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Análise do Debate Presidencial na Band (29/08/2022): Lula, Ciro ou Bolsonaro, quem ganhou o primeiro debate?



O debate foi feito nos estúdios da televisão Bandeirantes, em São Paulo. O debate presidencial foi uma parceria TV Cultura, Folha de São Paulo e UOL e com o Google. O debate dessa vez perdeu por não ter público presente, perdendo uma parte essencial do acompanhamento tradicional. Os blocos foram de um minuto e meio, e a resposta de tréplica de 4 minutos, depois foram rodadas de confronto direto. As considerações finais foram de 2 minutos. Veja aqui quem ganhou o debate:


Assista o debate completo no Youtube clicando aqui


Os consumidores inicialmente estão preocupados com o índice de preço, depois empregos e o dólar. Muito interesse em temas de relevância econômica. São análises CEOs do Google sobre informações mais utilizadas nas redes. A cooperativa foi feita entre o Google e a emissora de televisão bandeirantes. 


O começo do debate mostrou os candidatos alinhados em um mesmo lado. A primeira pergunta pareceu já preparada e encenada, soando estranho por não mostrar o sorteio na hora da ordem e da questão. 


Band realizou com a Vibra Digital, empresa spin-off de tecnologia do Grupo Bandeirantes,  e também com a parceria do Google. Alguns outros recursos são "A Sala Digital", montada no estúdio ao lado do debate, proporcionará uma experiência presencial aos convidados, que foram jornalistas como Patrícia Campos de Mello, Vera Magalhães, Mônica Bergamo, por exemplo. 


1 - Primeiro bloco do debate


Nos colocando de cara com o discurso do candidato do Partido Novo Felipe Davila, vindo com um discurso de privatização de sempre que o partido costuma a ter, falando em nome do "corte na máquina pública", um candidato com muito pouco voto, e ele perguntou para Soraya, uma senadora,  candidata do União Brasil (o partido que Bolsonaro tentou criar e desistiu).


 Soraya também não tem percentual e fala as ideias de Marcos Cintra (vice presidente da FGV desde 1997), que na última eleição, foi a proposta de Ciro Gomes (mas ele não fala mais disso). Apesar de Soraya falar que não quer economês, essa é exatamente sua proposta, criar mais um imposto (já que é impossível acabar com todos os impostos e criar um apenas, na minha opinião). 


Simone Tebet depois vem em seguida, e não é mediado por ninguém, comentando sobre o "valor da imprensa". Tebet perguntou Bolsonaro, que ignora a pergunta e faz palanque de cara. O carácter de deixar Lula por último é um pouco cansativo, parece que estão escondendo o candidato. 


Colocaram Lula contra Ciro Gomes para debater educação, uma atitude um pouco pernicioso por querer colocar as esquerdas para brigar em torno de um tema que é claro próprio delas. Uma atitude óbvia e muito mal intencionada, impossível isso ser aleatório, existe uma midialogia óbvia da ordem das perguntas. 


Lula começou parabenizando a Band, e que agora não existe informação do MEC sobre os dados educacionais. Lula quer convocar reuniões gerais com governadores e prefeitos de capitais para discutir novas medidas. Ciro responde a pergunta falando dos índices do Ceará (Estado que governou), os índices de lá são maiores que a média nacional, mesmo que isso não afete a área de oportunidades de emprego ( o que é uma tristeza que educação e trabalho não conversem). 


Bolsonaro fala sobre as refinarias não construídas da Petrobrás e sobre a não conclusão da obra de transferência do Rio São Francisco (necessário argumentar). Ele pergunta sobre corrupção na Petrobrás. Lula diz que nada acontece por acaso, e que sabia que essa seria a pergunta que escutaria de Bolsonaro, questionando seus números. Lula disse que não teve um presidente que mais fez para apuração de corrupção, com a criação do Portal Transparência (um favorito queridinho dos estudantes pois avisa quando as bolsas são pagas). Bolsonaro fala sobre roubo, mas não cita nenhum dado efetivo. 


