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Buffy - A Caça Vampiros (1997): A representação e a importância da maior heroína das séries de todos os tempos

 

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A série Buffy: The Vampire Slayer é ambientada na cidade fictícia de Sunnydale, que fica na fissura entre e terra e o inferno, entre demônios, vampiros e bruxas que existem há séculos e disputam esse mundo e outras dimensões,  um clássico moderno, considerada um tipo "fantasia urbana" que foi expandida para um universo de quadrinhos. Buffy é interpretada  por Sarah Michelle Gellar, diva teen dos anos 1990, e que fez filmes como Scooby Doo, Scream 2 e Southland Tales, contando com um elenco de peso, de atores que ficaram famosos através da própria série. Geralmente subestimada, a série tem sido revalorizada por demonstrar temáticas avançadas para sua época 



Primeiro de tudo, vamos esquecer Buffy Anne Summers, esse artigo será como o incrível Jonathan Levinson, o verdadeiro protagonista da série. Acontece que em um dos episódios, esse colega quase extra da série enfeitiça todo mundo a pensar que ele é o protagonista da série. É muito engraçado. Um dos clássicos episódios de Buffy. 


A série foi criada pelo polêmico, porém genial Joss Wheadon, que está agora "cancelado", o criador da série se diz não feminista, mas também não sexista. faz parte de um mundo pensado primeiro em filme de 1992, onde Buffy era interpretada pela atriz Kristy Swanson, em um filme onde  a saga começa retratando mais um lado mais "popular" suave da ideia inicial.  Buffy é uma garota normal e bonita, a típica "loira" que em qualquer outro filme seria apenas uma morta. Apesar disso, a série recorre ao estilo trope de representação femme fatale, só que ao avesso. Seu impacto  visual como série iniciada em 1997 foi enorme, virou uma referência de cultura pop. Muito antes do "lute como uma garota" virar moda. 


Quando alguém utiliza do sobrenatural normalmente para demonstrar por metáforas coisas que poderiam ser censuradas sem o elemento sobrenatural. É como o filme The Birds de Hitchcock. Tirando o elemento dos pássaros, o filme é sobre romance e repressão sexual. Percy Shelley escreveu anonimamente um prefácio sobre o livro de sua mulher Mary Shelley., o clássico Frankenstein, Ele dizia que os pais tentam manter as crianças fora de "novelreading" leitura do gênero de romances, mais ou menos como pais que censuram televisão, hoje em dia. O que explica os elementos de horror que vieram para salvar a censura das "novels". 


A forma de arte e da estética de Buffy também foi descrita pela professora de computadores que era também cigana, e tinha prometido vingança ao Angelus, por ele ter destruído sua aldeia. Ela quem fala sobre o termo "tecnopagão". A Jenny que era uma professora da escola também, foi namorada de Giles e uma das melhores personagens do primeiro arco. Ela que começa a interagir os campos da computação com da magia, sendo o oposto de Giles que tem horror aos computadores e adora os livros. 


Foi triste quando ela morreu. Giles também foi um personagem que mudou, na época era bibliotecário da escola e foi demitido pelo diretor por adquirir e catalogar livros de bruxaria que estariam fora das ementas. Depois disso ele vira antiquário de itens de magia. 


Não levava muito jeito para vendedor já que ficava lendo o dia inteiro, então ele contratou a demônia Anya, namorada de Xander que entende tudo de dinheiro e magia para trabalhar na loja, pois ela era a única que conseguia lidar com o negócio. Com o tempo, vemos que o negócio da loja de magia é muito mais de Anya do que de Giles. 



As temáticas eram mais sobre autoconhecimento na vida adolescente, e o começo da saga da super heroína que nesse filme era tipo líder de torcida. Na série houve alguns episódios iniciais onde Buffy tenta ser líder de torcida, mas era algo mais para competir com Cordelia Chase, sua amiga depois que vai se juntar ao antigo namorado de Buffy para abrir um agência de mistérios em Los Angeles no spin off Angel, Cordelia também namora escondido Xander por um tempo, e ao mesmo tempo rival inicial de Buffy, sendo um personagem que mudou bastante ao longo dos anos, passando de uma patricinha para ser assistente de Angel nas investigações de demônios. 


