Análise do Debate Presidencial na Band (29/08/2022): Lula, Ciro ou Bolsonaro, quem ganhou o primeiro debate?
O debate foi feito nos estúdios da televisão Bandeirantes, em São Paulo. O debate presidencial foi uma parceria TV Cultura, Folha de São Paulo e UOL e com o Google. O debate dessa vez perdeu por não ter público presente, perdendo uma parte essencial do acompanhamento tradicional. Os blocos foram de um minuto e meio, e a resposta de tréplica de 4 minutos, depois foram rodadas de confronto direto. As considerações finais foram de 2 minutos. Veja aqui quem ganhou o debate:
Assista o debate completo no Youtube clicando aqui
Os consumidores inicialmente estão preocupados com o índice de preço, depois empregos e o dólar. Muito interesse em temas de relevância econômica. São análises CEOs do Google sobre informações mais utilizadas nas redes. A cooperativa foi feita entre o Google e a emissora de televisão bandeirantes.
O começo do debate mostrou os candidatos alinhados em um mesmo lado. A primeira pergunta pareceu já preparada e encenada, soando estranho por não mostrar o sorteio na hora da ordem e da questão.
A Band realizou com a Vibra Digital, empresa spin-off de tecnologia do Grupo Bandeirantes, e também com a parceria do Google. Alguns outros recursos são "A Sala Digital", montada no estúdio ao lado do debate, proporcionará uma experiência presencial aos convidados, que foram jornalistas como Patrícia Campos de Mello, Vera Magalhães, Mônica Bergamo, por exemplo.
1 - Primeiro bloco do debate
Nos colocando de cara com o discurso do candidato do Partido Novo Felipe Davila, vindo com um discurso de privatização de sempre que o partido costuma a ter, falando em nome do "corte na máquina pública", um candidato com muito pouco voto, e ele perguntou para Soraya, uma senadora, candidata do União Brasil (o partido que Bolsonaro tentou criar e desistiu).
Soraya também não tem percentual e fala as ideias de Marcos Cintra (vice presidente da FGV desde 1997), que na última eleição, foi a proposta de Ciro Gomes (mas ele não fala mais disso). Apesar de Soraya falar que não quer economês, essa é exatamente sua proposta, criar mais um imposto (já que é impossível acabar com todos os impostos e criar um apenas, na minha opinião).
Simone Tebet depois vem em seguida, e não é mediado por ninguém, comentando sobre o "valor da imprensa". Tebet perguntou Bolsonaro, que ignora a pergunta e faz palanque de cara. O carácter de deixar Lula por último é um pouco cansativo, parece que estão escondendo o candidato.
Colocaram Lula contra Ciro Gomes para debater educação, uma atitude um pouco pernicioso por querer colocar as esquerdas para brigar em torno de um tema que é claro próprio delas. Uma atitude óbvia e muito mal intencionada, impossível isso ser aleatório, existe uma midialogia óbvia da ordem das perguntas.
Lula começou parabenizando a Band, e que agora não existe informação do MEC sobre os dados educacionais. Lula quer convocar reuniões gerais com governadores e prefeitos de capitais para discutir novas medidas. Ciro responde a pergunta falando dos índices do Ceará (Estado que governou), os índices de lá são maiores que a média nacional, mesmo que isso não afete a área de oportunidades de emprego ( o que é uma tristeza que educação e trabalho não conversem).
Bolsonaro fala sobre as refinarias não construídas da Petrobrás e sobre a não conclusão da obra de transferência do Rio São Francisco (necessário argumentar). Ele pergunta sobre corrupção na Petrobrás. Lula diz que nada acontece por acaso, e que sabia que essa seria a pergunta que escutaria de Bolsonaro, questionando seus números. Lula disse que não teve um presidente que mais fez para apuração de corrupção, com a criação do Portal Transparência (um favorito queridinho dos estudantes pois avisa quando as bolsas são pagas). Bolsonaro fala sobre roubo, mas não cita nenhum dado efetivo.
