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Malcolm X (1992) de Spike Lee - Análise e Crítica



A cinebiografia do ativista e líder político Malcolm X. Acompanhamos as origens de Malcolm, que tem o pai assassinado pela Klu Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Preso aos 20 anos de idade, Malcolm se converte ao islamismo e passa a pregar seus ideais. Dirigido por Spike Lee e estrelando Denzel Washington 


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Certa noite, pouco antes do nascimento de Malcolm Little, um grupo de membros da Ku Klux Klan cercou a casa da família Little em Omaha, Nebraska, quebrou todas as janelas e fugiu na escuridão da noite. Aqui já preciso destacar como a representação histórica desse filme impressiona. Tem uma certa precisão, porém sem firulas: tudo é muito cru, o que soa mais histórico ainda, na medida que não parece voltado para as câmeras e paras as fotos, mas sim para a precisão do período histórico, destacando texturas, luzes e cores com exatidão.


O grupo da KKK estava atrás do pai de Malcolm. Malcolm tinha pai afro-americano e a mãe é branca. Seu pai, um ativista pelos direitos dos negros, é assassinado. Sua morte é registrada como suicídio e a família não recebe nenhuma indenização. Malcolm e seus irmãos são colocados sob tutela do Estado. Malcolm tem bom desempenho na escola e sonha em ser advogado, mas seu professor o desencoraja devido à cor de sua pele.


Durante a Segunda Guerra Mundial, Malcolm mora em Boston. Certa noite, em um baile, ele chama a atenção de Sophia, uma mulher branca, e os dois começam a namorar. Malcolm viaja para o Harlem, em Nova York, com Sophia, onde conhece em um bar Archie, um gangster que comanda um jogo de azar ilegal. 


Os dois se tornam amigos e começam a cooperar em um esquema de apostas ilegais. Entretanto uma noite eles discordam de uma aposta, com Archie negando-lhe uma grande quantia em dinheiro. Um conflito se inicia entre os dois e Malcolm retorna a Boston após uma tentativa de assassinato. Malcolm, Sophia e um amigo de infância que Malcolm reencontra, Shorty (que é o próprio Spike Lee participando do filme), e uma mulher chamada Peg decidem cometer furtos para ganhar dinheiro. 

Em 1946, o grupo já havia acumulado uma grande quantia de dinheiro com seus crimes. No entanto, eles são presos posteriormente. As duas mulheres são sentenciadas a dois anos como réus primários, enquanto Malcolm e Shorty são sentenciados a 8 e 10 anos. Na prisão, Malcolm conhece Baines, um membro da Nação do Islã, que o apresenta aos ensinamentos do líder do grupo, Elijah Muhammad. 

Malcolm se interessa pela religião e estilo de vida muçulmanos promovidos pelo grupo e começa a nutrir ressentimento contra os brancos por maltratarem sua raça. Malcolm recebe liberdade condicional em 1952, após cumprir seis anos de pena, e viaja para a sede da Nação do Islã em Chicago. Lá, ele conhece Muhammad, que o instrui a substituir seu sobrenome "Little" por "X", que simboliza seu sobrenome africano perdido, tirado de seus ancestrais por senhores de escravos brancos; ele é rebatizado como "Malcolm X".

Malcolm retorna ao Harlem, em Nova York, e começa a pregar a mensagem da Nação do Islã; com o tempo, seus discursos atraem grandes multidões de espectadores pelo cunho social que seu discurso e sua biografia traziam. Malcolm propõe ideias como a separação dos afro-americanos dos americanos brancos. 
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Em 1958, Malcolm conhece a enfermeira Betty Sanders. Os dois começam a namorar, casam-se rapidamente e têm quatro filhas. Vários anos depois, Malcolm ocupa uma posição de destaque como porta-voz da Nação do Islã. Nesse período, Malcolm descobre que Maomé teve vários filhos fora do casamento, contradizendo seus ensinamentos e o Islã.

Após o assassinato do presidente John F. Kennedy em novembro de 1963, Malcolm comentou que o assassinato foi produto da violência branca que prevalece nos Estados Unidos desde a sua fundação, afirmando que o crime era um exemplo de "as consequências dos atos do diabo". Essa declaração prejudicou a reputação de Malcolm e Muhammad o suspendeu de falar com a imprensa ou em templos por 90 dias. Malcolm anunciou que havia sido expulso da Nação do Islã e que fundaria sua própria mesquita em Nova York.

