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O Estranho Sem Nome (1973): Absorvendo o pessimismo da época, este é o filme de Clint Eastwood que o aproxima dos cineastas da Nova Hollywood



Um homem sem nome sai do deserto para a isolada cidade mineira de Lago, no Velho Oeste. No barbeiro, três homens o provocam, e ele os mata com pouco esforço. Naquela noite, em seu quarto de hotel, o estranho sonha com Jim Duncan, um federal, sendo chicoteado até a morte pelos fora-da-lei Stacey Bridges e pelos irmãos Dan e Cole Carlin, enquanto os cidadãos assistem em silêncio. No dia seguinte, o governo da cidade de Lago oferece ao Estranho qualquer coisa para proteger a cidade dos malfeitores, que em breve serão libertados da prisão 


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O Estranho aceita o trabalho e se aproveita ao máximo do acordo: ele nomeia um homem baixo e oprimido, chamado Mordecai, como xerife e prefeito, fornece aos índios e seus filhos suprimentos quando o lojista se recusa a servi-los, recebe uma nova sela e botas, e força o saloon a servir bebidas grátis a todos.



O Estranho tenta formar um grupo de voluntários para defender a cidade, mas rapidamente percebe que nenhum deles é competente para lidar com o trabalho. Ele ordena que os donos do hotel e seus hóspedes desocupem o local, deixando-o para ele como único ocupante. Os proprietários, Lewis Belding e sua esposa Sarah, estão furiosos, juntamente com muitos outros moradores da cidade.



Callie, a prostituta, e vários homens conspiram para acabar com o Estranho. Ela faz sexo com o Estranho no quarto dele, antes de sair para que os outros entrem. Enquanto eles, sem saber, batem em um boneco na cama, o Estranho joga uma banana de dinamite no quarto, destruindo o hotel, antes de matar a maioria de seus agressores. Belding aumenta sua promessa de recompensa para o Estranho para três mil dólares, mas depois diz a Lewis que ele não pretende pagar.



Ele arrasta Sarah, chutando e gritando, para o quarto dela (o único quarto que não foi danificado) onde finge desinteresse, mas eles terminam dormindo juntos. Na manhã seguinte, enquanto discutia o que aconteceu com Bridges e os irmãos Carlin, Sarah diz ao Estranho que Duncan não pode descansar em paz porque a cidade o jogou em uma cova rasa e sem identificação. 



O Estranho ordena que todos os prédios da cidade sejam pintados de vermelho sangue. Então, sem explicação, ele monta seu cavalo e cavalga para fora da cidade, tendo pintado sobre a placa da cidade com uma única palavra: "Inferno". 


Lewis e Sarah falam sobre o assassinato de Duncan. Lewis disse que eles fizeram o que tinham que fazer porque Duncan ia entregá-los porque a mina local estava em propriedade do governo, o que significaria que a mina seria fechada.




Bridges e os Carlins se encontram com Morg Allen, que foi baleado pelo estranho no incidente do hotel, mas escapou. Bridges diz a Morg que eles estão voltando para a cidade para recuperar seus salários atrasados da cidade e matá-lo. O Estranho os encontra e os assedia com dinamite e tiros de fuzil, fazendo os bandidos acreditarem que os habitantes da cidade são responsáveis. Voltando a Lago, o Estranho inspeciona os preparativos — toda a cidade pintada de vermelho, homens armados em telhados, mesas de piquenique carregadas de comida e bebida, e uma grande faixa "WELCOME HOME BOYS" em cima — então ele remonta e parte novamente.


Os bandidos chegam e facilmente superam a resistência dos habitantes da cidade matando todos os defensores. Eles encontraram toda a cidade no Saloon. O Estranho usa um chicote e arrasta um dos irmãos Carlin e o mata. O Estranho mata os fora-da-lei restantes. Belding tenta emboscar o Estranho com uma espingarda, mas Mordecai atira nas costas de Belding, matando-o.



Quando o Estranho parte, ele cavalga por Mordecai, que está trabalhando em um marcador de túmulo. Mordecai diz :"Eu nunca soube seu nome". "Sim, você sabe", foi a resposta do Estranho. O Estranho derruba o chapéu e vai embora. O filme termina com Mordecai ao lado de um marcador de túmulo que diz "Marshall Jim Duncan Rest in Peace" e o Estranho cavalgando.



História e bastidores da produção do filme


Eastwood gostou da qualidade excêntrica da proposta original de nove páginas do roteiro do filme e se aproximou da Universal com a ideia de dirigi-lo. É o primeiro filme faroeste que ele dirigiu. Sob uma produção conjunta entre Malpaso e Universal, o roteiro original foi escrito por Ernest Tidyman, que ganhou um Oscar de melhor roteiro por The French Connection. 