Ao fim da primeira temporada a escola foi explodida e a metáfora da privatização da educação é perfeita aqui. Ninguém teria mais aquele modelo de escola. O que é simbolizado enquanto o prefeito discursa e de repente as pessoas conseguem ver que ele é um demônio da pior espécie e aí ele vira uma serpente gigante.


Depois que Cordelia e Xander terminam, ele começa a namorar Anya, uma das melhores personagens, com quase 1000 anos de idade, ela passa a namorar Xander depois que sua missão contra Buffy falha, ela ganha um corpo humano e passa a ser uma adolescente normal. 




A descoberta dela enquanto jovem entendendo os costumes é uma parte de ouro da série. Ela era uma "demônia da vingança", um tipo de demônio que vem vingar a ação de homens ruins com as mulheres.  Depois que quase se casarem, Xander desiste e aí ela volta a ser uma demônia da vingança, que é uma parte muito triste da série, onde todos  começam a brigar. 




 Outra mudança foi na escolha dos relacionamentos de Buffy, se antes ela tinha seu "vampiro com alma", depois das três temporadas, é visto uma tentativa de ser mais de direita por parte tanto de Buffy quanto da série, a metáfora de abandonar os vampiros é ótima, aí ela namora o cara militar e meio chato que é o Riley Finn. Depois de três temporadas de consagração original da série, foi feito um spin off  do seu namorado: Angel de e aí acabou o relacionamento deles, restando alguns crossovers mútuos.


Contraditoriamente, sua criação é considerada por alguns feminista, mas por outros como apologia ao feminismo com tropes e excessos para vender uma ideia de "empoderamento trope (arquétipo)" ao estilo vulgarizado com temáticas chocantes, foi o que acusaram. Apesar das polêmicas, a série de tv trouxe uma inversão do tradicional papel de donzela resgatada por um homem, dessa vez na criação de Joss Wheadon e nas mãos de Sarah Michelle Gellar, Buffy virou esse ícone do reverso. A garota que morria em qualquer filme de terror, agora era o próprio terror. A personalidade de Buffy é uma análise a parte. Quando Buffy encara o vampiro Drácula, já na quarta temporada, ela tem a missão de matar o maior dos vampiros, e mais uma vez, sente uma conexão com ela. 




A série se mostrou imensamente popular com o público feminino, e é uma das mais aclamadas em termos do que poderíamos pensar heroísmo e figura e modelo. Isso é discutido intensamente ao desenrolar das temporadas.



 

A premissa da série envolve uma mitologia fascinante de uma garota, nascida a cada geração e que carrega consigo o fardo de ser a "escolhida" the one. Ela passa o seu tempo na biblioteca ou no cemitério e seu emprego submetido em tese pelo "conselho" é de caçar os vampires que aterrorizam a pacata cidade de Sunnydale.  O elemento de andar no cemitério com os amigos é bem gótico e diferente do que se veria em um programa de tv normal. Nesse sentido Buffy virou uma febre que inspirou garotas no mundo.




Buffy Anne Summers era uma menina de 15 anos quando percebeu que conseguia matar vampiros sozinha, e começou a fazer isso e foi expulsa da sua primeira escola, sendo obrigada a se mudar de Los Angeles, quando tinha uma vida estável, era popular e normal, seus pais se separaram, e seu pai a culpa por isso, como já foi subentendido em parte da série. Na época ela era uma adolescente normal, ao se mudar para Sunnydale prometeu não mais se envolver com a caça aos vampiros. Mas ela começa a ver que seus colegas de escola e as pessoas da cidade passam a morrer fácil. 


Lembrando que isso ocorre pois Sunnydale fica na fenda entre a terra e o inferno, uma metáfora de uma cidade abandonada, cujo prefeito, Richard Wilkins III era um demônio prefeito que ficou no cargo desde a fundação da cidade de Sunnydale, até ser morto por Buffy finalmente. 


