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Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984): Uma sátira com a pseudociência ou uma apologia ao "Reaganomics"? Análise completa e curiosidade do clássico dos anos 80



Depois que os professores de parapsicologia da Universidade de Columbia Peter, Restanz e Egon encontraram pela primeira vez fantasmas na Biblioteca Pública de Nova York. Entretanto, o reitor da universidade descarta a possibilidade de investimentos em uma pesquisa paranormal, cortando a verba dos três. O trio responde criando os "Ghostbusters", um serviço de investigação paranormal, com base em um quartel de bombeiros abandonado. Eles desenvolvem equipamentos de alta tecnologia movidos a energia nuclear para capturar e controlar fantasmas. Dirigido por Ivan Reitman, o filme ganhou uma sequência, Ghostbusters II (1989), e duas séries animadas, The Real Ghostbusters e Extreme Ghostbusters, além de gerar um grande impacto na cultura pop com seu símbolo e estilo marcante



Nota: O filme será exibido hoje (17/08/2022) na Band, as 22:30h

Após um encontro paranormal em seu apartamento, a violoncelista Dana Barrett chama os Caça-Fantasmas. Ela se lembrou de testemunhar uma criatura demoníaca quando um cachorro pronunciou uma palavra. Ray e Egon pesquisam os detalhes arquitetônicos de Zuul e Dana, enquanto Peter inspeciona seu apartamento e tenta sem sucesso seduzi-la. 


Os Caça-Fantasmas são contratados para remover um fantasma, Slimer (o Geleia, no Brasil), do Sedgwick Hotel. Sem testar adequadamente seu equipamento, Egon alertou o grupo que cruzar o fluxo de energia de sua arma de prótons poderia resultar em uma explosão catastrófica. Eles capturaram o fantasma e o armazenaram na unidade de contenção do corpo de bombeiros. A atividade paranormal aumenta rapidamente em toda a cidade, e os Caça-Fantasmas ganham destaque. Eles contratam um quarto membro, Winston Zeddemore, para lidar com a crescente demanda.



O inspetor da EPA, Walter Pike, desconfia dos Caça-Fantasmas e pede para avaliar seus equipamentos, mas Peter o recusa. Egon avisa que a unidade de contenção está se aproximando da capacidade e a energia paranormal está surgindo em toda a cidade. Peter conheceu Dana e disse a ela que Zuul era um semideus, adorado como um servo de "Gozer, o Gozerian", um deus metamorfo da destruição. Ao voltar para casa, ela foi possuída por Zuul; uma entidade semelhante a que possuía seu vizinho, Louis Tully. Peter chega e encontra Dana/Zuul possuída alegando ser o "Guardião".


Pike retorna com a polícia e os trabalhadores da cidade para prender os Caça-Fantasmas e fechar sua unidade, desencadeando uma rebelião popular que liberta os fantasmas capturados. Louis/Vinz escapa da confusão e segue para o prédio para se juntar a Dana/Zuul. Enquanto na prisão, Ray e Egon revelam que Ivo Shandor, líder do culto de adoração a Gozer, projetou o prédio de Dana como uma antena para atrair e concentrar energia espiritual para convocar Gozer e trazer o fim do mundo. Enfrentando o caos sobrenatural em toda a cidade, os Caça-Fantasmas convencem o prefeito a libertá-los.





Crítica do filme


Como descrito pela acadêmica Christine Alice Corcos, Os Caça-Fantasmas é "uma sátira sobre academia, intelectuais, governo municipal, yuppies, profissionais fiscais e nova-iorquinos apáticos". O filme também foi analisado como um exemplo apropriado para a ideologia republicana, libertária ou neoliberal, em particular, a economia da era Reagan popularizada na figura do ex-ator e então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. 


O modelo fiscal do Reaganomics focou em gastos limitados do governo e desregulamentação em favor de um mercado livre fornecido pelo setor privado de empreendedorismo, como também educacional, motivados pelo lucro e ideologia de iniciativa individual (empreendedorismo). 



Analistas apontam para a premissa de um pequeno negócio privado obstruído por um burocrata arrogante e incompetente (Walter Peck) de uma agência governamental. A interferência de Peck compromete a unidade de contenção fantasma dos Caça-Fantasmas, desencadeando espíritos sobre a cidade e trazendo Gozer. 


Quando Peck chega para fechar os Caça-Fantasmas, Egon afirma que "isso é propriedade privada". Nesse sentido, é Peck, não Gozer, quem representa o verdadeiro vilão do filme. 


Vale notar que eles abriram a agência depois de perder seus empregos na universidade, algo que não é qualquer um que consegue. Assim, Aykroyd está chateado com seu financiamento do setor público e que exigia pouco deles. Assim ele passa ao trabalhado no setor privado, onde para ele se "esperam resultados". Reitman considerava-se um "conservador-slash-libertário", o que explica bastante do filme mas também representa sua contradição. 



O Washington Examiner, escreveu que o setor privado chega para combater a atividade sobrenatural em Nova York, por uma taxa, enquanto o governo é incapaz de fazer qualquer coisa. 


Já o site Vox observa que o prefeito, um representante do governo, está motivado a libertar os Caça-Fantasmas depois de ser lembrado de que seu sucesso salvará a vida de "milhões de eleitores registrados", uma visão cínica de um funcionário que é motivado pelo que lhe permite manter sua posição eleitoralmente. 


A escolha do prefeito é ideológica: o livre mercado privatizado dos Caça-Fantasmas ou a agência governamental que Peck representa. Até a polícia é forçada a levar Louis/Vinz aos Caça-Fantasmas porque eles são incapazes de lidar com ele. 


O autor Ralph Clare destaca que os Caça-Fantasmas residem em um corpo de bombeiros em desuso e dirigem uma ambulância velha, cada uma vendida à medida que os serviços públicos faliram. 


Já a tal Christine Corcos, sugere que os Caça-Fantasmas são um exemplo do pensador livre americano, representando vigilantes que lutam contra o exagero do governo que está piorando.



Ralph Clare escreveu que o filme abraça o mercado livre após o desespero financeiro americano na década de 1970, particularmente em Nova York, que levou a ter mais filmes ambientados em uma Nova York, só que corajosa, em colapso, cheia de crimes e fracassada, como Taxi Driver (1976), The Warriors (1979) e Escape from New York (1981). 


