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O Homem que Copiava (2003): Análise e curiosidades do filme nacional de Jorge Furtado com Lázaro Ramos e Leandra Leal, que aborda a pobreza e a desigualdade no Brasil



André, um jovem operador de fotocopiadoras que quer impressionar sua vizinha Sílvia, por quem está apaixonado, e para isso precisa de apenas 38 reais para fazer uma compra em sua loja. Porém, André é pobre, o preço do mercado e tudo mais está alto, e ele está sem nenhum dinheiro. Ele tem uma ideia de copiar notas de 50 reais com a nova máquina colorida que a empresa acaba de ganhar, mas não conformado e com medo de ser descoberto, André decide assaltar um carro forte



Assista o filme em link aberto no final do artigo


Crítica do filme 


Logo na primeira cena do filme, vemos o protagonista na fila do supermercado contando o preço das coisas que estão passando na caixa registradora. Ele está passando as coisas e só tem R$ 11,50. Ao passar a carne, a compra estoura e ele tem que fazer a famosa cena constrangedora para quem é pobre no Brasil de deixar alguma coisa para trás. Ele opta justamente pela carne, em uma cena que lembra muito a situação do Brasil de hoje em dia, com o aumento do preço de todos os alimentos. 


Enigmaticamente, na cena seguinte vemos o rapaz caminhar até um terreno baldio e queimar um monte de dinheiro. 




Descobrimos que ele se chama André e trabalha em uma xerox e mora em Porto Alegre, na avenida Roosevelt. Vemos que ele sabe inclusive quem foi Roosevelt, o ex-presidente dos Estados Unidos, mas não sabe o que é o plano Roosevelt, uma cena muito simbólica. 



Franklin Delano Roosevelt foi um advogado e político norte-americano que serviu como o 32º presidente dos Estados Unidos, de 1933 até sua morte em 1945. Membro do Partido Democrata, foi eleito para quatro mandatos presidenciais, sendo o presidente que ficou mais tempo no cargo, e tornou-se também uma figura central dos eventos históricos mundiais da metade do século XX. Roosevelt comandou o governo federal durante a maior parte da Grande Depressão, implementando sua agenda doméstica do New Deal em resposta à pior crise econômica da história do país. Para saber mais de Roosevelt, clique aqui.


A montagem do filme é notável. O filme utiliza uma técnica de montagem meio soviética, passando entre assuntos aleatórios e randômicos para elaborar a sua lógica de roteiro. Assim, o personagem, André, fica em um constante diálogo, só que consigo mesmo, com suas ideias. A narração em over aqui é usada de maneira genial, uma vez que ela não só explica, mas se relaciona com a trama e com edição do filme.

 


Em outro momento, quando ele está explicando o que é um "operador de fotocopiadora", ele fala que é aquilo que ele fala para parecer mais importante para as meninas. Vemos então o recurso do flashback ao André interagir com uma menina que estava saindo. Vemos nos primeiros momentos que a genialidade do filme é sua linguagem, que passa de maneira veloz, dinâmica e criativa por vários níveis da trama, o narrativo, o social e por assim em diante, pintando um panorama do Brasil da época como em um jogral. 


Vemos então o que André faz em seu tempo livre: espiona com seu binóculo sua vizinha. Ao melhore estilo "Janela Indiscreta", referência óbvia para o filme, descobrimos que ele sabe tudo sobre a menina. Assim, como o filme mostra ou talvez para época, não achamos estranho ele espionar a sua vizinha dessa maneira, mas para hoje ele seria considerado um "peeping tom", um comportamento meio reprovável. Talvez passe porque na época não tinha internet e, como retratado, era um período de crise. 



Esse é o detalhe principal do filme: ele é profundamente crítico ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). André nos narra que ganha dois salários-mínimos, que a princípio para os padrões de hoje pode parecer bom, mas na época era apenas 302 reais. Muito em decorrência da paridade artificial com o dólar criada pelo governo da época. Para se ter um comparativo, feito pelo próprio filme, o preço de um tênis era 300 reais. Ou seja, o salário de um mês não dava para comprar um tênis sequer. 



Mais um elemento importante para a linguagem do filme, é que André desenha. Assim, parte da trama do filme é contada através de seus desenhos, tornando grande parte das cenas simples e imaginativas, poupando recursos, mas esbanjando criatividade. Ele fala sobre Shakespeare, Cervantes e tudo mais, pois é o que ele lê enquanto está fazendo as cópias na máquina. Aqui há uma grande reflexão sobre o que também pensou Walter Benjamim, em torno da reprodutibilidade técnica. Todo conhecimento possível é aquele para o uso, para a reprodução. 