O prefeito na primeira temporada é o maior vilão de todos, ele se envolve com Faith e juntos tentam matar Buffy. Mas não dá certo. Faith entra em coma e o prefeito que era um demônio sinistro é morto depois de dar um discurso na festa de formatura da turma de Buffy. Depois disso a escola é destruída e só volta depois com Dawm (irmã de Buffy) como aluna.  Com Xander trabalhando na construção civil agora, ele é um dos chefes de planejamento da reconstrução da escola. Uma possível metáfora da falta de investimentos de políticos com a educação. 


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Buffyverso (peculiaridades do universo Buffy):


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O universo de vilões, como o mestre, um antigo vampiro conhecido como Heinrich Joseph Nest, líder da Ordem de Aurelius e criador também de Darla, uma antiga namorada de Angel, também vimos a versão da série do Drácula, Gloria, uma vilã deusa, Warren, o misógino da tecnologia, e o próprio antigo namorado de Buffy, que em determinado momento depois de "ter um momento de intensa felicidade" vira vilão em sua persona de Angelus.  Buffy ainda encara o "trio" que conta com Warren e Jonathan que se dão mal. O único salvo foi Andrew que passou a ajudar nas tarefas domésticas da casa depois, quando as caçadoras treinavam para o fim do mundo.




Buffy é uma garota normal e bonita, a típica "loira" que em qualquer outro filme seria apenas uma morta. Apesar disso, a série recorre ao estilo trope de representação femme fatale, só que ao avesso. A lista de vilões que tentaram destruir Buffy é imensa. Existem vários personagens que aparecem apenas ás vezes, como Oz (o lobisomen) indie, Harmony, a antiga patricinha vazia que vira namorada de Spike e tenta com ele destruir Buffy, Jonathan e o trio, mas mesmo assim são bons.  


O inimigo da primeira temporada era o mestre, depois vieram alguns igualmente ruins como Glória, que era uma deusa muito má, e Warren, um tarado em tecnologia e o pior e mais mau de todos, ele é obrigada por Spike a construir uma robô igual a Buffy, aí criou a Buffy bot, com quem Spike ficou enquanto a Buffy de verdade não ligava ainda pra ele. Teve o demônio do caos,  o Moloch corruptor, o próprio Drácula.


 Uma metáfora talvez de como é que temos sempre que colocar a representação feminina óbvia e burra para ser gostada por todos. Buffy bot é uma metáfora pesada. Quando a Buffy de verdade morre, ela "assume" as tarefas, como fingir para a assistente social que Buddy está viva, para ela não tenha que voltar com o pai de Buffy, que sempre foi ausente, arrumou uma nova família e nunca mais falou com elas. 




O buffyverse (universo buffy) possui um filme de 1992 um total de sete temporadas, e depois do término, fizera comics cons para continuar espiritualmente a série. Possui um universo onde a biblioteca é o cenário onde existe uma infinidade de livros sobre sobre magia, bruxas e demônios, o principal deles é o Vampyr, um tipo de guia rpg que descreve a história de personagens e regras do mundo da magia e do mundo sobrenatural,  conta a história do mestre e dos vampiros. É como se fosse um livro de uma ementa do curso de formação das caças vampiros. É um manual de sobrevivência contando a história e o passado. 


O lugar de encontros em Sunnydale é o bar Bronze, onde toca música alternativa e acabou sendo palco de algumas participações de bandas como o The Breeders e cantores, como Michelle Branch (no episódio 6x08), no episódio triste que Tara abandona Willow por ela depender muito de magia para sobreviver e também Giles acaba voltando para Londres, um episódio bem importante para a construção dos novos rumos da série. 



Giles que é músico na vida real, tocou em um dos episódios Behind Blue Eyes, do The Who. 




A lenda era que o mundo originalmente comandado por demônios puro-sangue poderosos, os chamados antigos, estes que não se misturavam com os humanos, e acabaram sendo expulsos dessa dimensão, permanecido vencido ou aprisionado no "Bem Mais Profundo", uma passagem na Terra onde a entrada é uma árvore e fica na Inglaterra, sendo demônios referenciados por espécies inferiores.  