Os Caça-Fantasmas foram criados no início de uma recuperação econômica, que Clare define como "capitalismo puro", focado na privatização e desregulamentação para permitir que o setor privado suplantasse o governo e as políticas estatais. 


A necessidade do prefeito terceirizar o problema fantasma espelha o verdadeiro governo de Nova York cedendo vastas áreas de imóveis para corporações para estimular a "renovação" da cidade. 


O uso do capitalismo pode ser visto ainda mais em como Ray, encarregado de esvaziar sua mente, é incapaz de recordar qualquer coisa, menos de um mascote consumista; em outro exemplo, a geladeira de Dana, que armazena ícones consumistas, é onde ela testemunha Zuul, após ela derrubar os ovos. Ou seja, a geladeira está vazia e não havia mais nada para comer.



Os fantasmas do filme foram interpretados como análogos ao crime, à falta de moradia, à poluição e à infraestrutura e aos problemas encontrados na realização de serviços públicos. 


A Christine Corcos discutiu a visão negativa dos Caça-Fantasmas sobre a regulação governamental e ambiental. Ela escreveu que os fantasmas representam poluentes, remanescentes de danos ambientais e um reflexo de governos da vida real se recusando a reconhecer problemas ambientais que afetam a humanidade. A Agência de Proteção Ambiental (EPA), explicitamente não acredita nos fantasmas ou "resíduos" que os Caça-Fantasmas estão coletando e, por sua vez, os Caça-Fantasmas não acreditam que a EPA mereça obediência ou conformidade por causa de sua ignorância. Em outras palavras, é confuso pois os Caça Fantasmas são uma agência do capital privado porém que defende pautas de esquerda, defendendo pontos científicos progressistas, enquanto os estatais querem mais que essas questões se explodam, apenas fazer seu trabalho e continuar sua vida burocraticamente.


Embora os Caça-Fantasmas tenham condensado um problema generalizado em uma pequena área, eles construíram uma perigosa unidade de contenção em uma área altamente povoada, enquanto possuem o conhecimento único para entender o perigo que ele representa. No entanto, a rígida adesão de Peck à regulação governamental resulta em nele fechando a unidade, assim criando uma situação mais perigosa uma vez que ela já estava instalada. 



Clare identificou os fantasmas como representantes dos problemas de Nova York, como os sem-teto e minorias étnicas. Os fantasmas, que antes eram humanos, não são reconhecidos como tal e são tratados como um incômodo que os Caça-Fantasmas transportam para áreas menos desejáveis, semelhante à gentrificação do mundo real. 


As visões de Clare e Cornos discordam, pois enquanto Cornos achou o filme errado por ser bom demais em sua descrição do mundo acadêmico, transformando aquilo em um blockbuster pop que até ela se debruça a comentar; Clare achou filme bom pois justamente incorreto, apenas uma aliteração da realidade de uma fantasiosa. 


Os Caça-Fantasmas cobram uma taxa substancial por seus serviços e, portanto, geralmente servem os ricos como o hotel Sedgewick e Dana Barrett, enquanto os cidadãos chineses mais pobres pagam por seus serviços em carne ou outros "favores". 


Desta forma, Clare argumenta, que os Caça-Fantasmas promovem a regeneração da cidade de Nova York, mas ignoram o custo para os pobres e desprivilegiados para alcançá-lo. 


A autora Zoila Clark observou que a arte conceitual de um fantasma chinês não utilizada tinha semelhanças com um imigrante chinês estereotipado, incluindo cabelos longos e trançados e um chapéu agrícola triangular, algo que entregaria que na metáfora social todos agora deve jogar o jogo do progresso e "pagar" pela sua existência no solo, através até mesmo de ideias ecológicas, como que os seres humanos poluem, por exemplo.



A autora Nicole Matthews argumentou que a necessidade de apresentar um filme voltado para adultos e crianças leva os personagens centrais a serem infantilizados e imaturos, logo machistas. 


O crítico de cinema Vincent Canby disse que a rentabilidade de um filme dependia de abordar crianças que "podem se identificar com um homem de 40 anos com uma crise de meia-idade e homens de 40 anos em crises de meia-idade que anseiam por lutar contra piratas com cutlasses de papelão". 


O filme apresenta o sarcasmo cômico imaturo de Venkman como um meio de desarmar situações e promover a narrativa de um filme para todos as idades, porém maldoso por fim. 



O autor Jim Whalley escreveu que os próximos filmes apresentam uma clara mudança tonal entre o primeiro filme da franquia, Os Caça-Fantasmas, com o primeiro apresentando os personagens como trabalhadores contratados, apenas fazendo seu trabalho e o último como nobres heróis salvando a cidade, ou seja, trabalhando para o prefeito quase como uma secretária municipal. Ou seja, o primeiro filme é bom mas maquiavélico pois eles confrontam o prefeito, o salvam, para depois se tornarem associados a seu governo nas próximas eleições e sequências cinematográficas da franquia. 


Ao fazer isso, a sequência imagina a persona de Venkman como alívio cômico em vez de uma ferramenta prática. O público principalmente masculino também resulta em personagens femininas que estão ausentes ou não são importantes para a história geral. A autora Jane Crisp escreveu que Dana encontrando Zuul em sua geladeira apresenta uma visão estereotipada de mulheres sendo associadas à casa e à cozinha.


Descrevendo a popularidade duradoura dos Caça-Fantasmas, Reitman disse que "as crianças estão preocupadas com a morte e... coisas semelhantes a fantasmas. Ao assistir Caça-Fantasmas, há uma sensação de que você pode controlar isso, que você pode atenuá-lo de alguma forma e não tem que ser tão assustador. Tornou-se esse filme que os pais gostavam de trazer seus filhos — eles podiam apreciá-lo em diferentes níveis, mas ainda assisti-lo juntos".




Destacando agora meu próprio ponto de vista, acredito que muito foi analisado do filme e tanto os elogios como as críticas conceituais ao filme fazem certo sentido. Entretanto, é curioso quando todas as análise esquecem de destacar fatores importantes e evidentes de um filme. 


