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A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965): As mensagens escondidas no filme, o segredo de seu sucesso e as incríveis locações do clássico de Robert Wise


The Sound of Music é um filme musical de drama 1965, produzido e dirigido por Robert Wise (editor de Cidadão Kane). O filme é estrelado por Julie Andrews, que faz uma jovem austríaca de Salzburg, que em 1938 é mandada para ser a governanta de uma casa com 7 crianças. Depois de trazer amor e música para a vida da família, ela se apaixona pelo anfitrião e pai da família. Juntos eles tentaram achar uma maneira de sobreviver a perda de sua casa pelo regime nazista em ascensão.  




Veja aqui onde assistir "A Noviça Rebelde"


Crítica do filme 


🌟🌟🌟🌟🌟☆


Maria é uma freira liberal, ela representa um lado mais de "esquerda" do catolicismo. Vou explicar. A história da ordem das freiras da igreja católica é uma história que explica o próprio processo de formação e poder da igreja católica. A assimilação da cultura mendicante dos franciscanos fez surgir a ordem de uma de suas amigas mais próximas.


 


As freiras surgiram de Santa Clara (1194–1253), que passou a recusar doações e posses para sua ordem dentro da igreja. Depois do século XII, as ordens mendicantes pararam de serem perseguidas na igreja, foi a forma da igreja manter os "bons de coração", que seguiam as regras do cristianismo primitivo. Quando a madre superiora defende da sua maneira Maria, ela utiliza de um "truque". Não há dúvidas aqui de que Maria era talentosa, inteligente e boa pessoa, as falas contra ela eram acusações de que era "indisciplinada, chegava atrasada". 



O conservadorismo do filme é que o romance com o Capitão foi agendado na própria estrutura da igreja católica, seria essa a crítica que ofusca. Por exemplo, na cena em que a madre superiora aconselha Maria a voltar para a casa do Capitão (cantando para ela a música "Claim every mountain", Escala cada Montanha). 



Como também na cena do casamento de Maria, que toca a mesma música das freiras sobre a "preocupação" deles sobre a personalidade não submissa de Maria. Aí parece aquela velha constatação de que "rebelde até que se casa", bem machista por sinal por finalmente ver a "solução" para o problema de Maria. 



Outro elemento que é necessário descrever do filme é o trabalho do filme para mostrar a beleza da tradição, filmando em um dos cantos mais antigos da Europa, com coreografias pensadas em cada detalhe para ressaltar essa beleza e essa "inocência". Mas o filme vira depois do final feliz de contos de fadas, e somos tragados pela força inerente e transformadora da história. Todas as referências da beleza folclórica nacional, do "valor das tradições populares" foi apropriada por um regime ditatorial que se instalou na Alemanha da época, os nazistas. Quem era o nazista, pessoa que acreditava na ideia de superioridade étnica do povo alemão. 



Veja bem, os alemães nazistas se utilizaram disso através de um processo de apropriação cultural. Você obrigava as pessoas a aderirem ao nazismo dizendo "você tem que ser nazista, ou você será preso ou morto", era mais ou menos assim. Os que conseguiram fugir foram nomes como Fritz Lang por exemplo e outros famosos. Os alemães vieram de um processo de unificação no século XIX, ou seja, todo o nacionalismo era um espelho onde a visão da etnia era o que motivava essa ideia. 



O país que "dominava" por assim dizer historicamente a Alemanha tinha sido a Áustria, Hitler era também de lá. Ou seja, eles acreditavam que a pessoa mais "pura" do mundo tinha que vir da Áustria em cima da Alemanha, essa que é a questão. Ou seja, a Alemanha estava para a Áustria assim como Brasil estava com Portugal, era uma espécie de pacto de dominação. A chamada "neutralidade de Vienna" nada mais era do que os ideais de Europa que serviram para afastar o povo e os trabalhadores em geral dos novos processos políticos. Os alemães parecem os brasileiros nesse sentido, se gabando de uma "pureza" não realmente existente neles. 


O tom talvez um pouco errado do filme é se apropriar de volta dos ideais de "velha Europa" agora por sua vez para Hollywood, tornando-os apenas "vítimas" de uma forma ditatorial que surgiu do nada e começou a se apropriar do que consideravam "bom" e de "elite", nesse caso, dos austríacos (que que Hitler era um austríaco comum). O debate aqui se torna muito bom era pensar se a visão do filme histórica era pertinente ou não. Eu mesmo digo que fico confusa, o filme é lindo, mas dá para ver os atores suando de medo de errar também. Não é por nada que o filme retirou o título de maior assistido no cinema de Gone With The Wind (1939). Em 1965 é lançado esse filme que estava sendo planejado uns 10 anos antes na data de lançamento do livro sobre a família von Trapp. 


O Capitão do filme era um desses homens que "tinham que ser nazistas" na visão purista do regime. Nem mesmo Hitler, esse sabia quem ele era e de que a maioria dos nazistas na verdade não tinham muita "estirpe", apesar da proclamação ao contrário disso, de que eles eram fãs a "alta cultura". Esse é o argumento principal do filme, que o nazismo como Estado totalitário impunha uma forma de "reescrita da história", onde obrigaram as nações tradicionalmente neutras a se curvar ao nazismo.


 

O argumento do filme é que os católicos da época eram bondosos e que escondiam aqueles que fugiam do regime nazista, a realidade mostra um debate muito mais complexo e complicado, já que papas da época não se opuseram formalmente ao regime nazista, apenas buscavam manter as abadias e a influência. 


Quando as freiras do filme tiram o motor do carro dos nazistas, elas "se confessam" "Eu peguei", mas falam isso com um sorriso no rosto. Podemos entender então como esse filme pode ser sido amado e odiado pelos católicos ao mesmo tempo. Também era nos mosteiros e abadias que todo o conhecimento do mundo ocidental era guardado enquanto era censurado para os outros. Dessa forma, os primeiros centros de refúgio, ou mesmo de cultura intelectual foram concentrados nos mosteiros, eram como faculdades da época, onde se fazia leitura contínua de livros clássicos, como Santo Agostinho. Mas na ordem das freiras, principalmente na Idade Moderna, ser freira virou sinônimo de ser rígido ou mesmo extremamente devotado e conservador. 



O Capitão rígido e militar voltava de sua lua-de-mel com a ocupação das tropas nazistas obrigando-o (que era herói da Primeira Guerra do exército austríaco) a aceitar um posto de comando e aderir ao nazismo. Georg, que até então era um homem da aristocracia militar que pregava pela ordem das coisas e pela restrita ordem percebe que jamais poderia aceitar uma ideologia como o nazismo, essa aqui é a maior ironia, grande sacada de toda a história. Os representantes da "velha Europa", até eles sentiram o seu mundo cair com a chegada do nazismo. Parecendo um pouco o clássico argumento dos filósofos da Escola de Frankfurt sobre a "baixa cultura" do nazista (tese que depois foi revista por muitos como uma tentativa de ocultar o braço de apoio científico que os nazistas receberam). 


O filme seria então uma ideia de "comunismo clássico" de maneira geral por assim dizer. Os militares não são tão ruins, se forem ilustrados (militares de Sorbonne como dizem), a aliança feita no filme é com os setores "hippies" digamos assim da igreja católica representados por quem é da "eclesial de base" e lidam diretamente com as pessoas comuns. Quando o militar troca a socialite pela noviça ele está na tese do cristianismo primitivo, que é adocicado com a ideia do romance, com a baronesa ele teria uma nova esposa, com Maria ele tem uma nova esposa e mãe para os filhos. 



Isso é muito bem demonstrado quando ele tinha mandado ela embora, e ela tinha ensinado o canto para as crianças apesar de ele ter falado que não (na época, pessoas muito ricas eram contra a ideia de aparecer, isso seria uma "coisa da ralé" e não de pessoas importantes), as crianças cantam lindamente para a futura madrasta (a baronesa). 




Aí ele vê que Maria realmente "trouxe a música para dentro de casa" de novo, mas a apresentação era para a baronesa, mostrando o carácter inocente de Maria, que não ficou se opondo a noiva do Capitão, inclusive comemorou quando uma das empregadas contou para ela quem era a baronesa. As crianças são trakinas e logo desafiam a "autoridade" da moça. 