Os vampiros na lenda de Buffy, o Antigo sobrou e sugou um homem e teve seu sangue misturado, um demônio foi introduzido no corpo humano no lugar de sua alma, fruto do processo de conversão de novos vampiros, logo surgiram os vampires meio humanos e os vampiros puros viraram raros. Angel por exemplo foi um vampiro transformado por Darla, foi introduzido um demônio em um corpo humano no lugar da alma. 


O que faz Angel ser um vampiro com consciência e alma, diferente dos outros. Quando Buffy dormiu com Angel, ele experimentou o momento de felicidade absoluta, e depois ele se torna Angelus, um vampiro que quer também destruir Buffy. Aqui temos uma metáfora de homens que fogem de compromisso, ou que realmente não sabem "namorar" para além do affair e da paquera. 


Depois disso Angelus planeja matar Buffy por ela fazer de seu host vampiro um romântico pacífico, fato não perdoado por um demônio tão maligno quanto Angel. É nesse arco da volta da personalidade má de Angel que ele se envolve novamente com Drusilla, mulher de Spike, e faz Spike ficar muito chateado com isso. Buffy consegue enfim matar Angel, sendo a coisa mais difícil que ela faz na vida, apenas em nome de saber que a intenção de Angelus era destruir o mundo. A cena é tocante e marca o momento de abandono ao "primeiro amor" de Buffy.


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 Depois acontece a mesma coisa com Spike, que faz uma jornada primeiro para tentar voltar a ser mau, mas depois que o oráculo percebe que ele passou nos  testes, ele também ganha uma alma, e também muda de visual, se tornando mais "social democrata" e menos rockeiro. Spike é um vampiro estiloso, e em um dos episódios Buffy comenta que foi na verdade Billy Idol que imitou seu visual, e não da outra maneira. 


Quando Angel descobre que Spike e Buffy estão meio que juntos, e que Spike é apaixonado, enquanto Buffy diz a ele que ele tem "um lugar em seu coração". Isso bem nos últimos episódios da série. Aí Angel demonstra um certo ciúmes do amigo dizendo que ele arrumou uma alma antes "de ser moda". 



 A história de Spike é complicada, o nome dele de vampiro antigo era "William, the bloody" (William, o sanguinário), ele era para ser o inimigo natural de Buffy número 1, pois na profecia ele é conhecido como "matador de caças vampiros". Ele foi convertido por Drusilla, por volta  de 1880, em Londres, sendo depois o vampiro que já tinha matado duas caças vampiros antes, uma na China na Revolução dos Boxes, e outra na época dos direitos civis, que era uma caçadora pantera negra que tinha um filho na época que jurou vingança. Esse filho da caçadora pantera negra virou o diretor da nova versão da Sunnydale High School, que foi reconstruída quando no arco inicial a escola foi explodida. 


Isso é contado nos comics do Spike, como também é explicado em alguns episódios da série como o passado dos personagens. Spike era um poeta na Inglaterra antes de virar vampiro não machucava uma mosca, já Angel era um beberrão que foi convertido por Darla, com quem depois tem um filho, mas essa é mais da outra série. Houve até mesmo um episódio musical: once more with feeling (6x07), é um episódio que tinha tudo para dar errado, mas deu certo,  por mais clichê que possa parecer, foi muito bem feito.


 Aproveitando que vários atores do elenco possuíam talentos do tipo, menos a Sarah Michelle Gellar, que ainda se saiu muito bem para quem não cantava. O número "something to sing about" choca a todos quando Buffy canta sobre estar no céu, e de repente voltar a vida, e quase morrer sufocada no caixão, pois seu resgate não foi feito por completo. A música de Spike "Let me rest in peace" foi muito bom por aproveitar do James Marsters ser cantor também na vida real. 



Em um dos episódios  mais marcante acontece uma "caça as bruxas" na cidade, todos os jovens encaram uma grande repressão por conta deum espírito de contenda vinda do sensacionalismo de uma notícia plantada para criar o caos. 


Tudo começa quando acham o corpo de duas crianças em um parquinho na cidade, e logo todos ficam loucos contra rituais satânicos. Em certo episódio Buffy e os amigos estão em uma festa quando todos estão sob o feitiço do demônio do medo, que imitava o pior pesadelo de todos, ao fim, ele era apenas assustador narrativamente, quando ela pisa no demônio e tudo acaba, a metáfora é que ás vezes nossos problemas são menores do que pensamos. 




