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"Bolsonaro diria para as pessoas não olharem para cima" critica diretor de "Não Olhe para Cima" após PT ser comparado a cometa por ministro


A publicação de McKay, diretor de "Não Olhe Para Cima" (2021), produção da Netflix, surgiu como resposta a um artigo que Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, publicou no jornal O Globo comparando o PT ao cometa do filme. "Olhe para cima. Ao fazer isso e pensar no dia seguinte da eleição, não optará pelo cometa do PT", escreveu.


O diretor de "Não Olhe para Cima", Adam McKay, fez uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro numa mensagem que publicou no Twitter


"Só para deixar claro, Bolsanaro (sic) definitivamente diria para as pessoas não olharem para cima. Nenhuma dúvida", escreveu, numa referência ao próprio filme, sobre um cometa que se aproxima da Terra e ameaça a humanidade na trama em que a chefe de Estado, interpretada por Meryl Streep, pede que a população não acredite nos astrônomos.


 Ciro Nogueira escreveu para a edição do último domingo do jornal O Globo, "Na eleição, olhe para cima: pense no dia seguinte", comparando o PT ao cometa do filme.


"Nada melhor que encerrar este artigo inspirado no título do filme que será o que o eleitor brasileiro fará cada vez mais quando chegar a hora: olhe para cima. Ao fazer isso e pensar no dia seguinte da eleição, não optará pelo cometa do PT. A polarização existe, sim. E é na economia. Qual será o dia seguinte?”, escreveu o ministro da Casa Civil.


A presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), respondeu e chamou o artigo de “mentiroso” e sustentou que é uma narrativa “terrorista do governo do terror”.


Vale refletir como a polêmica começou: o texto de Ciro Nogueira. É fácil identificar a origem do ódio de Ciro Nogueira pelo PT. 


Em 2018, o senador Ciro Nogueira (Progressistas), candidato à reeleição, iniciou o terceiro programa eleitoral para a televisão assim: “Sou Lula por reconhecimento e gratidão, por tudo que ele fez pelo Nordeste e pelo Piauí, em especial. E para mim, o Piauí está acima de tudo”. 


Ele ainda reforçou o apoio ao ex-presidente e enumerou as razões que o levam a ser do time de Lula, tais como as conquistas sociais e os programas que foram trazidos ao Piauí e continuam sendo defendidos por Ciro no Senado. O senador citou o Minha Casa, Minha Vida, que já beneficiou mais de 40 mil famílias piauienses, e o programa Luz Para Todos, que garante energia para que o povo do Piauí tenha uma vida melhor e produza mais. Assim como Lula fez, Ciro também tem trabalhado para ampliar as oportunidades para o Piauí, por meio de investimentos e obras que melhoram a vida e geram empregos: a ponte Anselmo Dias, a adutora e sistema de abastecimento de água em São Raimundo Nonato e os poços tubulares em mais de mil comunidades. “Sou Lula pela crença de que é possível, sim, construirmos um Brasil melhor e mais justo”, concluiu Ciro.




Só que com a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro, Nogueira viu a oportunidade perfeita para "virar a casaca" e apoiar o atual governo. Esse movimento se deu em um momento onde Lula parecia excluído da vida política brasileira, pela série de processos que enfrentava na justiça. Só que no final das contas, Ciro reposicionou-se por nada e agora sabe que em uma nova eleição, não terá o voto que teve em 2018, justamente por trair sua base eleitoral. Agora o sobra apenas ter que apoiar e endossar Bolsonaro até o fim pela sua própria sobrevivência. Afirmar que Lula era uma "ilusão de ótica" e aceitar cargo de ministro no governo, são bons sinais para isso. 




Outra coisa que precisa ser analisado aqui é o golpismo do Globo em publicar o delírio do ministro. Primeiro, que é estranho um veículo jornalístico, que deve checar e vigiar o governo, dando palco para o ministro governar com a notícia. Pelo sentido lógico de uma democracia saldável e o jornalismo objetivo e profissional, o artigo deveria ser de Lula no Globo criticando o governo Bolsonaro. Depois, o artigo obviamente dá brecha para o negacionismo, postura contraditória a rotina diária de preocupação com a Covid demonstrada pela cobertura da Globo.




Entretanto, talvez o fator que mais chama atenção dessa notícia e debate, é que diferente da política as claras do Estados Unidos, onde obviamente os apoiadores de Donald Trump encabeçaram uma luta negacionista a favor do vírus, aqui no Brasil há um caráter escamoteado da ideologia. O quê significa um ministro de um governo negacionista afirmar que o PT e os opositores ao governo são eles os negacionistas? Isso já é sinal de uma certa falência do debate, já que joga para o adversário o estigma dado a ele próprio. 


Se o ministro já destacou todos os avanços feitos pelo PT, não é ele que está se negando a "olhar para cima", ver o fracasso do governo e admitir que é Bolsonaro o verdadeiro cometa? 


Nos já escrevemos sobre o filme Não Olhe para Cima aqui no site, você pode conferir clicando aqui!


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