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Breaking Bad - "Crazy Handful of Nothin" (1x06): Episódio onde Walter White vira "Heisenberg" e Tuco é apresentado


"Crazy Handful of Nothin'" é o episódio onde conhecemos Tuco Salamanca (Raymond Cruz, e depois Cesar Garcia), famoso personagem do universo da série. Walter White e Pinkman combinam um acordo de venda de drogas. Walter vai produzir a meta, enquanto Jesse vende nas ruas. Walter começa a insistir para Jesse que eles precisar expandir o negocio, para garantir mais território de venda e mais grana 



Breaking Bad está disponível na Netflix e sendo exibida semanalmente pela Band na televisão, domingos, às 22:30h

Veja aqui a análise do episódio anterior Gray Matter (1x05)


Walter conta para Skyler que Elliott Schwartz deu o cheque no valor de seu tratamento, e Skyler comenta que está preocupada com Walter, principalmente com o tempo que ele passa fora de casa. 


Walter diz que gosta de fazer caminhadas no meio da terapia de grupo e que é por isso que ele ás vezes some, dizendo que ele gosta muito da natureza, quando na verdade, ele está escondendo que está produzindo metanfetamina para pagar seu tratamento. 



Walter e Jesse estavam cozinhando metanfetamina, Jesse percebe os sintomas da doença de Water enquanto eles estão no trailer. Ele conta para Walter sobre sua tia com câncer. 


Jesse passa a noite vendendo o lote que eles prepararam. 



Jesse explica para ele que eles precisam de outros distribuidores (vendedores de rua). Depois da morte de Krazy-8, o novo traficante local maior se torna Tuco Salamanca, ele ficou sabendo disso através de Skinny Pete. 


Tuco quer pagar $35,000 mil dólares por meio quilo de meta, ele insiste em pagar apenas depois de completar as vendas, quando Jesse se recusa, e Tuco retém as drogas, enquanto espanca Jesse. 



Enquanto isso, Hank Schrader rastreia a máscara achada no deserto, remetendo de volta a escola de ensino médio de Walter. Hank e Walt fazem o inventário dos itens de departamento de ciências da escola e levantam que vários dos equipamentos estavam em falta no inventário.


Depois, Hank prende o faxineiro da escola, Hugo Archuleta (por ter as chaves do local e ser o "bode expiatório" perfeito para Walt), ele é preso por ter sido visto fumando maconha. 


Walter visita Jesse no hospital e vê o que Tuco fez com ele. É esse o episódio onde Walter cria seu alter ego, um cientista alemão de nome Werner Heisenberg, um dos cientistas alemães responsável pelo estudo da tecnologia do campo da mecânica quântica. 


Ele raspa a cabeça para aceitar a perda do cabelo por conta da quimioterapia, e é elogiado por seu filho Junior, que achou maneiro "badass". Walter vai até Tuco e pede $35,000 mil dólares pela meta roubada de Jesse, e $15,000 dólares pela humilhação e espancamento que Tuco infligiu nele. 


Tuco ri de Walt e diz que é estúpido ele ter trago "mais material (meta)", quando a última leva foi roubada por ele. Walter diz que a substancia que ele está segurando não é meta, e joga a substância no chão, fazendo tudo explodir, e depois ele fala que o saco que carrega tem mercúrio fuminado, ameaçando jogar no chão e explodir tudo. 


Tuco concorda em pagar e continuar fazendo negócios com Heisenberg, combinando uma carga de dois quilos por $70,000 mil dólares. Tuco, que havia ficado incrédulo, concorda. Walter sai do lugar, gerando a lenda do "Heisenberg", alguns viram o homem careca fugindo entre os escombros, usando um chapéu. Walt sente uma grande euforia de sua atitude, por mais que tenha gerado caos.  




Crítica do episódio


Esse é um dos episódios mais autênticos do universo de Breaking Bad, um verdadeiro momento de virada, de inflexão. Dá até para não sentir ódio de Walter White. Isso já é um processo em si. O processo narrativo de gostar e se preocupar com um personagem, com uma estória. Vimos Walter como um gênio fracasso, com problemas leves na família, que ele acaba piorando ao querer "se livrar (breaking bad)" de toda sua impotência perante as dificuldades sentimentais e financeiras de sua vida. 



O problema não é do Walter inicial. Ele parecia ser um cara legal, apenas estrito e moralista demais. Quando ele rompeu sua ideologia. rompeu sem avisar ninguém, em um processo endógeno que excluía todos em sua volta, que eram pessoas piores que ele em algum nível, com exceção de Junior, que é um rapaz ótimo que sempre gostou do pai.  


A fotografia do episódio é de Reynaldo Villalobos, famosa por seu estilo mais fechado e sério, a direção de Bronwen Hughes e escrita de George Mastras. 