Uma metáfora do processo inquisitorial muito bem construída, os scoobies acham a história original sendo uma forma de mito que existe desde o século XVI quando os pilgrims (moradores ingleses originais) chegaram na américa, uma metáfora de um tipo de notícia feita para "enigmática" e criar sentido de justicialismo na população, junto com o controle das práticas religiosas e dos jovens da cidade em "toques de recolher". Uma reflexão rara em séries de tv.


Personagens: 


A Faith é aquela ela virou inimiga de Buffy depois de serem amigas muito próximas. Até a quarta temporada, Faith e Spike eram dois inimigos de Buffy, e ela estava na narrativa do "namorado normal" com Riley, o rapaz da aula de psicologia que trabalhava para os militares em experimentos secretos, quando Faith rouba o corpo de Buffy por ter sido acusada pelo conselho de atividades suspeitas fora do escopo do trabalho, e elas trocam de corpo, Faith transa com Riley sem ele perceber, ficando assustando o quanto ele era vazio por não perceber a mudança, isso foi o que fez Buffy parar de gostar dele. Riley trabalhava para um projeto secreto da universidade junto com o departamento de defesa cujo objetivo era "pacificar" vampiros. O nome era "a iniciativa"



A série também gerou um spin off de sucesso: Angel (David Boreanaz), sobre o primeiro namorado de Buffy, é o vampiro Angel, que a seguia com os olhos em Los Angeles, na época que era mendigo, admirava Buffy a distância. 


A mãe de Buffy é Joice Summers e é dona de uma galeria de artes, divorciada e independente, ela ajuda a filha como pode, apesar de em alguns episódios não entender o fato da filha ser uma caça vampiros. O episódio "the body" (episódio 5x16), onde vemos a morte da mãe em um dos momentos mais "realistas" possíveis, o que foi um tremendo choque para uma série aparentemente boba, fazer uma descrição tão técnica, fria e realista sobre o fenômeno do "pass away". Apesar de marcante a saída de Joice deixou a trama muito mais sinistra e realista do que antes. Encarando os problemas 'tropes' de representação pesados que geram debates até hoje. É um momento final de autorreflexão da série. 


Faith é uma personagem muito forte na trama, em alguns momentos mais direta e forte até mesmo do que Buffy. Mas Spike falou um pouco sobre o que fazia Buffy sobreviver quando a maioria das slayers morriam cedo por conta da severidade das atividades, mas isso não ocorreu com Buffy por ela não ter um "desejo de morte", como ele disse, por isso não conseguiam matá-la. 



Um deles é a colocação de chips para gerenciar a personalidade de vampiros muito violentos como Spike, então colocaram um chip em seu cérebro, o resultado foi que ele não conseguiu nunca mais machucar ninguém e ficou frágil, o que ele ele se aproxima de Xander e Giles, que sempre o ajudaram ao mesmo tempo que o tratavam com distância e medo.  A narrativa era muito diferente, muito mais padrão, ocidental e capitalistas. As últimas temporadas focaram em um lado de resolução mais profunda das pontas abertas, dos paradigmas da vida. 


Buffy "morreu" ao fim da sexta temporada para salvar Dawm, a série era para ter acabado ali, era muito puxado para todos, especialmente para a Sarah Michelle Gellar. O que fez com que a atriz pegasse o carácter de bad ass de seu personagem, pois Buffy virou ícone de heroísmo exatamente por esse carácter pesado e literal da proposta, sendo um universo multimídia de quadrinhos, filmes e da própria série, e do spin off.  


Anya é uma demônia muito legal que inicialmente  conhecemos quando ela  queria se infiltrar logo na primeira temporada na escola para destruir o mundo e Buffy,  quando Cordelia Chase pede um mundo onde Buffy não tivesse existido. A realidade era horrível, com tudo acabado e a maioria mortos. Os jovens não podiam sair sozinhos e todas as garotas eram controladas pelas família. O mundo sem Buffy era muito sinistro. O clima tecnológico de Buffy demonstrado no fato de ter sido o primeiro programa de televisão a citar o Google diretamente através de Willow. 



