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Westworld - "Metanoia" (4x07): O melhor episódio da temporada até agora ou #SomosTodosWilliam





Bernard e Maeve viajam para Hoover Dam para abrir a porta do Sublime, que Charlotte manteve preservado no cofre de dados da represa. Christina vai com Teddy para a Olympiad Entertainment e faz seus funcionários destruírem as instalações e apagarem todas as histórias que controlam os humanos. Stubbs e Frankie usam a distração para resgatar Caleb. Charlotte se prepara para interromper a habitação dos anfitriões das cidades humanas para que eles possam "transcender" seus corpos humanos (se matar). William convence seu eu hospedeiro de que os humanos são uma espécie fundamentalmente destrutiva; o anfitrião William percebe seu verdadeiro propósito.



Westworld 4° temporada está disponível no HBO Max


Veja aqui a análise do último episódio, "Fidelity" (4x06)


Crítica do episódio


Após uma série de episódios péssimos, finalmente tivemos um episódio bom! Uma pena que a série tenha que ter perdido quase toda a audiência, gerado briga entre os fãs e afastado qualquer cinéfilo para só então finalmente entregar qualquer coisa. Vou tentar comentar pouco o episódio pois quase todo ele merece ser assistido sem spoilers para não estragar. 


O título entrega bastante do que aconteceu aqui. Metanoia (do verbo grego antigo μετανοεῖν, translit. metanoein: μετά, metá, 'além', 'depois'; νοῦς, nous, 'pensamento', 'intelecto'), no seu sentido original, significa mudar o próprio pensamento. Metanoein, no contexto das discussões teológicas foi traduzido como "arrepender-se". Pode-se compreendê-lo melhor à luz da noção de conversão, uma transformação completa do pensamento. 



Carl Jung utiliza o termo, na sua concepção do processo de individuação, para designar uma transformação da psique por uma espécie de cura iniciada por forças inconscientes. Trata-se de uma transformação completa da pessoa, tal como a transformação que ocorre no interior de uma crisálida: um processo de reforma da psique, uma forma de auto cura frequentemente associada à crise da meia-idade e a surtos psicóticos. Ao surto, seguir-se-ia uma reconstrução psicológica positiva ou "cura". Assim, a metanoia seria um processo potencialmente produtivo. Por essa razão, episódios psicóticos dos pacientes não deveriam ser necessariamente impedidos e que bom que a série finalmente entendeu isso.



Começando por Bernard e Maeve. Os diálogos dos dois foram realmente bons, ao estilo de dois episódios atrás, quando tivemos um diálogo parecido de William com Charlotte. Uma pena que a dinâmica dos dois tenha sido explorada apenas quando já está quase no fim. 


Outro detalhe: sabe tudo que vimos no último episódio sobre Caleb? Foi realmente emocionante e tocante ver a morte do personagem e sua conversão em um robô. Entretanto, nesse episódio isso já parece que nem aconteceu, sendo todo aquele clima de morte apenas um efeito para chamar a atenção ou de fato Caleb morreu e agora virou um clone? Ficou confuso e nem tentaram explicar pois ia piorar, parecendo que a equipe desse episódio escolheu apenas ignorar total. 



E falando em morte, quem lembra que na análise do episódio 4x04, Generation Loss, eu afirmei que a série parecia estar estimulando o suicídio, algo perigoso já que existem pessoas mais sensíveis na audiência? Então, eu estava certo: Nesse episódio Christina/Dolores tenta se matar, cansada de sua própria rotina, mas não consegue (ou conseguiu e não percebemos?). Não era viagem, apenas uma boa percepção do clima da série, sendo esse inclusive o plano de Charlotte para "transcender" a todos os robôs: fazer todos se matarem. Valeu HBO. 