Toca a música It is Such a Good Night da banda The Charlie Steinmann Orchestra, na cena onde Jesse vende a noite inteira. Na cena, Jesse pergunta para Walter, se ele parece que tem "cara de Scarface", em referência ao tipo de ganância que Walter tem devido ao fato de estar desesperado financeiramente. 


A música "Pa La Playa" dos That Click Gang, toca no escritório de Tuco antes de Jesse e Skinny encontrarem eles por lá. "Rompo" por Max One (toca enquanto Jesse e Skinny Pete se encontram com Tuco. Outra música que toca nesse episódio é Suntan Lotion" por Bearnie Leadon, durante o jogo de pôquer. 



A música de Dave Porter "Follicles", toca na cena que Walt examina seu próprio cabelo e se prepara para tirar seu cabelo. A música "Los Pistoleros" de Jonaty Garcia, toca ao fundo enquanto Walt vai até Tuco para negociar, e a música Catch Yer Own Train dos The Silver Seas, enquanto Walt dirige indo embora do escritório de Tuco. Outra curiosidade é que por conta da série The Closer, o ator Raymond Cruz saiu para focar em seu papel em The Closer e foi substituído por outro ator, mas voltou a interpretar Tuco na série Better Call Saul. 


 Primeiro, quem é Werner Heisenberg, o cientista alemão responsável pelo princípio da incerteza, recebeu o nobel em 1932, e depois foi condenado a prisão na Inglaterra quando ficou mais velho, ele estudou os elementos das formas alotrópicas do hidrogênio, importante para a tecnologia nuclear que viria a desenvolver, por exemplo, a bomba atômica, anos mais tarde (um projeto que foi encabeçado por cientistas nos Estados Unidos). 


Podemos questionar essa "neutralidade" de habitar junto ao pior regime de exceção da história da humanidade, mas é como em Breaking Bad quer falar, sobre o cara que parece ser o mais frágil, na verdade, esconder seu lado ruim, o que é estranho sobre essa série, é que seu lado ruim é sua potência, torcemos aqui pelo demiurgo do senhor Walt mudar sua vida, quando isso é uma forma também de tragédia anunciada.  


Desenvolveu a tecnologia nuclear, e seu trabalho tinha muito a ver com o que os nazistas estavam interessados. Parece que ele buscava sair em seu argumento, mas que foi convencido ao contrário por nomes como Max Planck, de que eles eram cientistas de renome e deveriam permanecer na Alemanha. Anos depois, ele fora acusado de trabalhar para os nazistas. O mesmo ocorreu com Walter, que fez isso lá pelo fim da série. 


Essa é uma questão interessante, por provar uma ligação ideológica de Walter , que termina a série fazendo negócios com os nazistas, apenas para se opor ao cartel que tinha escolhido ele como inimigo, deixando passar até o assassinato de uma criança, como também quase gerando a morte de outra, no futuro da série. 



Se liguem nas pistas, o cara é um Walter White (branco, cara branco), que se une a Jesse Pinkman (cara rosa) para produzir drogas para pagar pelo seu tratamento. Nesse episódio, foi dada para ele a opção de ter seu pagamento pago, e ele não quis. A questão era sobre honra e ele não poderia "não prover" para sua família, como ele fala múltipla vezes ao longo da série. 



O problema foi a mudança, caracterizada em episódios como esse. No episódio anterior, que tinha o nome da empresa Gray Matter, que Walter fundou com sua antiga namorada de faculdade, e com seu amigo Elliott. Walter. abandonou sua criação, ao estilo Frankenstein, e isso gerou um problema psicológico que ele não soube lidar. Sendo duro com seus alunos, exigindo uma eficiência não necessária para crianças jovens, como com Jesse, que ele vai encontrar mias velho e fazer parceria, quando na época, o havia reprovado, com o dizer de "aplique-se mais", em um sentido de falar que Jesse era desleixado. 


O título vem uma referência a um filme clássico de 1967 chamado "Cool Hand Luke", sendo uma expressão vinda do jogo de pôquer, onde o jogador que não tem uma boa mão blefa, uma referência ao Walter que vira Heisenberg em uma tentativa de se manter entre "os grandes" da distribuição de drogas, mentindo que ele poderia explodir todo o escritório de Tuco, como também blefou no jogo de pôquer que fazia com a família. 


Outra coisa, a atitude de Hank nesse episódio prendendo Hugo sem nenhuma evidência, apenas por ter achado maconha é completamente punitiva, aleatória e anti constitucional, algo que é comentado de maneira moralista no "jogo de pôquer de família". Além de ser o cara que coloca essa "paranoia do homem provedor" para Walter. Eles tem mais uma vez o "café da manhã da família perfeita" que é tão comentado pelos fãs. 


O que é engraçado, pelo personagem do Hank ser muito amado, quando ao meu ver, o cara é extremamente, no mínimo, indelicado em diversos momentos. A rotina de medicamentos de Walter é sem dúvidas um dos raros momentos onde podemos simpatizar com ele no geral, por isso a questão do câncer é tão importante para a questão de Breaking Bad. 



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