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Duelo de Titãs (Last Train from Gun Hill, 1959): Um confronto épico entre Kirk Douglas e Anthony Quinn sobre a questão indígena em clássico do faroeste de John Sturges





Dois velhos amigos, Matt Morgan (Douglas) e Craig Belden (Quinn), agora se encontram em lados opostos da lei. Belden, um rico barão do gado, é o governante de fato da cidade de Gun Hill. Morgan é um xerife que vive em outra cidade com sua esposa que é indígena (Ziva Rodann) e seu filho pequeno, Petey.


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Esse é mais um faroeste contraditório e extremamente difícil de analisar. Isso porque ele já começa com uma cena de extrema violência baseada em puro preconceito. Eu odeio cenas de estupro no cinema. Isso porque acredito que o cinema deve dar potência e essa situação é desesperadora demais, principalmente nesse filme. 


Então, de cara temos um faroeste de vingança. O problema é que o crime é de tal maneira brutal, que desmotiva o espectador na busca da resolução. Mas eis que somos jogados na questão que deixa tudo mais complexo. 


Um dos caras que cometeram a atrocidade, é filho de um importante fazendeiro local, que está disposto a fazer de tudo para proteger seu filho. Esse esquema é muito parecido com vários faroestes spaghetti, tendo inclusive um faroeste posterior chamado "Adios, Gringo" com a mesma temática, mas que veio depois. 



Sendo o mais sucinto, o filme vai explorar assim a investigação do personagem de Douglas em momentos de muita tensão e suspense. A sua atuação, assim como a do fazendeiro seu antagonista, são perfeitas. Sentimos o drama e a tensão de dois titãs que disputam, cada um por seu ponto de vista. Mas como o crime inicial é muito grave, não dá para ver o outro lado da trama.


A sequência final, o fogo, as armas e o trem... é tudo perfeito. Um perfeito clima e ambientação, marcando um clima tenso em seu encerramento. Entretanto, de maneira geral o filme é bem simples, sem maiores emoções. É muito mais uma proposta onde tenta usar o poder do cinema de convencer através de situações emocionais. A fotografia do filme é quente, vibrante, realmente muito vibrante e bonita.



As atuações são muito boas, principalmente de Anthony Quinn, mas o roteiro gira muito para pouco entregar e com pouquíssimos elementos históricos para um faroeste. Esse é sempre um elemento que bota os faroestes para baixo. Tudo é apenas pessoal e pura vingança. 


A questão da esposa indígena de Douglas é o mais próximo que chegamos de uma questão histórica, uma vez que mostra como a cultura ocidental foi construída em cima da banalização da violência contra os índios. Mas isso não é contextualizado, fica só como um elemento de fundo.


Todo esse trama trás um certo "clima pesado" que faz o filme ser um pouco menor que muitos faroestes similares da mesma época. É um clássico, com certeza, mas por isso possui muitos vícios de época que não me agradam tanto.


O filme peca também por ser muito similar a Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the O.K. Corral, 1957), sendo inclusive do mesmo diretor, John Sturges, e estrelado pelo mesmo Kirk Douglas. Só que enquanto aquele filme era histórico, esse filme já nem tanto, parece uma forma de aproveitar a repercussão do filme anterior para fazer um filme parecido, só que com menos impacto. 


Recomendo? Claro, mas não é um filme totalmente essencial e os mais sensíveis podem não curtir. Mas o trabalho de atuação dá uma carga dramática ao filme que vale a pena ser conferida, assim como a direção de Sturges que é sempre boa e com toque bem clássico. 



Curiosidades


O filme foi filmado dentro e ao redor do Old Tucson Studios fora de Tucson, Arizona, Sonoita, Arizona, bem como no Paramount Studios e seu lote em Los Angeles, Califórnia, mesmo lugar onde foi filmado o seriado Chaparral.


Assista aqui:


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