Quando ele reflete sobre a vida em família e social, como casamento e casal, aparecem montagens em desenho animado, refletindo as nossas projeções sobre idealidade e normalidade. Assim, vemos que todo mundo tem noções pré estabelecidas sobre o que é necessário para ser "normal". Em seus quadrinhos, vemos que seu pai abandonou a família e ao André comentar isso com um colega de escola, já tendo passado 7 anos, o coleguinha riu de sua cara. André o agrediu e foi expulso da escola, explicando o motivo de ele não fazer faculdade e ter tão poucas oportunidades na vida. Essa sequência é simplesmente genial em termos de linguagem e profundidade, onde refletimos milhares de coisas muito rápido, afinal a trama tem que continuar. 



Há uma certa referência aqui também a imprensa de Gutemberg e o estímulo as cópias que a tecnologia gerou no início da Idade Moderna, com o conhecimento de copiadora de André. 



E apesar de André parecer meio bobo e não possuir muito estudo, ele conhece o suficiente para reconhecer e colocar Mao Tse Tung no universo de seus quadrinhos, como os rostos do dinheiro ficcional de suas tramas. Talvez o ponto principal aqui não seja a falta de conhecimento, mas sim sua fragmentação. Mas não é só isso: em seus quadrinhos, ele coloca o rosto de sua mãe como sendo o de Eleanor, uma brincadeira ensejando que sua mãe teria a ideologia do New Deal. 




Em outras vezes, seu dinheiro imaginário é ilustrado com Marilyn Monroe.



Todo o estudo que ele tem vem das cópias que faz, e ele aprende muitas coisas, mas só de maneira parcial e sem muita contextualização. Só que a grande reflexão é: Não é exatamente a mesma coisa que os professores universitários fazem com os alunos, afinal várias coisas têm que ser dadas para cumprir o cronograma, mesmo que de maneira efêmera.   


Ele fala de romance, família, futebol, emprego educação, política e tudo mais. Só que nada é bitolado, são apenas ideias, preocupações. Vemos que antes de ele trabalhar na Xerox, ele trabalhava em supermercado, onde ele pensava em ser famoso, mas foi demitido pelas pessoas serem muito racistas no mercado. Quando ele mudou para a papelaria, passou a pensar em ficar rico e não famoso. Aqui o filme questiona se a subjetividade que o trabalhador produz não está associada ao trabalho que desempenha. Em uma clara pegada materialista, marxista, presente em outros filmes de Jorge Furtado, a trama questiona que o trabalhador reflete enquanto conhecimento, possibilidade e imaginação aquilo que a estrutura o permite dentro das possibilidades para sobreviver. Empregos realistas, sonhos realistas, empregos dos sonhos, vida dos sonhos. 



Na sequência seguinte, André aumenta sua aproximação a menina que observa. Agora, além de olhá-la a noite, ele a persegue nas ruas para saber mais sobre ela. No meio de sua perseguição, ele fala sobre a santa Cecilia, que teve a cabeça cortada pelos romanos. Nesse momento, o filme faz uma montagem de corte e colagem com as imagens satíricas, dando um estilo todo próprio e brasileiro a bricolagem de imagens e ideias que a trama faz. 



André confessa ao longo da trama que muito do seu conhecimento foi adquirido com filmes, televisão e revistas. Isso explica o caráter meio "Telecurso" da linguagem do filme: vemos a trama através da visão de André e como ele consegue apreender sobre o mundo. 


Depois de começar a fazer bastante reflexões sobre sua renda. Ele começa a perceber que com seu atual salário, levaria 10 anos para poder comprar um carro. Ele passa então a querer comprar uma arma. André começa calcular que só através do crime pode ascender socialmente. Um colega, um pouco mal explicado como ele conheceu, o vende uma arma e o sugere a traficar drogas, mas ele está decidido a assaltar um banco, pois quer ficar rico de uma vez só. É mostrado que André passou a observar a rotina do carro forte da lotérica da sua rua. 



Aleatoriamente saindo com sua colega de trabalho um dia, Marinês, André conhece o personagem de Pedro Cardoso, um óbvio mentiroso que usa terno, gravata e celular para enganar as mulheres e parecer mais rico, afirmando trabalhar com antiguidades e tentando surpreender a moça com conhecimentos sobre cultura americana e inglês. Seu personagem parece querer fazer a personificação do então presidente, Fernando Henrique Cardoso, afinal seu nome é Cardoso, como do ator e como do presidente, uma brincadeira proposital do diretor. Ele quer surpreender a moça loira do Sul com pouco conhecimento e de valores conservadores e elitistas. 