Por exemplo, muitos interpretaram de maneira direta que o filme é sobre ciência e cientistas, esquecendo de comentar o referente que estão utilizando para fazer tal constatação. É óbvio que o elemento científico do filme são os elementos de perícia criminal. Se repararmos, os elementos científicos de investigação, como análise de evidências e floresce, se tornaram extremamente populares no cinema e nas séries. O questionamento profundo que o filme quer fazer, e que nos também devemos fazer, é se isso não representou a conversão das ciências auxiliares, de metodologia e perícia, como submissas ao entretenimento. 


É interessante pensar em conteúdos culturais e de entretenimento buscando inspiração na ciência para se tornarem mais científicos. Mas pensar que o bico que um consultor científico fez para um filme se torna a única possibilidade possível para certas profissões depois dos anos 80 é o que traz a problemática. 




Por exemplo, o campo da fotografia e da semiótica. No século XX, a fotografia era um mercado forte e a área de pesquisa em semiótica era um campo com bastante investimento pelo mundo. Hoje em dia, não mais pela mudança do hábito social. 

Depois da revolução da internet, da informática e do digital, transformando as câmeras em digitais, fotografar se tornou algo democratizado para todos, pois afinal não se gasta filme, e logo se pode fotografar quantas vezes quiser sem gastar nada. 


Isso acabou com o interessa das pessoas por cursos e pesquisas em fotografia, pois afinal agora você não perde nada se não souber, é só tentar de novo e de novo. Junto com essa virada, um dos campos mais fortes, onde diversos autores renomados se dedicaram a comentar, que era a semiótica, foi reduzido a um campo dentro dos estudos de semi análise, onde a premissa é puramente textual e de interpretação literária. Assim, o cinema é delegado com "fonte menor" perante fontes escritas, como livros, documentos e arquivos.




O contraditório de Caça-Fantasmas é que o filme, por ser um blockbuster que contém estratégias de catch-all, não conseguiu decidir se era uma sátira aos cientistas que vendiam seus estudos e a ciência que faziam para iniciativas privadas, ou se na verdade eles eram os heróis por estarem enfrentando a adversidade do neoliberalismo e fazendo alguma coisa para combater a falta de investimento, a fome e a crise em geral, no caso um filme para entreter as massas. 

Assim, os caça fantasmas e sua forma de pseudociência são muito parecidas com os muckrakers do passado ou os fact-checkers de hoje em dia, afirmando estar ao lado do povo, mas motivados meramente por interesses financeiros e pessoais de manter o emprego e ganhar um salário




Acredito que inicialmente o filme era um puro escárnio com cientistas vendidos, que criticavam sistema, muitas das vezes especialistas se dizem até mesmo comunistas, mas se preocupam em publicar nas revistas cientificas de nível A1, pois supostamente o melhor índice dos intelectuais públicos é o índice de publicação em revistas privadas internacionais, onde a leitura dos artigos é paga, o que é vendido como válido, pois isso traria de volta investimentos para as universidades, quando na verdade, é exatamente esse tipo de iniciativa que privatiza as universidades. 


Afinal, a ciência ás vezes parece chover no molhado por estar distante dos problemas reais da sociedade. Ao resolver uma crise de maneira científica e neutra, se tira o valor da política, relativizando quem pode ser eleito, e logo podemos eleger um conservador que tire o investimento da ciência, e assim novas crises vão surgindo e é a ciência que vai ter que resolver enquanto o governante anda de jetsky. É um ciclo. 


Entretanto, ao longo da produção do filme, parece que tanto os produtores, como diretor e atores, se identificaram e se encantaram pela ideia, colocando certo afeto e identificação nos personagens que suavizavam suas contradições, tornando eles, apesar de patetas, machistas e com um discurso muitas vezes maluco e politicamente incorreto; os heróis do dia. 


Acho que essa virada de visão, inclusive na promoção estética e marketing do filme, mudou o ponto de vista da narrativa, e logo aquilo que era para ser uma crítica ao modelo neoliberal de governo de Ronald Reagan, acabou se tornando apologético a ciência e ao serviço público como um todo, pois dá a oportunidade para novos agentes surgirem na cena política e científica. Uma metáfora do que para a visão do diretor Reitman significava seu filme: uma intervenção política para afirmar que a esquerda deve ser mais conservadora e estatal, pois a direita já fara as privatizações e crises sozinhas para o povo resolver. 


A gestão econômica do governo Reagan, chamada "reaganomics", foi definida por Robert Lekachman, no livro "Greed Is Not Enough: Reaganomics", como um processo antipatriótico, onde o estado perdoa dividas da iniciativa privada, ao custo da destruição das políticas públicas e das garantidas da famílias do Estado de Bem-Estar Social. 


Seria um passo para trás na lógica dos interesses públicos coletivos e de interesse de estado. Mas, como mostra a sugestiva capa do livro de Lekachman, por ser um ex-ator de Hollywood, havia uma aparência "popular" e "moderninha" que mascarava o processo, afinal eleger um ator representa uma mudança muito grande no status tradicional da política. 


Um bom exemplo dessa contradição no filme, é quando os caçadores estão em sua base comendo comida chinesa e fast food, mas estão tomando cervejas Budweiser, que são de fabricação brasileira. Em outras palavras, o conservadorismo de Reagan, contraditoriamente, dava dinheiro e destaque para o Brasil, e utilizar isso como elemento culturalista foi como muitos conteúdos audiovisuais dos anos 80 conseguiram legitimar tal processo: com a audiência popular da América Latina a seus conteúdos culturais.




Por isso, há momentos onde a metáfora é genial, como quando a personagem Dana deixa seus ovos cair e ao abrir a geladeira, vê um mundo paralelo fantasma, obvia metáfora dos preços estarem altos e a geladeira vazia, sendo difícil sobrevir e trabalhar em uma cidade como Nova York. Entretanto, a crise faz com que ela conheça seu par romântico. 


Ou quando eles vão pegar o Geleia, um fantasma que está sempre com FOME, como o povo. Ou seja, os Caça-Fantasmas combatem a fome pois impulsionam o comércio e o capitalismo. Porém, o melhor momento desse processo contraditório é no final. 

