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"Retratos Fantasmas": Novo filme do diretor de Bacurau, Kleber Mendonça Filho, faz homenagem aos cinemas antigos de rua



Em “Retratos fantasmas”, exibido em Cannes, o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho faz uma viagem afetiva por Recife, sua cidade natal, e celebra as salas de cinema que marcaram sua formação. O documentário mostra os lugares que têm um significado especial para o cineasta, como o bairro onde cresceu e a casa da família, que aparece em alguns de seus filmes



 

Ele também faz uma homenagem à mãe, uma historiadora que morreu cedo nos anos 1990. “Ela me ensinou muito sobre o Brasil, sobre a história do Brasil. Eu acho que isso está presente nos meus filmes de alguma forma”, disse ele em entrevista à AFP neste sábado (20).


“Ela tinha uma relação muito forte com a nossa casa, isso sempre me emocionou muito”, completou.


Mas o foco principal de “Retratos fantasmas” é Recife e seus cinemas, muitos deles fechados, que foram frequentados por Mendonça durante sua vida.


Em um trecho do documentário, Mendonça revela seu mapa afetivo da cidade, com algumas das salas que ficavam no centro, como o Art Palácio e o São Luiz, o único que ainda funciona.


Ele acredita que esses espaços eram essenciais para manter os centros urbanos vivos, e que quando eles começaram a sumir, as cidades foram se esvaziando e sendo dominadas por shoppings centers.


Algumas dessas salas de cinema, que Mendonça chama de “templos”, viraram igrejas evangélicas. O diretor se interessou por mostrar pessoas que se juntam “para escutar histórias, seja de religião ou de cinema”.


Também são tocantes as imagens dedicadas ao projetista Alexandre, do Art Palácio, antes de sua extinção, que lembram o Alfredo de “Cinema Paradiso”.


Mendonça, de 54 anos, é um frequentador assíduo da Croisette. Ele concorreu à Palma de Ouro com “Aquarius”, em 2016, e com “Bacurau”, em 2019, com o qual ganhou o prêmio do júri. Dois anos depois, ele também foi um dos jurados.


Com “Retratos fantasmas”, ele disputa o L’Oeil D’or (Olho de Ouro), prêmio para o melhor documentário de todas as seções.


Ele conta que não sabia bem qual seria o formato do filme quando decidiu fazê-lo.


“Eu não pensei no filme como um documentário ou uma ficção. Eu pensei como uma forma de eu falar na minha voz”, explicou.


O diretor, que é de esquerda e que não poupou críticas ao governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), celebra a volta de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.


“Eu estou feliz pelo Brasil voltar ao normal depois de sete anos de uma situação anormal e antinatural”, afirmou.


Mas ele ressaltou que quer ver essa situação atual com “naturalidade”. “Não é algo anormal, anormal foi o que aconteceu nos últimos sete anos”, referindo-se também ao governo de Michel Temer (2016-2018).

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