O plot de André se torna então paralelo ao dos amigos, onde Cardoso vai acabar por apoiá-lo em seu plano por suas narrativas se misturarem por objetivos em comum. Inicialmente, o plano de André é apenas conseguir 38 reais para comprar uma peça de roupa para sua mãe, na loja em que trabalha Sílvia, para impressioná-la e estabelecer contato. Ele procura Cardoso originalmente para lhe pedir emprestados os 38 reais, só que ele descobre que Cardoso mentiu e trabalha na verdade em uma loja de penhores. Ficamos com a sensação de que se nessa época existisse auxílio como os de hoje, André não teria cometido nenhum crime, foi a extrema visão liberal da sociedade que segundo o filme o induziu. 



Cardoso não dá o dinheiro, mas o dá um anjo, uma metáfora de fé, pois se Cardoso conseguia chegar tão longe através da mentira, ele também precisava aprender a ter mais fé, a confiar em si. Assim, surge a ideia que marca o filme, já que ao patrão deixar 50 reais com ele para comprar coisas para a papelaria ele decide tentar copiar dinheiro na nova máquina copiadora, que agora faz cópias coloridas. Mas ele só convence o patrão usando o anjo que ganhou de Cardoso, afirmando que era um presente para a mãe, assim o patrão dá o voto de confiança. 



Ele consegue imprimir a cópia da nota de 50 e precisa trocá-la para ter o troco de 38 reais. Aqui o filme ganha contornos sombrios, uma vez que a trilha sonora toca um ritmo sombrio onde vemos a batalha física e desesperadora de André pelo dinheiro, tendo que andar pela cidade, cometer crimes, pelo dinheiro físico. Isso se justifica pelo dinheiro, o real, ter acabado de ser implementado na época, o dinheiro era fisicamente escasso. 



Ao ele conseguir comprar a peça de roupa e surpreender Sílvia, ele sente que o crime compensa e logo associa a ideia de que dinheiro é igual a conseguir a garota. 



André estabelece um romance com Sílvia. Aqui entra o caráter dialético do filme, uma vez que ao ganharem intimidade, ele dá para ela uma cortina que é transparente ao acender as luzes. A princípio ele achou que tinha se dado bem ao poder agora livremente ver a moça se exibir, mas ele então percebe que seu platonismo reflete o dos outros. Ao ele observar ela, descobre que o aparente pai da moça a observa pela fechadura do banheiro quando ela está tomando banho. Assim, o filme se revisa de possíveis críticas uma vez que ele parece o "vigia", profissão do homem tarado que a observa, ou seja, ele parece tarado. 



André decide resolver a situação, mas como? Fazendo o assalto que havia planejado. Começa assim a uma das melhores sequências do cinema brasileiro moderno, onde com rock ao fundo, André assalta o carro forte. O genial da cena é que a música começou após André encontrar em uma locadora (sim, existia isso ainda!), um dos vizinhos que observa dançar de madrugada. Curioso, ele pergunta o que o vizinho gosta de escutar para saber o que ele escuta dançando todas as noites. O homem responde Creedence Clearwater Revival. Então entra a canção "Travellin' Band" da banda, dando um ar formal a cena, afinal a música foi introduzida dentro do contexto, da cena e da trama. 



Só que na hora da fuga, um vigia retira sua máscara, justamente o pai de Sílvia. Só dessa vez percebi que o ator ajudou André na fuga, uma vez que assim ele pode fugir pelas ruas de maneira mais discreta que um mascarado. A sequência é extremamente bem-feita nos detalhes, com vários ângulos da cena muito bem explorados. 



Acontece que uma das vezes que André estava trocando o dinheiro falso em uma lotérica, ele decidiu trocar fazendo uma aposta na loteria. Ele joga na Mega Sena, só que nos 6 números iniciais: 1, 2, 3, 4, 5, 6. Cardoso afirma que isso era loucura e que André estava dando pistas da atividade ilegal. Porém, como nesse filme assim como no Brasil tudo pode acontecer, além dos 2 milhões do assalto, eles ganham na Mega Sena. 


