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A esnobada do Oscar 2024 em Barbie: Greta Gerwig e Margot Robbie foram injustiçadas?

 


Supostamente o filme lucrou muito e sofreu campanhas de boicote que aparentemente vieram da "direita", segundos os defensores do filme. O filme foi proibido no Vietnã por conter uma imprecisão do mapa do país, e conta com o elenco de apoio muito maior do que os principais do filme, com atores como Will Ferrel, Michael Cera, America Ferrera (que foi indicada ao Oscar), e a participação do ator Ryan Gosling (que também foi indicado) como o Ken o namorado (segura bolsinha) de Barbie. Afinal, o filme foi injustiçado e sua diretora também? E é justo considerar o filme Openheimer pró ciência e progresso sem nenhuma reflexão sobre o que foi a bomba atômica para Hiroshima e Nagazaki?


A polêmica que rolou depois do lançamento da lista final do Oscar é sobre Greta Gerwit do filme da Barbie não ter sido indicada como Melhor Direção. Foi errado ou injustiça a chamada esnobada de que estão falando? 


Eu até mesmo achei que Barbie (seu sua falta de régia (direção) real), não iria ganhar nenhum prêmio, e está até mesmo indicado a Melhor Filme, imagina essa situação. Você está assistindo o Oscar 2024 e tal, e de repente, na categoria mais importa, imagina se Barbie ganhar de Melhor Filme (em uma hipótese absurda transloucada), imagina o que isso vai simbolizar, a volta de Donald Trump, o fim da academia de cinema, o ódio aos imigrantes com a coroada da loira padrão Margot Robbie como representante disso.  


O relativismo de tudo e todos, e com as imposturas de Biden surfando em guerras e caos por aí no mundo afora, digo que é possível sim o fim da história para os americanos, eles parecem totalmente sem opções, tanto do lado democrata, quanto ao lado republicano, está a terra do anarquismo ideológico. 

Barbie da diretora Greta Gerwig, ela que já havia feito um remake de um clássico do cinema e literatura feminista Little Women em 2019, fez dessa vez um filme puramente comercial e utilizando da cultura fã e de movimentos sociais, para ridicularizar deles e da ideia da ideia de tomada de consciência para vender uma estética de segregação racial e social. 


Exemplo de Barbie da vida real, Taylor Swift, uma fã dela morreu, enquanto ela estava no ar condicionado em um degrau superior e com acesso a água, a moça que era fã dessa Barbie estava em outra área do camarote, em outra casta praticamente financeiramente pensando, como esse filme mostra que o mundo é normalmente, e se você questionar algo, como a Barbie fez e sentir seu mundo como no "Show de Truman", o cômico é você por notar. Gostei muito da sátira do novo filme da sequência do Fuga das Galinhas, que brinca que Barbie é a granja do abate feliz.  


Mas com Wes Anderson é que vimos uma grande esnobada, já que é claro, o filme que fala mal da forma como os filmes foram feitos esse ano (de greve) não iria ser indicado e foi uma vergonha isso. O filme tem direção e não recebeu nenhuma indicação ao Oscar, mas mostra como está cínica, falida e decaído o arquipélago de ideologia americana. Não vende nem banderinha do Tio Sam, ninguém quer comprar lá na "feira americana". Há uma suprema ironia ao clima do Barbieheimer no filme Asteroid City, que brinca com a artificialidade da cinema, o clima comum de censura e retroalimentação entre os militares e a ciência americana.  


Aparentemente,  o que se vende vias todos os veículos hegemônicos, é que o filme agradou mais a "esquerda". Coloco entre aspas pois não tem como uma pessoa progressista ou de esquerda realmente gostar desse filme), a academia entendeu, como Scorsese entendeu essa onda de filmes, dinheiro feito por máquinas para "sustentar" uma indústria de pessoas que não esperam mais nada do cinema. Não tem aquela conquista, aquele flerte, é apenas AI e todos que estava furando a greve de Hollywood, Barbie e Oppenheimer são os "filmes fura greve", então possivelmente podem se sair mal. 


O filme e a lista dos indicados geral ao Oscar já foi feito pelo nosso site para quem não viu na íntegra. Barbie apesar de ser uma marca licenciada famosa de brinquedos, venderia de qualquer maneira, com qualquer diretor ou diretora assumindo o projeto, é automático, o que tira a áurea que todo filme precisa, pois cinema é arte também, não apenas o lucro. Digo que um filme não pode ser avaliado exclusivamente pelo financeiro. 