Disse que o governo Lula foi o mais o corrupto da história do Brasil, a informação também parece muito solta e aleatória, algo que sai do campo da política, não do campo da realidade. Lula fala sobre seus índices educacionais (era essa a pergunta). Lula fala sobre os 8 milhões de alunos em Universidades Públicas em seus governos. Lula fala sobre a preservação da Amazônia e com os acordos que fez com alguns países europeus. Lula disse que nunca o Brasil foi tão respeitado e incluso nas atividades mundiais. Brasil era um país de fluxo de menos de 100 bilhões e que isso foi triplicado (junto com as reservas em dólares).
Ciro pergunta para Bolsonaro sobre problemas de inflação e economia, Bolsonaro culpa a inflação no "fica em casa, a economia a gente vê depois", sendo uma falha de marketing, já que é ele que disputa o eleitorado do Auxílio Brasil (que cerca de 65% planejam não votar nele), apesar do aumento em relação ao antigo Bolsa Família. A pergunta é, como Bolsonaro se elegeu falando mal do Bolsa Família, mas agora quer ser "pai da ideia" de um auxílio universal? Papo de eleição, ou ele mudou de ideia vendo que era possível, mas a ala Temer/Tebet/Rodrigo Maia fizeram todos acreditar que o país estava em crise, e por isso essa contradição? É uma pergunta.
Ciro fala sobre 25 milhões de pessoas que não comem mais de manhã, de tarde e de noite. Ele promete o programa de Renda Mínima com o nome de "Eduardo Suplicy". Bolsonaro fala que ele foi melhor que Temer (e é verdade), e assim responde a Ciro.
Felipe d'Avila pergunta para Ciro sobre educação falando sobre gastar muito no PIB, em torno de 4% (o que torna essa fala talvez a mais burra de todo debate, já que todos os tratados internacionais que o Brasil e outros países assinaram foram para aumentar o valor do gasto com educação até 10% do PIB, e acordos da ONU desde 1990), essa foi uma forma de tentar unir o lado de direita contra o PT, com o lado de direita de privatizar o financiamento da educação (só que não funciona, pois o PDT é o 'partido da educação').
Ciro fala sobre o enciclopedismo eterno, a história dos grandes homens e feitos, o decoreba de memorizações eternas e repetitivas, uma resposta diferente do que é dado em locais assim. Ciro fala sobre a inclusão desses 8 milhões, mas que existiu um lobby com as universidades privadas que até mesmo o PT aderiu e que também gerou a dívida de diversos jovens que acreditavam no sistema privado de universidade.
Tebet fala sobre o atraso na compra de vacinas (Bolsonaro). Ela culpa Bolsonaro, pois para Tebet "estaríamos todos trabalhando" se apenas Bolsonaro tivesse cuidado certo da pandemia (meio forçado, não?), ela fala "O que vamos fazer Soraya?" "Vamos colocar dinheiro ao fundo para Estados e Municípios".
Soraya sai um pouco de linha ao falar que "nós não usamos o SUS". Isso é absurdo, pois, todos sabemos que a vacina, por exemplo, veio e vem sempre da máquina pública, desde bebê por exemplo, se você vai vacinar seu filho no privado, a vacina provavelmente vai estar estragada. Por isso que o SUS é universal, apesar de ser para o mais pobre, também vacina o rico e a classe média, afinal, se projeta como universal. Se você toma vacinas com frequência você não comete esse erro da candidata Soraya.
Lula pergunta para Felipe d'Avila sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo (o melhor momento do debate até então), Felipe d'Avila fala sobre "sequestrar carbono" (sim, isso mesmo) e preservar o meio ambiente (para gerar energia, em tese). Esse foi o primeiro nocaute do debate, já que o candidato do partido novo parecia completamente não preparado para falar sobre, bem, nada, mas principalmente, seu ponto mais fraco, o meio-ambiente.
