Pular para o conteúdo principal

Três Homens em Conflito (The Good, the Bad and the Ugly, 1966): Clássico do Spaghetti Western com Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Eli Wallach e dirigido por Sergio Leone




Três pistoleiros rivais buscam um tesouro escondido em meio à guerra civil americana, enfrentando soldados, bandidos e uns aos outros em uma jornada cheia de violência, humor e traições.


Clique aqui para saber onde assistir o filme


Clique aqui para ler a análise do primeiro filme da "Trilogia dos Dólares" ou clique aqui para ler a análise do segundo filme da trilogia 


A história acompanha três personagens principais: Blondie (Clint Eastwood), o bom; Angel Eyes (Lee Van Cleef), o mau; e Tuco (Eli Wallach), o vilão. Eles são anti-heróis que buscam um tesouro escondido em um cemitério durante a guerra civil americana, enfrentando diversos obstáculos e traições pelo caminho. O filme explora temas como a ganância, a moralidade, a lealdade, a amizade e a violência.


O roteiro tem aspectos positivos e negativos. Entre os positivos, destacam-se a construção dos personagens, que são complexos, carismáticos e memoráveis; a estrutura narrativa, que é dinâmica, envolvente e cheia de reviravoltas. O diálogo, que é conciso, irônico e impactante; e o clímax, que é uma das cenas mais icônicas da história do cinema, com um duelo entre os três protagonistas em um cemitério ao som da trilha sonora de Ennio Morricone.


Entre os aspectos negativos, podem-se citar a duração excessiva do filme, que tem quase três horas de duração; a falta de profundidade histórica e política, que retrata a guerra civil de forma superficial e estereotipada. Também a representação das mulheres, que são poucas e marginalizadas na trama.


O filme não tem uma mensagem final ou uma moral explícita porque não há um herói claro ou um vilão absoluto na história. Os três protagonistas são anti-heróis que agem por interesse próprio e não por um ideal ou uma causa maior. Eles também não têm um arco de transformação ou de redenção ao longo da trama. Eles são movidos pela ganância e pela sobrevivência em um cenário de guerra e violência.



No entanto, o filme pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo da perspectiva do espectador. Uma delas é que o filme mostra a futilidade da guerra, pois ela é retratada como um pano de fundo caótico e sem sentido, que não afeta os personagens principais, mas sim os coadjuvantes, que sofrem e morrem por ela. A guerra serve como um contraste entre a brutalidade dos homens e a beleza da natureza, que é mostrada em planos abertos e panorâmicos.


Outra interpretação é que o filme mostra a relatividade da justiça, pois não há uma lei ou uma ordem que regule as ações dos personagens. Eles criam suas próprias regras e alianças, que mudam conforme as circunstâncias. O que é bom e mau depende do ponto de vista de cada um. O filme também questiona os conceitos de honra e lealdade, que são colocados à prova pelos personagens.


Também mostra a ambiguidade da natureza humana, pois os personagens são complexos e contraditórios. Eles são capazes de atos de crueldade e de compaixão, de traição e de amizade, de riso e de choro. Eles também têm suas motivações e seus passados, que revelam suas fraquezas e suas virtudes. Há uma certa crítica ao mito do herói americano, pois ele subverte os clichês e as convenções do western tradicional. O filme mostra um lado mais sombrio e realista do Velho Oeste, onde a violência é explícita e a moral é duvidosa, desmistificando a figura do cowboy, que é mostrado como um mercenário egoísta e sem escrúpulos, que não tem nenhum compromisso com a sociedade ou com a história.


The Good, the Bad and the Ugly, com um filme italiano, reflete o contexto político e social da Itália dos anos 1960, que vivia um período de instabilidade, protestos e conflitos ideológicos. A Itália estava dividida entre as forças democráticas, comunistas e neofascistas, que disputavam o poder e a influência na sociedade. O filme também expressa o desencanto e a crítica em relação à guerra, que é vista como um cenário de violência gratuita, corrupção e crueldade. Ele antecipa os chamados anos de chumbo, que foram um período de turbulência social e política na Itália, marcado por atos de terrorismo de grupos de extrema-esquerda e extrema-direita.



Guerra Civil Americana, que serve de pano de fundo para a trama dos três pistoleiros que buscam um tesouro escondido. O filme retrata os horrores e as contradições da guerra, mostrando a violência, a corrupção, a crueldade e a indiferença dos envolvidos. O filme também reflete o contexto político e social da Itália dos anos 1960, que vivia um período de instabilidade, protestos e conflitos ideológicos.


