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Outlander (2ª temporada): Análise e curiosidades da temporada que Claire e Jamie conspiram na França de Charles Stuart

A série foi ao ar 9 de abril de 2016, contando com 13 episódios que adaptam o segundo livro, "Dragonfly in Amber". Vemos uma evolução da história muito diversa e bem pensada com Claire e Jamie indo tramar junto ao rei Charlie Stuart na França. Jamie está como senhor de uma casa emprestada por um aliado e vemos que existem conspiradores em todo lugar, ninguém nem sonha ainda com a revolução francesa


 Outlander está atualmente no ar na TV aberta pela Band, ás 22:30, de segunda a sexta-feira, com exceção da terça-feira (que tem Masterchef). Ou, clique aqui para saber onde assistir


Aqui análise da primeira temporada dessa série tão profunda e histórica e que já nos chocou e nos jogou aos prantos em certos momentos, com certeza, como o bom fã da série 



Isso é muito interessante pois a data histórica real está entrelaçada com fatos da história mundial que todos nós sabemos já. A música tema da série inicial  "The Skye Boat Song" é uma música do século XIX gaulesa, composta por William Ross, Cuachag nan Craobh "Cuckoo of the Tree", é uma música que lamenta seu amor não correspondido de Lady Marion Rossao rejeitar seus avanços. A música é linda e é o tema da abertura da de Outlander. E o clima é esse mesmo, de uma festa de "socialismo fabiano" na série, já que Bernand Shaw é citado em um dos episódios da segunda temporada. 


A música celebra a rebelião do príncipe Prince Charles Edward Stuart ("Bonnie Prince Charlie"), de  Benbecula até as Ilhas de Skye (lugar muito bonito na Escócia), e sua fuga épica depois da derrota na Batalha de Culloden em 1746. Vemos a preparação para esse cerco e como isso atinge em cheio a nossa Claire, que lembra de todas as mazelas típicas das grandes guerras e também o eco de algumas posturas ignorantes e narcisistas (ela usa essa palavra mesmo sendo um pouco avançada para a mentalidade da época e explica sua origem grega). Para a série, a hpa certa teoria acadêmica que revisa apaixonadamente a ideia da retirada do trono inglês como algo romântico e popular, mas que na realidade não era bem assim. O rei passou para a história para alguns como um sonhador e conspirador, outros como um oportunista histórico clássico que se apropria de uma pauta, mas para outros ele apenas foi o rei que fugiu vestido de roupas de mulher francesa.



É normalmente cantada como uma canção popular de ninar ou waltz, e é cantada hoje em dia por Paul Robeson, Tom Jones, Rod Stewart, Roger Whittaker, Tori Amos. (pelo menos inicialmente), e depois vemos como por eles saberem a resposta da história de quem ganhou a guerra (a Inglaterra), investem seus esforços em seres espiões para impedir mais baixas escocesas, ou seja, Claire tem um intuito contrarrevolucionário por “vir do futuro”. 


Vemos o trauma da relação de Randall com o novo marido de Claire e do fato dele ter sofrido abuso das mãos do ancestral de Randall (marido do futuro de Claire), ela tenta ao longo da temporada convencer ele quando descobrem que o seu algoz está vivo a manter ele vivo por mais um ano para ele se casar com Mary Hawkins (moça que foi assaltada e estuprada) e que acabou sendo a ancestral mais antiga do futuro marido de Claire, mas isso apenas Claire sabe. 

O que tem de problema com o ancestral do marido do futuro de Claire, é que ele é um homem sem escrúpulos que queremos que pague por seus crimes. Mas Claire sabe que precisa esperar ele gerar descendência. 

No fim da segunda temporada descobrimos mais sobre a identidades dos que atacaram Mary, foi um ataque agendado pela própria família para arrumar um casamento mais controlado da moça, que nessa realidade histórica teria que se casar com um comerciante e não o seu "destino" que Claire sabe. Um dos atacantes de Mary tinha sido o próprio empregado do cara, uma virada surreal da série no arco de Claire sendo obrigada a voltar com os ingleses que acreditavam que ela estava sequestrada. 



Depois disso, Claire manda Mary para voltar para casa e ela foge de volta com Alex, irmão de Randall. Descobrimos que ele está muito doente e que tem vivido com Mary. Ele quer que seu irmão case com Mary, pois ela está grávida dele, explicando como aconteceu o enlace do casamento com Mary, apesar de um dos amigos de Claire oferecer a opção dele casar com ela.