Lula fala sobre os biomas brasileiros, e fala sobre o ministro do partido novo (Ricardo Salles) que falava "deixa a boiada passar" em referência ao desmatamento das florestas. Uma curiosidade apontada pelo site Bloomberg, foi que houve uma briga de socos entre Janones e Ricardo Salles nos bastidores.
Felipe responde que vai resolver o problema do desmatamento "com o mercado" (sim, é por causa desses momentos que vemos memes em debates). Felipe d'Avila fala sobre a esquerda 'deixar a terra para lá', o que mostra que ele não sabe nada sobre cooperativas e sobre o MST, e também não sabe nada de agro negócio (o pior candidato no debate para mim foi ele até agora).
Tebet pergunta de novo para Soraya (é marcado isso?), fala que deu 12 anos aula de Direito Administrativo e disse que Soraya foi "sua querida aluna" . Soraya fala que foi professora de inglês, ela diz que sua proposta é isentar os professores de impostos, e que "não seria conto-de-fadas".
Gente, quando feminismo virou uma coisa apenas das mulheres extremamente conservadoras? Uma tristeza isso. Soraya comenta que o presidente de Portugal teria ido para televisão dar aula pessoalmente, e que teria colocado essas aulas na tv aberta (parece sacanagem, não sei se é verdade, mas engraçado é). Soraya também fala sobre grandes gastos com educação (mais uma vez essa retórica de tirar mais ainda da educação). Tebet fala sobre "valorização do ensino básico".
2 - Segundo bloco
Pergunta para Lula com resposta para Bolsonaro. O jornalista fala sobre a necessidade de um programa de auxílio mínimo universal. O orçamento prevê de 400 reais, mas o o jovem jornalista pergunta sobre o "teto de gastos". Bolsonaro responde que o auxílio de 600 está segurado com uma PEC, mas ele promete manter o valor com "responsabilidade fiscal", e fala sobre o voto dos precatórios.
Bolsonaro Fala também sobre a diminuição de impostos (em nível regional com o ICMS). Bolsonaro fala de maneira errônea que as Estatais brasileiras não davam lucro (o que é uma mentira tradicional de grupos de centro direita que utilizam de certa propaganda para privatizar).
Lula fala sobre a LDO que foi mandada para o congresso, dizendo que não está lá a manutenção do valor de 600, e diz que o PT está há 2 anos pedindo um aumento no auxílio (antigo Bolsa Família). Lula fala com razão sobre certo gosto de números e dados soltos por parte de Bolsonaro. A réplica de Bolsonaro diz que o PT votou contra, depois ele fala que o PT falou contra, mas votou a favor. Bolsonaro também fica um pouco fora de eixo ao falar que a economia está "bombando", o que não é verdade.
Vera Magalhães faz uma pergunta a Ciro sobre a vacina tríplice viral (contra a poliomielite), e o baixo índice de vacinação no governo Bolsonaro. Ciro comenta que também ficou chocado com a fala de Bolsonaro. Ciro também fala sobre os 5 milhões de Brasileiros que desistiram de procurar qualquer oportunidade de emprego.
Ciro fala sobre a jornada sem controle, sem férias, sem décimo terceiro (fruto do adeus as leis trabalhistas feito no governo Temer). Ciro fala sobre os prêmios de 100% de cobertura de vacinação e dos altos índices do Estado.
Bolsonaro diz que Vera Magalhães é uma vergonha ao jornalismo brasileiro e que ela deve "dormir pensando nele", deve ter "uma quedinha por ele". Ciro critica a "turma do PT" que seria nervosa na opinião dele, dizendo que o modelo de política é o mesmo entre Bolsonaro e Lula.
Ciro fala sobre o baixo índice de vacinação infantil, a pergunta era se isso tinha algo a ver com o negacionismo que Bolsonaro teria. A vacina tem no posto, sabemos disso (pelo menos na maior parte dos lugares), acontece que a consciência da necessidade disso não ter mais na cabeça do brasileiro comum.