O monstro gigante feito de marshmallow foi uma projeção da cabeça de um dos caçadores, que no momento decisivo não conseguiu ficar com a mente vazia. Ou seja, o maior vilão do filme foi a mentalidade mediana que está por trás de cada cientista, que não consegue ver além da crise causada pelo monstro gigante mais recente. 

Entretanto, uma crítica que obviamente podemos fazer ao filme, é como certos tropos de situações e arquétipos são explorados de maneira natural para criar humor ou a sensação de dinâmica na trama. Por exemplo o papel dado as mulheres. As mulheres são no filme tratadas como "bonecas", onde aparecem para destacar a relevância e a necessidade dos homens, principalmente a namorada do protagonista. Nos filmes posteriores eles tentaram corrigir isso, mas neste filme é um pouco incômodo, como é louvada a cultura dos homens serem patetões e as mulheres sempre associadas a um problema ou um fardo, como a questão do "lady in distress" . 




Em termos técnicos, é onde talvez o filme mais brilha. Além de técnicas publicitárias e de marketing utilizadas pelo filme, como estabelecer identificação imediata com as pessoas ao falar das mazelas e problemas da cidade, combinando isso com logotipos, cores e estética marcante; o filme possui uma fotografia etérea perfeita, combinando com o clima mórbido mas divertido que o filme quer passar. 

Os efeitos especiais são maravilhosos para época. Um trabalho excelente de combinação de efeitos práticos e efeitos digitais que deixa no chinelo muitos filmes de hoje em dia. 

A atuação também é muito boa. Todo mundo está bem no filme, até os coadjuvantes, mas Bill Murray parecia com um pouco de má vontade de explorar melhor o personagem no filme, parecendo interpretar ele mesmo mais uma vez. O diretor, apesar de seu ponto de vista um pouco conservador, era genial em termos de técnica. Ele sabia organizar bem os planos de maneira a aproveitar o máximo de emoção de cada cena.  


No fim das contas, Caça-Fantasmas é um filme muito marcante e interessante para a História do cinema. Ele representa um momento marcante de sedimentação e mudança de técnicas científicas e cinematográficas, mas também da forma como os produtores, diretores e o público passaram a entender o cinema. Obviamente isso já havia acontecido com outros filmes, principalmente com o filme Star Wars que representou um verdadeiro impacto de como o cinema interage com a cultura pop. Mas Caça-Fantasmas criou seu próprio caminho nessa proposta, estimulando uma atitude de "gambiarra" (improvisação), onde o filme propunha que as pessoas se apropriassem dos símbolos e ícones do filme, até torná-los símbolos de cultura pop. O filme não é mais do diretor e sim do público, algo que representou mudanças positivas e negativas para o cinema, mas com certeza elevou o status e o impacto da forma como os espectadores interagiam com o cinema e o audiovisual. 




História por trás do filme


Aykroyd, Ramis e Reitman começaram a revisar o roteiro, primeiro no escritório de Reitman, depois sequestrando a si mesmos e suas famílias em Martha's Vineyard, Massachusetts. Aykroyd tinha uma casa lá e eles trabalhavam em seu porão dia e noite  por cerca de duas horas por semana. Aykroyd estava pronto para renovar seu roteiro. Ele se considerava um escritor "lava louça de cozinha", inventando as situações engraçadas e jargões paranormais enquanto Ramis aprimorava as piadas e os diálogos. 


Eles escreveram separadamente e depois sobrescreveram os rascunhos um do outro. Muitas cenas tiveram que ser cortadas, incluindo um asilo assombrado por celebridades e um depósito ilegal de fantasmas em um posto de gasolina de Nova Jersey. Seu primeiro rascunho estava pronto quando eles deixaram a vinícola em meados de julho de 1983, e um terceiro rascunho quase final  estava pronto no início de agosto. Quando Murray voou para Nova York para conhecer Aykroyd e Ramis depois de filmar The Razor's Edge (1984), ele deu poucas informações sobre o roteiro ou seu personagem. Ramis escreveu para Murray em várias ocasiões, afirmando que ele sabia "como administrar sua voz". 



Foi decidido desde o início que o personagem Ramis seria o cérebro dos Caça-Fantasmas, o coração de Aykroyd e  a boca de Murray. Aykroyd foi inspirado por arquétipos fictícios: "Coloque Peter Venkman, Raymond Stantz e Egon Spengler juntos e você terá o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata". Seu conceito previa os Caça-Fantasmas sendo chefiados e situacionais, mas Ramis preferia que eles "controlassem seu próprio destino" e tomassem suas próprias decisões. 



Reitman achou que as partes mais difíceis da escrita estavam em determinar o propósito da história, quem era o vilão e seu propósito, por que os espíritos se manifestariam e como seria o imponente Homem Marshmallow. Enquanto isso, Reitman procurava um estúdio de efeitos especiais e acabou recrutando Richard Edlund em duas semanas.


Ghostbusters foi inspirado pelo fascínio e crença de Dan Aykroyd no paranormal, que ele herdou de seu pai que escreveu o livro, A Ghost Story. Sua mãe, que afirmava ter visto fantasmas; seu avô, que experimentou rádios para contatar os mortos; e seu bisavô, um renomado espiritualista. Em 1981, Aykroyd leu um artigo sobre física quântica e parapsicologia no Journal of the American Society for Psychical Research que lhe deu a ideia de capturar espíritos cômicos de meados do século. Quadrinhos do século 20, como Abbott e Costello (Hold That Ghost, 1941), Bob Hope (The Ghost Breakers, 1940) e os Bowery Boys (Ghost Chasers, 1951).



Aykroyd escreveu o roteiro com a intenção de estrelar o filme, ao lado de Eddie Murphy e seu amigo próximo e colega do Saturday Night Live (SNL), John Belushi. Aykroyd lembrou-se de escrever uma das falas de Belushi quando o produtor e agente de talentos Bernie Brillstein o chamou para informá-lo da morte de Belushi. Ele procurou outro ex-co-estrela do SNL, Bill Murray, que concordou em se juntar sem um acordo explícito, assim como costumava trabalhar. 