Disse que o governo Lula foi o mais o corrupto da história do Brasil, a informação também parece muito solta e aleatória, algo que sai do campo da política, não do campo da realidade. Lula fala sobre seus índices educacionais (era essa a pergunta).   Lula fala sobre os 8 milhões de alunos em Universidades Públicas em seus governos. Lula fala sobre a preservação da Amazônia e com os acordos que fez com alguns países europeus. Lula disse que nunca o Brasil foi tão respeitado e incluso nas atividades mundiais. Brasil era um país de fluxo de menos de 100 bilhões e que isso foi triplicado (junto com as reservas em dólares). 


Ciro pergunta para Bolsonaro sobre problemas de inflação e economia, Bolsonaro culpa a inflação no "fica em casa, a economia a gente vê depois", sendo uma falha de marketing, já que é ele que disputa o eleitorado do Auxílio Brasil (que cerca de 65% planejam não votar nele), apesar do aumento em relação ao antigo Bolsa Família. A pergunta é, como Bolsonaro se elegeu falando mal do Bolsa Família, mas agora quer ser "pai da ideia" de um auxílio universal? Papo de eleição, ou ele mudou de ideia vendo que era possível, mas a ala Temer/Tebet/Rodrigo Maia fizeram todos acreditar que o país estava em crise, e por isso essa contradição? É uma pergunta. 


Ciro fala sobre 25 milhões de pessoas que não comem mais de manhã, de tarde e de noite. Ele promete o programa de Renda Mínima com o nome de "Eduardo Suplicy". Bolsonaro fala que ele foi melhor que Temer (e é verdade), e assim responde a Ciro. 


Felipe d'Avila pergunta para Ciro sobre educação falando sobre gastar muito no PIB, em torno de 4% (o que torna essa fala talvez a mais burra de todo debate, já que todos os tratados internacionais que o Brasil e outros países assinaram foram para aumentar o valor do gasto com educação até 10% do PIB, e acordos da ONU desde 1990), essa foi uma forma de tentar unir o lado de direita contra o PT, com o lado de direita de privatizar o financiamento da educação (só que não funciona, pois o PDT é o 'partido da educação'). 


Ciro fala sobre o enciclopedismo eterno, a história dos grandes homens e feitos, o decoreba de memorizações eternas e repetitivas, uma resposta diferente do que é dado em locais assim. Ciro fala sobre a inclusão desses 8 milhões, mas que existiu um lobby com as universidades privadas que até mesmo o PT aderiu e que também gerou a dívida de diversos jovens que acreditavam no sistema privado de universidade.  


Tebet fala sobre o atraso na compra de vacinas (Bolsonaro).  Ela culpa Bolsonaro, pois para Tebet "estaríamos todos trabalhando" se apenas Bolsonaro tivesse cuidado certo da pandemia (meio forçado, não?), ela fala "O que vamos fazer Soraya?" "Vamos colocar dinheiro ao fundo para Estados e Municípios". 


Soraya sai um pouco de linha ao falar que "nós não usamos o SUS". Isso é absurdo, pois, todos sabemos que a vacina, por exemplo, veio e vem sempre da máquina pública, desde bebê por exemplo, se você vai vacinar seu filho no privado, a vacina provavelmente vai estar estragada. Por isso que o SUS é universal, apesar de ser para o mais pobre, também vacina o rico e a classe média, afinal, se projeta como universal. Se você toma vacinas com frequência você não comete esse erro da candidata Soraya.  


Lula pergunta para Felipe d'Avila sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo (o melhor momento do debate até então), Felipe d'Avila fala sobre "sequestrar carbono" (sim, isso mesmo) e preservar o meio ambiente (para gerar energia, em tese). Esse foi o primeiro nocaute do debate, já que o candidato do partido novo parecia completamente não preparado para falar sobre, bem, nada, mas principalmente, seu ponto mais fraco, o meio-ambiente. 


