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Ambulância - Um Dia de Crime (2022): Análise e todas as curiosidades do mais novo filme de Michael Bay



"Ambulance" é um filme de ação dirigido e produzido por Michail Bay. Uma produção em conjunto entre a New Republic Pictures, a Project X Entertainment, e a Bay Films. É baseado em um filme original da Dinamarca de 2005. Estrelando com os atores Jake Gyllenhaal e Yahya Abdul-Mateen II nos papeis principais, e Eiza González como a paramédica Cam. Dois irmãos adotivos planejam um grande roubo que termina em um sequestro em uma ambulância.



Crítica do filme


🌟🌟🌟🌟☆☆


O filme inova em muitos sentidos e já demonstra uma tentativa de mea culpa por parte de Michael Bay, sempre conhecido por fazer "filmes de macho" do início da carreira; e que agora está lançando um filme com uma proposta mais conceitual abordando questões de ética profissional, paradigmas de nação, profissão e jurisdição de poderes frente a uma poderosa "ameaça". Bay é conhecido por seus "filmes de macho", como Bad Boys e Transformers, mas nesse filme, apesar de toda a ação e as "cop stuffs" tradicionais de filmes desse gênero, Bay entregou um filme que aborda problemas reais, vindo de pessoais reais, algo altamente incomum no cinema de massa nos Estados Unidos. 


O filme tem furos de execução, alguns efeitos feitos com computadores, alguns outros feitos com explosões reais (bem ao estilo do diretor), essa combinação tornou o filme mais intelectual, no sentido de se preocupar com o que se quer dizer, mais do que com o "saber fazer", produzindo um efeito de reflexão que tradicionalmente falta ao cinema americano. 


Ao falar do roubo ao banco dos irmãos, vemos a história dos dois irmãos, vemos o dia-a-dia de uma super profissional paramédica, que havia largado tudo por ter ficado viciada em balinha no curso de medicina, e acabou sendo socorrista, vemos policiais vestidos de "maneira desconstruída" e burlando regras, vemos os policiais jovens ainda de rua se envolvendo no roubo ao banco sem querer, e vemos como a ambulância é quem consegue furar o perímetro maldito que fica ao estilo de GTA quando alguém tenta roubar um banco nos Estados Unidos. 



O filme ainda brilha por abordar a "saída" dos problemas de polícia e opressão extrema sendo através dos profissionais da saúde, como se a saúde fosse o maior mecanismo de luta pelos direitos humanos, o que é uma reflexão gigante do filme e muito real para grandes países como Estados Unidos e Brasil que tem grandes problemas estruturais.

 

Esses níveis dos "sistemas de segurança" da sociedade padrão são demonstrados em várias escalas, desde o policial de rua, o "first response" da cena, que é sequestrado ao tentar pedir a uma caixa de banco para sair com seu amigo de patrulha, até o nível dos policiais que investigam o crime em nível do sequestro da vã, até os especializados do departamento anti roubo a banco do FBI.


Michael Bay é o diretor de filmes de sucesso, muito populares, filmes como Armageddon e The Rock mostraram a sua marca de estilo e gênero, também é dele o filme super nacionalista Pearl Harbor, que fala sobre o ataque japonesa a base aérea americana na Segunda Guerra Mundial.  O policial do FBI é "especialista" absoluto de sua função, e conhece Danny de aulas de faculdade que o assaltante frequentou.


O filme também lembra "Heat" de Michael Mann em muitos detalhes, por mostrar o lado dos "bandidos" e dos "policiais" de maneira bem diferenciada. Os policiais de rua conversavam sobre o filme antiga de Bay "Bad Boys", o que demonstra que o policial de rua, o menos qualificado busca a glamorização de um de seus produtos antigos como forma de identificação primeira. 


Ou seja, eles querem ser os "bad boys", mas a sociedade obriga a obedecer a regras muito específicas. Algumas coisas são geniais nesse filme, por exemplo, o gerente do banco sem nenhum medo dos caras guiando-os até o cofre com a maior tranquilidade, dizendo que eles poderiam ficar a vontade para levar o que quiserem, quase perguntou se eles queriam um cafezinho, na minha opinião, uma visão bem realista, afinal ninguém com um mínimo de cérebro vai ser "heroi pelo banco". 



