o caminhoneiro já está deixando ela perto de casa. Porém, aparece uma cena de Pascow dizendo algo como "sem chance" nesse momento, nada acontece e o caminhoneiro vai embora. Ela então vê que tem algo de estranho na casa de Jud e decide ir lá. Então Rachel é supostamente morta por Gage. Só que o filme duvida disso, pois além de não mostrar Gage matando sua mãe, apenas um abraço entre os dois, quando Rachel reaparece na cena final do filme, ela está com as pernas sujas e com metade da face desfigurada. 


Mesmo possuído, por qual motivo Gage faria aquilo? E por que a escolha por não mostrar nada? Meu palpite é que na visão do filme ela nunca saiu viva do caminhão do caminhoneiro. Ela teria sido morta na tentativa de voltar para casa e na cena onde ela se encontra com Gage, o menino não parece hostil pois ela também já é um fantasma. No livro, ela apenas volta para casa, sem ajuda do fantasminha camarada e é morta por Gage com uma facada. 


Ouro detalhe que não dá para esquecer é que Jud, após a morte de Gage, comenta com Louis que quando ele era jovem ele reviveu diversas vezes um cachorro seu. Além de contar sobre o passado da cidade de Ludlow que inspirou o filme de Cemitério Maldito A Origem de 2023; ele revela que quando jovem ele frequentava os bordéis da cidade e traia Norma com prostitutas. Depois, quando Gage já está possuído e invade a casa de Jud para matá-lo, o espírito que o habita o provoca dizendo que Norma sabia de suas traições e que o traia de volta com os amigos dele. Toda essa trama é tão barra pesada que além de cortada do filme, acredito que foi por isso que Norma foi cortada do filme, pois era uma personagem secundária, para criar a aparência de normalidade e confiança do casal de velhinhos que mora do outro lado da rua. E isso quebra toda essa ideia romântica em torno da velhice, ao estilo bem King, refletindo que as pessoas mais velhas já foram jovens, já erram e viveram como todos. Assim, servindo como dois grandes reflexos de como seria o fim dos dias de Louis e Rachel naquele lugar, 


No final do livro e do filme, Louis mata Gage e Churchilll, o que para mim sempre é cruel pois já que era pra fazer isso era mais fácil ter aceitado o lucro. Ellie fica esquecida, apesar de no livro colocar que ela passou a morar com os pais de Rachel, dando-os a oportunidade de poderem criar uma nova filha, a filha que perderam com Zelda. E Rachel é revida por Louis, onde no livro eles meio que tem uma nova oportunidade de viverem juntos e serem felizes, mas com um Louis que perdeu grande parte de sua sanidade mental. Já no filme, termina literalmente romântico, com os dois se dando um beijo com ela desfigurada, mostrando também que Louis está insano. 


Uma última interpretação do livro/filme que preciso destacar é a da própria vida de King e seus arquétipos. Se repararem, King vai e volta em arquétipos típicos para explorar essas imagens em relação  vida real. Então, por exemplo, Louis é o arquétipo do "marido" e Rachel o da "mulher". Assim, quando ele explora as relações, debates e conflitos do casal, ele só pode o fazer perante a sua própria experiência e bagagem. E uma coisa que fica nos debates desse livro: o ressentimento de King com relação a sua esposa e a necessidade que ela teve de submeter Carrie à publicação sem autorização dele. Para King, tornar-se um escritor famoso foi como morrer e ser enterrado no cemitério, tudo por causa do status social. Ele projeta muito disso em Rachel. 


Isso faz com que a ideia de funeral nesse livro de King, esteja em profundo diálogo com a noção de Regis Debray de transmitir. No livro Vida e Morte das Imagens, o autor explora como no passado ter o túmulo de várias pessoas de sua família de gerações passadas visível para todos, dava uma noção de status. O próprio velório em si, busca ser um entorpecimento dos sentidos, da ideia gráfica da morte, para uma ideia de status social na condição de uma espécie de anfitrião da tragédia. Ou como quando o animal de estimação de seu filho morre e você substitui por outro parecido para que ele não perceba ou diz que ele foi para "a fazenda".


Como escritor, King está pegando essa ideia de que a morte e o funeral comunicam algo, para pensar de comunicar-se (como escrever um livro ou um texto) não é também morrer um pouco, uma ideia ao estilo de Epicuro ou de Montaigne, este último que provocou a todos com a máxima "filosofar é aprender a morrer". 


