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Arquivo X - "O Fantasma da Máquina" ("Ghost in the Machine" - 1x07): Curiosidades e análise do sétimo episódio da primeira temporada




Em Crystal City, Virgínia, sede da empresa de software Eurisko, o fundador Brad Wilczek e o diretor executivo Benjamin Drake discutem sobre cortes. Depois que Wilczek sai, Drake escreve um memorando propondo a paralisação do Sistema Operacional Central (COS), um computador que administra o Edifício Eurisko. Vendo isso através de uma câmera de vigilância, a COS monta uma armadilha e atrai Drake para um banheiro, trancando a porta atrás dele. Drake tenta usar seu cartão-chave para abri-lo, mas ele rejeita o cartão. Quando ele insere uma chave de substituição manual, ele é fatalmente eletrocutado. O agente Jerry Lamana, ex-parceiro de Fox Mulder, se aproxima dele e de Dana Scully para ajudar a investigar o assassinato de Drake.


Clique aqui para ver a análise e curiosidades do episódio 1x06, "Shadows"


A caminho do escritório de Drake, o elevador dos agentes para, fazendo com que Scully chame a recepção para pedir ajuda; como ela se identifica, o COS registra suas informações de contato antes de reativar o elevador, roubando seus dados. Enquanto examinavam a cena do crime, os agentes encontram Claude Peterson, engenheiro de sistemas do Edifício Eurisko. Mais tarde, Lamana rouba o perfil de Mulder do suposto assassino e o apresenta em seu nome. Mulder, indignado, confronta-o depois.



Mulder e Scully interrogam Wilczek, que nega qualquer envolvimento no assassinato. Scully inicialmente duvida do envolvimento de Wilczek, mas descobre que sua voz bate com um relógio falante que Drake recebeu antes de sua morte; Lamana tenta prendê-lo. Enquanto isso, Wilczek não consegue acessar o COS de seu computador doméstico. Preocupado, ele viaja para a sede de Eurisko, seguido por Lamana. Lá, ele ainda não consegue acessar o COS, mas descobre que ele aprendeu a falar. Lamana chega, mas é morto quando o COS faz seu elevador cair no poço.



Mulder se reúne com Garganta Profunda, que explica que o COS é uma inteligência artificial desenvolvida por Wilczek, e que o Departamento de Defesa está tentando adquiri-lo. Mulder também se encontra com Wilczek, que confessou falsamente o assassinato de Lamana. Mulder convence Wilczek a desenvolver um vírus de computador que pode destruir o COS. 


Scully não aceita a crença de Mulder de que o COS é consciente, sugerindo que seu parceiro busque tratamento. Mas mais tarde descobre a máquina invadindo seu computador. Ela se junta a Mulder no Edifício Eurisko para ajudá-lo a destruir a máquina.


O computador dificulta a vida dos agentes enquanto entram. Quando desliga o poder do prédio, Scully sobe pela tubulação de ar e quase é puxada para um ventilador gigante, mas consegue destruí-lo. Enquanto isso, Mulder é permitido na sala de controle da COS por Peterson. No entanto, Peterson se revela como um espião para o Departamento de Defesa e tenta impedir Mulder de carregar o vírus. Scully chega e segura Peterson sob a mira de uma arma, permitindo que Mulder carregue o vírus e destrua o COS.



Mulder se encontra novamente com Garganta Profunda, que explica que Wilczek está sendo detido pelo governo em um local não revelado. Quando Mulder pergunta se o COS sobreviveu, Garganta Profunda garante que o vírus não deixou nenhum vestígio dele e que os cientistas do Departamento de Defesa examinaram sem sucesso a máquina para obter quaisquer sinais restantes do programa. No Edifício Eurisko, Peterson dirige uma equipe que tenta recuperar o COS, mas é dito por seus superiores para destruir a máquina em seis horas. Sem o conhecimento de Peterson, o COS volta à vida.



História por trás do episódio


As cenas ambientadas na empresa de software Eurisko, foram filmadas no complexo Metrotower de Burnaby, um prédio usado pelo Serviço Canadense de Inteligência de Segurança. O local não era grande o suficiente para os atores se apresentarem depois que a equipe terminou de montar o equipamento necessário, ficando tudo expremido. 


A cena com Dana Scully filmando o ventilador no eixo de ar foi uma mudança de última hora para o roteiro, substituindo uma sequência do poço do elevador que foi considerada muito cara. 


O título do episódio é retirado do título do livro O Fantasma na Máquina, de Arthur Koestler. O Sistema Operacional Central e suas ações no episódio são uma homenagem a HAL 9000 ,de 2001: Uma Odisseia no Espaço, que devido à programação conflitante, também se confundiu e matou pessoas. A equipe de Arquivo X enfrentaria mais uma vez uma unidade inteligente malévola no episódio da quinta temporada de William Gibson, "Kill Switch". 



Os escritores Howard Gordon e Alex Gansa admitiram que "não eram alfabetizados em computadores", e sentiram que isso era um prejuízo para sua escrita. Gordon ficou decepcionado com o episódio, afirmando que "ainda se qualifica como uma das minhas maiores decepções", classificando-o como o pior episódio da primeira temporada.  