A Willow é minha personagem favorita, apesar de ponderar sobre seu egoísmo em algumas áreas, como ter trazido Buffy de volta dos mortos, quando Buffy estava feliz no céu, e teve que voltar para a terra para trabalhar para sustentar sua irmã e sua melhor amiga, que passaram todas a morar juntas depois que Buffy trancou a faculdade, ela era uma garota outcast que virou a mais poderosa bruxa no hemisfério, antes no ensino médio ela era estranha e não interagia muito com ninguém além de Buffy e Xander, sofrendo bullying sempre da Cordelia, também namorou Oz, o menino lobo, mas ela que desabrochou na faculdade e virou lésbica e começou a namorar Tara, um dos melhores casais desenvolvidos na trama. 



A mudança na personalidade de Willow é incrível. Tem um arco de episódios com realidade alternativa onde Willow vira vampira e má como Xander, depois quando ela entra em crise de identidade, a dark Willow volta. Antes a menina mais certinha e outcast se transformou na maior bruxa do hemisfério ocidental através do roubo da leitura das palavras dos livros de magia proibidos. Isso aconteceu pois ela perdeu alguém que amava muito e depois ela e não Buffy mata um dos piores vilões da trama de maneira macabra. Willow também trouxe Buffy dos mortos em um ritual de magia negra. 



 

Buffy é como Frankenstein, ela morreu duas vezes, uma vez por uma fraqueza momentânea frente ao mestre, e depois morreu para salvar sua irmã Dawm perseguida por uma seita religiosa por sua ligação com uma forma de 'santo graal' na forma da própria irmã de Buffy que surgiu depois de três temporadas do nada, causando um estranhamento mas ao mesmo tempo renovando os fãs. Obviamente, as influências literárias de Buffy são profundas dentro da raiz do tipo de literatura "mal do século", de ultra romantismo, como Lord Byron. Com grandes sessões de leitura de Shakespeare na casa de Joss Wheadon, com o elenco e os roteiristas onde os atores treinavam os diálogos, mostrando uma coisa peculiar sobre Buffy, é uma série que aborda profundamente a temática das artes. 



 Já o episódio da morte da mãe de Buffy é muito elogiado como um dos melhores da série por retratar  de maneira realista uma profunda dor de todos com a perda de Joice. Joice era muito querida, embora não soubesse muito sobre todos. Spike ficou devastado, como também Anya, que não tinha entendido o que era luto até aquele dia. Foi uma decisão de dar um ar mais sério e adulto para a série nas últimas temporadas. Aí vemos Buffy trabalhando em uma lanchonete local para criar Dawm, sua irmã, depois que sua mãe faleceu. 


Sarah Michelle Gellar era contra matar a mãe de Buffy, vendo uma mudança que poderia prejudicar a dinâmica e o formato da série. Agora Buffy cuida de todos, não é mais mimada em nenhum sentido, uma mudança da água para o vinho. Realmente a série foi de ser divertida e jovem para ter que lidar com o fardo de possuir agora uma crítica especializada que observava cada erro por conta do conteúdo progressista do show. Mas mesmo assim o amadurecimento de Buffy é uma temática muito bonita da série.




 Depois das três temporadas,  apenas Buffy e Willow vão para a faculdade, Willow se adapta super bem, diferente da escola onde era a excluída, agora na faculdade ela é a maioria, metáfora de Alysson Hannigan(isso antes de estar muito famosa por American Pie, antes até do que How I Met Your Mother), ela ficou muito famosa para a série, mas continuou até o fim, mudando seu status para coo protagonista. 


 Buffy abandonou a faculdade depois de ter virado alvo de uma professora de psicologia que havia colocado câmeras para investigá-la em um projeto de pesquisa que era meio "deep state" militar. Na faculdade, Buffy tem séries problemas de adaptação, chegando até mesmo a brigar com sua colega de quarto, uma garota muito chata, que depois descobrimos ser realmente mandada. Na imagem abaixo Buffy fala sobre Kate: "ela passa os jeans, ela é má". 



