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Pânico 6 (2023): Uma reflexão sobre a violência e a mídia na sociedade atual que reinventa a franquia na era do streaming





É o mais novo filme da franquia de terror iniciada por Wes Craven em 1996, e uma sequência direta do filme de 2022. O filme é dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que também comandaram o quinto filme, e traz de volta alguns personagens conhecidos, como Gale Weathers (Courteney Cox) e Kirby Reed (Hayden Panettiere), além de apresentar novos rostos, como Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding).


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Crítica do filme 


O filme se passa um ano após os eventos do filme anterior, na cidade de Nova York, onde os sobreviventes dos ataques de Woodsboro tentam recomeçar suas vidas. Porém, eles são novamente perseguidos pelo assassino mascarado Ghostface, que tem novos truques na manga e parece conhecer todos os seus segredos. Pânico 6 é um filme que homenageia e subverte os clichês do gênero slasher, assim como os filmes anteriores da série. 


A franquia Pânico sempre foi conhecida por sua abordagem metalinguística e irônica do gênero terror, brincando com os clichês e as convenções do slasher. Mas além de ser uma sátira inteligente e divertida, Pânico também é uma crítica social, que questiona o papel da violência e da mídia na cultura popular e na formação da identidade dos indivíduos.


Em Pânico 6, esse aspecto se torna ainda mais evidente, pois o filme se passa na era do streaming, das redes sociais e dos podcasts, onde a informação é instantânea, viral e manipulável. O novo Ghostface não é apenas um assassino em série, mas também um produtor de conteúdo, que usa a internet para divulgar seus crimes e atrair a atenção do público e da imprensa.


O filme também explora as consequências psicológicas e emocionais dos sobreviventes dos “ataques de Woodsboro”, que tiveram suas vidas expostas e transformadas em entretenimento. A personagem de Courteney Cox, uma vez que em um dos filmes da franquia é mostrado que ela escreveu um livro sobre os assassinatos e isso era mostrado como uma postura positiva, de sobrevivente. Agora, é mostrado que os direitos de seu livro foram vendidos e se tornaram um filme que ridiculariza as vítimas. 


Eles precisam lidar com o trauma, a culpa, o medo e a desconfiança, enquanto tentam seguir em frente e se proteger de um novo perigo. Pânico 6 é um filme que nos faz pensar sobre como a violência e a mídia afetam a nossa percepção da realidade e das pessoas ao nosso redor. É um filme que nos convida a questionar o que vemos, ouvimos e consumimos, e a refletir sobre o nosso papel como espectadores e cidadãos.


O primeiro detalhe é a primeira vítima do filme. Ela se identifica na ligação com Ghostface como um pós-graduanda e pesquisadora de cinema e filmes trash do século XX. Só que o seu perfil não condiz com tal pesquisa, uma vez que ela é uma loira, aparentemente rica e arrogante. Aqui o filme faz um crítica clara aos acadêmicos do século XXI, que selecionam seus assuntos de debate e pesquisas não por um interesse ou talento científico, mas sim pelo estilo e tendência daquele debate. Assim, é possível encontrar pessoas pertencentes a elite que vão estudar cultura popular, televisão, séries e coisas da cultura pop e trash; pois na verdade odeiam essas coisas e querer ser um definidor primário de opinião nos gostos populares para impedir o impacto do conteúdo e, claro, lucrar com sua repercussão. 



O filme usa a metalinguagem e o humor negro para comentar sobre as convenções e as expectativas dos fãs, ao mesmo tempo em que entrega cenas de suspense e violência impactantes. O filme também explora temas como trauma, culpa, vingança e família, dando profundidade aos personagens e aos seus conflitos.


O elenco do filme está muito bem, com destaque para Melissa Barrera e Jenna Ortega, que interpretam as irmãs Sam e Tara, respectivamente. As duas têm uma química convincente e mostram diferentes formas de lidar com o passado. Courteney Cox também está ótima como Gale Weathers, a repórter que se tornou uma celebridade graças aos casos de Ghostface. Ela traz uma mistura de sarcasmo, coragem e vulnerabilidade para a personagem. Hayden Panettiere também surpreende como Kirby Reed, a sobrevivente do quarto filme que se tornou uma especialista em filmes de terror. Ela tem algumas das melhores falas e cenas do filme.


Mas o filme também tem alguns problemas, como o excesso de referências e piadas sobre outros filmes de terror, que às vezes podem soar forçadas ou repetitivas. Parece que a maioria daquelas atores ali nunca viram os filmes que eles estão referenciando. 


Além disso, o filme pode ser previsível para quem já está familiarizado com a franquia e com as regras do gênero de terror. Além de poder ser considerado longo demais, com mais de duas horas de duração.


No geral, Pânico 6 é um filme divertido e assustador, que agrada aos fãs da franquia e aos amantes do terror em geral. O filme mantém o espírito dos filmes anteriores, mas também traz novidades e surpresas. A estética de atentado terrorista que o filme dá aos ataques e assassinatos foi uma ótima exploração estética para tornar a franquia mais. 


