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Trump elogia Lula em discurso na ONU após atacar Brasil com Lei Magnitsky e Tarifaço: quais as intenções do presidente norte-americano?

No discurso desta terça-feira (23) na Assembleia-Geral da ONU, o presidente norte-americano Donald Trump surpreendeu ao dirigir palavras de afeto ao presidente Lula. Trump afirmou que os dois tiveram uma boa conversa, que “têm química” e que em breve voltarão a se encontrar. O gesto chamou atenção pelo contraste com a postura dura que Washington vem adotando contra instituições brasileiras.


Enquanto afaga Lula em público, Trump aplica medidas severas de bastidor. Seu governo recorreu à Lei Magnitsky para sancionar familiares do ministro Alexandre de Moraes, além de restringir vistos de integrantes do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. 


As medidas foram recebidas pelo Palácio do Planalto com “profunda indignação” e consideradas ataques à soberania nacional. O próprio Lula, em seu discurso na ONU, afirmou que “ataques às instituições brasileiras não serão tolerados”.


A contradição entre elogios diplomáticos e sanções duras expõe a complexidade da atual relação bilateral. A estratégia de Trump pode ser lida como um jogo de duas frentes: de um lado, gestos de cordialidade para manter a mesa de diálogo aberta; de outro, pressão política e econômica para forçar mudanças no sistema de justiça e sinalizar firmeza à sua base eleitoral.


Pressões internas nos EUA


O contexto doméstico norte-americano ajuda a explicar essa postura. Trump enfrenta queda de popularidade e críticas por não conseguir conter a alta nos preços de produtos básicos. Café e laranja, commodities que têm o Brasil como fornecedor estratégico, estão entre os itens que pressionam a inflação nos Estados Unidos. 


Sanções e tarifas contra o Brasil, se mal calibradas, podem agravar essa situação — e o gesto de aproximação a Lula pode ter servido como contrapeso para evitar turbulências no mercado.


Não por acaso, após as declarações positivas sobre Lula, o real se valorizou e a bolsa brasileira registrou alta, evidenciando o impacto direto do discurso na confiança de investidores.


Contradição calculada


A diplomacia de Trump mistura elogios públicos com medidas coercitivas. O discurso amistoso reduz o risco de ruptura diplomática e suaviza a repercussão internacional das sanções, ao mesmo tempo em que reforça, diante de seu eleitorado interno, a imagem de um líder que não hesita em punir governos estrangeiros considerados “hostis”.


Essa ambiguidade, no entanto, gera questionamentos: até que ponto os afagos representam uma real tentativa de aproximação? E até que ponto servem apenas para mascarar pressões comerciais e políticas?


O que vem pela frente


Trump prometeu um novo encontro com Lula nos próximos dias. É provável que as conversas avancem em terreno ambíguo: entre o discurso da cordialidade e a manutenção de medidas que tensionam a relação bilateral. Resta saber se o Brasil responderá com diálogo ou com maior enfrentamento, diante de uma diplomacia que parece, ao mesmo tempo, cortejar e punir.


O que Lula disse na ONU


Defesa da soberania brasileira: Lula afirmou que “ataques às instituições brasileiras não serão tolerados”, em referência direta às sanções impostas pelos EUA contra ministros e familiares do STF e TSE.


Crítica às sanções unilaterais: Rejeitou medidas externas que, segundo ele, desrespeitam a soberania nacional e prejudicam relações internacionais.


Apelo por cooperação global: Defendeu que as nações trabalhem juntas para enfrentar desafios comuns como mudanças climáticas, desigualdade e fome.


Rejeição a ingerências externas: Destacou que cada país deve resolver seus próprios problemas institucionais, sem pressões ou punições vindas de fora.


Em tom firme, Lula buscou marcar posição: não recuará diante de sanções contra autoridades brasileiras, mas quer manter o Brasil como voz de diálogo e cooperação internacional.


Confira o discurso de Lula na Integra, seguido pelo discurso de Trump:


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