Glen Morgan sentiu que: "partes do episódio funcionaram. O que talvez tenha caído um pouco é que estávamos com medo de fazer HAL e, de certa forma, acho que era isso que o prédio precisava; ter uma personalidade assustadora. James Wong tinha sentimentos confusos, dizendo que o episódio "tinha algumas coisas legais no final ... embora eu ache que o final foi um pouco insatisfatório para mim visualmente, bem como em termos de como Mulder vem para desmembrar a máquina. No geral, um episódio divertido." 



Chris Carter foi mais favorável ao episódio, afirmando que o roteiro abordava a questão do que compôs um Arquivo X, e que nem sempre tem que ser paranormal. Ele também se sentiu positivo sobre as cenas de ação do episódio. A equipe de Arquivo X enfrentaria mais uma vez uma IIA malévola no episódio da quinta temporada de William Gibson, "Kill Switch".


Por curiosidades, os roteiristas do episódio são os criadores da série Homeland. Esse é um dos episódios que foi adaptado como livro por Les Martin, autor que adaptou vários plots da série para livros.


Existe um filme de 1993, chamado Ghost in The Machine também, sobre um homem que tem sua alma transferida para um computador, ideia bem similar a do episódio. Apesar disso, o filme nunca foi mencionado como referência confessa pelos produtores ou roteiristas da série.



Crítica do episódio


Preciso confessar que esse é meu episódio favorito da primeira temporada. Tudo nesse episódio é perfeito. Aparentemente, é mais um episódio "monster of the week", mas ao mesmo tempo, tem elementos de continuidade estrutural da série. Quais? Entre o relacionamento de Mulder e Scully, mas vamos por partes.


Primeiro, esse roteiro é genial. Pois na prática, agentes do FBI fazem mais isso, de investigar assassinatos e questões empresarias, do que ir pro mato e ajudar a polícia local. Essa fórmula é utópica, algo que Twin Peaks influenciou na cultura pop. Mas na prática, é mais na pegada do episódio mesmo. 


Outra coisa interessante, é que o episódio é bem dirigido e com poucas cenas sobrando ou enchendo linguiça. O trabalho de efeitos práticos e técnicos para representar um programa de computador assassino foram bem realizados, além de criativos. 


Os finais dos episódios de Arquivo X muitas vezes são mal pensados ou mal resolvidos, mas esse não. No final, sem dar spoiler, era óbvio que por mais que o computador seja mal ele era uma metáfora, um reflexo de todo o sistema empresarial e de relações de proteção do sistema com os crimes dos empresários, já que parece que a empresa não queria de fato que eles resolvessem o caso e que fossem coniventes. E afinal, se o computador é assassino, só pode ser porque alguém o programou com essa intenção. Uma conspiração que coloca os agentes em grande perigo. O fato de Scully salvar o dia, de maneira meio Bruce Willis em Duro de Matar (Die Hard), também é bem maneiro.


O elemento dos relatórios no computador de Scully serem adulterados pelo programa de maneira remota é um bom elemento para discussão e teorias. Há muito o que se pensar sobre o que é a neutralidade da rede e a internet hoje em dia, com o paradigma de redes sociais e a algoritmização. Por exemplo, eu me sinto como vigiado por esse robô do episódio toda vez que estou no Facebook, onde por mais que você faça um bom conteúdo, completo, e verdadeiro; parece viralizar e ter mais repercussão, violência, fake news, marketing e vendas. 


Quem escreve um conteúdo jornalístico, tem que sofrer com o que chamam de "shadow ban", onde seu texto simplesmente não é mostrado para a maioria dos usuários de grupos ou até mesmo de seu próprio feed, pois remete para um link externo a rede social. Esse comportamento do algoritmo gera uma algoritimização de como as pessoas pensam, moldando-as: Muitas vezes somos criticados pois é considerado mais legitimo não se aprofundar sobre conteúdos, apenas consumir e se calar. Por que será que correntes, dancinhas e trends viralizam tanto? Pois elas tem significado rápido, em massa e facilmente disseminado de comportamentos coletivos. 


Entretanto, outro detalhe que poucos reparam, são as sutilezas entre Mulder e Scully. Agora, ela confia mais nele e inclusive parece começar a sinalizar certa simpatia por ele como parceiro. Mas revendo, uma coisa me deixou intrigado. Sabendo, como todos hoje em dia já sabem, que Mulder e Scully vão se envolver, narrar a sequência deles se infiltrando no prédio soa um pouco sugestivo. 


Acho que esse é o segundo episódio, depois apenas do piloto e a história da picada de mosquito, a conter uma "screwball comedy" de envolvimento entre Mulder e Scully, já que é um pouco estranho pensar que eles escolheram se infiltrar no prédio, sozinhos, a noite, sem saber exatamente o que iam fazer, com Scully entrando pela tubulação, onde dá gritos e gemidos sugestivos, depois sendo descobertos, para depois aparecer completamente bagunçada e surrada. Não estou dizendo nada específico, mas ficou uma certa maldade estética no ar. 


Porém, o mais importante é ser aqui o primeiro traço do que eu poderia chamar de sentimentos entre os dois. Isso acontece quando mesmo colocada sob dúvida em relação a deixar Mulder colocar o vírus no computador ou não, ela confia nele por sua experiência em trabalhar com ele nos episódios anteriores. Eles se protegem a primeira vez aqui. Ou seja, Scully não agiu como máquina, demonstrando que já está com o vírus de Mulder implantado nela. 


Bom, por hoje é isso pessoal, até o próximo episódio!


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