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Driver 1: You Are the Wheelman (PS1) – O Clássico que Definiu o Gênero de Ação Sobre Rodas


Descubra como Driver marcou a história dos games com perseguições cinematográficas e mecânicas inovadoras que inspiraram até a franquia GTA


Lançado em 1999 para PlayStation 1, Driver foi desenvolvido pela Reflections Interactive (hoje parte da Ubisoft) e publicado pela GT Interactive. A virada dos anos 90 para os 2000 foi marcada pela transição para jogos 3D mais imersivos, mas o gênero de direção ainda era dominado por experiências de corrida arcade ou simuladores. Driver chegou para mudar o jogo, trazendo algo inédito: um mundo aberto urbano em 3D totalmente explorável, com tráfego, pedestres e missões de perseguição cinematográficas.


Na época, antes mesmo de GTA III popularizar o conceito de mundo aberto com ação a pé, Driver já dava ao jogador a sensação de estar num filme policial dos anos 70. A trilha sonora, o visual das cidades e o clima “hard-boiled” o tornaram um marco.


O contexto da época é importante: o cinema vivia uma era de ouro para filmes de perseguição automobilística, como Ronin (1998) e The Rock (1996), e o sucesso de GTA (1997) já mostrava que mundos abertos com temática policial podiam conquistar milhões. Mas Driver foi além: trouxe a sensação de dirigir com física realista e perseguições dignas de Hollywood. Ele também tem semelhanças temáticas significativas com o filme da 20th Century Fox, The Driver (1978).


Você assume o papel de John Tanner, ex-piloto de corrida e agente disfarçado do FBI, infiltrado em uma rede criminosa. O jogo começa em Miami, mas a história se expande para cidades como San Francisco, Los Angeles e Nova York, cada uma com seu próprio clima e desafios. A narrativa é contada por cutscenes com vozes digitalizadas (algo de alto nível para o PS1 na época), e o enredo segue o estilo de filmes policiais como Bullitt e The French Connection. Apesar de simples no roteiro, Driver usa cutscenes e diálogos curtos para criar o clima de filme policial dos anos 70.


Analisando a trama, acredito que apesar de simples, Driver 1 apresenta a melhor narrativa da franquia. Somos colocado em uma trama pela capacidade técnica do policial motorista que dirige tão bem que pode transgredir e se infiltrar no mundo do crime. Aos poucos a trama vai se desenrolando, em uma trama que envolve política, crime, chantagem e caguetagem. Quando vemos, Tanner está tão envolvido com aquilo que agora sua carreira e até sua vida dependem da resolução do caso, chegando ao ápice quando seu grupo manda você dirigir o carro do presidente, para desviar sua rota e ele ser morto. Nesse momento, Tanner decide correr para salvar o presidente, o que destrói seu disfarce. Assim, ele tem que correr para salvar o presidente mas também a própria vida. 


Nada é explicado, mas quando o jogador consegue, ainda tomamos um esporro do chefe de polícia por ter destruído o disfarce, que é consenso na comunidade, estava envolvido no esquema. Depois disso, temos apenas uma cena de Tanner voltando para Miami, algo bem simples mas inteligente o suficiente para deixar abertura para continuação.


A grande sacada de Driver foi criar um jogo 100% focado em direção. Não há fases a pé, apenas sequências de perseguição, fuga e manobras ousadas. Você tem controle total sobre o carro: derrapagens, marcha à ré, giros de 180° e até o famoso “Burnout” (aceleração brusca).


O sistema de física para a época era revolucionário, com carros pesados, que realmente pareciam ter massa, e colisões que deformavam a lataria.


Driver bebeu diretamente de filmes policiais e de ação das décadas de 70 e 80. O carro de Tanner lembra o Ford Mustang de Bullitt, e o design das perseguições ecoa clássicos como Ronin e The Blues Brothers.


Essa estética “filme de perseguição” o diferenciou de qualquer outro jogo de direção de sua época.


Em 1999, a concorrência direta era quase inexistente no mesmo formato. Jogos como Need for Speed III tinham corridas, mas não um mundo aberto com missões narrativas.


Quando GTA III foi lançado em 2001, muitos reconheceram que a Rockstar pegou elementos que Driver já havia testado, mas adicionou a ação a pé.


Driver ainda é lembrado como o pai espiritual dos jogos de mundo aberto de perseguição, mas também criticado pelo alto nível de dificuldade, especialmente no infame tutorial inicial, que exigia manobras avançadas antes de você sequer começar a campanha. A missão final, onde o jogador tem que salvar o presidente dos Estados Unidos também era muito difícil, de maneira que desmotivava o jogador.


Driver envelheceu em alguns aspectos, especialmente nos gráficos e na rigidez do controle, mas ainda mantém seu charme cinematográfico. Para fãs de jogos de mundo aberto e de direção, revisitar Driver é como assistir a um clássico cult do cinema — áspero, mas cheio de personalidade.


No entanto, para novos jogadores, a curva de aprendizado e a ausência de gameplay fora do carro podem afastar quem espera algo mais dinâmico.


Driver é um clássico que merece respeito e memória. Ele pavimentou a estrada para o que conhecemos hoje como jogos de mundo aberto urbanos. Difícil? Sim. Limitado para os padrões atuais? Sem dúvida. Mas seu DNA está presente em dezenas de jogos modernos. Um clássico obrigatório para entender a evolução dos games.


Nota final: ★★★★☆ (4/5)


Confira o meu registro completando o jogo:



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