Assim, morrer na ideia desse livro/filme é mais que apenar sucumbir, mas viradas que podem estar repletas de significado. Como o fantasma do pai que volta para falar com Hamlet, como as pessoas podem voltar a vida, Cemitério Maldito ganha a conotação em suas mortes como um "momento de passagem". Por exemplo, se o filho passa a odiar o pai, é como a morte de algo, de uma lembrança ou de uma fase. O mesmo pode se dizer de um divórcio, uma separação que mata a memória na visão que King está propondo.


No fim das contas, a adaptação de Mary Lambert é eficiente. Apresenta o filme de uma maneira bem ampla para o leigo e convida fortemente a ler o livro. Porém, ela suavizou o filme, tornando-o politicamente correto e incompleto. Todas metáforas e continuidades maiores, o filme cortou, dificultando depois o universo dos filmes de explorar as continuidades. Houve um remake, de 2019, que explorou o lado mais sombrio de Jud, trazendo o sinistro John Lithgow como Jud. Porém, o filme é ruim de doer, mais sinistro porém muito sem graça, onde no final é como se todos virassem zumbis reencarnados, e Gage é o único que permanece vivo, pois nesse filme é Ellie que morre atropelada. Ou seja, quando ele foram fazer um remake, mesmo com muito mais produção e orçamento, conseguiram estragar mais a história do que o filme de 89. 



Acredito que o filme de 89 só não é tão bom, pois subtraiu demais da trama original, porém para simplificar a trama, por menor orçamento e principalmente para tornar a trama mais palatável, afinal é um filme com crianças, com gato e algum desavisado poderia deixar uma criança ver. Já os outros filmes ficaram sempre a sombra do primeiro filme pela simples falta de coragem. Nem de ser mais fiel ao texto e mostrar a dimensão real da trama e nem para ser criativo de fato para contar uma trama nova (excluindo talvez o filme de 2023, que é fiel ao texto original).


Cemitério Maldito de 89 também peca por tornar a trama desde o início óbvia. Não nos identificamos com a família de Louis no filme, ficando sempre aquela dúvida e desconfiança onde como audiência ficamos pensando: "Foge daí, foge daí logo gente burra!". Enquanto no livro, são pessoas comuns, que nos identificamos apesar de eles quererem viver um estilo de vida de classe média americana idiota. Só no final do livro, quando é tarde demais, percebemos que Louis está indo longe demais. As atuações do filme não são muito boas também, sendo os atores mais carismáticos em tela o menino que faz Gage, que ficou uma graça fazendo as cenas de possuído, e o gato que faz Churchill que em termos de atuação coloca o ator que faz Louis no chinelo. E se alguém duvida, dê uma olhada na atuação do gato do remake de 2019 e percebam com o gato do filme de 89 foi genial em cena. A atriz da Rachel também é boa, mas parecia não entender totalmente a trama que fazia. Os efeito hoje são furreca, mas na época imagino que pareciam bons


Já a direção é o ponto alto do filme. É só pela direção boa, de alguém que leu o livro e refletiu sobre ele, que ficamos grudados querendo saber o que vai acontecer. Concluindo, é um filme que vale muito a pena assistir se você não leu ou não tem interesse de ler o livro, ou até mesmo para conhecer o universo das histórias de King. Porém, se você já leu o livro e conhece o estilo de King e volta para ver esse filme, suas limitações ficam claras e com dimensões ideológicas difíceis de entender, fazendo-nos querer (como em outras adaptações de livros de King) uma versão definitiva que fosse mais fiel ao livro. 


Curiosidades


Os direitos do filme foram vendidos para George A. Romero em 1984 por US$ 10.000. King já havia recusado várias outras ofertas para uma adaptação cinematográfica. Romero eventualmente teve que sair da produção, pois estava ocupado com Monkey Shines. 


A executiva de desenvolvimento Lindsay Doran adorou o roteiro finalizado e defendeu que ele fosse feito na Embassy Pictures e depois na Paramount Pictures, depois que ela se tornou vice-presidente de produção lá em 1985. 


Na produção, ela foi informada a cada vez que não havia mais demanda por Stephen King filma após uma série de adaptações de seus romances lançadas no início dos anos 80.


Foi somente durante a greve do Writers Guild of America em 1988 que a Paramount reconsiderou porque o estúdio estava enfrentando uma possível escassez de novas produções para lançamento em 1989. O roteiro de Stephen King para Pet Sematary estava finalizado e pronto para ser lançado, então Doran recebeu luz verde para obter os direitos da Paramount e iniciar a produção. 