O namorado dessa época de Buffy é o Riley Finn, um personagem não muito gostado pelos fãs por seu carácter de herói americano ideal e vazio. É o namorado "normal" de Buffy, que ele sempre quis, e que não aguenta o fato dela ser quem o resgata. Também é ligado a faculdade e aos militares, sendo o "bolsista" da professora que perseguia Buffy. Depois dessa experiência na "Sunnydale University", que na metáfora, parece querer falar de UCLA,  (Faculdade do Estado de Los Angeles), utilizando de modelos do prédio da faculdade inclusive. Embaixo concordamos com Angel quando ele vem visitar Buffy e arruma confusão com o namorado Riley dela e aí rola aquilo de um querer matar o outro. Acho que vou concordar com Angel nessa aqui. Eles terminam quando Riley fica viciado em se encontrar com vampiras. Uma metáfora de que ele estava a atraindo e ainda usando drogas pesadas. Bem interessante. 




Mas Willow, nossa gênia, melhor amiga de Buffy se mantém até o fim estudando, ela se descobre gay em certo momento da trama e abandona sua crush antiga por Xander (Nicholas Brandon). Em um episódio muito engraçado, Buffy passa a tomar cerveja para aguentar a pressão da faculdade, só que nesse arco, descobrimos que estavam colocando algo na bebida dos universitários para deixá-los burros. Ao tentar matar Buffy, a professora de psicologia Walsh não consegue matar Buffy, e acaba sendo morta por uma criatura que a mata antes de Buffy conseguir.




Spike, começa como um dos inimigos de Buffy que planeja matá-la. Ele namorava Drusilla, uma também ex-namorada de Angel. O personagem que dizem ter um dos melhores desenvolvimentos na trama, passando de inimigo a "namorado" de Buffy nas últimas temporadas. Em um clássico episódio, Buffy está sob feitiço e pensa estar apaixonada por Spike por conta de feitiço. Deixando todos malucos com a perspectiva. Esse tom de humor da quarta e da quinta temporada foi perdido nas últimas temporadas. 



 Depois que sua mãe morre, ela começa a ter que cuidar de sua irmã Dawm, que faz de tudo para tirar sua paciência e quer participar da "caça aos vampiros", mas Buffy não deixa. Na última temporada descobrimos que Dawm também é uma escolhida, porém ela oculta isso de Buffy até o fim, por conta do medo de Buffy perder Dawm. Ela era a chave entre os dois mundos, então era alvo de ataques o tempo todo. 


Quando Buffy se mudou para Sunnydale, depois ter sido acusada de incendiar sua antiga escola, ela passa a tentar ter uma "vida normal", em uma conversa com o bibliotecário e orientador de projetos Rupert Giles (Anthony Stewart Head, talvez o ator mais experiente e famoso da trama), um antigo membro do Conselho dos Vigilantes que foi designado para treinar Buffy. 


Nossa Buffy é uma heroína moderna, no episódio onde o inimigo é um gênio das tecnologias que construiu uma namorada que depois abandonou, a referência ao livro Frankenstein é absurda. Sua antiga namorada robô não aceitava o fim do romance, pois ela foi criada apenas para preencher sua vida. Em uma das cenas mais tocantes e acadêmicas de Buffy no parquinho, ela não luta mais contra a antiga namorada maluca de Warren (um dos piores inimigos da trama depois). Ela vira para a robô e diz "nenhuma cara vale sua vida, nunca", e é uma das linhas mais clássicas da série de todos os tempos. 




O conselho dos vigilantes é a uma espécie de sindicato que manda nas caças vampiros, na primeira cena deles, Buffy chega na biblioteca dizendo que sua "missão" de salvar o mundo e ser a caça vampiro tinha acabado. Tudo que ela queria era uma uma boa adolescente, sem problema.  Depois de algumas temporadas, Buffy se rebela contra o conselho dos vigilantes, e passa a ser uma caçadora autônoma. Ao fim das temporadas, Buffy tem que lutar contra o pior vilão de todos 


Na última temporada, para evitar mais uma vez o apocalipse (fim do mundo),  o conselho pede para ela treinar uma nova geração de meninas, ao mesmo tempo em que arruma um emprego como conselheira na sua antiga escola.