 Essa "inocência" de Maria é ligada ao fato dela ser uma noviça. Para ser freira, as postulantes precisam agir de certa maneira. Tanto que Hábito (significa costume feito com frequência com algum motivo específico), também pode ser o "hábito religioso" e ser a própria roupa e véu que a freira usa. O hábito religioso é tão forte que não se é um monge, freira ou padre sem obedecer ao "hábito". 



Quando Maria estava chegando atrasada e esquecendo o véu, para as outras freiras parecia que ela queria usar a abadia para outra coisa. Por isso, a crítica superconservadora, que combina com as formas de críticas básicas que um filme ou produção, ainda mais da Fox (o berço dos católicos conservadores americanos). Então seria a Fox no filme os nazistas que chegam após o casamento? Ou seria a metáfora de que Hollywood esconde certo nazismo na sua forma de "superioridade" e passar por cima de todos em produção? Ou seja, uma crítica a ideologia da meritocracia dos próprios musicais. Gene Kelly dizia que ator só era ator quando cantava, dançava e atuação bem, nos filmes de musicais, a regra é essa também. Apenas o casting das crianças do filme somava em quase 1000 que tentaram. 



A brincadeira aqui é que o filme foi feito com grande "carinho" e cuidado por parte dos donos da emissora, que sabiam de sua capacidade de "grande filme de massas". Na época o blacklist estava acontecendo sob a presidência de Lyndon Johnson. A Fox podia fazer e falar o dava na telha, mas lembrando sempre, o filme era do editor do filme O Cidadão Kane, sendo já indicado ao Oscar nessa época, e sendo também um recente ganhador da estatueta, ou seja, ele podia opinar bastante.  


Esse clima de "caça ás bruxas" lembrava em muito o nazismo em termos parecidos com os pensados por Hannah Arendt em seu livro "As Origens do Totalitarismo", nele a ideia da "banalidade do mal" é resumido como ideologias políticas que são totalizantes em sua forma de poder, nisso ela acaba enquadrando tanto o nazismo como o comunismo pode ideologias parecidas, sendo um pouco talvez um pouco radical de sua obra, mas que faz sentido devido ao tempo político de perseguição aos judeus que a filósofa viveu.


Quando no filme a família é obrigada a cantar no festival (que antes todos queriam por rebeldia participar), vemos uma diferença, quando as crianças cantavam as músicas com Maria era diferente, depois de tentaram fugir e não conseguirem, eles são obrigados a se apresentar. Nesse festival, como era sobre cantar para plateias nazistas era diferente e todos estavam tristes e para baixo, embora conseguissem fazer a apresentação de maneira normal apesar do medo, depois dessa cena, eles fogem para a abadia. Mostrando que a postura conservadora do pai podia ser a sua forma de não apoiar o nazismo, podendo ser uma outra reflexão sobre o filme. 



O filme fala também de um relacionamento que cruza classes sociais, quando o Capitão pergunta para Maria para quem poderia pedir sua mão, é uma pergunta óbvia e que tem resposta também. Ele teria que pedir sua mão para a madre superiora (que aqui podemos dizer que poderia ter planejado isso o tempo todo), já que a maioria das freiras na história da igreja católicas eram de mulheres órfãs, sem familiares diretos e desamparadas.  


O filme indaga tudo isso e sugere mais. Maria é uma postulante a freira que não sabe nada sobre ser freira. Mas afinal de contas, quem sabe? As freiras conservadoras que falam mal de Maria no convento não gostam de sua atitude, consideram que a rebeldia ou a "honestidade" como falado pela madre superiora sobre Maria. Eis que a maior "malandragem" do filme é sugerir através da música (por isso o título é muito pertinente "The Sound of Music) a verdadeira cabeça e vontade das pessoas em sociedade. Se você o som da música (o som ao redor) que percorre o filme, desde a primeira cena nas montanhas, você entende tudo e um pouco mais sobre o que está na tela. 



As screwball comedies foram uma forma da Hollywood clássica de lidar e costurar com diversas regras de roteiro e cinema que faziam a maioria dos filmes ser mensurado e censurado por audiências católicas (o escritório hays de censura). O que eram essas "comédias sexuais sem sexo"? Como tudo sexual era proibido e relacionamentos também, como temáticas LGBTs, tudo isso era estritamente proibido na censura pós 1937-8, e isso vigorou de forma generalizada até os anos de 1960 e a revolução cinematográfica causada por Psicose em 1960. 