No início de 1964, Malcolm faz uma peregrinação a Meca, onde conhece muçulmanos de todas as raças, incluindo brancos. Sua casa é incendiada no início de 1965. Em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm discursava para uma multidão no Audubon Ballroom, mas foi alvejado diversas vezes por assassinos. 
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Após assistir o filme, a impressão que fica é o islamismo foi a luz e a ruina de Malcolm. Ele gostava da valorização da vida humana e dos direitos das pessoas negras que ao islamismo trazia. Tanto que ele é muito mais lembrado como um ativista dos direitos dos negros. Porém, como o filme faz questão de demonstrar e reforçar, para ele tudo tinha um cunho religioso, de fé. Esse elemento trás dois valores a mais: primeiro, perceber que ele era uma espécie de pastor, e segundo, se ele era um líder religioso, seu assassinato também foi um crime de intolerância religiosa. 

O filme foca em um certa simplicidade, em retratar o lado comum e a vida pessoal de um líder político, muitas vezes mitificado. Aqui vemos um Malcolm humano, sensível, errôneo. 

Um elemento que me chamou bastante atenção da narrativa foi a transição que o filme faz entre as fases da vida diferentes de Malcolm. Principalmente a fase que ele encontra o amigo de infância, interpretado por Spike Lee, e a fase da cadeia e o encontro com o islamismo. Por um lado, o islamismo foi uma libertação. Ele parou de se preocupar em tentar melhorar sua aparência, tornar-se mais aceitável, para ter orgulho de sua natureza. 
Porém, curiosamente, o período onde Malcolm alisava o cabelo e tudo mais, era o momento do filme onde ele estava curtindo com o personagem de Spike Lee, escolha do diretor para reforçar que aquele também era Malcolm. Qual o problema de ele querer ser namorar uma branca, querer alisar o cabelo e tentar parecer estiloso e malandro? Os ricos fazem cirurgias plásticas para parecer mais jovens. O problema não era exatamente esse, afinal Malcolm apenas curtia a vida. O problema estava na visão submissa e subalterna que ele tinha sobre si e sobre a vida. Tudo se resumia a vida bandida, ao crime e ao vício, em um mundo onde os capitalistas já querem te ferrar a qualquer momento. 
A sequência final é tão aterrorizante em seu realismo, que é digna de um filme de terror, realmente dá medo. A confusão começa com algo que inicialmente parece aleatório: um cara levantando na plateia e dizendo "Ei, tira a mão da minha carteira". É só para gerar desatenção, dissonância cognitiva enquanto atiram nele, gerando uma confusão para cometer o assassinato. A cena é tão sínica, com um certo tom irônico e cínico que virou até mesmo uma piada, uma espécie de "meme", referenciado em outras produções. 

Em seguida, a cena dos tiros de execução são tão realistas, gráficos, transitando entre o rosto de horror das crianças que estavam no evento, que dão terror. Acho que a ideia do diretor aqui é ser bem realista para reforçar o absurdo da situação. O filme não deixa claro quem mandou matar Malcolm, mas mostra que tudo aconteceu em um evento, um evento onde ele buscava falar para as pessoas pobre e negras que ele via como igual. E por mais que o filme faça parecer que a sua relação com o islã fosse o seu "erro", ele não estava fazendo nada demais para o tipo de morte que ele teve: não morto por um branco, mas morto por outros negros, aqueles que ele via como irmãos. 

A atuação de Denzel, a direção do filme, tudo no filme prende a atenção desde o início, nos fazendo esquecer por diversos momentos que é um filme sobre uma figura que teve um final trágico e logo o final do filme também será. Mas aqui o final triste tem um outro sentido: um sentido de verdade. Qualquer coisa diferente seria hipocrisia. Spike Lee e Denzel escolheram pela frieza, pela realidade, pela representação do momento e do registro histórico. Em vez de apenas mostrar seu exemplo e seu brilho, vemos seus erros, seu lado humano e logo o realismo da estrutura que o cercava, trazendo não só a biografia, como a História do período para a representação.

Era um filme muito corajoso para 1992, pois era o contexto dos protestos de Los Angeles. Os protestos em Los Angeles de 1992 ocorreram principalmente após a absolvição de quatro policiais brancos que agrediram brutalmente o motorista negro Rodney King, em um incidente que foi filmado e transmitido em todo o mundo. O veredito provocou indignação e protestos violentos, que refletiam o racismo e a violência policial de longa data contra a população negra na cidade e nos Estados Unidos. Também foi o ano da eleição do democrata Bill Clinton. 

É um daqueles filmes que não são só legais por serem bem feitos, é legal também porque é histórico, realista, você sente que está realmente aprendendo ao ver um filme. Nisso, o final passa a indignação que o filme e o contexto histórico de seu lançamento precisavam. Obrigatório.