 Depois outro amigo deles Dougal MacKenzie é morto pelo casal, em uma cena de tirar o fôlego de nervoso para quem acompanhou todo o desenrolar, Claire queria matar o rei antes mesmo de sua história fuga. Para os mais fervorosos nacionalistas como ele, ela se tornou o símbolo da neutralidade inglesa falsa, vendo nela até mesmo uma prostituta, de tão forte que ele se sentiu traído.

Muita coisa aconteceu na primeira temporada, muita coisa chocante mesmo, sem dar os spoilers massivos, vemos uma relação de conflito entre Claire e Jamie, antes que ela pudesse mais uma vez salvar sua vida, costurar sua mão e ainda descobrir que estava grávida. Também vimos muito da Claire com Randall no futuro. Aí Mary casa com Randall.


Ela tinha se interessado antes do ocorrido horrível no irmão mais novo de Randall, que ficou cuidando dela depois, como ela teve um surto durante uma festa, ela acusou sem motivo de estupro o cara que ela estava gostando antes, por que ela não queria contato com nenhum homem e estava se sentindo sob pressão. Depois vemos as jogadas de Claire, que aciona a polícia e denuncia o nefasto Randall (que ela quer manter vivo apenas por mais um ano para poder ter o seu filho para continuar sua linhagem), mas Jamie quer se vingar por conta da sua noção de honra e acaba participando de um duelo mesmo com o pedido de sua esposa do contrário.




A conspiração Jacobitismo ocorreu durante a rebelião de Charles Stuart, descrito como impulsivo, egoísta e de certa forma trapaceiro (o que é uma vertente historiográfica real por trás dessa ideia), já que ele “usou” das pautas nacionais escocesas para promover uma rebelião em favor de sua casa real, isso através da ajuda de franceses, também é célebre sua fuga da “Batalha de Culleon”, vestido de empregada, episódio narrado pelos ingleses, é claro. Jamie agora não quer mais “vencer” e entende que Claire transmite a noção da viajante no tempo, aquela que já viu veio e venceu, por assim dizer. 


Como ela está grávida e entediada, acaba indo passar o tempo com as freiras no hospital de caridade, e nessa parte a série brilha por mostrar de maneira muito verossímil como era a medicina rudimentar daquela época. Jamie passa a querer que Claire fique mais em casa e a relação deles passa por uma crise, mas é interessante ver detalhes dessa história. Quando Claire vai até o boticário para pegar uma receita contraceptiva para sua empregada, ele diz pra ela que o costume é vir a empregada e não patroa, mas ela explica que é curandeira (enfermeira) e vemos também o detalhe do vendedor usar uma blusa do “olho que tudo vê”, um símbolo da maçonaria, o que depois é comentado por cima em um dos outros episódios. 


Vemos mudanças e sinto falta da Claire curandeira pelas estradas das terras altas, esse caráter livre se perde um pouco com a chegada da segunda temporada, vemos que Claire começa a se recusar a fazer o chá da tarde, já que Jamie conseguiu um clientelismo de gerenciar os bens de um rico francês local e por isso soube da tentativa de rebelião liderada pelo filho de Jaime VI (o rei que sucedeu a Elizabeth I), e por isso ela passa a desprezar um pouco essa tarefa de madame de ‘gerenciar a casa’, parece frustrada que Jamie não esquece sua necessidade de vingança, mas sabe que pelo menos ele não quer afrontar os ingleses em termos nacionais ou de guerra, mas quer obter vantagens agora sabendo desses “spoilers” da nossa bruxinha viajante no tempo Claire Frazer (Randall). 



A segunda temporada começa quando Claire e Jamie chegam à França, decididos a se infiltrar na rebelião jacobita liderada pelo príncipe Charles Stuart e a impedir a batalha de Culloden. Com a ajuda do seu primo Jared, um comerciante de vinhos local, Jamie e Claire são lançados no mundo luxuoso da sociedade francesa, onde a intriga e as festas são abundantes, mas os ganhos políticos revelam-se muito menos frutíferos. Alterar o curso da história apresenta desafios que começam a pesar na própria estrutura do seu relacionamento. No entanto, armados com o conhecimento do que está por vir, Claire e Jamie devem correr para evitar uma revolta condenada nas Highlands e a extinção da vida escocesa como a conhecem.