Tudo certo então, não é?! Agora seria só André pegar Sílvia e ir embora. Porém, por algum motivo estranho, Sílvia decide apresentar André a seu pai, que por acaso é o vigia que tirou a máscara de André no assalto e o qual ele atirou na perna. Ele obviamente reconhece André e decide pedir suborno do dinheiro que ele roubou. 


Só que descobrimos que Sílvia na verdade odeia o pai e pensa em matá-lo. André acha um exagero, mas Sílvia revela que o homem era um pedófilo estuprador, que passou a abusar dela assim que sua mãe faleceu. E isso não faz o menor sentido. Se ela queria matar ele e não se importava com sua opinião, para que marcar um jantar para o pai conhecer André? Por acaso ela se preocupa com a opinião dele? Não, parece a cena do jantar totalmente forçada e fora de propósito para a trama, apenas para André ser revelado e ficar com o rabo preso. Falha do roteiro aqui. 


Ela decide então matar o pai com um plano para parecer acidente, fazendo um esquema meio "Breaking Bad", de ligar a saída do gás do botijão para dentro da geladeira. Uma vez aberta a porta, a luz da geladeira acende e explode o gás. Eles ainda bolam de colocar uma galinha viva no armário da cozinha, assim desviando o foco dos noticiários da morte para a excentricidade do fato, uma técnica que pensa e manipula bem as expectativas e o enquadramento dado as notícias pela mídia brasileira. 



No último momento, eles pensam em desistir, mas Sílvia está certa de sua vingança contra o estuprador e mantém a armadilha ligada até o final, gerando a morte do homem. E assim como o previsto, os noticiários focaram só na notícia da galinha. Ou seja, fabricaram uma fake news para abafar o assassinato do estuprador.



Esse final talvez seja a parte mais problemática do filme, pois joga com valores muito pesados e hoje em dia ficam meio datados. É meio questionável moralmente eles armarem uma vingança e assassinato elaborado no final do filme, algo que só faz sentido pois o homem era um pedófilo e estuprador. Mas soa um pouco sem sentido em continuidade, uma vez que a vingança mais elaborada do filme não tem vínculo com conseguir o dinheiro. Fora que seria suspeito demais o pai dela morrer e a moça mudar imediatamente de Estado. E se o objetivo era viver como foragido, era mais fácil apenas fugir sem vingança. 


Outro detalhe que é sempre ruim em qualquer filme é um personagem aparecer no final do filme, no caso estamos falando do homem que Sílvia acredita ser seu pai, mas não tem nenhuma certa disso, e que mora no Rio de Janeiro. Ela manda uma carta para ele (que é interpretado pelo ator Paulo José), sem saber se é o endereço certo, contando sua história e combinando de se encontrar em uma data e hora específica, em pleno Cristo Redentor. O problema é que ao ele aparecer queremos mais da história, saber a versão dele, que ele comente mais e participe da trama. Mas o personagem só aparece e o filme acaba. 



Assim, a cena da carta onde Sílvia nos revela que sabia desde o início das investidas e espionagem de André, até serve como plot twist, onde quem observa estava, na verdade, sendo observado. Serve para anular, assim, a potência errada dos atos de André, mostrando que ele é apenas bobo, e ela sempre soube de sua presença. Mas não faz o menor sentido narrativo, uma vez que a carta é para seu pai e ela acaba de revelar vários crimes para ele, sem ser revelado nenhuma reação para isso. É um final fraco e cheio de problemas para um filme tão bom.  




Entretanto, esses fatores são praticamente imperceptíveis pela proposta, linguagem e ritmo que a direção assumiu para o filme. De longa dá para se ver que é um filme de diretor, uma vez que a direção é todo o foco do filme. Sua estrutura busca mais convergir e explicar os acontecimentos de maneira convincente do que ser detalhista e realista. Se você não reparar em detalhes, é levado pela trama. A montagem e edição de Giba Assis Brasil ajuda bastante, dando todo dinamismo necessário ao filme.



A ideia por trás do filme é que André representa o tipo ideal do brasileiro. Sua cultura da cópia e da reprodução tem muito a ver com a cultura da gambiarra e da apropriação tecnológica feita por nós brasileiros por sermos subdesenvolvidos na área. Ao mesmo tempo, temos que lidar com a pobreza, a desigualdade e a falta de oportunidades, em uma sociedade que parece combater o amor, a felicidade, o talento e o conhecimento. O filme sintetiza nossa riqueza cultural e nossa desilusão política de uma maneira que André, que se frustrou e representa o crime e a criminalidade brasileira, parece o mais razoável e moderado de todos. Contrário do que vende os jornais e a mídia todos os dias, os bandidos e criminosos brasileiros seriam os mais bobos e iludidos dentro de uma estrutura onde tudo é baseado na alienação e no espólio dos cidadãos. 


