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Assassinos da Lua das Flores: Novo filme do Scorsese é uma história real? Conheça a verdadeira história da Nação Osage por trás do filme "Killers of the Flower Moon"



O novo filme de Scorsese é uma adaptação de um livro de David Grann, um clássico sobre a morte de indígenas da etnia Osage, que retrata uma trama que dizem ter levado a criação do FBI. O filme vai abordar mais a história de Hale que quer convencer seu sobrinho Ernest (Leonardo Di Caprio) a se casar com uma rica indígena da etnia osage chamada Mollie (Lily Glastone). O filme conta com a presença de conhecidos nomes do cinema Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Lily Gladstone, Brendan Fraser, John Lithgow e Jesse Plemons


O filme teve um orçamento $200 milhões de dólares. Na vida real, a história do livro de David Crann é pesada e fala sobre apressamento indígena, inveja e apropriação cultural em vários níveis. O nome Osage significa "filhos das águas médias", o livro se concentra na investigação dos assassinatos desses ricos membros da comunidade Osage, em Osage Country, Oklahoma. Depois da grande descoberta de petróleo descoberto embaixo de suas terras. diferentemente do Brasil, o petróleo nos Estados Unidos era de caráter de exploração privada. Como a terra dos Osages foi demarcada no século XIX, eles deram uma sorte de achar óleo em seu território. A nação Osage. Vemos a história da investigação do assassinato de 20 indígenas na reserva e de sua grande repercussão. 


Em 1889, o governo federal americano reconheceu a legitimidade do Conselho Nacional dos Osage, criado em 1881. Em 1906, parte do tratado Osage Allotment Act, criando um conselho para responder aos problemas no território que eles possuíam. E já era uma tribo muito antiga e famosa inicialmente da região de Ohio, mas que passou por conflitos na demarcação de terras e seu território depois passou a ser a região de Oklahoma. Em 1894 foram descobertas várias reservas de petróleo e aí começou a extração de petróleo em terra indígena.

Eles foram forçados a abandonar seu território de origem, explicando a legitimidade da demarcação feita antes de descobrirem todo o petróleo na região e tornou os moradores da região os mais ricos por riqueza per capita (por cabeça) na América da época, se tornando um caso que realmente chamava a atenção de golpistas brancos em geral.  Os direitos eram pagos em relação a quem tinha direito a mais terras, 2,228 membros da nação de Osage e um não membro.


Como a terra que foi dada para a tribo/nação/etnia era ruim para subsistência (antes da descoberta dos minerais) em termos de plantio, fez com que os nativos dessa etnia rapidamente fossem ampliando o leque de atividades com a criação de gado e fazendas. Em 1924, o presidente americano Calvin Coolidge, garantiu pela primeira vez a cidadania completa aos indígenas pela primeira vez na história (em lei), apesar de conservador e pouco adepto de programas estatais, acredita-se que esse presidente americana tinha herdado também uma parcela de sangue indígena.


Apenas em 1992 que o governo americano admitiu a volta do conselho regional Osage como  administrador completo da região, com certa autonomia. Os conselhos das terras demarcadas possuem uma certa legislação especial para gerenciar esses casinos apenas nas terras demarcadas.


A reserva foi demarcada em 1872, mostrando a tradição dessa demarcação, depois disso foram criados até mesmo 7 casinos na região, o maior deles em Tulsa (cidade histórica ligada ao movimento negro e a chamada "Wall Street negra" que era a região antes dos anos 1920).  Entendemos então que a história que o filme do Scorsese busca falar é dessa apropriação de brancos mal intencionados das terras indígenas.


Muitos não nativos tentavam ser donos do direito através do casamento, o que leva a uma problemática, o filme com o ângulo de esquerda, provavelmente falará mal de miscigenação, não tem como fugir disso, o que logra uma característica já comum ao universo americano que considera miscigenação algo alienígena na cultura. Aqui é por conta do golpismo dos brancos, então ainda funciona a crítica de apropriação cultural e sabotagem. Na vida real, a investigação do FBI chegou a um homem do gado, William King Hale, a mente por trás de toda a trama de matar as famílias herdeiras da fortuna do petróleo.




Na história do livro, Mollie era diabética e por isso seria fácil de envenenar e não levantar suspeitas. A outra irmã de Molly morreu na explosão de uma casa, fazendo de Molly sua herdeira universal. Os osages eram uma etnia indígena que ficou muito rica devido ao território demarcado deles ter petróleo. Isso fez com eles virarem os indígenas mais invejados dos Estados Unidos.


Mollie também tinha outra irmã, Anna Brown, mas Hale orquestrou seu assassinato com um tiro na nuca. Os outros assassinatos, seja envenenamento ou explosão de casa, foram muito mais difíceis de provar como homicídio, razão pela qual o tiroteio finalmente chamou a atenção do recém-formado FBI, que enviou o detetive Tom White (interpretado no filme pelo ator Jesse Plemons) e outros agentes até Oklahoma para investigar o assassinato. White e outros agentes do FBI passaram vários anos integrados na nação Osage e ganharam a confiança de membros suficientes para começarem a se manifestar contra Hale, cujo esquema o transformou em um milionário.



Hale e Ernest foram presos em 1926 pelo assassinato de Rita (foto acima) e de seu marido, Bill. Durante o julgamento, Ernest confessou seu papel no esquema e denunciou Hale como o chefe da operação de assassinato. Hale foi condenada à prisão perpétua, mas foi libertada em liberdade condicional em 1947, após 18 anos. Ernest também foi condenado à prisão perpétua, mas obteve liberdade condicional em 1937. Mollie finalmente se recuperou do veneno que consumiu e se divorciou de Ernest. Ela morreu de causas não relacionadas em 16 de junho de 1937. Os três filhos que teve com Ernest herdaram seus bens. David Grann, o autor do livro, disse ao The Independent que entrevistou a neta de Mollie, Margie, quando estava pesquisando o livro “Flower Moon”, e ficou claro que a família ainda se ressente de Ernest por sua traição.


“Margie me mostrou uma foto de seu pai e de sua tia, ao lado de um homem”, disse Grann. “Você não consegue ver a cabeça do homem e eu tive que perguntar: ‘Era Ernest?’ E Margie disse: ‘Sim, meu pai arrancou a cabeça dele’. Aqui estava um menino com uma foto inocente de si mesmo com o pai. A certa altura, ele percebeu quem era seu pai e teve que tirar aquele rosto, para não ter que olhar para o pai… Outra vez, Margie me levou ao cemitério e me mostrou todos os seus parentes que haviam sido assassinados e disse: 'Tive que crescer sem primos'” por conta dos assassinatos.




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