O roteiro de Tidyman foi inspirado pelo assassinato real de Kitty Genovese no Queens em 1964, que testemunhas oculares supostamente ficaram paradas, assistindo. Buracos na trama foram preenchidos com humor negro e alegoria, influenciado por Sergio Leone. Uma reescrita não creditada do roteiro foi fornecida por Dean Riesner, roteirista de outros projetos de Eastwood.



A Universal queria que Eastwood filmando o longa em seu lote de volta, mas Eastwood optou por filmar no local. Depois de explorar locais sozinho em uma picape em Oregon, Nevada e Califórnia, ele se estabeleceu na área "altamente fotogênica" do Lago Mono. Mais de 50 técnicos e trabalhadores da construção construíram uma cidade inteira — 14 casas, uma igreja e um hotel de dois andares — em 18 dias, usando 150.000 pés de madeira.



Edifícios completos, em vez de fachadas, foram construídos, para que Eastwood pudesse filmar cenas interiores no local. 


Cenas adicionais foram filmadas em Reno, No Lago Winnemucca de Nevada e na Floresta Nacional inyo da Califórnia. O filme foi concluído em seis semanas, dois dias antes do previsto e abaixo do orçamento.




O personagem do delegado Duncan foi interpretado por Buddy Van Horn, o dublê de longa data de Eastwood, para sugerir que ele e o Estranho poderiam ser a mesma pessoa. Em uma entrevista, Eastwood disse que versões anteriores do roteiro fizeram do Estranho o irmão do delegado morto. Ele favoreceu uma interpretação menos explícita e mais sobrenatural, e tirou a referência. As dublagens italianas, espanholas, francesas e alemãs o restauraram. 



"É apenas uma alegoria", disse Eastwood, "uma especulação sobre o que acontece quando eles vão em frente e matam o xerife, e alguém volta e chama a consciência da cidade para suportar. Há sempre retribuição para seus atos. O cenário do cemitério apresentado na cena final do filme incluiu lápides inscritas "Sergio Leone" e "Don Siegel" como um tributo bem-humorado aos dois diretores influentes.



Foi o segundo filme dirigido por Clint Eastwood e o primeiro faroeste. O título brasileiro, que usa a expressão "estranho sem nome", pega carona no personagem da trilogia de Sergio Leone, onde Eastwood participa. 


A montagem do filme foi feita numa cabana em Mono Lake, na Califórnia. A Universal Pictures queria que o filme fosse rodado em estúdio. Apesar disso, Eastwood construiu uma cidade cenográfica inteira no deserto próximo a cidade de Mono Lake nas Serras da Califórnia. Muitos prédios eram completos com cenários no interior. 


Na parede da igreja é possível ler o versículo Isaías 53:3-4 da bíblia, sobre um homem desprezado e rejeitado, mas que ajudou os aflitos.



Após o lançamento do filme, Eastwood escreveu uma carta para John Wayne, sugerindo uma parceria entre eles. Wayne respondeu de maneira agressiva, dizendo que o diretor fazia filmes violentos e estava mudando a História do Velho Oeste em seus filmes. Eastwood nunca respondeu essa carta e os dois jamais trabalharam juntos.



Kirk Hammett, guitarrista do Metallica, lançou recentemente "High Plains Drifter", a primeira música do seu vindouro EP solo, "Portals", que será lançado no dia 23 de abril, com um videoclipe do single sendo lançado no dia anterior.



Crítica do filme 


O Estranho Sem Nome é um dos grandes faroestes, se não o maior, que Clint Eastwood dirigiu. Evidentemente, vários elementos do filme demonstram a influência de Sergio Leone, adquirida nos três filmes que realizaram juntos, conhecida como “Trilogia do Homem sem Nome”. 


O filme absorve o pessimismo da época, aproximando bastante o diretor Eastwood das técnicas dos cineastas da Nova Hollywood. O Estranho sem nome, em muito lembra personagens como Travis de Taxi Driver. Era o quase o fim da Guerra do Vietnã, onde todos consideravam e é considerado pelos historiadores que os Estados Unidos mais perderam do que ganharam, sendo a crise do petróleo só um dos traços dessa crise. Nesse sentido, o filme traz uma visão niilista. A cidade e as noções comunitárias, diferentes dos clássicos como John Ford, é tida como interesseira e covarde.



A música de Dee Barton é sinistra e faz parecer um filme de terror. O roteiro final não determina se esse estranho é o fantasma de Jim Duncan, ou um amigo ou parente seu, mas por isso qualquer especulação é válida. 