King, que teve a palavra final sobre a escolha do diretor, reuniu-se com a primeira escolha do estúdio, Mary Lambert. Ela o impressionou com seu entusiasmo por seus romances e seu compromisso em permanecer fiel ao material original, o que lhe garantiu o emprego. 


A versão original do filme entregue aos executivos da Paramount foi considerada muito longa, então o excesso de filmagem teve que ser removido. A cena final original era mais ambígua: mostrava apenas a morta-viva Rachel entrando na cozinha onde Louis está jogando paciência, deixando seu destino incerto. Embora Lambert tenha chamado esse final de "mais assustador, triste... trágico", porque o público sabe que "não vai ser o que ele quer. Ela não vai voltar como sua esposa", o estúdio decidiu que era muito ofensivo e a pedido deles, foi refeito para ser mais gráfico. A aparência de Rachel ficou muito mais horrível com efeitos protéticos especiais, e há quem diga que ela mata Louis no final, como sugerido por seus gritos quando o filme corta para preto.


Conforme estipulado por King ao vender os direitos, Pet Sematary foi filmado no Maine, onde a história foi ambientada e o próprio King escreveu o roteiro. A produção foi baseada em Ellsworth e as audições foram realizadas no The Grand Theatre, onde várias centenas de moradores locais fizeram testes para serem figurantes ou para pequenos papéis falados. O próprio King esteve muito envolvido no processo de filmagem, consultando Lambert frequentemente sobre suas ideias para a história e quaisquer desvios do roteiro que ela desejava fazer. 


A casa usada para a casa dos Creed é uma residência privada perto de Hancock, enquanto a casa de Jud do outro lado da rua era na verdade uma fachada construída em torno de uma casa existente que foi isolada com material à prova de fogo para que a maquete pudesse ser queimada ao redor dela. Os interiores da casa de Creed foram recriados em um estúdio em Ellsworth, enquanto os interiores da casa de Jud foram construídos dentro do Arsenal de Bangor.


A abordagem ao cemitério Miꞌkmaq foi filmada em uma pedreira de granito abandonada na Ilha Mount Desert, no Parque Nacional de Acadia, enquanto o topo de uma colina perto de Sedgwick era o local do próprio cemitério Miꞌkmaq.


Outros locais incluíam uma floresta perto de Ellsworth para o cemitério de animais de estimação, o Cemitério Mount Hope em Bangor para as cenas do cemitério e a Prefeitura de Ellsworth, que substituiu o hospital da Universidade do Maine, Orono .


A trilha sonora do filme foi escrita por Elliot Goldenthal. O filme traz duas músicas dos Ramones, uma das bandas favoritas de Stephen King: " Sheena Is a Punk Rocker " aparece em uma cena, e " Pet Sematary ", uma nova faixa escrita especialmente para o filme, toca nos créditos. 


A música "Pet Sematary" se tornou um dos maiores sucessos dos Ramones, alcançando o quarto lugar na lista "Modern Rock Tracks" da Billboard , apesar de ser, nas palavras da AMG, "injuriada pela maioria dos fãs hardcore da banda".



Lambert era mais conhecida por seu trabalho na direção de videoclipes, especialmente aqueles de Madonna , incluindo "Like a Prayer" e "Material Girl". Através de seu trabalho na indústria musical ela era amiga dos Ramones . Ela os abordou sobre a gravação de uma música para o filme e eles concordaram em escrever e interpretar "Pet Sematary", que aparece nos créditos finais


Inicialmente, os executivos da Paramount queriam um par de gêmeos para fazer o papel de Gage, como os escolhidos para interpretar Ellie, que era a opção com melhor custo-benefício. No entanto, Lambert ficou muito impressionado com Miko Hughes , de dois anos de idade , que ela sentia ser um talento natural apesar de sua tenra idade, então ela pressionou o estúdio para aceitar sua escolha. 


Ela também enfrentou resistência dos executivos sobre sua escolha de escalar Fred Gwynne , a quem o estúdio acreditava que o público não levaria a sério por causa de sua fama como Herman Munster. 


Depois de fazer o primeiro teste com garotas para o papel de Zelda, Lambert mudou de rumo e acabou escalando Andrew Hubatsek para o papel, porque ela sentiu que ter um homem adulto fazendo o papel de uma adolescente deformada por meningite espinhal tornava o personagem mais assustador.



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