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Intriga Internacional (1959): Como caso de falsa identidade na Segunda Guerra armado pela inteligência britânica inspirou thriller de Hitchcock, como também a criação do James Bond



Intriga Internacional é um filme de 1959 de espionagem e ação que aborda tensões em meio a antiga Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, mas que foi inspirado em uma antiga história da Segunda Guerra, de um corpo que foi enviado com uma falsa identidade na Espanha para avisar sobre uma invasão falsa na Grécia, na realidade era uma forma de tirar o front de batalha da Sicília, na Itália, onde os aliados encontraram menos resistência. Produzido e dirigido por Alfred Hitchcock, foi pensado para ser "o" filme de Hitchcock por excelência, com todas suas marcas estilísticas, estrelando Cary Grant, Eva Marie Saint e James Mason. Com título original North by Northwest, e Possuindo roteiro de Ernest Lehman.  Estrelando Cary Grant como Roger Thornhill e Eva Marie Saint como Eve Kendall. Roger Thornhill certa vez é confundido por um tal de George Kaplan, que na verdade, não existe. O filme foi nomeado para 5 categorias do Oscar.


Acompanhamos a vida de Roger Thornhill, um homem americano com envolvimento com a inteligência, que tem sua identidade confundida com um tal de George Kaplan, e acaba depois sendo procurado por assassinato na sede da ONU. Enquanto ele jura que tem uma organização internacional atrás dele por conta de um microfilme com informações governamentais e segredos, ele se esconde no quarto da loira que encontrou no quarto. 


Intriga Internacional possui aquela excelência técnica que faz as pessoas adorarem o que assistem, daqueles tipos de obras que já nascem como grandes clássicos. A questão central da Intriga Internacional não está tanto  em sua história, mas nos métodos e técnicas para contar uma história do gênero. Esse era o tipo de cinema de estúdio clássico, para marcar o fim dos anos de 1950, quando seus filmes eram impecáveis na estética, mas não respeitavam os ditames do conteúdo per se. Filmes posteriores como, Os Pássaros, The Birds (1964), são um pouco diferentes, propostas mais radicais influenciadas pela virada narrativa de movimentos, como o cinema novo, ou a novelle vague.  A imagem clássico associada ao diretor antes dos anos de 1960 era uma forma também de coleira formalista que era obrigado a vestir sempre, por envolver mais ainda uma experimentação técnica para além do convencional no estúdio, apenas 5 anos depois de North by Northwest. Topázio (1969), por sua vez, retorna o tema de espionagem, dessa vez envolvendo Cuba. 



Começa com pessoas andando na rua, um certo clima de modernidade e aceleração. O próprio diretor aparece nas primeiras cenas do filme. Enquanto isso nosso protagonista fala com a secretária dando instruções. 




Saindo do taxi, ele se encontra em uma reunião de negócios no Oak Bar. De longe, dois vigiam ele de longe. Eles chegam até ele e pedem para ele vir junto rendendo ele com uma arma. Ao ser sequestrado, ele pede para fazer uma ligação para sua esposa, eles chegam com o caro na propriedade de Lester Townsend. Eles chegam em uma casa e por lá se discute os preparativos do jantar. É dito para ele esperar na biblioteca. 




Ele diz que vai para o Inter Garden em NY. Ele é mantido sequestrado e finge estar bêbado para empurrar eles fora do carro. Aí ele tenta fugir, dirigindo sem muito controle da direção. 





Cena de perseguição bem feita, apesar de ser em estúdio. "Alguém chame a policia" mas ele já está na policia. Liga para a mãe e vai ter que passar a noite na delegacia. Intriga internacional gera punição a crimes leves. Depois de sobreviver a uma tentativa de assassinato, depois de dirigir bêbado, somos introduzidos para a pessoa que mais desconfia de Roger, sua mãe. Quando está no elevador junto com seus sequestradores, sua mãe não acredita que ele fala que está em perigo. 


Já o tal George Kaplan, o homem pelo qual a identidade de Roger é trocada não existe na vida real, era como se fosse uma hoax, uma farsa. A inteligência americana quer usar Roger para saber sobre os negócios de Philip Vandamm, e pedem para ele deixar de se encontrar com Eve Kendall, a moça loira que conheceu no trem e que é agente dupla.




Quando fazem acareação na residência dos Townsend, eles negam que ele havia sido sequestrado, e o Lester Townsend está dando um discurso nas Nações Unidas. Enquanto continuam insistindo na culpa do Roger. Somando os crimes, roubo de carro, invasão de propriedade, agressão ao policial. 




Cada crime é aumentado pela perspectiva de ter que se manter fazendo crimes para não ser pego pela polícia. Roger começa a ser procurado pelo assassino do diplomata na ONU por conta de uma percepção que ficaram dele como culpado, sua mãe liga para ele pedindo pra ele se entregar e ele explica que ele não teria chances, pois pensam que ele cometeu diversos crimes pesados agora. 




Ao conversar com o verdadeiro Lester Townsend, descobre que quem mora na casa que foi na primeira noite não eram os Townsend, pois sua mulher já tinha morrido há anos. Na hora que ele descobre isso, alguém do nada mata Townsend, como a faca ficou na mão de Roger, todos pensam que ele é o assassino. 



A invenção da identidade falsa de Kaplan para despistar, uma identidade pensada para enganar a polícia, mas depois ficamos sabendo que é um acordo geral. 



Entrou no trem twentieth century para fugir da polícia e acaba sendo salvo por uma moça loira chamada Eve Kendall.




Eve tinha escrito em um bilhete "O que eu faço com ele", e descobrimos depois ela trabalhava com Vandamm secretamente faz a ligação entre George Kaplan e Roger. 




Ao sair do trem, ele se disfarça com uniforme carregando sua bagagem, depois disso Eve dá instruções para Roger ir em uma parada de ônibus rural encontrar Kaplan. 




Na cena no campo aberto onde Eve mandou Roger se encontrar com Kaplan, vemos Roger sozinho, temos a sensação de que ele estava sendo perseguido por um avião, que aparece aos poucos através do som e depois comentam com ele que o avião estava fazendo pulverização em uma área que não precisava, enquanto saia junto com um ônibus que passou na hora. 



O avião bem perto do seu corpo e ele se abaixa, depois o avião passa de novo e ele se esconde mais uma vez na plantação. O avião pega fogo. Na volta, Roger realmente rouba um carro para fugir do local rural. 




Roger vai até o hotel para ver se conseguia encontrar com Kaplan, descobrindo assim que Eve havia mentido para ele sobre a identidade de Kaplan e sua própria, sendo ela uma das agentes atrás de Roger.  



No quarto, ele descobre que ela era espiã o tempo inteiro atrás dele. Ele a encontra em um leilão de joias, onde Vandamm, espião soviético está comprando uma estátua mexicana . Vendo que Eve andava com quem havia o sequestrado no início. Ele começa a dar lances menores nos quadros e acaba preso pela polícia de novo. 




Ele diz que ele não tinha nada a ver com o assassinato nas Nações Unidas. Fazendo ele decolar em um voo pra Dakota. O senhor Vandamm era um "importador" e "exportador". Sendo informado que George Kaplan não existe. Pedindo para Roger continuar fingindo ser ele. Olhando o monumento dos presidentes, Roger disse que Teddy Roosevelt parecia estar olhando pra ele.



Na cena na cafeteria, Vandamm e Roger conversam, e Roger pede a moça em troca das coordenadas que ele quer. Depois de pegar no braço de Eve, ela atira duas vezes em Roger e sai correndo. Mas era fingimento. Eles se encontram depois sozinhos na floresta e descobrimos que a cena anterior era uma farsa. 




Ela disse que conheceu Philip e se apaixonou por ele e começou a trabalhar com seus amigos de Washington. Dizendo que Eve iria partir com Vandamm. O colega ao lado dele faz um comentário sobre "ser melhor perder algumas guerras frias" fazendo referência ao clima da época. Ele faz de tudo para tentar voltar a ficar com Eve, que está obrigada a ficar com Vandamm, que parece representar a União Soviética na metáfora do filme. 




Roger vai até a casa de Vandamm e fica observando para tentar roubar ela de volta. Ao se envolver com Roger, que tem ligações com o governo dos Estados Unidos, Roger se envolve com a mulher de Vandamm. 




Ele conta para ela que Vandamm sabe que ela armou a situação de atirar nele e pede para ela não entrar em seu avião para ir embora. Ela consegue sair do avião e tenta fugir junto com Roger pela floresta. 




Eles se escondem no monumento da cabeça dos presidentes no Monte Rushmore na Dakota do Sul. Eles são encontrados, mas Roger consegue se livrar, mas Eve quase cai empurrada por um outro capanga de Vandamm. 