Minha opinião é que o filme da Barbie passa além de valores errados, parece um reels de Facebook sem fim, um filme sem direção. Eu não vi Little Women dela, mas para mim já é impossível competir com uma adaptação que tinha como protagonista Katherine Hepburn. Como você vai "refazer" isso, não tem como? Então essa moça foi de fazer um remake de um clássico da literatura  e dos filmes americanos e depois do nada, um filme sobre uma marca licenciada de boneca?


Além do que, o filme da Barbie incentiva uma visão que louva a segregação, tacando na cara que o mundo separa loiros dos negros, tem "padrão" para todas as raças. No fundo, todos louvam a visão do racismo estrutural, onde tudo tem que ser rosa, onde tudo que importa é o branco e rosa da paleta de cor do filme. Imagina uma pessoa que viveu o apartheid da África do Sul e vai ver Barbie. Com certeza causa incômodo, o mesmo incômodo que os japoneses sentiram com Oppenheimer e sua apologia da bomba atômica. 


O triste é que Tenet, o último filme do Nolan antes de Oppenheimer, foi um dos seus melhores filmes, altamente intelectualizado e bem pensado e filmado. Agora faz uma propaganda ideológica de um dos mais dolorosos eventos da história da humanidade. Barbie, por sua vez, foi dito que sofreu boicote da extrema direita, eu sou de esquerda e considerado esse filme uma abominação da inteligência como um todo, e experiência atual de Hollywood está tão ruim que não tem mais aqueles grandes filmes asiáticos dos últimos tempos, Hollywood realmente meteu o cancelamento aos asiáticos, assinalado e evidenciado pelo filme Oppenheimer. 


Os Estados Unidos querem voltar ganhar o próprio prêmio Oscar deles. O que acontece é que vai parecer uma grande marmelada se o filme que ganhar fizer isso por fazer ideologia americana, vai parecer ridículo. 


Não adianta forçar a barra, os projetos políticos ideológicos estão aí para se pagar e lucrar o quanto quiser, não vai mudar o fato de ser uma forma de lucro com o racismo, xenofobia contra imigrantes, mulheres dizendo que apenas podemos ser rosa ou gostar do rosa, além de refletir o fim do cinema enquanto arte, o fim do cinema clássico e de todas as fórmulas conhecidas. É em "Adeus a linguagem" que o Godard falava tanto em Film Socialism, são filmes que nos deixam gelados pela falta de ser realmente cinema, não apenas vídeos do seu gato passando pela tela aleatoriamente como um storie de instagram ou reels de facebook.  

 

Mas Oppenheimer tem um fator que salva, todos conhecem o ator do filme como o mafioso chefe da máfia inglesa em Peaky Bliders. Uma grande ironia, estamos vendo o "herói" da ciência americana ou o chefe da máfia inglesa? Outro fator de Oppenheimer, é que ele é um filme de "retomada" do cinema americano após a pandemia, então mesmo se for ruim, para Hollywood tá maneiro.


Deixo em protesto a onda indigesta de Barbieheimer, um poema do brasileiro Vinicius de Morares (o mesmo escritor/autor/músico que criou a ideia que gerou o filme O Orfeu Negro). Ele escreveu o poema "A Rosa de Hiroshima" sobre a bomba atômica que atingiu Hiroshima e Nagazaki. Nós brasileiros, estudamos e crescemos repudiando sempre esse ato, como no poema de Vinicius de Moraes. Para quem achou que o filme Barbie foi injustiçado sem indicações para as categorias principais, pensem nas crianças japonesas e na população em geral que sofreu com a bomba atômica.


A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças 

Mudas telepáticas 

Pensem nas meninas

 Cegas inexatas 

Pensem nas mulheres 

Rotas alteradas 

Pensem nas feridas 

Como rosas cálidas 

Mas oh não se esqueçam 

Da rosa da rosa 

Da rosa de Hiroshima 

A rosa hereditária 

A rosa radioativa Estúpida e inválida 

A rosa com cirrose 

A antirrosa atômica 

Sem cor sem perfume 

Sem rosa sem nada.


Foto de Hiroshima destruída, 06 de agosto de 1945.


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