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Análise do Debate Presidencial na Globo (29/09/2022): Os principais destaques e quem ganhou o debate



Foi o último debate entre os candidatos antes do primeiro turno. Veja o resumo, principais destaques e conclusões sobre o debate presidencial da Globo



Veja aqui a análise do debate da Band


Primeiro bloco


O primeiro round começou com Ciro perguntando para Lula. Uma pergunta sobre renda que Lula respondeu de maneira bem direta falando sobre os governos do PT. 


Ciro continuou com sua linha de ataque aos governos do PT, parecendo se preocupar mais em atacar Lula do que se estabelecer como candidato. Esse debate da Globo é mais incisivo pois os candidatos falam olhando um para o outro, como num diálogo. 


Lula lembrou a Ciro que depois dos governos do PT teve um governo Temer que, segundo o candidato, esse sim foi o responsável pela eleição de Bolsonaro. 


Esse debate teve a presença de Padre Kelmon, uma piada, um candidato pastiche colocado nessa eleição de última hora para apenas apoiar Bolsonaro. Totalmente quarta coluna de Bolsonaro no debate, tanto que no primeiro debate na Band o padre não foi incluso. Além disso, para quem não sabe, Kelmon não é padre de verdade, uma vez que ele não foi ordenado oficialmente para gerir nenhuma paróquia pela igreja. Ele é líder de uma corrente religiosa, mas não é padre nomeado de verdade, sendo o nome "padre" só um nome fantasia. O PTB, seu partido, tem como líder Roberto Jefferson, envolvido no mensalão e condenado pelo STF por declarar contra a democracia. 


Bolsonaro aproveitou sua fala para chamar Lula de líder de quadrilha. Lula pediu direito de resposta e ganhou, afirmando que é Bolsonaro que fez rachadinhas e esquemas de desvio da vacina. Bolsonaro pediu direito de resposta, ganhou, e afirmou que Lula permitiu desvio de equipamentos da pandemia durante seu "governo" no Nordeste. Qual governo de Lula no Nordeste? Que viagem é essa presidente? Apesar de haver governadores do nordeste petistas, Lula não manda nos governos dos mesmos. 


Felipe D'Ávila decidiu perguntar para Ciro. Ciro continua seu hábito bizarro de chamar o home de "professor". Um cara do partido Novo, a favor da privatização, que não apresenta ter grande conhecimento intelectual, ser chamado de "professor" é cuspir na cara da população, mostrando que ou tem um problema com a política ou com a academia e ciência brasileira. Ambos não falaram nada, só de Lula.


Bolsonaro, então, perguntou para Tebet. Ele perguntou sobre Lula e o PT, algo que Tebet não gostou, dizendo que o presidente não teve coragem de perguntar sobre tal assunto para o próprio Lula, usando-a apenas para atacar Lula. Tebet não caiu na enrolação dele, afirmando que Bolsonaro não apresenta propostas, só ataques. 


Lula pediu direito de resposta em torno do assassinato do prefeito Celso Daniel, algo mencionado por Bolsonaro. Lula esclareceu que a polícia, na época, atestou que o assassinato foi crime comum, algo que sem sentido a direita fica virando para cima do PT.


Lula perguntou para Soraya, que não respondeu nada com nada, soando muito despreparada. Lula respondeu lembrando que foi o PT que implementou a lei de transparência, utilizado por muitos políticos. Na treplica, Soraya pareceu mais despreparada, inclusive gaguejando em um momento. 


Soraya decide perguntar para o Padre Fake, o qual ela chamou primeiro de "Padre Kelson" e depois de "Padre Kevin". Ela perguntou sobre quantas pessoas ele ungiu durante as pandemias, uma pergunta pegadinha uma vez que ele não deu nenhuma já que não é padre de verdade. Ele não respondeu nada com nada, apenas defendeu o "estado mínimo". Soraya o acusou de ser "cabo eleitoral de Bolsonaro". O padre decidiu interromper ela e chamar ela de cabo eleitoral do Lula, em uma postura totalmente machista e descontrolada, atrapalhando o ritmo do debate. Soraya pareceu muito boa perto do padre. 