Outra coisa legal é que finalmente vimos o reencontro de Frankie com seu pai Caleb, o qual ela não via deste o primeiro episódio. Uma pena que não tenha tido tempo para elaborar o plot melhor, soando meio esquizofrênico ele ser pai de uma menininha no início da temporada e agora sua filha já ser uma adulta, com a atriz tendo praticamente a mesma idade de Aaron Paul. Parece aquelas brincadeiras de criança onde um interpreta o pai e outro o filho mas ambas as crianças tem a mesma idade. 



E outra coisa, tem algo errado nessa linha do tempo. Se Frankie e Bernard estavam no futuro, como eles conseguiram voltar ao passado até reencontrar seu pai, com ele tendo a mesma idade? É por que ele é um robô agora? Talvez, mas ficou confuso pacas. Não tem como essa "viagem do tempo"  encaixar. 



A cena de William conversando consigo mesmo também foi boa. Pareceu uma metáfora psicológica do diálogo entre o id, o  ego e o superego, fazendo ele finalmente tomar uma decisão, que os verdadeiros fãs da série e que estavam odiando a temporada agradecem.



Porém, o ouro do episódio finalmente veio no confronto final de Maeve com Charlotte. Aqui vai rolar spoiler hein. Simplesmente quem não estava torcendo para a Maeve dar uns sopapos nela? E foi uma luta realmente interessante, com boa coreografia e efeitos bem legais. Mas na medida que ambas possuem um projeto para Westworld, adianta torcer para alguma? Por isso eu estou 100% com William, confirmando o motivo dele ser meu personagem favorito da série desde o início. 



Ele simplesmente chegou e deu um tiro nas duas, acabando com a luta. E vamos combinar, já estava na hora mesmo. Estava um saco esse plot de Charlotte, um saquinho total, se perdendo de vez na cena do robô tocando piano até seus dedos sangrarem, cena super duvidosa da temporada mas que mostrar o caráter fascista da personagem. 


Depois de dar um tiro na cabeça das duas, toda a cidade vai a loucura, com os robôs simplesmente começando a se matar nas ruas. Confesso que quando começou tudo a ruir, comemorei como nunca comemorei nada em um episódio de Westworld, provando que a série ainda consegue entregar alguma coisa e pode não terminar como uma decepção total. Era muito chato ver uma série que começou tão bem ir para o ralo para agradar fãs que nem ligam muito para a série, assistiriam qualquer coisa com a mesma estética e nem viram primeira temporada. Sim, se você viu a primeira temporada não tem como gostar da quarta, não adianta mentir.


E é isso. Finalmente um episódio bom, pena que tarde, sendo difícil trazer de volta aqueles que desistiram da série (muitos, diga-se de passagem), e fazendo os fãs e espectadores brigarem entre si sem motivo aparente (como na rebelião das máquinas desse episódio). 


Para mim, depois de tudo, só se comportando como William e explodindo tudo ao som de "The Man Who Sold the World", de David Bowie, enquanto caminha com seu chapéu preto, observando tudo ruir. Sério, nenhuma que tenha me agradado mais da série até agora do que essa, pois há muito tempo já estou torcendo para todo o universo da série ser mandado para o espaço.


Uma pena que para isso tenha enrolado os fãs por 4 episódios consecutivos, sem contar a terceira temporada. Eu não critiquei a série por ser hater. Eu comecei a analisar a temporada com neutralidade e seriedade, dando toda a chance possível. Conseguimos acertar muito dos plots da temporada, principalmente nesse episódio. Mas como já havia falando, as pessoas hoje em dia acreditam que você não pode criticar o que elas gostam, apenas concordar com todo enlatado que te mandam goela abaixo. Críticas são para que se melhore o conteúdo, se você não consegue entender isso, sinto muito.


Eu apenas sempre vou dizer a verdade: se estiver ruim, eu vou falar que está ruim, zoar e brincar. Se estiver bom, vou elogiar.



E agora? Como William me contento com o gostinho de ver toda a estrutura fajuta da série ir para o espaço, ficando com zero pena da destruição total. Agora só resta esperar o último episódio e torcer para engatar mais plots e que as pontas soltas sejam respondidas. 





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