O filme também influenciou o gênero western e o cinema em geral, sendo considerado um dos melhores e mais emblemáticos filmes do diretor Sergio Leone e do compositor Ennio Morricone. Introduziu uma nova estética e uma nova narrativa para o western, quebrando com os clichês e os estereótipos do gênero. Se destaca pela sua fotografia, pela sua montagem, pelo seu humor negro e pela sua trilha sonora marcante. Um filme obrigatório e uma verdadeira obra de arte.





História por trás do filme


Depois do sucesso de Per qualche dollaro in più, executivos da United Artists entraram em contato com o roteirista do filme, Luciano Vincenzoni, para assinar um contrato pelos direitos do filme e também para o próximo. Ele, o produtor Alberto Grimaldi e Sergio Leone não tinham planos, mas, após algum tempo, Vincenzoni imaginou "um filme sobre três trapaceiros que estão buscando algum tesouro na época da Guerra Civil dos Estados Unidos". O estúdio concordou, mas queria saber o custo de produção do filme. Enquanto isso, Grimaldi estava tentando negociar seu próprio acordo, mas a ideia de Vincenzoni era mais lucrativa. Os dois homens firmaram um acordo com a United Artists por um orçamento de um milhão de dólares, com o estúdio adiantando $500,000 e ficando com 50% dos lucros fora da Itália. O orçamento total eventualmente chegou a $1.2 milhão.


Leone desenvolveu o roteiro com base no conceito original do roteirista de "mostrar o absurdo da guerra… a Guerra Civil em que os personagens se encontram. No meu ponto de vista, é inútil, estúpida: ela não envolveu uma 'boa causa'".


Um ávido fã de história, Leone afirmou: "Eu li em algum lugar que 120,000 pessoas morreram nos campos de prisioneiros do sul, como o de Andersonville. Não estou ignorante ao fato de que havia campos no norte. Você sempre escuta sobre o comportamento vergonhoso dos derrotados, nunca dos vencedores. "O Campo de Batterville, onde Lourinho e Tuco são presos, foi baseado nas gravuras em aço de Andersonville. Muitas filmagens foram influenciadas pelo arquivo de fotografias de Mathew Brady. Como o filme ocorre durante a Guerra Civil, ele serve como uma prequela para os outros dois filmes da trilogia, que se passam após a guerra.


Enquanto Leone desenvolveu a ideia de Vincenzoni em um roteiro, o roteirista recomendou a equipe de Agenore Incrucci e Furio Scarpelli, especializada em comédia, para trabalhar junto com Leone e Sergio Donati. De acordo com Leone, "eu não poderia usar nada que eles tinham escrito. Foi a maior decepção da minha vida". 



Donati concordou, dizendo que "não havia quase nada escrito por eles no roteiro final. Eles apenas escreveram a primeira parte. Só uma linha". Vincenzoni afirma que escreveu o roteiro em 11 dias, mas ele logo deixou o projeto depois de sua relação com Leone piorar. Os três personagens principais contêm elementos autobiográficos de Leone. Em uma entrevista, ele disse que "[Sentenza] não tem alma, ele é um profissional no sentido mais banal do termo. Como um robô. Com os outros dois, não ocorre o mesmo. No lado metódico e cuidadoso de meu personagem, eu estaria mais próximo de il Biondo (Lourinho), mas minha simpatia profunda sempre estará do lado de Tuco… ele pode ser tocante com todo o seu carinho e sua humanidade ferida".


Eastwood recebeu um salário baseado em porcentagem, diferente dos dois primeiros filmes, em que recebeu um salário fixo. Quando Lee Van Cleef foi chamado para atuar em outro filme da Trilogia dos Dólares, brincou, afirmando que "a única razão pela qual me trouxeram de volta é porque esqueceram de me matar em Per qualche dollaro in più".


O título do filme enquanto estava sendo produzido era I due magnifici straccioni (Os Dois Vagabundos Magníficos). Foi modificado pouco antes das filmagens começarem, quando Vincenzoni pensou em Il buono, il brutto, il cattivo (O Bom, o Feio, o Mau), título que Leone adorou.


As filmagens começaram no estúdio Cinecittà, em Roma, na metade de maio de 1966, incluindo a cena de abertura entre Clint e Wallach quando o Pistoleiro Sem Nome captura Tuco pela primeira vez para mandá-lo para a cadeia. A produção, então, foi até à região de planalto da Espanha próxima de Burgos no norte, seguindo para o sudoeste dos Estados Unidos, e após para Almeria, no sul da Espanha. Desta vez, a produção precisou de cenários mais elaborados, incluindo uma cidade sob fogo de canhões, um campo de prisioneiros e um campo de batalha da Guerra Civil dos Estados Unidos. E, para o clímax, algumas centenas de soldados espanhóis foram contratados para criar um cemitério com milhares de lápides para assemelhar-se a um antigo circo romano. 