O filme se encaixa demais no entendimento do contexto das novas ondas de Covid-19, evidenciando que para fugir do aparato de segurança de "5 estrelas de GTA" que você consegue ao roubar um banco (um dano ao erário nacional), pode dizer e matar como quiser em nome de certo código social que diz que se você passar de certa fronteira, você é um "inimigo interno". 


O filme brilha na semiótica ao mostrar aos poucos, desde a primeira cena do protagonista, que ele é um ex fuzileiro frustrado por não conseguir arrumar recursos para pagar o tratamento de sua esposa, que precisa de uma cirurgia especializada exploratória não coberta pelo plano de saúde deles. Na corrida para conseguir o dinheiro, ele é abordado por seu irmão Danny, que o coloca em um grande esquema para roubar um banco. 



No fim, vemos um debate ético e seguimos com o personagem de Cam, uma paramédica que parecia fria, mas que argumentava ao novato que treinava que ser frio era a melhor forma de fazer seu trabalho direito. Ela salva uma menina, e não quer saber o que aconteceria com ela, se viveria ou não. Para seu colega de trabalho, uma atitude fria, para Cam, talvez uma forma de não se queimar com o fardo trabalho em serviços de emergências. 


O filme debate os serviços de emergências e o que eles representam para a sociedade em geral. No fim, Cam ajudava a pegar parte do dinheiro do roubo a banco e dava para a esposa de Will no carrinho de bebê, um soldado abandonado das guerras de Obama. 


Um filme eletrizante, que vai agradar ao público em geral, e ainda dá alguns passos formais e mais complexos, podendo agradar tanto críticos como aos espectadores mais exigentes. Vale a pena.


História por trás do filme


Ambulance foi anunciado pela primeira vez em 2015 e passou por diversas mudanças de pessoal. Em 2020, Bay anunciou sua direção mas foi interrompido pela pandemia de Covid-19. 


A edição do filme é de Pietro Scalia e a trilha sonora foi composta por Lorne Balfe. O filme custou $40 milhões dólares, e lucrou por sua vez, $52 milhões. Apesar de alguns críticos não apreciarem muito a história, colocando certo criticismo, o filme recebeu uma boa acolhida no meio por sua excelente direção e criativas cenas e sequências de ação, que mostraram um amadurecimento do diretor na sua forma de condução do filme. 


Apesar das boas críticas, Michael Bay ficou insatisfeito com o resultado geral dos efeitos visuais dos filmes em algumas partes. 


Acompanhamos o fuzileiro e veterano da guerra do Afeganistão Will Sharp, que precisa de $231,000 para a cura de sua esposa Amy. Ele fala com seu irmão criminoso Danny, que fala para ele sobre um assalto no valor de $32 milhões do banco, acontecendo um primeiro tiroteio por conta da chegada de um policial não calculada. 



O policial Zach Park acaba se tornando refém dos irmãos e Danny atira nele sem saber o que fazer. Um tiroteio ocorre entre um dos membros, e o parceiro de Zach, o Ofical Mark. As agências de segurança SIS e os policiais da polícia de Los Angeles chegaram matando e prendendo já todos menos os irmãos Will e Danny, que sequestram uma ambulância no caminho deles e arquitetam seu plano de fuga. 


Zach tenta escapar e durante uma briga entre ele e Danny, ele é acidentalmente baleado por Will. Deixando Zach para morrer os irmãos tentam sair pela parte de trás do prédio, mas o encontram cercado pela polícia. Eles então sequestram uma ambulância Falck com a paramédica Cam Thompson (a melhor da cidade) a bordo, que está tratando o ferido Zach. Depois de uma perseguição que os leva a um beco, Cam faz uma tentativa desesperada de escapar usando um extintor de incêndio, mas decide ficar quando percebe que Zach precisaria dela.


O Capitão Monroe chega na cena e coloca helicópteros para perseguir a ambulância. Cam consegue ajuda de Danny para transferir sangue para Zach, muito contra sua vontade inicial. Danny liga para Papi, um criminoso conhecido do pai deles. A policial que levava o cão de de Nitro tem que recuar para o cachorro não ser atingido.

 


O agente do FBI Anson Clark, antigo conhecido de aulas de criminologia de Danny é colocado no caso. Seu emprego e sua qualificação são correspondentes, sendo que todos esperam que ele "tenha esse emprego", mostrando um nível de burocracia onde a área define a sua autoridade no tema, no caso, ele é o chefe da divisão de prevenção de assaltos a bancos. 



Com um ferimento grave de bala no corpo, Cam tem que salvar a vida do policial Zach, ajuda ele convencendo primeiramente Danny que sua situação seria pior se ele matasse um policial diretamente. Danny em certo momento busca atirar em Cam por não confiar nela, mas Will o convence a não fazer isso. 


No fim do filme, Danny consegue ajuda com um antigo amigo de seu pai em troca de 50% do valor do roubo ao banco. De lá, o Papi arruma confusão com Will, não concordando com atirar e matar o policial e a paramédica, Danny por fim, protege o irmão e o ajuda a matar Papi. No estacionamento, Cam se assusta nervosa com a possibilidade de ser morta, e acaba atirando em Will quando ele abre a porta. 


De um lado, uma crítica a guerras inúteis, do outro lado, uma reflexão sobre a natureza de violência e monopólio de violência por parte do Estado. Como também demonstra que atualmente saúde privada e pública são temas principais de debates e controversas na sociedade americana, que sofre com um sistema de saúde altamente dominado pelas empresas privadas que apenas tratam você se você tem certo dinheiro disponível. 


Em 2020, a pandemia acabou com os planos de Bay de filmar o seu filme Black Five, reclamando de ter que ficar o tempo todo em casa. Por isso ele optou pelo filme, que tinha ignorado de primeira, pela possibilidade de fazer um filme "low budget" (de baixo orçamento), encaixando então nas necessidades de disponibilidade do diretor pelo momento. Por isso que esse filme ainda saiu, afinal estava enterrado desde 2015. Contando com todo tipo de "montagem interna" de facilitação dos cenários e cenas. O filme prometeu entregar mais do que o tradicional "apenas grandes sequências de grandes e pesadas explosões, sem aparentemente nenhuma explicação ou origem". O filme custou por volta de $40 milhões e foi filmado no centro de Los Angeles, terminado depois de 30 dias de gravação. 


Durante a pré produção do filme, o coordenador de dublês, Mike Gunther colocou os três principais atores do file em cursos para melhorar a habilidade deles para dirigir. Supervisor de local Rob Gibson obteve permissão para filmar em locais incomuns como grandes avenidas, e corredores subterrâneos da cidade, graças ao seu bom relacionamento com a FilmLA. 


A equipe teve que seguir todas as medidas de recomendação da Covid-19, como usar máscaras. A produção pegou emprestado um total de seis ambulâncias. De acordo com Abdul-Mateen, o limite do espaço interno da ambulância exigia que o Gyllenhaal segurasse ocasionalmente a câmera por alguns takes. Eles utilizaram do equipamento da Several Komodo, da empresa Red foram usadas na filmagem. Bay se disse inspirado na direção de Guerra dos Mundos (2005) de Steven Spielberg. Também foram gravadas cenas com drones com a ajuda da liga de pilotos de drones. 


Michael Bay também perguntou para os policiais que acompanhavam se eles queriam fazer parte do filme. A cena do helicóptero não foi escrita no roteiro, mas foi uma ideia avulsa de Bay, depois que apareceram dois helicópteros disponíveis para o filme. Devido ao baixo orçamento do filme, Bay reclamou de alguns efeitos do filme serem ruins com efeito de imagem CGI (Imagens geradas por computador), mas que ainda assim, ele usou o recurso poucas vezes. 


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