Lula fala sobre os biomas brasileiros, e fala sobre o ministro do partido novo (Ricardo Salles) que falava "deixa a boiada passar" em referência ao desmatamento das florestas.  Uma curiosidade apontada pelo site Bloomberg, foi que houve uma briga de socos entre Janones e Ricardo Salles nos bastidores. 


Felipe responde que vai resolver o problema do desmatamento "com o mercado" (sim, é por causa desses momentos que vemos memes em debates). Felipe d'Avila fala sobre a esquerda 'deixar a terra para lá', o que mostra que ele não sabe nada sobre cooperativas e sobre o MST, e também não sabe nada de agro negócio (o pior candidato no debate para mim foi ele até agora). 


Tebet pergunta de novo para Soraya (é marcado isso?), fala que deu 12 anos aula de Direito Administrativo e disse que Soraya foi "sua querida aluna" .  Soraya fala que foi professora de inglês, ela diz que sua proposta é isentar os professores de impostos, e que "não seria conto-de-fadas". 


Gente, quando feminismo virou uma coisa apenas das mulheres extremamente conservadoras? Uma tristeza isso. Soraya comenta que o presidente de Portugal teria ido para televisão dar aula pessoalmente, e que teria colocado essas aulas na tv aberta (parece sacanagem, não sei se é verdade, mas engraçado é).  Soraya também fala sobre grandes gastos com educação (mais uma vez essa retórica de tirar mais ainda da educação). Tebet fala sobre "valorização do ensino básico". 


2 - Segundo bloco


Pergunta para Lula com resposta para Bolsonaro. O jornalista fala sobre a necessidade de um programa de auxílio mínimo universal. O orçamento prevê de 400 reais, mas o o jovem jornalista pergunta sobre o "teto de gastos". Bolsonaro responde que o auxílio de 600 está segurado com uma PEC, mas ele promete manter o valor com "responsabilidade fiscal", e fala sobre o voto dos precatórios. 


Bolsonaro Fala também sobre a diminuição de impostos (em nível regional com o ICMS). Bolsonaro fala de maneira errônea que as Estatais brasileiras não davam lucro (o que é uma mentira tradicional de grupos de centro direita que utilizam de certa propaganda para privatizar). 


Lula fala sobre a LDO que foi mandada para o congresso, dizendo que não está lá a manutenção do valor de 600, e diz que o PT está há 2 anos pedindo um aumento no auxílio (antigo Bolsa Família). Lula fala com razão sobre certo gosto de números e dados soltos por parte de Bolsonaro. A réplica de Bolsonaro diz que o PT votou contra, depois ele fala que o PT falou contra, mas votou a favor. Bolsonaro também fica um pouco fora de eixo ao falar que a economia está "bombando", o que não é verdade. 


Vera Magalhães faz uma pergunta a Ciro sobre a vacina tríplice viral (contra a poliomielite), e o baixo índice de vacinação no governo Bolsonaro. Ciro comenta que também ficou chocado com a fala de Bolsonaro. Ciro também fala sobre os 5 milhões de Brasileiros que desistiram de procurar qualquer oportunidade de emprego.


Ciro fala sobre a jornada sem controle, sem férias, sem décimo terceiro (fruto do adeus as leis trabalhistas feito no governo Temer). Ciro fala sobre os prêmios de 100% de cobertura de vacinação e dos altos índices do Estado. 


Bolsonaro diz que Vera Magalhães é uma vergonha ao jornalismo brasileiro e que ela deve "dormir pensando nele", deve ter "uma quedinha por ele". Ciro critica a "turma do PT" que seria nervosa na opinião dele, dizendo que o modelo de política é o mesmo entre Bolsonaro e Lula. 


Ciro fala sobre o baixo índice de vacinação infantil, a pergunta era se isso tinha algo a ver com o negacionismo que Bolsonaro teria. A vacina tem no posto, sabemos disso (pelo menos na maior parte dos lugares), acontece que a consciência da necessidade disso não ter mais na cabeça do brasileiro comum.


A jornalista Patrícia Campos de Mello resolveu perguntar sobre diferenças com Ciro, pareceu que queria gerar uma briga entre os dois (o motivo eu não sei), sempre considerei o trabalho da jornalista um trabalho "progressista" no mínimo, a pergunta foi estranha. Lula respondeu dizendo que respeita profundamente Ciro Gomes e que espera que ele não vá para Paris no segundo turno. Ciro Gomes riu, e disse que Lula é "encantador de serpentes". 


Ciro quer apontar "erros de PT", falando que o Brasil não cresceu (o que não é verdade, pensando o primeiro governo Lula, por exemplo, índices de Getúlio Vargas, com grande monetarismo e responsabilidade fiscal também). Lula disse que foi preso para não ganhar a eleição. Lula foi interrompido do nada, pareceu que iam cortar ele, apenas por ele dizer que é inocente. 

 

Lula falou que foi ele que criou piso escolar de gasto para governadores, que alguns não queriam pagar. Lula falou sobre os meninos negros e negras que puderam fazer faculdade. Lembrando que a primeira universidade no Brasil foi em 1820. 


Thais Oyama, autora do livro Tormenta: – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos e já analisado aqui, pergunta para Tebet sobre ser vista como feminista, e Soraya já seria uma que falaria "ser vitimismo" o feminismo, e falou que Soraya teria dito que "nem toda mulher que denuncia estupro é vítima". Thais foi aquela jornalista que escreveu os bastidores loucos do governo Bolsonaro. 


Tebet respondeu algo sobre a mãe que amamenta e dá a comida que ia comer para seu filho (algo nesse ínterim). Soraya fala que não lembra de falar nisso, mas Thais fala que foi no programa da Jovem Pan. Soraya disse que foi no "caso do Neymar". Ok, Tebet ainda é melhor que Soraya. Soraya ainda passou uma vergonha ao pedir um tempo extra "porque se enrolou". 


Tebet reclamou de ser chamada de descontrolada e que os ministros de Bolsonaro produziram uma fake news sobre ela. 


A jornalista Mônica Bergamo pergunta sobre separação de igreja e Estado, ela fala que estava na constituição de 1891 (a primeira republicana), ela pergunta para Soraya. 

Tem homem que é tchutchuca com outros homens e vem pra cima das mulheres como tigrão — disse.

Soraya disse que "Tem homem que é tchutchuca com a gente, e vem pra cima das mulheres como tigrão - disse ela.


Ela disse que ela seria como as mulheres que viram onça e ela também (referência a novela Pantanal), o que gerou uma onda de memes na internet, onde foi comparada a Patrícia Abravanel, e Juma de Pantanal.



 Fala Soraya por fim, "sobre o respeito a religiões", o cara do Partido Novo diz que o fundo eleitoral é o novo dízimo. Soraya disse que se vacinou contra a mentira e que "não virou jacaré", e que Bolsonaro queria auxílio apenas de 200 reais. Terminou a fala pedindo mais segurança para ela para algum "delegado". 



O cara do Partido Novo falou "As pessoas é contra" (sim, falou errado), e falou sobre o marco do saneamento básico e que teria "maracutaia para empresa do Estado" e fala de recursos privados para isso. Mas caro candidato, qual empresa privada vai cuidar de regiões pobres, onde elas não tem o interesse de investimento? 


Como atrair o dinheiro privado se o dinheiro privado não tem interesse em alguns locais. Fala também em desperdício da cadeia produtiva de comida (o que antes era cuidado pela CONAB). O cara do Partido Novo fala bem do agro, diz que Lula chamou o "agro de fascista", enfim, um festival de argumentos absolutamente sem noção. 


Para o cara do Partido Novo apenas o agro é lindo, mas se é assim completamente sem necessidade de críticas, como que você é da pauta da novidade, novidade não seria desenvolvimento industrial? Ou o Partido Novo é apenas falso preocupado com os negócios e com a indústria, é mais um braço do agro negócio (seus filhos que fizeram faculdade provavelmente), é algo para se pensar. 