A cena em que a ponte foi destruída teve que ser gravada duas vezes, pois, da primeira vez, todas as três câmeras foram destruídas pela explosão. Eastwood lembra que "Eles se importariam se você estivesse fazendo uma história sobre espanhóis e sobre a Espanha. Então, eles escrutinariam você, mas, como você está fazendo um filme de faroeste que deve se passar no sudoeste dos Estados Unidos ou no México, eles não poderiam se importar menos sobre sua história ou tema." 


O cinematógrafo italiano Tonino Delli Colli foi trazido para fazer as filmagens e Leone pediu-lhe que prestasse mais atenção à luz do que nos dois filmes anteriores; Ennio Morricone compôs a trilha sonora novamente. Leone pediu a Morricone que compusesse uma música para o impasse mexicano da cena final no cemitério, dizendo que deveria ter uma sensação de que "os corpos estivessem rindo de dentro de suas tumbas", e pediu a Delli Colli para criar um efeito hipnótico rodopiante com close ups dramáticos, para dar aos espectadores a impressão de um balé visual. As filmagens terminaram em julho de 1966.


Eastwood inicialmente não gostou do roteiro e estava preocupado com o fato de poder ser ofuscado por Wallach, e disse a Leone que "No primeiro filme, eu estava sozinho. No segundo, nós éramos dois. Agora, nós seremos três. Se continuar desse jeito, no próximo eu estarei estrelando com toda a cavalaria dos Estados Unidos". Como Eastwood dificultou sua aceitação para participar do filme (inflando seus ganhos para $250,000, outra Ferrari e 10% dos lucros nos Estados Unidos quando lançado lá), o ator novamente deparou-se com disputas de publicidade entre Ruth Marsh, que disse para ele aceitar atuar no terceiro filme da trilogia, e a Agência William Morris e Irving Leonard, que estavam insatisfeitos com a influência de Marsh sobre seu cliente. Eastwood avisou a Marsh para não contatá-lo novamente. Por algum tempo, a publicidade de Eastwood foi administrada por Jerry Pam, da Gutman and Pam.


Wallach e Eastwood viajaram juntos para Madri e, entre as cenas de tiroteios, Eastwood relaxaria e praticaria seu swing de golfe. Wallach quase foi envenenado durante as filmagens quando ele acidentalmente bebeu de uma garrafa com ácido que um técnico de filmagem deixou perto de sua garrafa de refrigerante. Wallach mencionou isso em sua autobiografia e reclamou que, apesar de Leone ser um diretor brilhante, era muito relaxado a respeito de garantir a segurança de seus atores durante cenas perigosas. 



Por exemplo, em uma cena em que ele estava amarrado depois de uma pistola ser disparada, o cavalo no qual estava montado deveria fugir. Apesar de a corda em torno do pescoço de Wallach ser cortada, o cavalo assustou-se demais e galopou por cerca de 1,5 km, com Wallach ainda montado e suas mãos atadas atrás das costas. A terceira vez em que a vida de Wallach esteve em perigo foi durante a cena em que ele e Mario Brega — que estavam acorrentados um ao outro — pulam de um trem em movimento. A parte da queda ocorreu conforme o planejado, mas a vida de Wallach foi ameaçada quando seu personagem tenta quebrar a corrente prendendo-o ao capanga (já morto). 


Tuco coloca o corpo nos trilhos de trem, esperando o trem passar por cima da corrente e rompê-la. Wallach, e presumivelmente toda a equipe do filme, não sabiam dos degraus de ferro pesados que ficavam na parte de fora de todos os vagões. Se Wallach tivesse se levantado no momento errado, um dos degraus poderia ter batido em sua cabeça.


A ponte do filme foi reconstruída duas vezes por sapadores do exército espanhol após ser destruída por explosivos. Na primeira vez, um operador de câmera italiano sinalizou que estava pronto para gravar, o que foi mal interpretado por um capitão do exército por conta da semelhança sonora da palavra espanhola que significa "começar". Felizmente, ninguém ficou ferido com a explosão no momento errado. O exército reconstruiu a ponte enquanto outras cenas foram gravadas. Como era uma estrutura pesada e resistente, explosivos poderosos foram necessários para destruí-la. Leone disse que aquela cena foi, em parte, inspirada pelo filme mudo de Buster Keaton, The General (já analisado aqui no blog).