Depois teve uma rodada de hipocrisia entre Felipe e Tebet, onde a aproximação do discurso dos dois assusta um pouco. Nesse momento, o ângulo de apresentar propostas mostrou sua limitação uma vez que o candidato do Novo tem propostas, mas irreais e falaciosas muitas das vezes. O problema aqui é que se o MDB tiver o discurso do Novo, o partido não tem para que existir. 


Segundo bloco


No segundo bloco começou os temas pré-estabelecidos por sorteio pela Globo. O primeiro tema foi sobre cotas raciais. Felipe do Novo viajou e falou sobre corrupção e não sobre cotas, tema que ele ignorou na pergunta. Lula perguntou qual foi a fonte para acusação de corrupção. Lula falou que a lei de cotas era forma de combater a cultura da escravidão no Brasil, que teve escravidão durante séculos e manteve a cultura após a abolição. Lula zombou do posicionamento e perguntas do Felipe, mostrando que ele quer entrar na política, mas não tem trato. 


Felipe do Novo ficou parecendo um elitista contra pobre no final das respostas de Lula. 


Tebet decidiu perguntar sobre o tema de meio ambiente para Bolsonaro. Tebet fez questão de marcar que, segundo dados, Bolsonaro fez a pior gestão do meio ambiente desde a ditadura. Bolsonaro afirmou que morou no Acre e sabia que lá no pantanal o mato pegava fogo sozinho (?). Tebet lembrou que devido a gestão ambiental de Bolsonaro, o mundo virou as costas ao Brasil, algo que é totalmente verdade. Bolsonaro afirmou que não era sua responsabilidade não ter chuva, mas é criar soluções, mostrando mais uma vez que o presidente é um boçal na temática. Ele só vai mentir, mentir e mentir sobre o tema. 


Na temática de educação, o Padre escolheu perguntar a Lula, mas não podia. Então, escolheu Ciro. Segundo Padre Kelmon, as universidades públicas só têm filhos da elite, pois esses têm acesso a boas escolas, enquanto os filhos dos pobres têm que fazer faculdade privada. Eu sou de família de origem pobre e falo para você leitor: fiz universidade pública e nunca teria oportunidade de pagar faculdade privada. Nunca vi toda essa "militância" na faculdade, na verdade, muita acomodação. De maneira ridícula, Ciro não corrige o padre em nada. Ele apenas aproveitou o tempo para divulgar suas ideias, mas ai parece que ele concorda com todas as críticas do padre. Mas se as críticas são falácias, as soluções também não são? Uma rodada ridícula, onde vemos um candidato preparado, de um grande partido de esquerda como o PDT, fazer uma dobradinha com um lunático extremista, que estava atacando jovens pobres fazerem faculdade pública. Vergonhoso. 


Soraya decide perguntar sobre o racismo e extremismo nazista ao Padre, perguntando sobre garantia de direitos aos pretos, pardos e indígenas. O padre afirma que seu projeto é apenas dizer para todos que eram iguais e irmãos dentro do Brasil. Mas como seu projeto é apenas falar, ele já fez no debate né?! Não precisa nem ter voto para fazer seu projeto ser realizado... Espertão, padre.


Soraya conseguiu irritar o padre e esclareceu que não mandou ele para o inferno, como ele havia afirmado na rodada anterior, mas sim perguntou se ele não tinha medo de ir para o inferno pelos absurdos que falava. 


A rodada de Bolsonaro com Felipe do Novo foi nula, nada, vazia. Só afagos e nenhuma fibra, apenas que até Felipe acredita que o orçamento secreto foi um absurdo do governo Bolsonaro. 


Lula perguntou sobre meio ambiente para Tebet. Respeitosamente, ele perguntou respeitosamente sobre suas propostas. Ela respondeu sua plataforma desde o início da campanha: convergir preservação com exploração e mineração, algo que eu considero totalmente irrealista e populista da candidata. Ela promete algo de maneira bonito que seria impossível de se fazer. Mas foi uma rodada de alto nível, onde ideias foram debatidas, com educação e parecendo que de repente o debate ganhou algum cérebro e não só voltado para intrigas e ataques. Uma rodada realmente muito boa, onde Tebet mostra que tem um grande potencial político.


