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O Dia Que Durou 21 Anos (2012): Documentário explora a influência dos Estados Unidos no golpe militar de 1964 no Brasil




O Dia que Durou 21 Anos (The Day That Lasted 21 Years) é um documentário brasileiro de 2012, dirigido pelo Camilo Tavares, que mostra a influência dos Estados Unidos em aliança com os militares brasileiros e membros de órgãos e instituições civis em planejar o golpe militar de 1964, documentos que até então estavam guardados na CIA, e que revelaram uma atuação direta do governo americano na retirada do presidente eleito João Goulart. O filme ganhou três prêmios internacionais em festivais de cinema, dois nos Estados Unidos, e outro na França. Essa semana o golpe militar completa 59 anos e a TV Brasil vai fazer uma série de debates e exibições de filmes sobre o período da ditadura. 


Assista ao filme clicando aqui


A ideia de que o Brasil poderia ser uma próxima Cuba e que isso faria os Estados Unidos perder a guerra-fria era um dos componentes que fomentou a vontade dos americanos de interferir para ajudar a ala da direita nacional e torno de um projeto pró ocidente capitalista. Achavam que João Goulart levaria o Brasil ao comunismo (uma verdadeira piada), mas era a justificativa para a tomada brutal de poder. O nome da operação era "brother sam" (irmão sam) em referência aos Estados Unidos que se vendia dessa forma. 

A "Aliança para o Progresso" era uma união de países como o Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Venezuela, Peru, Colômbia, Costa Rica. Países latinos viviam certo sentido de positividade, Kennedy fez uma na Venezuela em 1961 junto com sua mulher, o governo de Rómulo Betancourt social democrata tinha grande apoio do seu país. Mas Brizola não gostava, e achava apenas uma forma de intervencionismo americano. Essa é a grande contradição. Essa agência distribuía leite em pó, por exemplo. 

Também aborda a questão do campo e da cidade, e a massa rural que começava a fazer em forma de ocupação de terras e havia uma grande paranoia em relação da possibilidade de reforma agrária. O comício das reformas de base ocorreu dia 13 de março, ocorridos em março foi considerado "provocação" pela ala reacionária do exército e restava nos relatórios dos americanos já no dia 14 de março. O medo era do Brasil estar "do lado dos comunistas". Em resposta, teve a "marcha da família com deus pela liberdade" uma marcha de mulheres apoiadoras de Carlos Lacerda. 


Utilizando  de algumas fontes novas, como René Dreifuss, e a ideia da "ditadura civil militar", e que também foram usados documentos novos liberados pela CIA, esse documentário de 2012 fornece provas sobre a manipulação ideológica em torno de organismos de pesquisa como IPES e IBAD para fortalecimento do conservadorismo que daria o tom durante 21 anos de ditadura militar. A TV Brasil esse ano vai fazer uma série de debates e vai exibir alguns filmes sobre o período, entre eles, esse "O Dia que durou 21 anos". 


Os estudos feitos pelos órgãos do IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), e do IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), como responsáveis pelo lado da propaganda anti comunista para a população aceitar o golpe militar. Eram feitos veiculados em empresas, no interior, em pracinhas para as pessoas assistirem e assimilarem a paranoia anti comunista. 


Lyndon B. Johnson, que tomou posse em 1963, recebeu informações sobre a tomada de poder dia 31 de março na sua fazenda no Texas, antes do fatídico 1 de abril que instaurou oficialmente 21 anos de apagão das eleições diretas e democráticas. Estavam acompanhando o embaixador dos Estados Unidos na época o sub secretário e assistente George Ball, e o secretário assistente para assuntos da América Latina, Thomas C. Mann. A reunião mostra a intenção de retirar o governo de João Goulart (do PTB antigo da época). O engraçado é que esses dois presidentes considerados democráticos para a história americana, sejam verdadeiros algozes ao pensar em termos de influência na política externa brasileira. 


Na época, Lincoln Gordon era o embaixador, tinha escrito textos sobre o Brasil e tinha sido membro da CIA também, e tinha como seu auxiliar, o Coronel Vernon A Walters no Rio de Janeiro se mantinham em contato direto com o presidente da época Lyndon B. Johnson. Em 01 de Abril de 1964 o regime democrático foi abolido em lugar de uma intervenção militar (e também civil) que retirou as eleições diretas em 21 anos e que instituiu o bipartidarismo forçado, acabando com uma série de partidos políticos da época. Além das diversas violações de direitos humanos e sociais e no Estado democrático de direito. 


Além dos militares, haviam setores da elite civil interessados nos mecanismos de controle e monopólio que a ligação entre o Brasil e os Estados Unidos poderia oferecer. É claro que os Estados Unidos estava interessado em manter uma relação de parceria onde o Brasil ficasse restrito a um tipo de exportação apenas, a de matéria-prima e commodities diversas. 


João Goulart que era até mesmo um quadro meio social democrata, que havia anos antes quase não conseguido assumir por uma tentativa de golpe que foi contida em 1962 peça ação essencialmente do governador da época do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola com a campanha da legalidade


O medo dos EUA era uma outra Cuba, maior e mais poderosa, muito mais do que isso, o medo era de uma outra China. Havia corrido que Brizola havia nacionalizado já duas companhias como governador. A derrota foi a derrota do presidencialismo mudando para o parlamentarismo, isso fez o país ficar na mão dos setores elizados do congresso nacional, o que Brizola já vaia previsto. 

O doc se apresenta como uma boa fonte para estudantes em tempos de vestibular em torno das origens do golpe militar, como também fala sobre uma frota naval americana que estaria pronta para auxiliar em caso de resistência civil. Também podemos ouvir um áudio onde ouvimos tanto John F. Kennedy e Lyndon B. Johnson apoiando a possibilidade de mudança de regime. 



Depois do longo exílio de Jango (João Goulart) parte no Uruguai, quanto na Argentina, terminando sua vida em um ataque cardíaco em 1976. Décadas depois, as evidências sugerem que ele teria sido envenenado secretamente pela polícia. Apesar de informações dadas serem simples, servem como importantes evidências sobre a história do Brasil em geral. 



A TV Brasil vai fazer uma série de exibições de filmes sobre a temática da ditadura, algo que faltou nos últimos anos na nossa TV pública. Na semana que o golpe militar completa 59 anos.


Nessa Segunda (27/03): "O dia que durou 21 anos"


Tema: memória, verdade e versões 


Sinopse: Documentário sobre a participação do governo dos Estados Unidos na preparação do golpe de Estado de 1964, no Brasil. O filme tem como ponto de partida a crise provocada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, e prossegue até o ano de 1969, com o sequestro do então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, por grupos armados.


Terça (28/03): Tempo de Resistência


Tema: militares e guerrilheiros 


Sinopse: Uma análise profunda da luta guerrilheira contra a Ditadura Militar nos anos 1960 e início dos 1970, a partir dos pontos de vistas de seus integrantes na época. Acompanha-se o nascimento de diversos movimentos contra o governo, suas facções e divisões internas, até o contra-ataque da direita e a perseguição aos movimentos de oposição.  


Quarta (29/03): Torre das Donzelas 


Tema: o direito de resistir e a cultura 


Sinopse: Quarenta anos após serem presas durante a Ditadura Militar na Torre das Donzelas, como era chamada a penitenciária feminina, ao lado da ex-presidente da República Dilma Roussef, um grupo de mulheres revisita a sua história em relatos carregados de emoção.


Quinta (30/03): Batismo de Sangue 


Tema: o papel da religião nas lutas por direitos 


Debatedores: Frei Betto e Pastor Ariovaldo


Sinopse: São Paulo, fim dos anos 60. O convento dos frades dominicanos torna-se uma trincheira de resistência à Ditadura Militar que governa o Brasil. Movidos por ideais cristãos, os freis Tito, Beto, Oswaldo, Fernando e Ivo passam a apoiar o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella. Eles logo passam a ser vigiados pela polícia e posteriormente são presos, passando por terríveis torturas.


Sexta (31/03): A flecha e a farda 


Tema: Amazônia ontem e hoje 


Sinopse: Conheça a história da Guarda Rural Indígena, um grupo fundado e treinado pela ditadura brasileira. Em 1970, 80 indígenas marcharam fardados para a cúpula dos militares. Cinquenta anos depois, o filme busca essas pessoas para conhecer suas histórias e suas memórias. 


Sábado (01/04): Missão 115 


Tema: "Bolsonarismo e 8 de Janeiro"


Sinopse: Em 1981 os brasileiros negociavam uma abertura política, para encerrar uma ditadura que havia começado no golpe civil-militar de 1964. Um grupo de membros dos serviços de segurança, temerosos de que a democracia ameaçasse seus empregos e privilégios, partiu para o terrorismo. Em pouco mais de um ano, cometeram mais de 40 atentados com explosivos. O mais célebre foi durante um show musical pelo Primeiro de Maio de 1981, quando explodiu no colo de um sargento do Exército uma bomba que era destinada ao palco onde artistas se apresentavam para 18 mil pessoas, conhecido como Atentado do Riocentro. 


Domingo (02/04): Orestes 


Tema: sistema de justiça e direitos humanos 


Sinopse: Usando mito grego de Orestes, que define o momento de instauração da democracia no ocidente, é feita uma reconstituição da abertura política no Brasil do final da década de 1970. Como Ésquilo, o personagem central daquela trama, se sairia se sua situação fosse transportada para o fim da Ditadura Militar?

 

Assista o filme aqui:





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