Como um elenco internacional foi empregado, os atores executavam seus papéis em suas línguas nativas. Eastwood, Van Cleef e Wallach falavam em inglês, e foram dublados para o italiano por conta do lançamento de estreia em Roma. Para a versão estadunidense, as vozes dos papéis principais foram usadas, mas os coadjuvantes foram dublados para o inglês. O resultado é perceptível na má sincronização de vozes com os movimentos labiais na tela; nenhum diálogo é completamente sincronizado porque Leone raramente gravava suas cenas com som sincronizado.


Várias razões foram mencionadas para esse fato: Leone frequentemente tocava as músicas de Morricone nas cenas e possivelmente gritava coisas aos atores para deixá-los no clima. Leone preocupava-se mais com os visuais do que com os diálogos (seu inglês era bastante limitado). Dadas as limitações técnicas da época, seria difícil gravar o som de forma clara na maior parte das gravações a grandes distâncias que Leone frequentemente usava. Além disso, era uma técnica padrão dos filmes italianos na época a de gravar primeiro e dublar posteriormente. Seja qual for a razão, todos os diálogos do filme foram gravados na pós-produção.


Leone não conseguiu encontrar um cemitério real para a cena final em Sad Hill, por isso, o chefe de pirotecnia espanhol contratou 250 soldados espanhóis para construir um em Carazo, perto de Salas de los Infantes, que foi completado em dois dias.


Ao final das gravações, Eastwood teve o bastante do perfeccionismo da direção de Leone. O diretor, muitas vezes energicamente, insistia em gravar cenas de vários ângulos diferentes, prestando atenção a todos os detalhes, o que esgotava os atores. Leone, um glutão, também era fonte de divertimento por seus excessos, e Eastwood encontrou uma forma de lidar com o estresse de ser dirigido por ele fazendo piadas sobre o diretor e apelidando-o de "Eufrazino" por seu temperamento ruim.


Eastwood nunca mais foi dirigido por Leone, recusando o papel de Harmonica em C'era una volta il West (1968), sendo que Leone pessoalmente viajou para Los Angeles para lhe dar o roteiro. Eventualmente, o papel foi dado a Charles Bronson. Anos mais tarde, Leone vingou-se de Eastwood, durante as filmagens de Era uma vez na América (1984), quando descreveu a capacidade de Eastwood como um bloco de mármore ou cera e inferior à capacidade de atuar de Robert De Niro, dizendo que "Eastwood se mexe como um sonâmbulo entre explosões e chuvas de balas, e ele é sempre a mesma coisa: um bloco de mármore. Bobby, em primeiro lugar, é um ator; Clint, em primeiro lugar, é uma estrela. Bobby sofre, Clint boceja".


O diretor Sergio Leone afirmou que o tema principal do filme é seu enfoque na violência e na desconstrução do romantismo do Velho Oeste. Como muitos de seus filmes, Il buono, il brutto, il cattivo foi considerado por Leone uma sátira do gênero faroeste. O crítico Drew Marton descreveu-o como uma "manipulação barroca" que critica a ideologia estadunidense do faroeste, substituindo o cowboy heroico, popularizado por John Wayne, por anti-heróis moralmente complexos. Temas negativos como o capitalismo e a ganância também tiveram enfoque, e foram características compartilhadas pelos três protagonistas na história. Muitos críticos também notaram o tema anti guerra do filme. 


Passando-se durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, o filme assume o ponto de vista de pessoas como civis, bandidos e soldados e apresenta suas dificuldades diárias durante a guerra. Apesar de não lutarem na guerra, os três pistoleiros gradualmente envolvem-se nas batalhas que se seguiram (similar a A Grande Guerra, em que os roteiristas Luciano Vincenzoni e Age & Scarpelli também contribuíram).


Em sua representação da violência, Leone usou seu estilo de filmagem característico com long shots e close-ups, misturando filmagens que mostravam apenas o rosto do personagem com outras a grandes distâncias. Com isso, Leone conseguiu criar sequências épicas em que apenas se viam olhos ou rostos, ou mesmo mãos lentamente chegando a uma arma no coldre. Isso aumentou a tensão e o suspense ao permitir que os espectadores vissem, em detalhes, performances e reações dos personagens e, ao mesmo tempo, dando a Leone a liberdade de gravar belas paisagens. Leone também adicionou músicas para aumentar a tensão e a pressão antes e durante os muitos tiroteios do filme.


Ao filmar os tiroteios principais, Leone removeu quase todos os diálogos para se focar nas ações dos personagens, o que foi importante durante o icônico impasse mexicano. Este modelo é fortemente representado por Lourinho, que é descrito pelos críticos como um personagem cujas ações o definem mais do que suas palavras. Além de Lourinho, os outros dois personagens foram anti-heróis que matavam para ganho pessoal. Leone também empregou tiroteios com estilo, como Lourinho tirando o chapéu da cabeça de uma pessoa ou rompendo uma corda de forca com um tiro preciso, em muitos dos tiroteios icônicos do filme.