Lázaro Ramos está em sua melhor interpretação de todos os tempos. O personagem não poderia ser mais diferente da personalidade real do ator, que além de fazer um incrível trabalho de interpretação de texto, modulou sua linguagem corporal e voz para encaixarem com a ideia de um jovem retraído e meio incel de Porto Alegre. 



É um filme sensacional em sua ideia, premissa e forma de abordagem. Reflete de maneira complexa costumes e ideias atrelados a política, rotina e normalidade brasileira. E faz isso fugindo do cenário padrão: não há calor, muito sol ou cenas com praia, sendo o cenário da fria Porto Alegre, uma espécie de contraponto a ideia geral de "brasileiro" das pessoas. A fotografia soube aproveitar o cenário, dando um tom mais pastel e cinzento ao filme que dá destaque as cores e cenas vibrantes. Toda a paleta de cores desse filme é muito psicológica e muito bem pensada, se encaixando bem a proposta de bricolagem e linguagem dinâmica do filme.


Isso dá um charme meio Crime e Castigo a trama, parecendo até filmes europeus dos anos 90. Era uma época em que mostrar a superioridade do cinema brasileiro era mostra o quando se podia ser "internacional" em seu padrão técnico e narrativo. Só que além disso, o filme merece elogios por conseguir falar uma linguagem fácil, rápida, que o deu certa fama e reconhecimento com o público interno, ou seja, o brasileiro. Porém, o filme foi muito subestimado lá fora, passando como mais um "filme estrangeiro" ou apenas um "filme de tv". O final e as dimensões politicamente incorretas da trama, contribuíram para isso, dando alguns furos que os gringos não perdoam. Mas toda a temática, estética e técnica do filme tornam um filme único, uma pérola do cinema brasileiro que merecia mais reconhecimento. É um dos melhores filmes brasileiros dos anos 2000 e um dos melhores de todos os tempos, valendo muito a pena assistir e reassistir várias vezes, pois às referências são rápidas e várias. 



História por trás do filme


O Homem que Copiava é o 2º longa-metragem do diretor Jorge Furtado. O anterior fora Houve uma Vez Dois Verões (2002). Este é o 1º de 3 filmes em que o diretor Jorge Furtado e o ator Lázaro Ramos trabalharam juntos. Os demais foram Meu Tio Matou um Cara (2005) e Saneamento Básico, O Filme (2007);


Este é o 1º de 2 filmes em que o diretor Jorge Furtado e o ator Paulo José trabalham juntos. O posterior foi Saneamento Básico, O Filme (2007). Este é o 1º de 2 filmes em que Leandra Leal e Luana Piovani atuaram juntas. O posterior foi Zuzu Angel (2006).



As filmagens ocorreram entre 24 de setembro e 10 de novembro de 2001. Com exceção da sequência no Cristo Redentor, todas as demais cenas de O Homem Que Copiava foram rodadas em Porto Alegre. O orçamento de O Homem Que Copiava foi de R$ 3 milhões.


Robledo Milani em sua crítica para o site Papo de Cinema disse que "Este filme é um marco, porém não isento de percalços. Apresenta alguns problemas, principalmente na sua metade inicial, com uma narração exagerada e obsessiva. Mas a despeito disso, consegue ser memorável, pois mostra que o principal ingrediente de um trabalho competente é um roteiro inteligente e que não subestima a inteligência da audiência." Discordo totalmente de tal crítica, demonstrando certo amadorismo do autor da mesma, uma vez que a narração e obsessiva é justamente o elemento bem feito e calculado do filme, utilizando o recurso cinematográfico para estabelecer a personalidade do personagem. É justamente no roteiro e sua finalização que reside o problema. Ou seja, o filme é contrário do que essa crítica descreve.


No Grande Prêmio Cinema Brasil, venceu nas categorias de melhor diretor (Jorge Furtado), melhor montagem (Giba Assis Brasil), melhor filme, melhor roteiro original, melhor ator coadjuvante (Pedro Cardoso) e melhor atriz coadjuvante (Luana Piovani). Já no Festival de Havana, venceu na categoria de melhor ator (Lázaro Ramos). E ganhou também o troféu APCA na categoria de melhor filme.


Assista o filme aqui:
















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