Aykroyd apresentou seu conceito como três homens perseguindo fantasmas e incluiu um esboço do personagem  Marshmallow Man que ele havia imaginado. Ele comparou os Caça-Fantasmas aos trabalhadores do controle de pragas, dizendo que "convocar um Caça-Fantasmas era como remover ratos". Aykroyd acreditava que Ivan Reitman era a escolha lógica para dirigir, dado seus sucessos com filmes como Animal House (1978) e Stripes (1981) Reitman estava ciente dos princípios básicos do filme. 


Enquanto Belushi ainda era um possível membro do elenco, ele sentiu que o filme "teria custado cerca de US $ 200 milhões". O tratamento original do roteiro de 70-80 páginas de Aykroyd tinha um tom mais sério e pretendia ser assustador.


Reitman conheceu Aykroyd no Art's Delicatessen em Studio City, Los Angeles, e disse a ele que seu conceito era impossível de fazer. Ele sugeriu que colocá-lo inteiramente na Terra tornaria os elementos extraordinários mais divertidos e que o foco inicial no realismo tornaria o Marshmallow Man mais crível no final. 


Ele também queria traçar as origens dos Caça-Fantasmas antes de começarem seus negócios: “Foi no início dos anos 1980 – todo mundo estava começando a trabalhar.” Após o encontro, eles conheceram Harold Ramis em Burbank. Reitman trabalhou com Ramis em filmes anteriores e sentiu que era mais capaz do que Aykroyd para executar  o tom que ele imaginou para o roteiro. Ele também sentiu que Ramis deveria interpretar os Caça-Fantasmas. Depois de ler o roteiro, Ramis imediatamente se juntou ao projeto.




Embora o roteiro exigisse mudanças consideráveis, Reitman apresentou o filme ao executivo da Columbia Pictures, Frank Price, em março de 1983. Price achou o conceito engraçado, mas não tinha certeza do projeto, pois as comédias eram vistas com rentabilidade limitada. Ele disse que o filme teria um grande orçamento devido aos seus efeitos especiais e elenco popular. Reitman teria dito que poderia trabalhar com US$ 25 a 30 milhões; foram citados números variados. Price concordou, desde que o filme pudesse ser lançado em junho de 1984.


Mais tarde, Reitman admitiu que compensou a cifra, baseando-a em três vezes o orçamento, o que parecia "razoável". Isso deixou 13 meses para completar o filme, sem roteiro finalizado, estúdio de efeitos ou data de início das filmagens. Reitman contratou seus colaboradores anteriores Joe Medjuck e Michael C. Gross como produtores associados. O CEO da Columbia, Fay Vincent, enviou seu advogado Dick Gallop para Los Angeles para convencer Price a não prosseguir com o filme, mas Price discordou. Gallop voltou à sede para informar que Price estava "fora de controle".


Como o título "Caça Fantasmas" foi legalmente restringido pelo programa infantil dos anos 1970, The Ghost Busters, de propriedade da Universal Studios, vários títulos de alternativas foram considerados, incluindo "Ghoststoppers", "Ghostbreakers" e "Ghostsmashers". Price se separou da Columbia no início da produção dos Caça Fantasmas e tornou-se chefe da Universal Pictures, momento em que vendeu à Columbia o título por US$ 500.000 mais 1% dos lucros do filme. Dadas as práticas contábeis de Hollywood, um método usado pelos estúdios para inflar artificialmente os custos de produção de um filme para limitar os royalties ou pagamentos de impostos, o filme tecnicamente nunca teve lucro para a Universal receber um pagamento.




A filmagem principal começou em Nova York, em 28 de outubro de 1983. No primeiro dia, Reitman trouxe Murray para o set, ainda sem saber se ele tinha lido o roteiro. As filmagens em Nova York duraram aproximadamente seis semanas, terminando pouco antes do Natal. Reitman estava consciente de que eles tinham que completar a fase de Nova York antes de encontrar o inóspito clima de dezembro. Na época, escolher filmar em Nova York era considerado arriscado. 


No início da década de 1980, muitos viam a cidade como sinônimo de desastre fiscal e violência, e Los Angeles era vista como o centro da indústria do entretenimento. Em uma entrevista de 2014, Reitman disse que escolheu Nova York porque "eu queria que o filme fosse meu filme de Nova York". 



Como Reitman estava trabalhando com comediantes, ele encorajou a improvisação, adaptando múltiplas tomadas e mantendo as criações do elenco que funcionavam, mas direcionando-as de volta ao roteiro. Algumas técnicas de guerrilha ocorreram, capturando cenas espontâneas em locais icônicos ao redor da cidade, incluindo uma filmada no Rockefeller Center, onde os atores foram perseguidos por um verdadeiro segurança. Uma cena foi filmada no Central Park West com extras cantando "Caça-Fantasmas" antes do nome ter sido popularizado. 


O prédio na 55 Central Park West serviu como a casa do personagem de Weaver e o cenário da batalha climática dos Caça-Fantasmas com Gozer. O departamento de arte adicionou pisos extras e enfeites usando pinturas foscas, modelos e efeitos digitais para criar o ponto focal da atividade fantasmagórica. 


Fachada real da base dos Caça-Fantasmas


Durante as filmagens da cena final do prédio, funcionários da prefeitura do democrata Ed Koch, permitiram o fechamento das ruas adjacentes durante a hora do rush, afetando o trânsito em uma grande faixa da cidade. Gross comentou que, do alto do prédio, eles podiam ver o tráfego na fila até o Brooklyn. Em vários pontos, um policial sacou sua arma para um taxista que recusou ordens; em um incidente semelhante, outro policial puxou um motorista através de sua janela de limusine. 


Quando cidadãos furiosos perguntaram a Medjuck o que estava sendo filmado, ele culpou Francis Ford Coppola filmando The Cotton Club (1984). Aykroyd encontrou o escritor de ficção científica Isaac Asimov, um homem que ele admirava, que reclamou: "Vocês estão incomodando este prédio, é simplesmente horrível; Eu não sei como eles se safaram com isso!" Diretamente ao lado do 55 Central Park West está a Igreja Luterana da Santíssima Trindade, que é pisada pelo Homem Marshmallow.