A trilha sonora foi composta pelo colaborador frequente de Leone Ennio Morricone, cujas composições originais características, contendo disparos de armas, assovios (por John O'Neill) e iodelei permeiam o filme. O tema principal, que se assemelha ao uivo de um coiote (que se mistura ao uivo de um coiote real na primeira cena após os créditos de abertura), é uma melodia de duas notas que é um motivo frequente, e é usada para os três personagens principais. Um instrumento musical diferente foi usado para cada um: flauta para Lourinho, ocarina para Angel Eyes e vozes para Tuco. 


A trilha sonora complementa o cenário da Guerra de Secessão do filme, contendo a balada melancólica La Storia Di Un Soldato (A história de um soldado), que é cantada pelos prisioneiros de guerra enquanto Tuco é torturado por Angel Eyes. O clímax do filme, um impasse mexicano com os três protagonistas, começa com a melodia de L'estasi dell'oro (O Êxtase do Ouro) e é seguido por Il Triello (O trio). Atualmente o tema icônico é considerado uma das maiores composições musicais para filmes de todos os tempos.


O tema principal, também chamado "Il buono, il brutto, il cattivo", foi um sucesso em 1968 com o álbum da trilha sonora entre os mais vendidos durante mais de um ano, chegando à quarta posição na revista Billboard na lista de mais vendidos do gênero pop. Na cultura popular, o grupo de new wave estadunidense Wall of Voodoo realizou um pot-pourri dos temas de Ennio Morricone em filmes, incluindo o tema deste filme. A única gravação conhecida é uma apresentação ao vivo no álbum The Index Masters. A banda de punk rock Ramones tocou essa música como abertura em seu álbum ao vivo Loco Live, bem como em outras apresentações, até sua separação em 1996. A banda de heavy metal britânica Motörhead tocou o tema como abertura na turnê de 1981 No Sleep 'til Hammersmith. 


A banda de heavy metal estadunidense Metallica tocou o tema L'estasi dell'oro como prelúdio para suas apresentações desde 1985 (exceto de 1996 a 1998), e, em 2007, gravou uma versão instrumental para uma compilação em homenagem a Morricone. O programa The Opie & Anthony Show, da rádio XM Satellite, também usava L'estasi dell'oro como tema de abertura. A música Urban Struggle, da banda de punk rock estadunidense The Vandals, começa com o tema principal. A banda electrónica Bomb the Bass usou o tema de Il buono, il brutto, il cattivo como um de seus samples em sua música de 1988 Beat Dis, juntamente com partes do diálogo de Tuco prestes a ser enforcado na música Throughout The Entire World, faixa de abertura de seu álbum de 1991 Unknown Territory. Uma canção da banda Gorillaz chama-se Clint Eastwood e conta com referências ao ator, com o grito icônico ouvido no tema do filme.


O título do filme entrou no idioma inglês como uma expressão idiomática. Tipicamente usada ao descrever alguma coisa, a expressão refere-se ao lado positivo, ao lado negativo e ao que poderia ser feito melhor, mas não foi. O filme foi romanceado em 1967 por Joe Millard como parte da série "Dollars Western" baseada no Pistoleiro Sem Nome. O filme sul-coreano Joheun nom nabbeun nom isanghan nom (2008, lançado no Brasil como Os Invencíveis) é inspirado pelo filme de Leone, com grande parte de seu enredo e elementos dos personagens emprestados de Il buono, il brutto, il cattivo. Em sua introdução à edição revisada de 2003 de seu romance A Torre Negra: O Pistoleiro, Stephen King revelou que o filme foi uma influência primária para a série A Torre Negra, e que o personagem de Eastwood, especificamente, inspirou a criação do protagonista de King, Roland Deschain.


Assista aqui:





Comentários

Em Alta no Momento:

Os Desajustados (The Misfits, 1961): Um faroeste com Marilyn Monroe e Clark Gable sobre imperfeição da obra do artista e o fim fantasmagórico da Era de Ouro do Cinema Americano

Rastros de Ódio (The Searchers, 1956): Clássico de John Ford é o maior faroeste de todos os tempos e eu posso provar

Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989): Filme suavizou livro de Stephen King mas é a melhor adaptação da obra até hoje. Confira as diferenças do livro para o filme

"1883" (2021): Análise e curiosidades da série histórica de western da Paramount



Curta nossa página: