Pular para o conteúdo principal

Better Call Saul - "Plan and Execution" (6x07): Análise e curiosidades do sétimo episódio da sexta e última temporada




No dia da audiência do acordo de Sandpiper, Jimmy e Kim lutam para reencenar suas fotos com o juiz Rand Casimiro em uma tipoia. Eles filmam as novas fotos perto do campus da Universidade do Novo México, com a equipe de filmagem de Jimmy e o ator interpretando Casimiro, encenando uma cena mostrando Jimmy entregando um envelope para Casimiro. Eles desenvolvem a trama e amarram as fotos com a droga que dilata a pupila que eles adquiriram do Dr. Caldera. Jimmy entrega um envelope contendo as fotos para o detetive particular de Howard Hamlin, que é revelado ter trabalhado para Jimmy o tempo todo. Episódio escrito e dirigido por Thomas Schnauz, um escritor veterano em Better Call Saul, Breaking Bad e Arquivo X.


Veja aqui a análise do episódio 6x06

Análise, crítica e explicação do episódio


Primeiro comentário que preciso tecer sobre essa sequência, é que no momento que Jimmy vai procurar o diretor de sua equipe de filmagem, ele está dando uma aula na universidade de audiovisual. Porém, ele está sendo extremamente babaca com os alunos, afirmando que existem câmeras para serem utilizadas pelos professores e câmeras mais fracas para os alunos usarem. 



Assim, basicamente parece que a qualidade está associada ao acesso. Me imaginar nessa situação não foi difícil, pois na época que cursei a graduação em Estudos de Mídia, tive que cursar a obrigatória de Introdução ao Audiovisual, onde era tarefa a feitura de um curta. Apesar de todos os alunos supostamente terem acesso a câmeras do curso, a mim foi negado e dado uma série de desculpas. No final, eu fiz o meu curta com meu celular e acabei passando.


Essa cena talvez revela o lado obscuro sobre Saul: o que representaria seus métodos e estilo dentro da faculdade, das práticas científicas. Apesar disso, é bem divertido ver eles refazendo a cena. Há uma pequena brecha de Kim dirigindo a cena, o que é bem engraçado já que a Rhea Seehorn dirigiu o episódio 4 da temporada. 




Howard se encontra com seu investigador particular, que lhe deu fotos de Saul supostamente negociando com o juiz do caso. Howard combina com um conjunto anterior de fotos mostrando Jimmy fazendo uma transação de US $ 20.000 em dinheiro. Ao tocar nas fotos, Howard absorve a droga em seu corpo e logo começa a sentir sua temperatura corporal subindo.



Na reunião, Howard fica chocado ao ver o verdadeiro Casimiro como o mediador, reconhecendo-o das fotos de Jimmy. Ele interrompe a reunião para acusar Casimiro de aceitar subornos de Jimmy, confundindo todos na sala. Howard pede para ver as fotos que foi mostrada, mas recebe fotos totalmente diferentes mostrando Jimmy encontrando outro homem, desacreditando ainda mais Howard. O problema da brincadeira, é que ela é meio moralista.



Cliff, notando as pupilas dilatadas de Howard e o modo errático de sua fala, o castiga pelo seu comportamento e o acusa de estar embriagado.

 


Howard percebe que foi enganado para contratar um falso investigador e faz uma tentativa fútil de convencer Cliff do esquema de Jimmy. A reunião termina prematuramente e Casimiro deixa o escritório. Cliff informa Howard que a Schweikart & Cokely fizeram uma oferta sobre o acordo que diminuirá em US $ 1 milhão por dia e eles não têm escolha a não ser aceitar.



Enquanto isso, o episódio começou com Lalo saindo de um bueiro. Ele passa vários dias monitorando a roupa de Gus do esgoto, e faz uma gravação de vídeo para mais tarde dar ao cartel. 


Ele faz uma ligação para Hector Salamanca, com a intenção de entrar na lavanderia naquela noite, mas percebe que a linha está provavelmente grampeada e decide dizer ao seu tio que ele não encontrou nenhuma prova para incriminar Gus e, em vez disso, atacará Gus naquela noite, ao que tio responder batendo a sineta freneticamente. 



Mike, avisa Gus e afirma que ele vai redirecionar sua equipe de segurança para longe de alvos de menor prioridade para a casa de Gus. Lalo percebe uma barata passar pelos túneis de esgoto e tem uma ideia. 



Jimmy e Kim estavam agarradinhos vendo filme em seu apartamento quando Howard chega. Ele exige saber por que os dois se esforçaram tanto para humilhá-lo e conclui que são sociopatas que gostam de perseguir pessoas independentemente das consequências, comparando-os a Leopold e Loeb. 


"Leopold e Loeb", foram dois estudantes da Universidade de Chicago que mataram Bobby Franks, de 14 anos de idade, em 1924, e foram sentenciados à prisão perpétua. Eles afirmaram ter matado o garoto apenas pela vontade de cometer um crime perfeito. Quando presos, os dois contrataram Clarence Darrow para ser seu advogado de defesa.


Enquanto Howard promete levar Jimmy e Kim à justiça, Lalo inesperadamente invade o apartamento. Howard não percebe o perigo e não sai do lugar, apesar de Kim pedir para ele partir. Talvez pela frustração, talvez por estar chapado, Howard confronta Lalo, que saca uma pistola silenciada e o mata com um tiro na cabeça. Ele então diz a Jimmy e Kim, horrorizados, para se acalmarem e diz: "Ok, vamos conversar".