Curiosidades e bastidores do filme 

O produtor Marvin Worth adquiriu os direitos de A Autobiografia de Malcolm X em 1967. Worth conheceu Malcolm X, então chamado de "Detroit Red", quando era adolescente e vendia drogas na cidade de Nova York. Worth tinha quinze anos na época e frequentava clubes de jazz na região. Como Worth se lembra: "Ele vendia maconha. Tinha dezesseis ou dezessete anos, mas parecia mais velho. Era muito espirituoso, um cara engraçado, e tinha um carisma extraordinário. Um ótimo dançarino e se vestia muito bem. Era muito bonito, muito, muito alto. As garotas sempre o notavam. Ele era um cara muito especial."

No início, a produção teve dificuldades em contar toda a história, em parte devido a questões não resolvidas em torno do assassinato de Malcolm X. Em 1971, Worth fez um documentário bem recebido, Malcolm X (1972), que recebeu uma indicação ao Oscar. O projeto permaneceu não realizado. No entanto, vários artistas importantes estiveram ligados a ele em vários momentos, incluindo Richard Pryor, Eddie Murphy e o diretor Sidney Lumet.

Roteiro

Em 1968, Worth encomendou um roteiro ao romancista James Baldwin, que mais tarde foi acompanhado por Arnold Perl, um roteirista que havia sido vítima da lista negra da era McCarthy. No entanto, o roteiro levou mais tempo para ser desenvolvido do que o previsto. Perl morreu em 1971.

Baldwin desenvolveu seu trabalho no roteiro no livro de 1972, Um Dia, Quando Eu Estava Perdido: Um Cenário Baseado na Autobiografia de Malcolm X, de Alex Haley. Em 1976, Baldwin escreveu sobre sua experiência: "Acho que preferiria ser açoitado ou encarcerado no caos absoluto de Bellevue do que repetir a aventura." Baldwin morreu em 1987. Vários autores tentaram escrever versões do roteiro, incluindo David Mamet, David Bradley, Charles Fuller e Calder Willingham. Quando Spike Lee assumiu a direção, ele reescreveu o roteiro de Baldwin-Perl. Devido às revisões, a família Baldwin pediu ao produtor que retirasse seu nome dos créditos. Assim, Malcolm X credita apenas Perl e Lee como roteiristas e Malcolm X e Alex Haley como autores de A Autobiografia de Malcolm X.

Dificuldades de produção

A produção foi considerada controversa muito antes do início das filmagens. O cerne da controvérsia era a denúncia de Malcolm X contra os brancos antes de realizar sua peregrinação a Meca (Hajj). Ele era malvisto pela maioria dos cidadãos brancos; no entanto, havia se tornado um herói na comunidade afro-americana e um símbolo das lutas dos negros, particularmente durante as presidências de Ronald Reagan e George H. W. Bush. Nos três anos anteriores ao lançamento do filme, as vendas da Autobiografia de Malcolm X aumentaram 300%, e quatro de seus livros tiveram um aumento de nove vezes nas vendas entre 1986 e 1991.

Assim que a Warner Bros. concordou com o projeto, inicialmente queria que o diretor canadense Norman Jewison, indicado ao Oscar, dirigisse o filme. Jewison, diretor do seminal filme sobre direitos civis No Calor da Noite (1967), conseguiu trazer Denzel Washington para interpretar Malcolm X. Jewison e Washington já haviam trabalhado juntos em A História de um Soldado (1984). Jewison também ofereceu a Eddie Murphy o papel de Alex Haley. Um protesto surgiu devido ao fato de um diretor branco estar escalado para fazer o filme.

Spike Lee foi uma das principais vozes críticas; desde a faculdade, ele considerava uma adaptação cinematográfica da Autobiografia de Malcolm X um projeto dos sonhos. Lee e outros achavam que era apropriado que apenas uma pessoa negra dirigisse Malcolm X. Lee negou posteriormente ter dito isso.

Após a indignação pública contra Jewison, Worth concluiu que "precisava de um diretor negro neste momento. Era insuperável do outro jeito... Há uma grande responsabilidade aqui."

Spike Lee foi logo anunciado como diretor e editou substancialmente o roteiro. "Estou dirigindo este filme e reescrevi o roteiro, e sou um artista e não há como negar: este filme sobre Malcolm X será a minha visão de Malcolm X. Mas não é como se eu estivesse sentado no topo de uma montanha dizendo: 'Que se dane todo mundo, este é o Malcolm que eu vejo'. Eu fiz a pesquisa, conversei com as pessoas que estavam lá." Logo após o anúncio de Lee como diretor e antes do lançamento, Malcolm X recebeu críticas de nacionalistas negros e membros da Frente Unida para Preservar o Legado de Malcolm X, liderada pelo poeta e dramaturgo Amiri Baraka, que estavam preocupados com a representação feita por Lee. Um protesto no Harlem reuniu mais de 200 pessoas. Alguns basearam sua opinião na aversão aos filmes anteriores de Lee; outros estavam preocupados que ele se concentrasse na vida de Malcolm X antes de sua conversão ao Islã. Baraka acusou Spike Lee abertamente de ser um "Buppie", afirmando: "Não permitiremos que a vida de Malcolm X seja deturpada para que os negros da classe média durmam mais tranquilos", levando outros a alertarem o diretor para "não estragar a vida de Malcolm". Alguns, incluindo o próprio Lee, notaram a ironia de que muitos dos argumentos feitos contra ele espelhavam aqueles feitos contra Jewison.