Ciro perguntou sobre empregos para Soraya. Ciro mais uma vez peca por falta de clareza, apesar de falar de seu auxílio de 1000 reais e criar 5 milhões de empregos ao longo de 2 anos. Soraya falou da sua ideia de imposto único, que é uma pauta doidinha para uma corrida eleitoral, mas uma coisa que de fato é interessante para o país, afinal porque pobres tem que pagar imposto por compras no mercado, se ricos podem ser mais bem tributados. Bloco bem fraco também. 


Terceiro bloco


Bolsonaro pareceu nesse debate escolher Felipe do Novo para ser seu trampolim para parecer racional e moderado. Ou seja, parabéns Novo, vocês conseguiram ser o Psol de Bolsonaro. Ambos só falaram do "perigo da volta da esquerda". 


O padre perguntou para Lula sobre corrupção, afirmando que ele era um líder de uma organização criminosa. Quando Lula foi responder, o padre interrompeu mais uma vez. Só que dessa vez William Bonner interrompeu o debate e deu um pito professoral no padre, perguntando o motivo de ele não estar respeitando as regras. Lula chamou então o padre de laranja de Bolsonaro e por isso fazia absurdos ali só para bagunçar, algo totalmente verdadeiro. Lula falou que o Padre Kelmon estava fantasiado de padre, o que é verdade. O padre começou a atacar Lula e gritar, ao que Lula obviamente não abaixou a cabeça e com razão. William Bonner, de maneira errada repreendeu Lula, mas o Padre que está ali sem apoio, sem voto e só para bagunçar. O microfone do Padre continuou aberto, um erro do debate, e ele continuou interrompendo e falando. A Globo fez algo? Não, e a culpa é do Lula? Uma vergonha a organização do bloco. O padre deveria ser expulso do debate nesse momento, uma vez que no primeiro debate, o da Band, o padre nem estava, sendo por isso um debate mais sério. O do SBT foi tão bagunçado e sem método que nem conto como um debate real, mas sim palco para Bolsonaro, uma vez que o ministro Fábio Faria de Bolsonaro é casado com a filha de Silvio Santos. 


Bolsonaro pediu direito de resposta no round, mas se quer foi citado, mostrando quer Bolsonaro parecia sob efeito de calmantes nesse debate. 


Em novo round, Tebet discordou de Felipe do Novo em torno da necessidade de privatizar a Petrobras, mostrando aqui a ruptura dos dois nesse tema, algo que o MDB deveria estar mais atento. 


Ciro escolheu perguntar a Bolsonaro, fazendo a lisura de o chamar de "presidente". Porém Ciro escolheu esse round para acusar Bolsonaro de corrupção, familiar e de estado. 


Lula perguntou para Ciro sobre cultura. Lula lembrou sobre a cultura sob o governo Bolsonaro está abandonada. Ciro reforçou sua visão de que a cultura deve ser valorizada, entretanto Ciro afirmou gostaria de revisar a lei Rouanet, atribuindo indiretamente ela a Lula, quando foi uma lei implementada pelo governo Collor, mas tudo bem. Lula, por sua vez, reafirmou a necessidade de regular a mídia e estimular a produção de cultura regional, algo que se real ajudaria muito blogs. Ciro acredita que regular a mídia seria algo autoritário, mas ele, por sua vez, acredita que os incentivos culturais ficam fixados em Sul e Sudeste, parecendo que o resto do Brasil não tem cultura. 


Soraya teve que perguntar para o padre. Ao invés de perguntar qualquer coisa, Soraya aproveitou o tempo para mandar um beijo para o seu padre, que casou ela com seu marido, um casamento, que segundo ela, foi muito bem-sucedido, um momento chacota, mais muito bom e engraçado de Soraya, já que realmente perguntar para o Kelmon não é sério. O padre começou seu moralismo chacota, falando que conhecia o padre que Soraya mencionou, falando que o Brasil precisava de catequese e um monte de asneira, dizendo que ninguém ali respeitava nada, que era um teatro e todos os absurdos. Soraya só pediu para perdoar o padre. 


Simone ao perguntar para Soraya, chamou ela de "candidata Bolsonara", parecendo meio chapadinha de calmante e cansada nesse debate. Ela pediu perdão, afirmando que não queria "ofender" a candidata, momento totalmente chacota, mas onde as mulheres zoaram Bolsonaro legal. Ambas também mantiveram um clima democrático, uma vez que são as únicas mulheres no debate. Elas inclusive zoaram a rigidez de Bonner, uma vez que se elas quiserem dialogar direito, não é preciso tanta rigidez. Soraya também criticou a atuação do presidente de Portugal a favor de Bolsonaro e afirmou que não privatizaria a EBC.


Quarto bloco


Indo direto ao ponto, Soraya perguntou se Bolsonaro daria um golpe do estado se o resultado das eleições não fosse de seu agrado. Bolsonaro começou a falar que Soraya só o atacava pois ele não deu cargos para ela em seu governo. Soraya começou a lembrar que Bolsonaro dizia que ia fuzilar a petralhada, e operou uma caça nas instituições assim. Soraya então perguntou se Bolsonaro se vacinou. A resposta é não. A fonte é o Flow Podcast, onde Bolsonaro falou com todas as palavras que não se vacinou. 


Bolsonaro não respondeu se vacinou ou não. Além disso, atacou Soraya, falando que ela era laranja de alguém. 


Tebet, percebendo que tinha pegado leve na rodada anterior, atacou Lula afirmando que seu governo parecia o de Bolsonaro, inclusive nas privatizações. Mas ela que falou com Felipe do Novo que apoiava privatizações, parecendo Tebet ter uma opinião meio bipolar, que segue o momento de maneira sínica. Lula lembrou para Tebet que ela é amiga de membros do MDB do Mato Grosso que o apoiam, dando uma encalacrada, pois de fato a base do MDB foi muito beneficiada pelo PT. Ela perdeu o ritmo nesse momento, e começou a apenas reforçar suas pautas. 


Quando Bolsonaro perguntou de política cultural para o Padre, eu me recusei a prestar a atenção por respeito ao leitor, pois é um insulto à inteligência.


Sobre privatizações, Ciro bostejou afirmando que a privatização da Telefonia no Brasil, durante os anos 90 de FHC foi boa, pareceu um animal de esquerda retardado. Soraya aproveitou seu tempo para acusar Bolsonaro de rachadinha, e ensejou, de maneira hilária, que Ciro tinha problemas freudianos, que por isso queria privatizar coisas. Ciro afirmou querer privatizar o Banco Central, parecendo um tarado do economês. 


Na pergunta de Kelmon, ele perguntou para Felipe do Novo, lendo e falou do programa Casa Verde e Amarela como sendo "nosso", ou seja, que entregou que ele representa o governo Bolsonaro, lendo uma pergunta escrita por marqueteiros de Bolsonaro. 


Sobre agricultura, Lula e Ciro fizeram um diálogo racional sobre a necessidade de preservar o meio ambiente perante o agronegócio.


No final, foi um bom debate mas um pouco absurdo e desproporcional. Primeiro, o padre não deveria ser incluso pois ele não é padre de verdade, dentro de uma plataforma de um cara cassado e não pontua nas pesquisas. A Globo além disso coloca um formato onde os candidatos falam um de cara para o outro, para estimular brigas, e depois fica acusando os candidatos de radicalismo. É um pouco vergonhosa a posição da emissora, uma vez que foram eles que estabeleceram o formato e não os candidatos. 


Assim, o debate da Band pareceu três vezes mais organizado, pensado e bem-feito, uma vez que deu para entender as propostas e plataformas, sem uma organização e estética pronta para gerar memes e curtidas nas redes. O jornalismo da Globo adere ao formato moderno das redes sociais e radicalismo e depois quer fingir que não é com ela, tirar o corpo da reta. A mediação de Bonner foi boa, mas fraca, pois ele obviamente nutre opinião sobre os candidatos Lula e Bolsonaro bem claras, perdendo muito em neutralidade e objetividade. Acho que se a Globo se preocupa mesmo com a democracia e a constituição, deviam ter um formato mais igualitário e não tentar defender uma tese de ciência política no debate. 


Baseado nesses fatores, aqui vai o rank do desempenho dos candidatos e, necessariamente, o vencedor do debate da Globo:


1 - Lula 

2 - Tebet

3 - Ciro

4 - Soraya

5 - Bolsonaro

6 - Felipe

7 - Kelmon



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