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Driver 2 (PS1): O "pai de GTA" e que revolucionou o mundo dos games para sempre - Análise

Continuação ousada do clássico da Reflections, Driver 2 trouxe cidades abertas, perseguições cinematográficas e uma liberdade inédita para a época do PS1


Clique aqui para ler a análise Driver 1

⭐️⭐️⭐️⭐️

Análise


Lançado em 2000 para o PlayStation 1, Driver 2: Back on the Streets (ou Driver 2: The Wheelman is Back, em alguns territórios) elevou a ambição da franquia e da própria indústria de jogos de mundo aberto. Se o primeiro Driver já era uma homenagem à estética de perseguições urbanas dos anos 1970, claramente inspirado em filmes como Bullitt (1968), The French Connection (1971) e Ronin (1998), a sequência ousou ao expandir os limites técnicos do console.


O grande diferencial foi a introdução de cidades abertas em larga escala, recriando metrópoles como Chicago, Havana, Las Vegas e Rio de Janeiro — sim, foi um dos primeiros grandes jogos a incluir o Brasil como cenário jogável. Mais do que dirigir, agora o jogador podia sair do carro, ainda que de forma limitada, para roubar outros veículos e explorar o ambiente, um conceito que se tornaria central em GTA III apenas um ano depois. Nesse sentido, Driver 2 funcionou como uma ponte entre os jogos de corrida/ação e os futuros sandboxes modernos.


A jogabilidade manteve o DNA do primeiro game, com física realista para a época e foco em perseguições intensas, mas sofreu com limitações técnicas: o pop-in de objetos, as quedas bruscas de framerate e a inteligência artificial inconsistente dos policiais comprometeram parte da experiência. Ainda assim, o clima narrativo, conduzido por uma trama de conspirações entre mafiosos e cartéis latino-americanos, trouxe mais profundidade ao protagonista Tanner, reforçando o tom noir policialesco.


Driver 2 também tinha algo de cinematográfico: as cutscenes em estilo quadrinhos animados lembravam produções policiais dos anos 90, e a trilha sonora ajudava a reforçar essa atmosfera de filme B carregado de adrenalina. Para muitos jogadores da época, foi o primeiro contato com uma experiência que misturava corrida, ação e narrativa aberta, um “esqueleto” do que o gênero sandbox ainda viria a se tornar.


Entretanto, apesar de em maneira geral o jogo ter evoluído em sua linguagem e mecânica, de alguma maneira a história ficou um pouco menos "quente". Em Driver 1, Tanner era um policial que foi colocado em uma missão de infiltração que não queria e quando viu estava preso em uma grande conspiração para matar o presidente dos Estados Unidos. Tanner parecia acossado, de um cara comum a alguém preso em uma situação que precisa resolver para salvar a própria pele. Ele era um lobo solitário, que precisava desconfiar até mesmo de seu superior. 


Já no Driver 2, Tanner é um cara mais profissional, onde por mais que ele fique em situações de perigo, não dá a impressão que estaja com a própria pele em risco. Ele tem também a ajuda de seu parceiro, Jones, personagem que não existia no Driver 1 e é muito mal explorado neste jogo, mas que chega se tornar jogavél no Driver 3. Também nunca fez sentido para mim por qual motivo Tanner, que terminou Driver 1 indo para Miami, está em Chicago. Ele poderia ter pedido transferência? Sim, mas em Driver 3 ele mora em Miami, o que descarta tal tese.


A trama de Driver 2 é maior mas, de alguma maneira, também é um pouco menos convincente. No Driver 1 as missões se adequavam a situação da infiltragem de Tanner. Já em Driver 2 Tanner deve impedir o conflito de duas gangues: uma delas controlada por Álvaro Vasquez, líder de uma organização criminosa do Brasil, e por isso tem Rio de Janeiro no jogo. Ele seria rival de uma gangue baseada em Las Vegas, controlada por Solomon Caine. Nisso, Tanner está em momentos infiltrado e em outros momentos não, ficando confuso como ele consegue manter sua identidade escondida mesmo em 4 cidades diferentes. O maior vilão do jogo, na verdade, se revela ser o capanga de Caine, Jericho, que por final é preso no Forte de Copacabana no Rio de Janeiro, graças a Tanner na penúltima missão de Driver 2. E tudo só termina com um grande aperto de mão entre as duas gangues, que selaram a paz graças ao trabalho de Tanner. 


É por isso que Jericho volta em Driver 3 como vilão maior apenas para se vingar de Tanner, afinal apenas ele e Lenny foram presos em Driver 2, tendo Solomon Caine, Vasquez e todo resto escapado e não sendo nunca mais mencionados na franquia. O custo de poder sair do carro foi uma trama mais flexível, menos amarrada. Eles até perceberam isso em Driver San Francisco, mas da maneira errada e tarde demais.


Nota: ⭐️⭐️⭐️⭐️☆ (4/5)

Apesar das falhas técnicas, Driver 2 foi revolucionário em conceito e continua sendo lembrado como um marco que pavimentou o caminho para GTA e outros títulos do gênero.


Confira o jogo completo:



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