Apesar de originalmente serem irmãos, os flashbacks mostram que o xerife não é o estranho, mas o diálogo final indica que ele é um fantasma, um espírito, uma moral que aceita linchamentos.



Entretanto, o estranho não é um herói. A sua contratação só acontece porque ele assassina os pistoleiros que a comunidade já havia alugado. Logo depois, estupra uma prostituta que o provoca. Porém, depois ele justifica, apesar da cena, afirmando depois que ela queria. A cena com certeza envelheceu mal e não é aceitável para os padrões de hoje em dia. Mas é realista em marcar o aspecto contraditório do personagem e dos cowboys. Era um mundo sem escola, sem educação, livros eram raros, e conversando com os outros homens na cena do banho, onde a moça tenta se vingar dele, o Estranho, como os demais, não entende o ódio da moça, demonstrando que nem mesmo entende a gravidade de sua atitude. 



Quando lhe oferecem “tudo o que quiser da cidade”, ele se aproveita da situação. Para ele a vingança deve recair sobre elas também, que não se mexeram para impedir o covarde assassinato do xerife. Porém, para completar a contradição, ele aproveita desse privilégio para dar quantos cobertores, comida e balas os índios quiserem, justificando seu jeito bruto. Essa preferência aos índios do que aos habitantes, é algo com certeza Eastwood retirou de John Ford, principalmente na sua segunda fase de filmes.



Por outro lado, a cidade fica "socialista", com tudo sendo distribuída pela sua necessidade e não por seu lucro. O estranho também muda o xerife, nomeando um homem de baixa estatura no lugar. A decisão parece excêntrica, mas na verdade o ajuda bastante, já que qualquer outra na função morreria fácil, e o homem, por ser baixo, não é levado a sério o suficiente para ser assassinado.




No final, o faroeste assume certo tom comum aos filmes de terror dos anos 70. Os moradores pintam todas as casas e lojas de vermelho. A placa da cidade agora ostenta a palavra “inferno”. Durante o confronto, chamas consomem a cidade. Depois de deixar os moradores sofrerem nas mãos dos bandidos, o estranho começa a atacar. Ataca de surpresa, como um serial killer. Sem aparecer na tela, mata enquanto está fora do quadro, ou na escuridão. A voz soturna de Eastwood, sussurrando as últimas palavras de Duncan, “Me ajudem!”, parece vir do além. No duelo derradeiro, o bandido está iluminado pelas chamas, enquanto o anti-herói está contra essa luz.


Porém, mais do que qualquer coisa, o Estranho sem Nome, é mais um faroeste de resposta a Matar ou Morrer (High Noon, 1952 que já analisamos aqui). No filme Fred Zinnemann a comunidade também se acovarda e não ajuda o corajoso xerife (vivido por Gary Cooper) contra bandidos que querem vingança, sendo o xerife no final salvo pela esposa. Rio Bravo é a resposta mais clássica e intelectual ao filme, e Estranho Sem Nome uma resposta mais novista que aposta na morte do xerife e no espírito de vingança, algo que é mais realista. 



Essa é uma regra natural dos faroestes: Já que o xerife foi executado com requinte de crueldade, eles queriam passar uma mensagem para a sociedade e se tornarem conhecidos. Assim, não faltará um outro para o confrontar e tomar seu lugar de fama. Essa foi a aleatoriedade que Eastwood tentou explorar no filme, ao ocultar o parentesco do xerife morto com o Estranho. Uma vingança pessoal torna tudo mais claro e dá sentido melodramático ao filme, tornando-o claramente uma trama de vingança. Mas sem a relação a trama de vingança se torna mais complexa, pois qualquer um pode querer se vingar de um caso tão escandaloso. 



Essa transitoriedade, combinada com a falta de nome ao personagem, sua falta de caráter e afabilidade são recursos narrativos, peripécias, para tornar a trama do filme mitológica, como uma história que "se ouve falar". Isso é genial do filme, pois como é uma trama cheia de vingança, ódio e violência, queremos acompanhar aquilo mas não nos envolver nem tomar lado. 


Assim, o filme exemplifica muito bem porque na prática as pessoas elegem republicanos, conservadores e extremistas em horas de crises: eles preferem explodir tudo do que ficarem passivos. O vermelho da cidade do final pode ser tanto uma metáfora de esquerda, como de crise, de morte, afinal vale lembrar que a cor dos republicanos é o vermelho também. Eastwood era notório membro do Partido Republicano à época, ao qual era filiado desde 1951 e havia apoiado a campanha de Richard Nixon, então presidente, e havia apoiado Eisenhower. Depois, ele passaria pelo Independente e pelo Libertário, mas sempre tendeu aos republicanos, como nesse filme. 