Voltando ao seu tempo, Claire deve conciliar seu futuro com a vida que deixou para trás. Voltando ao século XVIII, Jamie, Claire e Murtagh chegam a França, mas descobrem que Paris apresenta os seus próprios desafios.



O casal se volta para as origens, e temos outra vez o plot na Escócia e nas matas, com um tom muito crítico até mesmo com a rebelião contra a Inglaterra. Não importunando muito mais isso, Claire e Jamie voltam para visitar a irmã (um personagem extremamente rico e forte na trama) já que estavam passando por uma grande tragédia. Ao encontrar-se na casa dos parentes de Jamie, vemos a estrutura de 13 mulheres do avó de Jamie e ficamos um pouco assustados, mas era a vida na época. 



A vida em Paris tem suas provações enquanto Jamie luta para triunfar sobre os traumas de seu passado. Um encontro feliz com o líder jacobita, o príncipe Charles, apresenta oportunidades, enquanto a presença do duque de Sandringham traz complicações. As maquinações políticas dominam a maior parte do tempo de Jamie, enquanto Claire coloca em prática suas habilidades de cura. Seu plano para impedir Culloden segue em frente, mas o ímpeto de avanço é comprometido por ações passadas.


Claire e Jamie organizam um jantar elaborado com o objetivo de descarrilar os investidores no esforço de guerra do Príncipe Charles. Enquanto isso, a revelação de Claire de que Jack Randall está vivo desperta Jamie de uma forma inesperada enquanto ele e Claire lutam para recuperar a relação. Reunidos, Jamie e Claire tentam apagar o fogo que seu jantar acendeu; no entanto, Claire inicia uma mudança inesperada de rumo. O relacionamento de Jamie e Claire é posto à prova quando o passado aparece.


Jamie e Claire usam o conhecimento médico de Claire para elaborar um esquema para impedir um negócio de vinho que poderia encher o baú de guerra do Príncipe. Quando Claire descobre que Jamie voltou atrás em sua palavra, o casal enfrenta consequências terríveis que mudarão para sempre suas vidas.

Claire é levada ao L'Hôpital des Anges, onde os médicos tentam salvar sua vida e a de seu bebê ainda não nascido. O Rei Louis pede a Claire para julgar dois homens acusados de praticar as artes das trevas – um inimigo, o outro amigo.



Claire e Jamie recorrem ao avô de Jamie, Lord Lovat, na tentativa de obter apoio para a causa jacobita. No entanto, o visitante Colum MacKenzie tem outros planos, e as maquinações manipuladoras de Lord Lovat garantem que, aconteça o que acontecer, os seus próprios interesses serão servidos.


Claire e Jamie se reúnem com os homens Lallybroch e MacKenzie enquanto treinam para a guerra. As lutas de poder de Jamie com a batalha pessoal de Dougal e Claire com suas memórias da Segunda Guerra Mundial pesam sobre eles, mas informações novas e úteis vêm à tona quando um jovem inglês chamado William Gray faz uma visita surpresa ao acampamento deles.


Confiando no conhecimento de "história" de Claire, Jamie lidera o exército jacobita em uma batalha crítica contra a oposição britânica perto da cidade de Preston. Enquanto isso, Claire cuida dos mortos e moribundos, um lembrete dos verdadeiros custos da guerra. Claire e os Highlanders são enviados para o norte depois que os líderes jacobitas decidem interromper sua marcha sobre Londres. Um bando de casacas vermelhas cria problemas para os escoceses, levando a um reencontro inesperado para Claire. 


Enquanto Jamie coloca todos os seus esforços para afastar o exército jacobita do massacre iminente em Culloden Moor, Claire tenta confortar o doente Alex Randall. Ela fica chocada quando Alex revela um plano ultrajante para salvar a mãe de seu filho. Os Jacobitas ganharam a batalha de Prestonpan, mas perderam feio em Culloden, isso foi comentado na série também. No geral, a evolução da segunda temporada foi muito bom por mostrar todo o caminho e o movimento anterior a tentativa de tirar o rei da Inglaterra. Brianna indagou para a menina mais radical se não tinha sido um rei católico e escocês o primeiro a unir as coroas e que depois isso virou tradição. 