Outros locais incluíam a filial principal da Biblioteca Pública de Nova York, o Lincoln Center for the Performing Arts, Columbus Circle, o Irving Trust Bank na Quinta Avenida, e Tavern on the Green. Firehouse, Hook & Ladder Company 8 no bairro tribeca foi usado como sede dos Caça-Fantasmas. A Universidade de Columbia permitiu que seu Havemeyer Hall fosse o fictício Weaver Hall, com a condição de que a universidade não fosse identificada pelo nome. 


As filmagens mudaram-se para Los Angeles, retomando entre o Natal e o Ano Novo. Devido ao uso do filme de efeitos práticos, eram necessários técnicos qualificados que residiam principalmente na cidade e em palcos de som inexistentes em Nova York. Apesar de seu cenário, a maioria dos Caça-Fantasmas foi filmada em locações em Los Angeles ou em sets no Burbank Studios. Exploradores procuraram por prédios que pudessem replicar os interiores dos edifícios filmados em Nova York. Reitman tentou usar o interior de Hook & Ladder 8, mas não foi capaz de tomá-lo por tempo suficiente porque era um posto de bombeiros ativo. 


Filmagens no interior foram feitos no Quartel de Bombeiros desativado nº 23, no centro de Los Angeles. O projeto do edifício, embora comum em Nova York, era uma raridade em Los Angeles. Uma foto de arquivo de uma equipe ativa no Quartel de Bombeiros nº 23 de 1915, foi pendurada no fundo do escritório dos Caça-Fantasmas. 


As filmagens na sala de leitura principal da Biblioteca Pública de Nova York só eram permitidas no início da manhã e tinham que ser concluídas às 10:00 da manhã. As pilhas de bibliotecas do porão foram representadas pela Biblioteca Central de Los Angeles. O Hotel Millennium Biltmore ficou para as cenas ambientadas no fictício Hotel Sedgewick. A filmagem principal terminou no final de janeiro de 1984, após entre 55 e 62 dias de filmagem.




O curto cronograma de produção e a data de lançamento iminente significavam que Reitman estava editando o filme enquanto ele estava sendo filmado. Muitas vezes havia apenas tempo para algumas tomadas. Reitman às vezes achava que fazer um filme carregado de efeitos era frustrante, já que os efeitos especiais tinham que ser entrar no storyboard e filmado com antecedência; não havia opção de voltar e produzir novas cenas. Como Gross descreveu, "o storyboard com antecedência, isso é como editar com antecedência. Você tem uma cena, eles vão aprovar essa cena, e nós vamos passar nove meses fazendo esse corte. Não há segundas tomadas, nem novas tomadas, não há cobertura. Você pode cortar coisas, mas não pode adicionar coisas. Ele fez tudo tão confinado que realmente o incomodou".


Uma cena deletada envolveu um segmento em "Fort Detmerring" onde Ray tem um encontro sexual com uma fantasma feminina. A cena tinha a intenção de introduzir um interesse amoroso de Aykroyd. Ramis acreditava que era íntegro para o enredo em movimento rápido, no entanto, então Reitman usou a filmagem como uma sequência de sonhos durante a montagem do meio do filme. 


O editor Sheldon Kahn enviou a Reitman bobinas em preto e branco de sequências durante as filmagens. Eles não só permitiram que ele fizesse mudanças, mas ele considerou que eles também o ajudaram a entender como melhorar o ritmo do filme. Kahn completou o primeiro corte completo do filme três semanas após a conclusão das filmagens. O corte final do filme dura 105 minutos.


A trilha sonora dos Caça-Fantasmas foi composta por Elmer Bernstein e interpretada pela orquestra sinfônica do Estúdio hollywoodiano de 72 pessoas no The Village, no oeste de Los Angeles, Califórnia. Foi orquestrado por David Spear e o filho de Bernstein, Peter. Elmer Bernstein já havia marcado vários filmes de Reitman e se juntou ao projeto no início, antes de todo o elenco ter sido assinado. Reitman queria uma partitura aterrada e realista e não queria que a música contasse ao público quando algo fosse engraçado. 


Bernstein usou um instrumento de ondas Martenot (efetivamente um teclado equivalente a um instrumento de theremin) para produzir o efeito "estranho". Bernstein teve que trazer um músico da Inglaterra para tocar o instrumento porque havia tão poucos ondistas treinados. Ele também usou três sintetizadores Yamaha DX7. Em uma entrevista de 1985, Bernstein descreveu Os Caça-Fantasmas como a partitura mais difícil que ele havia escrito, achando desafiador equilibrar os diferentes tons cômicos e sérios do filme. Ele criou um tema "palhaço" para os Caça-Fantasmas que ele descreveu como "fofo, sem ser realmente muito". Ele achou as últimas partes do filme mais fáceis de marcar, com o objetivo de fazê-las soar "incrível e místicas".


No início, Reitman e Bernstein discutiram a ideia de que Os Caça-Fantasmas apresentariam a música popular em pontos específicos para complementar a partitura original de Bernstein. Isso inclui "Magic", de Mick Smiley, que toca durante a cena quando os fantasmas são liberados da sede dos Caça-Fantasmas. O tema principal de Bernstein para os Caça-Fantasmas foi mais tarde substituído por Ray Parker Jr. s "Caça-Fantasmas". Bernstein pessoalmente não gostou do uso dessas músicas, particularmente "Magic", mas disse: "é muito difícil discutir com algo sobre ["Caça-Fantasmas"], quando está no top 10 das paradas". 


Músicas eram necessárias para uma montagem no meio do filme, e "I Want a New Drug" de Huey Lewis e o News foi usadas como um espaço reservado temporário por causa de seu tempo apropriado. Reitman foi mais tarde apresentado a Parker Jr. que desenvolveu "Caça-Fantasmas" com um riff semelhante para combinar com a montagem. Havia aproximadamente 50 a 60 músicas temáticas diferentes desenvolvidas para Os Caça-Fantasmas por diferentes artistas antes do envolvimento de Parker Jr., embora nenhuma fosse considerada adequada.


O consultor de hardware Stephen Dane foi responsável por projetar a maioria dos equipamentos icônicos dos Caça-Fantasmas, incluindo os "pacotes de prótons" usados para lutar fantasmas, armadilhas fantasmas e seu veículo, o Ectomobile.


