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Cidade de Plástico (2008): Pirataria, globalização e influência asiática em coprodução Brasil, China e Japão onde bairro da Liberdade é também personagem

 

"Plastic City" foi lançado em 2008, dirigido por Yu Lik-wai e estrelado por Anthony Wong e Huang Yi. O título original em chinês é "Dangkou" (荡寇). Yuda e seu filho Kirin comandam a máfia da pirataria no Brasil, mas seu império do crime entra em decadência ao ser ameaçado por uma poderosa organização com fortes influências internacionais. Kirin, filho do poderoso mafioso chinês quer mudar os negócios da família para focar em pirataria, contra a ideia de seu pai


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O nome do filme é bem característico, Cidade de Plástico, quando a maioria dos produtos piratas são de plástico, fruto de alguma maneira na economia do petróleo, tão comum em países do BRICS como China e Brasil que desenvolveram uma forma de economia onde os produtos mais avançados do capitalismo mundial ficaram segregados para o mercado desses países. O tipo de cinema desse grupo corresponde sexta onda do cinema chinês, as ondas representam as gerações em décadas. 


Isso explica o motivo da pirataria continuar existindo sempre, porque ela é uma forma de inserir as pessoas desses países "segregados" da tecnologia nas últimas novidades do capitalismo, mas a perseguição aos países pobres possuírem mais tecnologia, ou imitação desses produtos é mal vista na sociedade atual. Mas a pirataria não é um assunto fácil. Por isso também, foi vaiado no festival de Veneza. 


Claro, mas vamos por parte, tem muita coisa boa no filme e nas escolas do cinema como um todo. Afinal de contas, cinema é uma forma de escolarização. Pensando sobre a sexta geração de cinema chinês compreende o trabalho de artistas de referência, como um dos produtor do filme também, o diretor Jia Zhangke fez com ele, em 2020, o diretor de Cidade de Plástico fez a fotografia de Swimming Out Till the Sea Turns Blue, um filme documentário sobre três autores que voltam para a cidade dele em Shanxi.

Já o diretor do filme Yu Lik-Wai fez o filme Love Will Tear Us Apart (1999) como diretor, e ele conhece bem a cidade de São Paulo, como já disse em entrevista, a paisagem urbana de São Paulo foi sua maior inspiração em comparação com a agitação urbana de Hong Kong. A inspiração para o filme teria vindo de um livro de Cássio Vasconcellos (fotógrafo do projeto Brasil Visto de Cima). A equipe do filme foi formada por metade de profissionais do audiovisual chineses, e a outra de brasileiros.


Tem a atriz brasileira Tainá Müller (atualmente na segunda temporada de Bom dia, Veronica) da Netflix. Entendemos a crítica ao filme e também pudera, o ano de lançamento inicial do filme é 2008, ano da crise do capitalismo americano e faz todo sentido e da falência de diversos bancos e imobiliárias e isso se reflete no tema pesado do filme que reflete esse clima de ilegalismo, urbanidades e tribos urbanas. No fim do filme, a estética da cidade é colocada em contraste em relação aos momentos que o filme aborda a Amazônia, por exemplo.




O velho Yuda (Anthony Wong Chau-Sang) é o imigrante e seu filho, Kirin (Odagiri Joe), são dublados em português no filme. Kirin se envolve com a polícia federal e com políticos para manter o avanço das investigações contra a organização.


Kirin quer usar sua influência para vender produtos piratas, mas seu pai não quer, gerando conflitos de sucesso do negócio. Acontece que o debate sobre produtos piratas toma uma dimensão ideológica muito rapidamente influencia a visão da pirataria como um crime pesado e não apenas uma contravenção. E muitos transbordam esse debate para proteção em relação a pirataria digital no último grau de paranoia da ideia. 



Aqui são dois demônios que andam de mãos dadas, as leis de proteção da propriedade intelectual, junto com as leis de copyright clássica de produtos e patentes. Em geral, nenhuma empresa gosta de ser copiada, e por isso fortalece uma rede contra a pirataria. 