No fim, eu fico com a sensação em termos de ser fã de séries históricas e também de ter estudado muita história na vida, que a série cumpre essa função moral de entender os limites de alterar a história com esse papel de responsabilidade pelas viagens no tempo, pois agora visitaremos o cenário de cada livro, com um caso e circunstâncias diferentes. Parece que chegamos até mesmo ao universo paralelo (da série do tempo corrente da pós Segunda Guerra onde Claire cria sua filha com Randall). 



Ao fim dessa temporada, aqui temos spoiler, então cuidado se não viu, vemos que o bebê de Claire e Jamie morre no tempo corrente que 1745-6, na época da revolta jacobita contra a Inglaterra incentivada por um filho de um rei que buscou tentar "unir as agendas" em benefício próprio, espírito que a série sabe descrever muito bem. 

É triste a ideia de Claire aceitar se deitar com o "rei sol" da França através do contato com a irmã, isso foi um pouco baixo demais para mim. Foi interessante ver que ela já se vingou do vilão da temporada com um ritual de magia secreto através do poder investido pelo rei, foi um plot bom mas no fim um pouco derrotista demais, já que deu tudo errado nesse início de temporada. 


O último episódio foi sobre a batalha de Culloden e já se via o que ia acontecer com eles na resistência. Mas a série melhorou muito na segunda parte da segunda temporada, a série ficou mais realista no tipo de pessoa e sociabilidade que teria Jamie e Claire e abordou várias questões importantes, como a volta da irmã de Jamie, o encontro com Mary e a descoberta dos responsáveis pelo ataque a ela. 


No fim da temporada tem muitas coisas para analisar, voltamos ao ano de 1968 e vemos o funeral do reverendo, Roger Wakefield(de Oxford), filho do amigo de Frank Randall e vemos a filha de Claire com Jamie, a Brianna, que foi criada por Claire e Frank no futuro, ela parece muito com os dois, com o tom de ruivo mais escuro que o pai. juntos eles passeiam pelo Forte William. Na série, foi filmado na verdade na Inglaterra no Blackness Castle.


Claire era enfermeira, mas depois pôde virar médica cirurgiã, ou seja, um lugar que não seria possível em outro momento histórico. Outra curiosidade é que Brianna se formou em História em Harvard. A sensação é que Claire passou a vida falando para si que foi melhor mentir sobre o pai de Brianna, mas no fim, ela apenas pareceu alguém que morreu de medo de que sua vida gerasse um "anacronismo histórico, por saber da história, acabou participando da história apenas de maneira pessoal, não mudando nada. 


Mas Claire agora pode ser uma médica pela mudança dos tempos, antes ela podia ser enfermeira, uma mudança que passa a ideia do feminismo de primeira geração, até 1945, cujo a batalha era voto, e depois o feminismo e as esquerdas de 1968, mostradas na série como movimento radical, havendo aqui uma comparação entre entre a pauta do Jacobitismo da Escócia e as esquerdas revolucionárias de 1968. 


Nesse momento somos apresentado ao movimento "white roses" também como uma forma de crítica ao movimento cultural que se apresenta como herdeiro de uma etnia especial ou escolhida(apesar de entender todos amaram a pauta da Escócia, eu gosto também, é claro). 


Em certo tom crítico, mas temos que entender que a filha de Claire é alguém que por ter sido criada com pai inglês compartilha uma visão de mundo também não neutra, é como a metáfora do "filho do jardineiro", a Lady Chatterley, já que o homem inglês cria o filho do escocês.



Ficamos na espera pela terceira temporada e o que vamos ver de viagem ao tempo, será que ele sobrevive a batalha de Culloden, pois chegamos a ver o túmulo de Jamie que Claire visita enquanto fala que ele estava certo em suas crenças. O final é muito forte para quem ficou esperando a resolução de tanta coisa, como por exemplo, anteriormente o episódio onde Mary se casa com Randall por estar grávida de Alex, seu irmão e ele estar doente demais e ela precisar "de um marido". 


Como competem várias linhas narrativas, vimos a história da batalha de Culloden no dia, e que Claire planejava venenar o Charles Stuart para evitar a matança de quem eles gostavam, mas isso fez com que eles matassem um grande amigo deles, sendo realmente uma cena muito triste, onde Claire ajuda a matar junto. A season finale passou a sensação de que vários debates foram tocados. Vimos que em 1968 Randall já tinha morrido.










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