Um episódio eletrizante e contraditório. Eu gosto de episódios impactantes como esse, pois considero que séries de tv devem ser mais dramáticas do que filmes. Morrer numa série é legal, basta lembrar de Game of Thrones ou Walter White. O cara fechou com os nazi, mas como ele morreu no final de Breaking Bad, até hoje tem doido para defender ele e dizer que se inspira nele. Entretanto, entendo que esse tipo de episódio pode chocar alguns, principalmente pessoas mais sensíveis. 


Apesar de achar que Saul e Kim foram longe demais, pois eu acredito que nunca iria tão longe para desmoralizar um inimigo meu, eu não consigo sentir pena de Howard. Isso porque eu assisti as temporadas anteriores. Ele era um coxinha, moralista, maldito. Ele sempre foi extremamente moralista com Jimmy. Ele fez Jimmy ser demitido do escritório do próprio irmão e ficar desempregado, na merda. E se você ai do outro lado for conservador de verdade, sabe que não se tira o emprego de alguem. 




Ele merecia todas as sacanagens do mundo de Jimmy, pois ele sacaneou Jimmy. Ele perseguiu Jimmy e sempre teve a escolha de se tirar o corpo fora. Mas não, depois de desafio de boxe (cena que agora parece ainda mais ridícula e inadequada), lá estava ele invadindo a vida de Kim e Jimmy, com um postura revoltada e ameaçadora, quando ele deveria apenas aceitar que perdeu. Ir para casa, chorar e voltar ao trabalho. Ele ainda poderia ficar quieto ou tentar ir embora, mas ainda preferiu de maneira louca confrontar Lalo.


Tudo bem ele não merecia, mas se você estava torcendo para Howard, fica esperto, talvez você seja um babaca. 


Entretanto, para mim o foco do episódio não é esse exatamente, mas sim encarar como um todo. 


Partindo desde a cena de Lalo no esgoto, a cena da faculdade e a aula de audiovisual e eles refazendo cena, até a morte de Howard; todo o episódio entregou sentimentalmente mais do que qualquer outro da temporada qual será o clima do fim de Better Call Saul. 



Obviamente, a série construiu nesse episódio que tanto trabalho não compensa. Kim usam todas as suas forças para fabricar mentiras e fakes, quando poderiam usar todo esse talento empregando para criar algo. É complicado, pois nossa sociedade parece admirar mais quem apenas se posiciona contra algo do que quem cria alguma coisa. Mas perder tanto tempo de vida e talento para difamar alguém e fabricar uma fake news é ridículo. Mas em sentido de linguagem, é bem legal, é quase como se eles estivessem discutindo como terminar a série, debatendo-a na essência de sua feitura.


Saul e Kim poderiam apenas tocar a vida deles e serem felizes, mas eles são de certa forma viciados em ferrar e salvar pessoas. Dá um sensação de poder. Kim por ter uma mãe relapsa, como mostrado no episódio anterior, e sentir que para se empoderar como mulher, precisa ter poder e provar um ponto, e Jimmy por ter sido office boy e completamente humilhado ao longo da vida e da série. Mas o que eles não percebem, é que ao se encontrarem eles meio que já superaram tudo. Falta romance entre os dois para além de se opor as coisas. 


Agora, é tarde demais. Mesmo que consigam sobreviver e não serem presos, vão para sempre ser atormentados pelo fantasma de Howard. Já Lalo, não consigo vislumbrar ainda o que ele tem em mente, já que Gus será morto por Walter White e ele já teve a oportunidade para matar Saul e Kim. Talvez, utilizar eles como moeda de troca. Agora, o final da série foi iniciado e qualquer coisa pode acontecer. Mas esse episódio foi eletrizante. 


Lembrando que agora a série entre em um intervalo e volta daqui há alguns meses. Até lá.


História por trás do episódio, bastidores e produção 


"Plano e Execução" foi escrito e dirigido por Thomas Schnauz, um escritor veterano em Better Call Saul e Breaking Bad. O episódio apresenta a morte do personagem de longa data Howard Hamlin, interpretado por Patrick Fabian, um regular desde a primeira temporada. 










Fabian afirmou que recebeu a notícia da morte de seu personagem antes da produção da sexta temporada, observando que os roteiristas caracterizaram o momento como "uma dobradiça que balança o resto da temporada iniciada". 


Schnauz conta que: "parecia que algo horrível tinha que acontecer como resultado do golpe. Não poderia ser perfeito para Jimmy e Kim. (...) e quanto mais pensávamos sobre os dois mundos colidindo, sabíamos que Lalo fazendo algo muito ruim com Howard Hamlin parecia quase inevitável." 



Rhea Seehorn, que interpreta Kim, disse que a morte de Howard foi "a personificação do que Kim e Jimmy têm fingido que não é verdade durante toda a temporada – que não há consequências para suas ações".







Comentários

Em Alta no Momento:

Os Desajustados (The Misfits, 1961): Um faroeste com Marilyn Monroe e Clark Gable sobre imperfeição da obra do artista e o fim fantasmagórico da Era de Ouro do Cinema Americano

Rastros de Ódio (The Searchers, 1956): Clássico de John Ford é o maior faroeste de todos os tempos e eu posso provar

Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989): Filme suavizou livro de Stephen King mas é a melhor adaptação da obra até hoje. Confira as diferenças do livro para o filme

"1883" (2021): Análise e curiosidades da série histórica de western da Paramount



Curta nossa página: