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The Last of Us -"Long, Long Time" (Episódio 3): Série encontra seu rumo - Análise, resumo e curiosidades do episódio


Vinte anos atrás, em Lincoln, Bill (Nick Offerman) monitora a evacuação de um bunker subterrâneo sob sua casa, depois saqueia empresas abandonadas em busca de suprimentos e materiais para construir um gerador, cerca elétrica e armadilhas. Quatro anos depois, enquanto verifica uma de suas armadilhas, Bill encontra um homem chamado Frank (Murray Bartlett), que pede uma refeição quente, um banho e roupas frescas. Antes de partir para Boston, ele convence Bill a tocar piano. Frank deduz do canto apaixonado de Bill que ele nunca teve ninguém em sua vida e o beija, denotando que os homens estão apaixonados


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Viajando para Lincoln, Massachusetts, Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) encontram uma vala comum ao longo de uma estrada. Joel explica que os militares abateram alguns sobreviventes de cidades menores enquanto eles estavam sendo evacuados para conservar alimentos e espaço de vida para aqueles considerados saudáveis o suficiente para trabalhar nas zonas de quarentena.



Análise do episódio 


Esse foi o melhor episódio da série até agora. Curiosamente, as reações ao episódio até agora provam como pode ser tóxico e histérico o mundo atual. Parece que sempre que qualquer série tiver um progresso a patrulha dos nerds incels vai classificar o plot como "identitário". Assim, todas as séries ficam num eterno limbo e barriga da baleia. 


Matérias já condenam o episódio como o "mais criticado até agora". E por quê? Simplesmente por ter um casal de homens gays, que tomaram quase todo o tempo do episódio. Entretanto, o episódio foi genial, fazendo um grande recuo e progressão do universo e dos personagens, focando em como eles se conheceram e viviam entre si. Isso dá uma extrema sensação de vida ao episódio. No final, a trama dos dois ainda se entrelaçou perfeitamente com o destino de Ellie e Joel. 


Detalhes para a dinâmica inserida nos personagens: um deles era um republicano antes do apocalipse. Colecionava armas, odiava a todos e acreditava em teorias da conspiração. Sua concepção de mundo mudou e ele se envolveu em um romance gay. 



Esse detalhe foi confuso do episódio, e não lembro se ele era um republicano no jogo. Explico: pareceu que era algum tipo de ironia, uma brincadeira, que passa a mensagem de que os extremistas conservadores possui desejos gays latentes. Não pelos conservadores, mas pelo fato de parecer que ser gay seria algo pejorativo. Por outro lado, o elemento soa errado na medida que parece clamar que o "verdadeiro republicano" utiliza de seus meios e recursos para proteger os que amam, Uma falácia um pouco utópica. 


Também um pouco estranho o momento onde Ellie encontra um infectado e decide cortar com a faca antes de matá-lo apenas para ver se ele sente dor. Um pouco cruel de mais e desconfiando dos gamers que fazem coisas nos games apenas para testar.



Porém, tirando esses detalhes, foi um episódio bonito, bem escrito, bem feito. Teve início, meio e fim. Soube construir a ideia e atmosfera necessária para o episódio. Não houve exageros e conseguimos sentir o peso do drama de viver o apacalipse. Como lidar com a perda e o constante perigo para todos aquele que gosta? Como amar sabendo que a qualquer momento deve estar pronto para sacrificar a pessoa? O amor se mistura com um sentimento de medo constante. 



Esse sentimento também foi bem explorado na cena dos ossos, onde foi explorado que pessoas que não conseguiam ajuda morriam ali. E como nunca visto em filmes de zumbi antes, os ossos continuam ali, marcando a tragédia mesmo após mais de 10 anos. Muito forte. Faz pensar como pode as pessoas serem tão preocupadas com diferenças e opções sexuais alheias, uma vez que somos todos feitos de ossos e nosso destino será sempre o mesmo: a morte.



Joel tenta combater esse sentimento e por isso tenta evitar falar da morte de Tess, sua parceira que morreu de maneira horrível no episódio anterior. Tudo por sobrevivência, uma vez que ele acredita que se apegar a alguém é se tornar vulnerável no campo de batalha contra os infectados. 


Continuando o que tinha sido apenas uma ideia subjetiva no episódio 2, mas uma vez foi explorado a surpresa do espectador com a falta de conhecimento de Ellie do mundo, uma vez que ela é uma nascida após a pandemia. Ela nunca havia andando de carro na vida, logo para ela o carro parecia uma "espaço-nave". Me pergunto só como ela sabe o que é uma nave. Mas o ponto é que aqui a série quer metaforizar um teoria sociológica que nas próximas gerações os jovens terão menos condições financeiras que as atuais, principalmente pela escassez de novos empregos. Derrotista mais real. 



A curva do roteiro foi genial, pois já sabíamos que alguém cuidava do rádio que transmite as músicas mas só descobrimos quem ele era, como vivia, nesse episódio. Também bem explorado o fato que não é só ter um local seguro, pois o que há para se fazer pelo resto da vida? E por último o melhor, nada da morte foi exposto: tudo em extracampo. Isso meus amigos, é cinema na sua mais pura essência. 



Fora isso sou só elogios para o episódio. Teve o clima necessário, foi ousado e foi importante sem ser "identitário". Foi romântico, foi bonito e se fosse qualquer outra forma de casal não teria essas críticas. Como não tenho nenhum problema com a minha masculinidade, a mim não incomodou, afinal são só dois caras que se amam. Agora, por favor HBO vamos ser mais felizes um pouco. O conteúdos tão mais derrotistas que a vida real. Daí é mais fácil assistir o noticiário. 


Mas quem não gostou por causa do casal: chora. Só lamento. Afinal o relacionamento dos dois veio do jogo. 



Curiosidades do episódio


"Long, Long Time" foi filmado em setembro de 2021; a preparação e as filmagens levaram cerca de 20 dias cada. Eben Bolter trabalhou como diretor de fotografia. Em 12 de julho, o conselho da cidade de High River aprovou o pedido da equipe de produção para filmar na antiga área de Beachwood entre 12 de julho e 31 de outubro; em troca, a produção pagou CA$ 100.000 à cidade de High River por financiamento comunitário, que acabou sendo dividido entre a High River Bike Park Society (80%) e a Spitzee School (20%). A equipe de produção removeu três árvores na área, pelas quais reembolsaram a cidade em CA$ 15.000 adicionais. O designer de produção John Paino e sua equipe construíram a cidade de Lincoln em cerca de seis a doze semanas; como Alberta é uma tundra, a vegetação foi transportada de Vancouver para replicar a folhagem de Lincoln, que foi expandida para demonstrar a passagem do tempo. Os edifícios não tinham telhados, exigindo que o departamento de efeitos visuais os adicionasse a cada cena. 



A maioria dos interiores foi construída em um palco sonoro, incluindo a casa e o bunker de Bill. A sala da frente da casa de Bill existia tanto em um palco sonoro quanto no local; a última versão foi usada para permitir que a câmera se movesse de dentro para fora durante uma sequência de ação. Hoar usou iluminação mínima para a cena de ação, limitada a fogo e relâmpagos ocasionais. Mazin ajudou na direção da cena, filmando close-ups adicionais. Paino sentiu que a família de Bill provavelmente estava entre os "primeiros colonos" da cidade, demonstrada por sua localização central e, portanto, continha artefatos antigos. Bolter, um fã dos jogos, lançou a cena final da janela para Mazin como um tributo à tela de título do primeiro jogo; o canto do interior do quarto foi construído em uma plataforma para permitir que o guindaste disparado se movesse de fora para dentro. Ele disse que eles "tinham que lutar por esse tiro". A produção foi concluída em 5 de outubro de 2021. 


A canção de Ronstadt "Long, Long Time" desempenha um papel temático importante no episódio. Depois que Bill, que está apreensivo com estranhos, tira Frank de sua armadilha e prepara uma refeição para ele, Frank está prestes a sair quando os dois homens descobrem, através do piano de Bill, um amor compartilhado pela música, que eles expressam através de uma versão dessa música. "Long, Long Time", que é do álbum de Ronstadt de 1970, Silk Purse, exibe temas de amor não realizado e como o tempo cura feridas, e para Bill, que nunca foi capaz de explorar sua sexualidade antes do apocalipse cordyceps, o momento marca o início de uma mudança profunda, como o ex-preparador hermítico e antissocial. encontra-se em um relacionamento inesperado de longo prazo e amoroso que, com o passar de duas décadas, eventualmente o vê cuidar de outro indivíduo. Mazin disse a Druckmann que ele queria que os personagens se unissem por causa de uma música triste, dizendo: "'Eu não tenho certeza de qual é a música; Eu só sei que tem que ser essa música incrivelmente triste sobre ansiar por amor, e nunca receber amor, e apenas fazer as pazes com o fato de que você sempre estará sozinho." O relacionamento de Bill e Frank é ecoado na letra: "O amor vai permanecer, levar as coisas a passos largos / Soa como um bom conselho, mas não há ninguém ao meu lado... E o tempo lava-se, as feridas do amor não são vistas / Foi o que alguém me disse, mas não sei o que isso significa."


Montagens no episódio usam "I'm Coming Home to Stay" de Fleetwood Mac e "White Room" de Cream, e a cena final de Bill e Frank apresenta a peça instrumental "On the Nature of Daylight" de Max Richter.


Mazin se sentiu inspirado a escalar um ator cômico como Offerman porque "pessoas engraçadas têm alma", um mantra que ele aprendeu com Vince Gilligan, citando performances como Bryan Cranston em Breaking Bad e Bob Odenkirk em Better Call Saul

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