Porém, a forma como Eastwood combina isso com suas críticas a lógica punitiva regional, bairrista e municipal, sempre o faz soar para mim como um socialista, com tendências próximas ao anarquismo comunitário. Sendo um artista, seu apoio aos republicanos é quase um escárnio, por representar o que todos pensamos sobre os conservadores: um arquétipo de cara bruto e ignorante. 



Acho que o caráter mais interessante do filme, é que apesar de esperarmos pela vingança contra os vilões, não sentimos pena dos habitantes da cidade, algo que dá um certo humor sádico ao filme muito realista com a situação. E o final, enigmático, onde após a vingança e salvar a cidade, o Estranho sem nome apenas vai embora, parecendo voltar para a mesma curva da montanha da onde veio, o extracampo, lembra bastante o final enigmático e mórbido de Os Brutos Também Amam (Shane), uma referência inclusive no elemento das lápides. 


Se uma crítica pode ser feita, o filme não é focado em um contexto histórico específico, podendo ser a qualquer hora e momento, inclusive agora, em algum lugar do interior ou sem lei. Assim o ponto é mais filosófico, sobre o problema da autoridade e violência, do que de fato um grande faroeste de tese histórica. Entretanto, é uma filosofia meio pragmática e rasa, com alguns problemas práticos.



De certa forma, o filme usa técnicas da "nova onda" do cinema, como do Cinema Novo ou Nova Hollywood, para fazer um filme bem controlado em sua direção e direcionamento, para que os sentidos do filme sejam óbvios e metafóricos. Como, por exemplo, o fato de os habitantes fazerem tudo que o Estranho quer, é a metáfora perfeita do cinema e de como é o relacionamento do diretor com as equipes no set. Ali há certo humor de Eastwood em brincar em como os estúdios o tratavam depois de trabalhar com Sérgio Leone e Punhado de Dólares se tornar um sucesso. 



O diretor é esse "estranho sem nome" que deve mandar em todas as dinâmicas e depois, quando a cidade é pintada de vermelho para o final, essa relação da direção, a influencia do diretor e as relações do "estranho" na cidade, se completam. Algumas características do personagem do Estranho obviamente são influenciadas em El Topo (1970), de Jodorowsky, que inclusive também dirigia e atuava em seu western.



Em sentido de técnica, o filme é muito inteligente. O uso das cores, forçadas e chamativas de propósito, nas roupas e prédio da cidade tem um forte aspecto psicológico, que depois é convertido no vermelho, trazendo um contraste e saturação que sinalizam a violência simbólica final. A direção de Eastwood é talvez a mais criativa de todos os seus filmes, onde sua presença no set, como protagonista, se metaforiza na ideia do estranho. 



Todo o filme é baseado em pequenas viradas, sutis, que são mais simbólicas do que significativas. O roteiro, não é muito genial, mas é perspicaz em sentido ter deixar visuais, específicas para o fotografo e o diretor trabalharem, como as sombrias cenas do chicoteamento do xerife. Essa cena é genial pelo seu caráter puramente cinematográfico.


Ela gera aflição, pois não queremos ver isso acontecer e impedir de alguma maneira, além de não entendermos a motivação para tanto ódio. Por outro lado, o estilo que Eastwood deu para a cena, com sombras, luz e muito movimentos de câmera, assume um tom profético, que parece ser sobre as forças de segurança e governos terem que tomar mais cuidado a partir daquele momento, pois apesar do discurso padrão, a população não está disposta a lhe defender em uma situação de crise real. 



A fotografia do filme é particularmente interessante, com um aspecto quente e granulado, onde o sal de prata do filme foi exposto a luz o máximo, ao ponto de ser quase estourado, mas não é, dando um aspecto muito visual ao filme, algo que o diferencia de cara de muitos faroestes. 



A produção e o elenco do filme parecem ter sido modestos, mas foram muito bem empregados. Não temos uma cidade tão elaborada e cenários tão detalhados como nos filmes de Howard Hawks, mas ainda assim os espaços foram bem articulados para a trama, mesmo com certa modéstia de recursos. O elenco não é muito famoso, mas os atores são bons, e completam bem o quadro da ideia de uma cidade. 



Entretanto, o aspecto com certeza mais interessante é com certeza essa visão mitológica do faroeste, ganhando certo aspecto cultural, podendo ser qualquer lugar em qualquer época, sendo em certa medida uma evolução interessante na interpretação e perspectivas possíveis para um western. Um filme sensacional e que envelheceu muito bem, parecendo muito atual para hoje em dia.




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