O filme é uma homenagem ao legado de Wes Craven (diretor de A Hora do Pesadelo e criador do personagem Freddy Kruger) e ao gênero slasher. Um dos problemas do filme é que ele tem muitos personagens e nem todos são bem desenvolvidos ou relevantes para a trama. Alguns personagens parecem estar lá apenas para aumentar o número de vítimas ou para servir de suspeitos falsos. Outros personagens têm motivações fracas ou inconsistentes para suas ações, o que pode gerar confusão ou frustração no público.


Outro problema do filme é que ele tem algumas cenas que são desnecessárias ou que quebram o ritmo da narrativa. Por exemplo, há uma cena em que os personagens vão a um museu de cera dedicado aos filmes de terror, onde eles são atacados por Ghostface. Essa cena parece ser apenas uma desculpa para mostrar várias referências e homenagens a outros filmes de terror, mas não acrescenta nada à história ou aos personagens. Além disso, essa cena é muito longa e tira a tensão do filme.


O filme também possui alguns furos de roteiro e inconsistências lógicas. Por exemplo, há uma cena em que Ghostface consegue invadir o apartamento de Sam e Tara sem ser notado por ninguém, mesmo tendo que passar por uma portaria e um elevador. Outro exemplo é que há uma cena em que Ghostface consegue ligar para o celular de Sam usando o número de Tara, mesmo sem ter acesso ao celular dela. Esses detalhes podem parecer pequenos, mas podem comprometer a credibilidade e a inteligência do filme.


A atmosfera de terror e suspense muito bem construída. O filme usa a cidade de Nova York como um cenário urbano e caótico, onde Ghostface pode se esconder e atacar a qualquer momento. A iluminação, a música e os efeitos sonoros para criar um clima de tensão e medo. Algumas cenas são realmente assustadoras e imprevisíveis, como a cena inicial no bar, a cena do metrô e a cena final na ponte.


Outro ponto positivo do filme é que ele tem um elenco talentoso e carismático. Os atores conseguem transmitir as emoções e as personalidades dos personagens, além de terem uma boa química entre si. Os atores também conseguem equilibrar o humor e o drama, dando leveza e profundidade ao filme. Os atores veteranos da franquia, como Courteney Cox e Hayden Panettiere, estão ótimos em seus papéis, trazendo nostalgia e novidade ao mesmo tempo. Os atores novatos da franquia, como Melissa Barrera e Jenna Ortega, estão excelentes em seus papéis, trazendo frescor e diversidade ao filme.


Um terceiro ponto positivo do filme é que ele tem uma trama interessante e surpreendente. O filme consegue manter o mistério sobre a identidade e a motivação de Ghostface até o final, dando pistas falsas e reviravoltas ao longo do caminho. O filme também consegue homenagear e subverter os clichês do gênero slasher, usando a metalinguagem e o humor negro para comentar sobre as convenções e as expectativas dos fãs. O filme também consegue explorar temas como trauma, culpa, vingança e família, dando profundidade aos personagens e aos seus conflitos.


A direção do filme Pânico 6 é feita por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que também dirigiram o filme Pânico 5. Eles são conhecidos por seus trabalhos em filmes de terror como V/H/S (2012), O Herdeiro do Diabo (2014) e Casamento Sangrento (2019)123.


A direção do filme é competente e criativa, conseguindo manter o espírito da franquia iniciada por Wes Craven, mas também trazendo novidades e surpresas. Os diretores conseguem criar uma atmosfera de terror e suspense muito bem construída, usando a cidade de Nova York como um cenário urbano e caótico, onde Ghostface pode se esconder e atacar a qualquer momento. Os diretores também usam a iluminação, a música e os efeitos sonoros para criar um clima de tensão e medo4.


Os diretores também conseguem equilibrar o humor e o drama, dando leveza e profundidade ao filme. Eles usam a metalinguagem e o humor negro para comentar sobre as convenções e as expectativas dos fãs, ao mesmo tempo em que entregam cenas de suspense e violência impactantes. Eles também exploram temas como trauma, culpa, vingança e família, dando profundidade aos personagens e aos seus conflitos.


Os diretores também conseguem conduzir bem o elenco talentoso e carismático, que consegue transmitir as emoções e as personalidades dos personagens, além de terem uma boa química entre si. Os diretores também conseguem homenagear e subverter os clichês do gênero slasher, usando a metalinguagem e o humor negro para comentar sobre as convenções e as expectativas dos fãs.


A direção do filme Pânico 6 é um dos pontos fortes do filme, que agrada aos fãs da franquia e aos amantes do terror em geral. O filme mantém o espírito dos filmes anteriores, mas também traz novidades e surpresas. O filme é uma homenagem ao legado de Wes Craven e ao gênero slasher, sendo para mim o melhor filme da franquia, talvez até mais que o primeiro.


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