A jornalista Patrícia Campos de Mello resolveu perguntar sobre diferenças com Ciro, pareceu que queria gerar uma briga entre os dois (o motivo eu não sei), sempre considerei o trabalho da jornalista um trabalho "progressista" no mínimo, a pergunta foi estranha. Lula respondeu dizendo que respeita profundamente Ciro Gomes e que espera que ele não vá para Paris no segundo turno. Ciro Gomes riu, e disse que Lula é "encantador de serpentes".
Ciro quer apontar "erros de PT", falando que o Brasil não cresceu (o que não é verdade, pensando o primeiro governo Lula, por exemplo, índices de Getúlio Vargas, com grande monetarismo e responsabilidade fiscal também). Lula disse que foi preso para não ganhar a eleição. Lula foi interrompido do nada, pareceu que iam cortar ele, apenas por ele dizer que é inocente.
Lula falou que foi ele que criou piso escolar de gasto para governadores, que alguns não queriam pagar. Lula falou sobre os meninos negros e negras que puderam fazer faculdade. Lembrando que a primeira universidade no Brasil foi em 1820.
Thais Oyama, autora do livro Tormenta: – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos e já analisado aqui, pergunta para Tebet sobre ser vista como feminista, e Soraya já seria uma que falaria "ser vitimismo" o feminismo, e falou que Soraya teria dito que "nem toda mulher que denuncia estupro é vítima". Thais foi aquela jornalista que escreveu os bastidores loucos do governo Bolsonaro.
Tebet respondeu algo sobre a mãe que amamenta e dá a comida que ia comer para seu filho (algo nesse ínterim). Soraya fala que não lembra de falar nisso, mas Thais fala que foi no programa da Jovem Pan. Soraya disse que foi no "caso do Neymar". Ok, Tebet ainda é melhor que Soraya. Soraya ainda passou uma vergonha ao pedir um tempo extra "porque se enrolou".
Tebet reclamou de ser chamada de descontrolada e que os ministros de Bolsonaro produziram uma fake news sobre ela.
A jornalista Mônica Bergamo pergunta sobre separação de igreja e Estado, ela fala que estava na constituição de 1891 (a primeira republicana), ela pergunta para Soraya.
Tem homem que é tchutchuca com outros homens e vem pra cima das mulheres como tigrão — disse.
Soraya disse que "Tem homem que é tchutchuca com a gente, e vem pra cima das mulheres como tigrão - disse ela.
Ela disse que ela seria como as mulheres que viram onça e ela também (referência a novela Pantanal), o que gerou uma onda de memes na internet, onde foi comparada a Patrícia Abravanel, e Juma de Pantanal.
Fala Soraya por fim, "sobre o respeito a religiões", o cara do Partido Novo diz que o fundo eleitoral é o novo dízimo. Soraya disse que se vacinou contra a mentira e que "não virou jacaré", e que Bolsonaro queria auxílio apenas de 200 reais. Terminou a fala pedindo mais segurança para ela para algum "delegado".
O cara do Partido Novo falou "As pessoas é contra" (sim, falou errado), e falou sobre o marco do saneamento básico e que teria "maracutaia para empresa do Estado" e fala de recursos privados para isso. Mas caro candidato, qual empresa privada vai cuidar de regiões pobres, onde elas não tem o interesse de investimento?
Como atrair o dinheiro privado se o dinheiro privado não tem interesse em alguns locais. Fala também em desperdício da cadeia produtiva de comida (o que antes era cuidado pela CONAB). O cara do Partido Novo fala bem do agro, diz que Lula chamou o "agro de fascista", enfim, um festival de argumentos absolutamente sem noção.
Para o cara do Partido Novo apenas o agro é lindo, mas se é assim completamente sem necessidade de críticas, como que você é da pauta da novidade, novidade não seria desenvolvimento industrial? Ou o Partido Novo é apenas falso preocupado com os negócios e com a indústria, é mais um braço do agro negócio (seus filhos que fizeram faculdade provavelmente), é algo para se pensar.
3 - Terceiro bloco
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