Embora Washington tenha concordado em interpretar Malcolm X enquanto Jewison estava escalado para dirigir, Lee afirmou que nunca imaginou nenhum outro ator além de Washington no papel. Os dois já haviam trabalhado juntos em Mo' Better Blues (1990), e Lee observou que Washington "realmente capturou Malcolm" em sua atuação Off-Broadway.

Questões orçamentárias

Spike Lee também encontrou dificuldades para garantir um orçamento suficiente. Ele disse à Warner Bros. e à seguradora que um orçamento de mais de 30 milhões de dólares era necessário; o estúdio discordou e ofereceu um valor menor. Seguindo o conselho de Francis Ford Coppola, Lee avançou com a produção para tentar forçar o estúdio a aumentar o orçamento. O filme, inicialmente orçado em 28 milhões, subiu para quase 33 milhões. Lee contribuiu com 2 milhões de seu próprio salário de 3 milhões. A Completion Bond Company, que assumiu o controle financeiro em janeiro de 1992, recusou-se a aprovar quaisquer outras despesas; além disso, o estúdio e a seguradora instruíram Lee que o filme não poderia ter mais de duas horas e quinze minutos. O conflito resultante fez com que o projeto fosse interrompido na pós-produção.

O filme foi salvo pela intervenção financeira de proeminentes afro-americanos, alguns dos quais aparecem no filme: Bill Cosby, Oprah Winfrey, Michael Jordan, Magic Johnson, Janet Jackson, Prince, Tracy Chapman e Peggy Cooper Cafritz. Suas contribuições foram doações; como Lee observou: "Isso não é um empréstimo. Eles não estão investindo no filme. São pessoas negras com algum dinheiro que vieram em socorro do filme." Graças a isso, Lee pôde concluir o filme com sua visão original, com mais de três horas de duração.

A insatisfação da Warner Bros. com a forma como Lee financiou o filme resultou posteriormente na proibição de sua participação no desenvolvimento de Space Jam (1996).

Um mês antes do lançamento do filme, Lee pediu que os meios de comunicação enviassem jornalistas negros para entrevistá-lo. O pedido provou ser controverso. Lee esclareceu que não estava impedindo entrevistadores brancos, mas que, dado o tema do filme, escritores negros teriam "mais conhecimento sobre Malcolm do que escritores brancos".

O Los Angeles Times recusou, mas outras publicações concordaram, como Premiere, Vogue, Interview e Rolling Stone. O editor da Premiere afirmou que o pedido gerou discussões internas que resultaram em mudanças na revista: contrataram um escritor negro e um editor negro.

Filmagem

A viúva de Malcolm X, Dra. Betty Shabazz, atuou como consultora. A Fruit of Islam forneceu segurança.

Quando Denzel Washington interpretou Malcolm X na peça When the Chickens Come Home to Roost, ele ainda sabia pouco sobre Malcolm X e não havia lido sua autobiografia. Para o filme, preparou-se lendo livros, artigos e ouvindo horas de discursos. Ele também entrevistou pessoas próximas de Malcolm X. Embora suas origens fossem diferentes, Washington tentou focar no que tinha em comum com seu personagem.

Malcolm X é o primeiro filme não documental e o primeiro filme americano a receber permissão para filmar em Meca. Uma segunda equipe filmou no local porque não-muçulmanos, como Lee, não podem entrar na cidade. A Warner Bros. inicialmente não queria investir no deslocamento até Meca, mas Lee conseguiu o dinheiro e a permissão.

Além de Nelson Mandela, o filme contou com Christopher Plummer, Peter Boyle, William Kunstler, Al Sharpton e Bobby Seale.

O filme foi produzido pouco depois da libertação de Mandela e durante as negociações pelo fim do apartheid. Lee disse que via "a conexão entre Soweto e Harlem, Nelson e Malcolm, e o pan-africanismo". Mandela encerra o filme com uma citação de Malcolm X. No entanto, recusou-se a pronunciá-la em voz alta, temendo que o governo do apartheid a usasse contra ele. Os segundos finais mostram imagens de Malcolm X declarando a frase.
 

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