Verdade ou mentira a paranoia da pirataria, a realidade é que os pobres apenas tem acesso ao produto ou livro, ou CD, ou série, ou filme, através da pirataria, sem ela, o mundo seria ainda mais desigual. Basta lembrar que os primeiros fiscalizadores da originalidade de produtos vieram do republicano Theodore Roosevelt, em 1906, como uma forma de criar uma agência reguladores de drogas e comidas para a 'segurança' dos americanos, pronto, assim começou a paranoia do "produto original". 


Grandes companhias como a Coca Cola que primeiro sofreram com essas medidas, depois puderam atualizar as duas produções com essas regras e higiene e fordismo da produção industrial em geral . Com clima de ação e  perseguição e percorre a trama e faz com que desconfiemos de todos o tempo todo. 

Jia Zhangke, do filme clássico Pickpocket foi um dos produtores envolvidos, sob a direção de Yu Lik-wai (eles fizeram filme juntos). O filme trata da relação de influência da cultura oriental em SP, no tradicional bairro japonês da Liberdade, mas que também é reduto da máfia chinesa da pirataria. 

A história do filme se passa na cidade fictícia de São Hin Wui, também conhecida como "Plastic City", que representa uma cidade industrial fictícia na China. O enredo gira em torno de dois personagens principais: um empresário chinês chamado Yuda (interpretado por Anthony Wong) e um imigrante japonês chamado Kirin (interpretado por Joe Odagiri). Yuda é um empresário que está envolvido em negócios ilegais, como contrabando de plástico reciclável. Ele também é membro de uma tríade chinesa.


A trama aborda temas como corrupção, relações familiares e as complexidades do mundo dos negócios ilegais. O título "Plastic City" é simbólico e refere-se à natureza artificial e corrupta da cidade retratada no filme, bem como à sua economia baseada na reciclagem de plástico. O filme recebeu críticas mistas, com elogios pela cinematografia e performances, mas algumas críticas pela narrativa complexa e falta de desenvolvimento de personagens. "Plastic City" é conhecido por sua abordagem visual única e atmosfera sombria. 



Kirin era órfão, mas acaba virando filho de um poderoso "novo rico" chinês, e vemos a ascensão de poder do filho comandando agora a máfia. O filme ficou com o nome 荡寇 (Dangkou) na China, Plastic City em inglês e Bitter Ends (プラスティック・シティ), na distribuição dos cinemas japonesas. O diretor foi o Yu Lik-wai, os produtores foram Fabiano Gullane, Keung Chow, Caio Gullane, Jia zhangke, o outro grande diretor da geração na China e que fez “Xiao Wu” (1997), sobre um ladrão que tenta se adaptar a rotina do comum mercado negro da época na China e ainda fala sobre o contexto da alienação nas artes.

  

A cinematografia (fotografia) ficou com Yiu-Fai Lai, responsável também pela mesma função em 'Infernal Affairs (2002)'. Já a escrita do roteiro ficou com o escritor e romancista Fernando Bonassi (formado em cinema na USP) e o próprio diretor desse filme, o Yu Lik-wai, também foi diretor de fotografia do filme 'Platform (2000)', um filme que já observava os efeitos da abertura econômica chinesa nos anos 1980, e fez a fotografia em Amor a Flor da Pele In The Mood of Love (do diretor Wong-kar-wai)


Tesuo (trabalhador japonês e brasileiro) organiza um protesto contra a máfia. Yua é pego em vídeo oferecendo suborno e acaba preso pela polícia federal. Kirin tem que lutar contra a polícia e a Yakuza (máfia japonesa). Quando Kirin tenta resgatar seu pai da polícia, Tetsuo (o japonês) se unem contra a polícia, a cena termina com eles dois fugindo em direção ao Rio Pinheiros. Kirin normalmente vai no clube Happy End. 


Depois disso tudo, Kirin vira morador de rua e mora em uma caixa, ele vai até Rita no clube e fica surpreso por sua indiferença ao ver que ele ainda estava vivo. Ele resolve se vingar de seu pai adotivo no fim ao se sentir traído. 


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