 O equipamento teve que ser projetado e construído nas seis semanas antes do início das filmagens, em setembro de 1983. Inspirados por um lança-chamas de uso militar, os "pacotes de prótons" consistiam em um fluxo de prótons portátil disparando "varinha de neutrinos" conectada por uma mangueira a uma mochila que dizia conter um acelerador nuclear. Dane disse que ele "foi para casa e pegou pedaços de espuma e apenas jogou um monte de coisas juntos para obter o olhar. Era altamente usinado, mas tinha um olhar fora da prateleira e excedente militar". 


Após os ajustes de Reitman no design, os modelos na tela dos "pacotes de prótons" foram feitos de uma concha de fibra de vidro com uma placa de alumínio aparafusada a uma moldura de mochila do Exército dos Estados Unidos. Cada pacote pesava aproximadamente 14 kg com as baterias para iluminação instaladas, e esticava as costas dos atores durante as longas filmagens. Duas versões mais leves foram feitas; um oco com detalhes de superfície para fotos largas, e uma versão de borracha de espuma para cenas de ação. Os adereços de fibra de vidro foram criados pelo supervisor de efeitos especiais Chuck Gaspar, baseado no design de Dane. Gaspar usou moldes de borracha para criar conchas de fibra de vidro idênticas. A "varinha de neutrinos" tinha um flash na ponta, dando aos animadores um ponto de origem para os fluxos de prótons. 


Paredes falsas atadas com pirotecnia foram usadas para praticamente criar o dano dos fluxos de prótons. O "medidor de energia psicocinética ("medidor PKE) foi construído usando um polidor de sapato portátil Iona SP-1 como base, para o qual luzes e eletrônicos foram afixados. A tecnologia foi projetada para não ser excessivamente extravagante ou elegante, enfatizando as origens científicas dos personagens combinadas com a natureza caseira de seus equipamentos. 


O Ectomobile estava no primeiro rascunho do roteiro de Aykroyd, e ele e John Daveikis desenvolveram alguns conceitos iniciais para o carro. Dane desenvolveu desenhos totalmente detalhados para o interior e exterior e supervisionou a transformação da conversão da ambulância Cadillac Miller-Meteor de 1959 para o Ectomobile. 


De acordo com Aykroyd, o veículo real era "uma ambulância que convertemos em um carro funerário e depois nos convertemos em uma ambulância". Os primeiros conceitos apresentavam um carro preto com "luzes estroboscópicas" roxas e brancas dando-lhe um brilho sobrenatural, mas essa ideia foi descartada depois que o cineasta László Kovács notou que a tinta escura não filmaria bem à noite. 



O conceito também tinha características fantásticas, como a capacidade de desmaterializar e viajar interdimensional. Dois veículos foram comprados, um para as cenas de pré-modificação. A Dane projetou seu conjunto de telhados de alta tecnologia com objetos, incluindo uma antena direcional, uma unidade de ar condicionado, caixas de armazenamento e um radome. Devido ao seu tamanho, o rack de telhado foi enviado para Manhattan em um avião, enquanto o carro foi transportado para a Costa Leste de trem. O designer de som Richard Beggs criou a sirene a partir de uma gravação de um rosnado de leopardo, cortado e tocado para trás.


No roteiro, Aykroyd descreveu as roupas e o veículo dos Caça-Fantasmas como tendo um não símbolo com um fantasma preso nele, creditando o Viking com o conceito original. O projeto final caiu para Gross, que havia se voluntariado para servir como diretor de arte. Como o logotipo seria necessário para adereços e conjuntos, ele precisava ser finalizado rapidamente, e Gross trabalhou com o artista da Boss Film e consultor de design de criaturas Brent Boates, que desenhou o conceito final, e R/GA animado o logotipo para a abertura do filme. De acordo com Gross, existem duas versões do logotipo, uma delas com "caça-fantasmas" escrita na parte diagonal do sinal. 


Gross não gostou de como parecia e virou a barra diagonal para ler de cima da esquerda para baixo para a direita, mas mais tarde removeram a redação. Segundo Gross, esta é a versão correta do sinal que foi usado em toda a Europa. A versão inferior esquerda para superior direita foi usada nos Estados Unidos.



Medjuck também contratou John DeCuir como designer de produção. O roteiro não especificou onde Gozer apareceria, e DeCuir pintou o topo do prédio de Dana com grandes portas de cristal que se abriram como escrito no roteiro. O telhado fictício do 55 Central Park West foi construído no Estágio 12 do lote burbank studios. Foi um dos maiores cenários construídos na história do cinema e foi cercado por uma pintura de ciclorama de 360 graus. A iluminação usada ao longo da pintura consumiu tanta energia que o resto do estúdio teve que ser desligado, e mais quatro geradores adicionados, quando ele estava em uso. Pequenos modelos, como aviões, foram pendurados na corda para animar o cenário. O conjunto foi construído três andares fora do chão para permitir a filmagem de ângulos baixos.


Os três primeiros andares e a frente de rua do edifício de Dana foram recriados como cenários para filmagens, incluindo a cena do terremoto climático onde hidráulicas foram usadas para levantar partes quebradas da rua. Pedaços quebrados do pavimento e da estrada foram posicionados fora do local real para criar uma transição perfeita entre os duas gravações. DeCuir disse: 


"Eles tiveram uma noite para vestir a rua. Quando as pessoas iam para casa no início da noite tudo estava normal, e quando as velhinhas saíram para passear com seus cães pela manhã, toda a rua tinha entrado em erupção. Aparentemente, as pessoas reclamaram ao Departamento de Polícia de Nova York e sua central se iluminou". 


Para a cena em que o apartamento de Dana explode para fora, Weaver ficou no set quando a acrobacia aconteceu. Da mesma forma, a cena de Weaver girando no ar foi realizada no set usando um braço body-cast e mecânico escondido nas cortinas, um truque que Reitman aprendeu trabalhando com o mágico Doug Henning.


O trabalho anterior de Edlund no filme de terror sobrenatural Poltergeist (1982) serviu como referência para os desenhos fantasmas em Caça-Fantasmas. Gross disse que era difícil equilibrar fazendo dos fantasmas uma ameaça genuína enquanto encaixava o tom mais cômico do filme. O artista de efeitos especiais Steve Johnson esculpiu o fantasma glutão, viscoso e verde, então conhecido como o "fantasma da Cabeça de Cebola" no set devido ao cheiro desagradável do fantoche. Mas a criatura recebeu o nome de "Slimer" apenas na série animada de 1986, The Real Ghostbusters. 