Eles conseguem fugir e a última cena do filme é um fundido encadeado deles fugindo no monte e daí eles já aparecem na mesma cabide do trem no trem se beijando e fim, acabou. 




Contexto da Produção e bastidores:




A parceria já consolidada com Bernard Herrmann é aclamada como uma dobradinha de técnica. Bernard Herrman também foi quem fez a trilha para Cidadão Kane (1941) de Orson Welles. Intriga Internacional foi o quinto projeto de Herrmann. De acordo com Jack Sulliar, os dois sendo no topo de suas carreiras quando fizeram esse filme em 1959. Sendo a quarta parceria entre Cary Grant e Hitchcock, sendo a coroação da fórmula da história do thriller do "homem errado". 


Hitchcock estava trabalhando nove anos antes de ter uma reunião com Lehman. Otis Guernsey teve a ideia inspirada em evento reais. Quando a inteligência britânica que obteve um corpo de um morto, inventou uma história ficcional de um funcionário que carregava papeis secretos durante a Segunda Guerra Mundial, para serem encontrados por ventura por oficiais alemães que quisessem saber de notícias da Inglaterra. 


O nome da falsa operação era Operation Mincemeat (Operação pedaço de carne), parte de uma operação militar maior chamada Operação Barclay, que obteve o corpo de Glyndwr Michael, um sem teto para forjar uma identidade do Capitão William Martin para disfarçar na Segunda Guerra criando frentes "falsas" para conseguir derrotar Hitler com aval de Winston Churchill e na época do até então General Dwight D. Eisenhower, futuro presidente dos Estados Unidos no período pós guerra. Além disso, a operação foi uma ideia do oficial Ian Fleming, o futuro criador do James Bond. 



Para entender essencialmente o problema do filme precisamos entender sobre a ironia dramática presente na filmagem do romance típico de Hitchcock. Ver o filme através de uma perspectiva geral, é nítida uma certa objetividade geral de preconceitos apriorísticos que a audiência popular e mediana vai entender de maneira diferente do fã do gênero ou da pessoa mais impactada pelo conjunto da obra. Sendo essa uma típica diferente do filme para o audiovisual como um todo. 


Pensando em termos de storytelling, percebemos o grande impacto na recepção da audiência. Quando se segura muita informação por muito tempo, a audiência começa a ficar ansiosa por alguma forma de resolução ou motivação. Um dos maiores efeitos de North By Northwest em termos de suspense é a contínua introdução de novas informações para a audiência especializada.  


Além de técnicas de montagem que utilizavam de formas comuns aos filmes como seus 39 Steps (1935), ou The Man Who knew Too Much (1956), que apresenta uma história também baseada na mesma premissa "o homem errado". O efeito formal do filme pensado também como parte do audiovisual como um todo, com música possuindo um efeito intuitivo muito grande na sensação e na recepção da obra de Hitchcock. Alguns autores ainda insistem que música é uma das principais construções narrativas nos filmes do diretor. 



Segundo John P. Frayne, sobre Intriga Internacional, ele menciona o sistema de produção fílmica conhecido que Hollywood existe para fazer dinheiro e são produzidos para fazer dinheiro. O que acabou com cineastas mais polêmicos e arrojados como Erich Von Stroheim e Orson Welles. Já Hitchcock com sua popularidade conseguiu sobreviver a isso. Críticos mais famosos de cinema, como Robin Wood o tratam com a referência correspondente na literatura de um Shakespeare.


Segundo o livro de Nicholas Haeffner sobre o Hitchcock, Intriga Internacional possui certa familiaridade com a obra do autor como marca. Se pensarmos sobre o personagem de Cary Grant, sua existência é vazia, como quando perguntado para ele sobre o que significava o O, ele respondeu nada. O 'O' não significar nada podendo ser uma piada para quem busca significado profundo em tudo. 


Outros tratam Hitchcock como também que dominavam a técnica, mas manipulava a audiência com temas superficiais. Críticos como Pauline Kael que consideram um sinal de cinismo o seu tratamento. Ou seja, existem vários ângulos de análises. Hitchcock ilustra a diferente entre a surpresa e o suspense da seguinte maneira: dois homens estão sentada em uma mesa discutindo baseball. Depois de certo tempo, digamos 5 minutos, uma bomba é colocada debaixo da mesa e é detonada. Os homens dentro da narrativa ficam surpresos, pois não viram a bomba sendo colocada lá. Esse é o efeito Hitchcock nas pessoas. 


Disponível no HBO Max.





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