3 - Terceiro bloco



Simone Tebet pergunta para Bolsonaro, e fala que vai reformular sua pergunta. Diz que foi vítima de violência política por parte dele, e o acusa de fake news. Bolsonaro fala que não defendeu estuprador. Ele comprimente sua esposa por "seus esforços" na defesa dos direito das mulheres. Bolsonaro diz que Tebet apoia Renan Calheiros e Omar Assis.


Apesar do que disse no podcast Flow que não tinha nada contra usuário de drogas, ele acusa seus adversários de serem a favor de drogas (apenas no eterno mote para manter seu eleitorado). Tebet fala que mais uma vez Bolsonaro fabrica e propaga fake news. Bolsonaro responde "defesa da família, contra o aborto, contra a liberação das drogas" e a "defesa da propriedade privada". 


Soraya pergunta para Lula, e pergunta sobre a inflação e o desemprego. 
Lula lembra de que quando assumiu o país, ele estava quebrado e citou diversos índices, como dívida pública e dívida internacional (com o F.M.I), falando das quebras que houveram, por exemplo, em 1998. Lula comentou que já tentou fazer duas reformas tributárias e que não passou quando tentou. 


Falou dos bons índices de comércio e indústria quando acabou seu governo. Soraya não responde coisa com coisa, apenas ataca Lula, e fala mais uma vez do tal "tributo único".


Lula respondeu a Soraya que sabe que ela responde pelo vice que criou a proposta 30 anos atrás. Ele disse que ela não viu a transformação, mas que a empregada doméstica dela viu, e que o motorista e o jardineiro viram. Lula fala sobre a cruel realidade da vida sem direitos trabalhistas. Lula falou "nada de escravidão no século XXI". 


Ciro vem depois falando sobre o "lado ruim", sobre o aumento dos juros, por exemplo, e ele vai perguntar para Felipe do Partido Novo, que diz que o Brasil vive um "realismo mágico". O candidato do Novo falou sobre "brasileiro não gostar de grana"(?).


Ciro erra muito ao participar de dobradinha com um candidato que só quer privatizar tudo (todas as propostas desse partido são pela privatização e diminuição do Estado), um claro erro por parte de Ciro, parece indicar algum meio caminho entre Partido Novo e PDT, uma verdadeira mancada de Ciro (que estava até então muito bem no debate).


Ciro diz que 60% do PIB vem do consumo das famílias, e fala que tem anos que o Brasil cresce perto de zero (desde de Michel Temer), sem contar com o período de crise orgânica sofrida no governo Dilma (por conta de todo o mercado internacional estar em crise desde 2008), sentimos isso em 2014, no ano mesmo da reeleição de Dilma. 


Bolsonaro resolve perguntar Ciro sobre machismo e cita uma situação em que Ciro se envolveu alguns anos antes. Ciro fica bravo e fala que Bolsonaro corrompeu todas as suas ex mulheres e filhos. 
Lula pergunta Tebet sobre a CPI da Covid e se houve corrupção, compra de vacinas superfaturadas, Tebet fala sobre o contrato da Covaxin. 
Lula fala sobre o Portal da Transparência e da possibilidade de saber do orçamento geral do governo. 


Lula fala que tem orçamento secreto e sobre sigilo das informações durante 100 decretadas a pedido de Mourão e dos militares, (essa foi a melhor dobradinha do debate, pois comprovou a corrupção por parte de Bolsonaro, para além apenas da fofoca, por Tebet ter participado da CPI da Covid). Bolsonaro atacou Lula e falou que ele é "ex condenado", ficando com raiva da dobradinha de Lula/Tebet. 


Soraya disse que o cara do Novo é rico (muito engraçado essa dobradinha aqui). Soraya fala que o Novo está já "dentro do esquema" e já usa campanha eleitoral. Ou seja, que já não é um "partido nanico com uma pauta ideológica fixa", também estão dentro, digamos.


Lula pediu direito de resposta ao ataque de Bolsonaro, mas não foi concedido (claro que não, minha surpresa seria se a Band fosse democrática com o Lula de qualquer forma). 


Uma jornalista da Folha foi perguntado se Lula faria um compromisso de metade do governo de mulheres. Lula com razão, falou que se for apenas isso, não pode de comprometer, que é possível ter ido, mas disse que não assumirá um compromisso que não pode cumprir. Tebet fala que faria um governo com mais mulheres (mas foi o MDB de Temer que acabou com as mulheres e foi o ministério mais branco da história). Por sua vez, Tebet se compromete em não ter o MDM corrupto em seu governo. 


Interesse de novo a fala de Lula, por ter sido contra o populismo e a promessa falsa. Mas acredito no fundo que esse governo terá mais representatividade. Por exemplo, até Bolsonaro colocou Tereza Cristina em uma posição de poder em um ministério importante, até mesmo ele. Não creio que Lula vá passar longe de colocar mais mulheres, ainda mais por estar fazendo uma coligação bem mais diversa do que o grupo político que o manteve anos antes. Exatamente por ele não estar totalmente com o MDB de Tebet é que Lula pode indicar mais mulheres, essa é a contradição engraçada dessa dobradinha. 


Bolsonaro fala que as mulheres mortas tem diminuído em seu governo. 


Considerações Finais


Ciro Gomes, agradece a todos que viram o debate e aos colegas candidatos. Ele diz que sua luta é conta um modelo econômico, algo que remete ao seu plano de governo (que lançou em seu livro). 


Lula comenta sobre as críticas de Ciro, e diz por exemplo, que os juros eram mais de 20%, e que depois foi para 10% em seu governo. Lula lembra que foi o golpe que acabou com o país, e que ninguém falou do golpe que Dilma sofreu, e que foi "derrubada por uma pedalada", mas que quem fez "motociata" conseguiu ficar até o fim.  


Bolsonaro fala que "a eleição está polarizada" (penso quem na faculdade pesquisou isso recentemente, Bolsonaro concorda, olha só). Bolsonaro fala sobre os apoios de esquerda que Lula teria. Fala sobre "nosso Chile (o de Pinochet?)", fala sobre "a nossa Colômbia". Fala sobre Geraldo Alkmin ter cantado "a internacional socialista". Essa foi a fala final do presidente. 


Simone Tebet fala sobre "alimentar o ódio" e "polarizar o Brasil". Cita sua vice do PSDB. Fala que foi prefeita duas vezes, e foi vice governadora e professora. 


Lula ganhou um direito de resposta (eles voltaram atrás), e Lula pôde esclarecer sobre seu nome estar limpo atualmente, sendo considerado inocente por todos os órgãos responsáveis. 


Soraya agradece ao debate, e ao Partido União Brasil, dizendo ser "o maior partido do Brasil (o que não é verdade mesmo, é o MDM e o PT)". Sua proposta de isenção fiscal para até 5 salários é o mote de sua campanha. 


Felipe do Novo fala sobre o "profissional da política", e que "nós que trabalhamos", e que o único jeito da economia empreender é tirar o Estado dos investimentos. Gostaria de saber qual país cresceu sem investir em alguma forma de Estado? São essas fantasias de partidos pequenos que ninguém quer votar, apenas servem para depois conseguir uma boquinha aqui e ali, igualzinho todo mundo.


Lula em entrevista depois do debate, fala sobre o debate da Band ter uma tradição na cultura política brasileira desde 1989. Lula acha que precisava de mais tempo,

Ciro aparece na entrevista falando bem de sua vice, e fala que o debate falou aos problemas sérios que o Brasil vive, e que o debate ficou entre Bolsonaro e Lula. 


O cara do Novo diz que se sente frustrado (claro, foi meio mal ele), ficou se sentindo mal por discutir o passado e "não o futuro".