O design de Slimer levou seis meses e custou aproximadamente US $ 300.000 dólares. Depois de lutar para completar um projeto devido à interferência executiva, Johnson pegou pelo menos três gramas de cocaína e completou o projeto final em uma noite, baseado em parte no desejo de Aykroyd e Ramis para que a criatura homenagem Belushi. O boneco de borracha de espuma em tamanho real foi usado por Mark Wilson e filmado contra um fundo preto. Marionetes manipularam os movimentos do modelo com cabos.


Aykroyd encarregou seu amigo, referido como o Viking, com o projeto do Homem Marshmallow, pedindo uma combinação do Homem Michelin e do Pillsbury Doughboy em um chapéu de marinheiro. A roupa do Homem Marshmallow foi construída e retratada pelo ator e artista de efeitos especiais Bill Bryan, que inspirou sua caminhada em Godzilla. Havia dezoito ternos de espuma, cada um custando entre US$ 25.000 e US$ 30.000; dezessete deles, usados pelo dublê Tommy Cesar, foram queimados como parte das filmagens. Bryan usou um suprimento de ar separado devido à toxicidade da espuma. Havia três cabeças diferentes para o traje, construídas a partir de espuma e fibra de vidro, com diferentes expressões e movimentos controlados por mecanismos de cabo. 



O traje foi filmado contra modelos de escala para gerar o efeito. A equipe de efeitos foi capaz de encontrar apenas um modelo de carro da polícia na escala correta e comprou vários, modificando-os para representar diferentes veículos. A água de um hidrante atingido por um carro de controle remoto era na verdade areia, pois a água não diminuiu. O "marshmallow" chovendo na multidão depois que ele é destruído era creme de barbear. Depois de ver os 68 kg de creme de barbear pretendido para ser usado, Atherton insistiu em testá-lo. O peso derrubou um dublê, e eles acabaram usando apenas 34 kg. O creme atuou como um irritante da pele após horas de filmagem, dando algumas das erupções do elenco. 


Johnson também esculpiu o boneco Zombie Cab Driver. Foi o único fantoche filmado no local em Nova York. Johnson baseou-o em um boneco de cadáver reanimado que ele havia feito para um lobisomem americano em Londres (1981). Johnson e Wilson colaboraram no Fantasma da Biblioteca, criando um fantoche operado por até 20 cabos que atravessavam o torso que controlava aspectos como mover a cabeça, braços e puxar a pele de borracha para longe do torso para transformá-lo de um humanoide em um ghoul monstruoso. 


O boneco original da Biblioteca Fantasma foi considerado muito assustador para o público mais jovem e foi reaproveitado para uso em Fright Night (1985). A cena do catálogo da biblioteca foi realizada ao vivo em três tomadas, com a tripulação soprando ar através de tubos de cobre para forçar as cartas para o ar. Estes tinham que ser coletados e remontados para cada tomada. Reitman usou uma configuração de várias câmeras para se concentrar no bibliotecário e nas cartas voando ao seu redor e uma tomada geral mais ampla. Os livros flutuantes foram pendurados em cordas.


Randy Cook foi responsável por criar os bonecos de stop-motion em escala de Gozer, Zuul e Vinz, em movimento. O modelo era pesado e desajeitado, e levou quase trinta horas para filmá-lo movendo-se através de um palco de 9,1 metros para a cena em que persegue Louis Tully do outro lado de uma rua. Para a cena em que Dana é presa em sua cadeira por mãos demoníacas diante de uma porta radiante com a luz, Reitman disse que foi influenciado por Close Encounters of the Third Kind (1977).

 


Uma porta de borracha foi usada para permitir distorção como se algo estivesse tentando passar por ela, enquanto apertos escondidos em um alçapão sob a cadeira, estouraram através dela enquanto usava luvas demoníacas de perna de cachorro. Feito antes do advento de imagens geradas por computador (CGI), qualquer fantasma não-fantoche tinha que ser animado. Levou até três semanas para criar um segundo de filmagem. Para Gozer, Slavitza Jovan usava lentes de contato vermelhas que lhe causavam muita dor, e ela usava um arreio para se mover ao redor do set.




O elenco de Os Caça-Fantasmas se despediu de seu diretor, Ivan Reitman. O influente cineasta morreu na noite do sábado (12/02/2022), aos 75 anos, de causas naturais, segundo informou a família.


"Estou profundamente triste com a perda de Ivan Reitman. Ele era realmente um grande homem e cineasta que tive a honra e o privilégio de conhecer e trabalhar junto. Minhas profundas condolências a Jason e toda a família. Descanse em paz", escreveu no Twitter Ernie Hudson, um dos protagonistas de Os Caça-Fantasmas (1984), citando o filho de Ivan, Jason Reitman (Juno, Amor Sem Escalas), diretor de Ghostbusters: Mais Além, reboot da franquia criada por ele nos anos 1980.


Carrie Coon, estrela de Ghostbusters: Mais Além, publicou uma foto ao lado do diretor nos bastidores da filmagem do reboot: "Trabalhar com Ivan foi uma honra e um prazer. Sou muito grata por ter sido convidada para o universo que ele ajudou a construir e que continua ganhando fãs em todo o mundo".


Reitman encontrou seu primeiro sucesso profissional como produtor com o clássico de comédia Clube dos Cafajestes (1978) antes de se tornar diretor. Depois de co-estrelar com Bill Murray em "Meatballs" (1979) e "Heavy Recruits" (1981), a dupla se tornou sucesso de bilheteria com "Ghostbusters". Além de dirigir a sequência da comédia de fantasmas de 1989, Reitman assinou contrato com três comédias de sucesso estreladas por Arnold Schwarzenegger: The Twins (1988), Kindergarten Cop (1990) e The Boys (1994). Ele também dirigiu Dangerously Together de Robert Redford (1986), Sigourney Weaver's President Dave (1993), Robin Williams e Billy "Father's Day" (1997) de Robin Williams e Billy Crystal, "Six Days and Seven Nights" de Harrison Ford (1998).





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