Dawn Summers é uma personagem que conhecemos após o primeiro arco da trama. Ela é chata, adolescente e típica. Porém vemos que sua função na narrativa foi de dar "responsabilidade" para Buffy. Com o tempo, vemos que Buffy passa a cuidar da irmã, que foi um truque para manter um personagem adolescente na série, depois que os personagens iniciais começassem a vida adulta. Uma forma de voltar a atenção do público para alguém que representasse o lado adolescente da trama.  


A série terminou com um episódio bem sério e muito bem feito também, a temática do feminismo foi revisitada como nunca, agora com Buffy como treinadora das novas gerações a pedido do conselho, por ser muito dura é expulsa de sua própria casa, sendo uma metáfora da forma como "cancelaram" o criador da série, aqui ele é a Buffy. Ficamos todos consternados, como podem fazer isso depois de tudo que Buffy fez por eles? É um momento de cortar o coração mesmo. 


 Com a destruição da cidade e da escola mais uma vez, e com Spike se sacrificando com um artefato dado por Angel para salvar o dia. Na série pensamos que ele morreu, mas nos comics ele volta e eles se encontram depois que Spike passa um tempo com Angel e eles vivem aventuras. 


Nos comics há uma sequência da série, já que Buffy termina sem final clichê e resolvido, a série continua espiritualmente nas hq's e é muito boa também em seu formato escrito, onde  Dawm e Xander se casam (sim, louco), Spike a Buffy namoram mesmo, embora haja muitas idas e vindas e a pegada dos comics é mais sobre o preconceito que há contra os vampiros e mutantes em geral, sendo parecido coma  ideia de X men. 


A série impactou tanto a cultura pop que chegou a ser adaptado para os games, sendo o mais conhecido o Buffy The Vampire Slayer: Chaos Bleeding, clássico do PS2. 


Neste jogo, Buffy descobre que Ethan Rayne está no centro de uma grande luta com o Primeiro. Ela e sua gangue devem enfrentar um exército de mortos-vivos de vampiros, zumbis e demônios para impedir que esses vilões nefastos joguem o mundo na escuridão permanente. O enredo envolve diferentes realidades alternativas, inspirados na própria realidade de Buffy, levando ao reaparecimento de inimigos mortos e ao aparecimento de versões malignas de aliados. Com a ajuda de Sid, o boneco, e da ancestral de Ethan, Cassandra Rayne, Buffy e seus amigos derrotam o Primeiro em sua própria dimensão e, embora ele nunca possa ser morto, eles o dispersam por séculos.


A história se passa durante a quinta temporada da série. Devido a certos pontos da trama mencionados e estilos de personagens, o jogo se passa algum tempo depois de Forever (desde que o túmulo de Joyce foi visto), mas antes de Tough Love (já que Tara não foi levada à loucura por Glory), presumivelmente entre Intervenção e Amor (já que Spike tem uma relação mais ou menos amigável com a gangue Scooby). Estranhamente, Dawn Summers está longe de ser vista e nem mesmo mencionada. O jogo também inclui muitas referências a episódios anteriores de Buffy the Vampire Slayer e Angel, incluindo Faith na prisão e os dias de Giles como Estripador. O jogo estende uma ideia de um jogo anterior: trazer de volta personagens mortos (o Mestre voltou em um jogo anterior), trazendo de volta Sid the Dummy, Kakistos e o antigo demônio de Anya, Anyanka .





Isso mais o HQs, provam como Buffy além de tudo sempre se pensou como um projeto transmídia, aumentando a imersão ao universo, explorando e expandindo de uma nova maneira o universo audiovisual. 


Os comics estão traduzidos e estão em sua maioria legendado no site Buffyversebrasil e começa a sequência com a oitava temporada dos comics, e vai até a temporada número 12. A situação de campos de concentração para vampiros, demônios e mutantes é uma situação que busca comparar com a biopolítica dos campos de concentração modernos, por exemplo na Europa. 


buffy e a "erva mágica"


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