Simone Tebet aparece com Baleia Rossi ao fundo, e ela fala sobre a vitória da democracia através da imprensa, e que duas mulheres (por mais de serem de direita), foram centro e participaram para além de "apenas uma mulher" como sempre tem. O problema para mim é que essa representatividade de observada no ponto ideológico real das candidatas apenas reforça fórmulas conservadoras, já que Soraya representa o Cintra e certa elite do funcionalismo público, como Tebet também com seu partido MDM.


Bolsonaro saiu do debate direto sem dar entrevista. 


Quem ganhou o debate? (na minha humilde opinião de socióloga) Veja a lista dos que tiveram melhor desempenho, se baseando em princípios de apresentação de projetos e apresentação oral e verbal:



1 - Lula - Óbvio, mas esperava ainda alguma surpresa. O candidato ganha principalmente por ser o mais sintético, se atendo apenas as perguntas, respostas e projetos. Ou seja, Lula está ganhando por ser mais realista e prático do que os demais candidatos, que criam projetos mirabolantes, ou como Bolsonaro que descreve o Brasil de maneira maravilhosa. A simplicidade de Lula parece que vai ser crucial na corrida eleitoral e deve trazer mais votos. 


2 - Simone Tebet - Uma surpresa, já que imaginava que ela tinha menos preparo, aproveitou a jogada de Lula e confirmou a corrupção de Bolsonaro, sem entrar em outras picuinhas para ofender. 


3 - Ciro Gomes - É sempre bom ver Ciro e suas propostas econômicas, por conta do formato do debate e do pouco tempo e das perguntas já prontas, foi difícil ver esse lado criador de ideias do Ciro, o que é uma pena, mas ele sempre tem alguma coisa de genial para falar que ninguém fala, mas infelizmente, dessa vez, a crítica ao PT foi mais importante do que o debate de suas propostas, que são sim, inovadoras (falo do seu novo livro). 


4 - Jair Bolsonaro - Foi conciso em manter o que se espera de seu eleitorado, mas vemos uma certa descrença por sua parte, já que tem poucos campos onde ele pode "roubar" o voto de Lula, nesse debate, as contradições que poderiam ser a favor do presidente não ficaram muito claras. Não tentou pegar muito autoria pelo Auxílio Brasil, apenas de leve, contraditoriamente, falando mal da política de ficar em casa, culpando a inflação por isso, o que não está presente em nenhum estudo científico, por isso, ele perdeu um pouco a vantagem de ser governo e coordenar as ideias e projetos. 


5 - Soraya Thronicke - Representou o setor da economia e da educação que se disfarça bem de democrata, mas acompanhou Bolsonaro no PSL e acompanharam também as mudanças não democráticas. Ficou muito claro que representava alguém e que era de longe a menos preparada para o diálogo. 


6 - Felipe D'avila - Foi um desastre no conhecimento de dados e números, o que deveria ser a coisa que o Novo deveria ser bom. Uma grande falta de conhecimento geral dos temas nacionais, principalmente em termos orçamentários, parecendo que "pegou o ônibus errado" e entrou no debate para debater.


Dados finais da sala digital (convênio da Band com o Google) pós debate


Foram 1,5 milhões de pessoas segundo a jornalista da Band que assistiram o debate, uma grande audiência. 
 

Os dados mostraram que Bolsonaro estaria como o mais comentado, seguido por Lula (mas não sabemos se pro bem ou para o mal). Ciro alcançou o pico ao chamar Lula de "encantador de serpentes" e que Tebet aumentou sua menção quando afirmou haver corrupção na CPI da Covid.  



Também foi muito comentado Covid, vacina e corrupção (como falado acima, foi a melhor "dobradinha" do debate entre Lula/Tebet) por conta da certeza dado por um grupo conservador (Tebet) de que houve corrupção da gerência de Bolsonaro da pandemia. 


Acompanhe o debate completo aqui





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