 Nos anos 1960, uma grande produção da Fox (um estúdio conservador), já podia rolar um beijo entre pessoas não casadas, ou podia rolar a cena nas colinas no início para fazer o público impaciente gostar de um filme cujo único defeito é ser demasiado intelectual. Para uma audiência especializada, alguns detalhes aparecem mais que os outros. 


Ao mesmo tempo está estudando para ser uma freira em Nonnberg Abbey, em Salzburg. Seu entusiasmo e sua falta de disciplina causam preocupação. A madre superiora manda Maria para uma villa onde o capitão Georg von Trapp mora com a família. O capitão cria sua família depois de sua esposa morrer utilizando apenas a rigidez e os códigos militares. Apesar das crianças se comportarem mal no início, logo elas respondem ao bom espírito a paciência de Maria. A família é composta de Liesl, Friedrich, Louisa, Kurt, Brigitta, Marta, e Gretl. 



História por trás do filme


A repercussão do filme foi imensa, em 4 semanas em primeiro lugar absoluto em seu lançamento nas salas de cinema americanos, e no ano seguinte, virou o principal sucesso dos cinemas americanos, sendo um sucesso comercial, mas dividindo em parte a crítica especializada da época. Se tornou o mais popular em novembro de 1966 o filme passou Gone With the Wind (que ficou 5 anos do topo) como o filme mais lucrativo da história dos Estados Unidos, lucrando na época $286 milhões de dólares no mundo todo. 


O filme venceu tudo no Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, sendo o segundo Oscar de Wise, o primeiro sendo o filme West Side Story. Foi selecionado em 2001 para o registro nacional dos filmes na Biblioteca do Congresso americano por seu valor cultural. Os locais de filmagem ocorreram de março até setembro de 1964 em Los Angeles e Salzburg. 


Enquanto o Capitão está longe em Vienna, Maria faz roupas feitas das cortinas. Ela leva as crianças para as montanhas e ensina elas a cantar. Quando o Capitão volta para a vila com a baronesa Elsa Schraeder, uma rica socialite e seu amigo tio Max Detweiler. Preocupado com a "má influência" de Maria sobre suas crianças, o Capitão ordena que Maria vá embora, quando ele escuta seus filhos cantando para a baronesa. Entretido e emocionado, o Capitão se junta ao coro com os filhos e canta com eles pela primeira vez em anos. Ele se desculpa com Maria e pede para ela ficar. 



Impressionado com as crianças cantando, Max propõe que eles venham ao festival de Salzburg, mas ele nega dizendo que não permite que seus filhos cantem em público. Ele concorda em organizar uma grande festa na vila. Na noite da festa, Maria ensina a dança folclórica tradicional para Kurt, ele entra e dança com Maria em uma performance que termina na aproximação dos dois. Confusa por seus sentimentos, Maria vai embora envergonhada. Mais tarde, a baronesa nota o interesse do Capitão por Maria, mas esconde seus ciúmes convencendo Maria a retornar a abadia. 



De volta a abadia, quando a Madre Superiora entende a situação romântica de Maria, ela a encoraja a voltar para ficar com o Capitão. Quando Maria volta para a vila dos von Trapp, ela fica sabendo do noivado com a baronesa e concorda em ficar lá até acharem uma boa governanta. Entretanto, os sentimentos do Capitão por Maria não mudaram, depois de terminar o seu noivado, o Capitão casa com Maria. 



Enquanto eles estão em lua-de-mel, Max entra com as crianças no festival de Salzburg contra o desejo do pai. Depois eles ficam sabendo que a Áustria foi anexada ao Terceiro Reich, e assim o casal volta sua casa. O Capitão recebe uma ordem direta para se reportar aos nazistas, mas ele se opõe completamente aos ideais do regime e planeja fugir da Áustria com sua família da Áustria para a Suíça. 


Depois disso, a família von Trapp tenta fugir no meio da noite do Festival, mas são pegos pelos nazistas e são obrigados a fazer uma performance para eles, depois disso, eles fogem e vão parar no mosteiro, onde a Madre Superiora esconde a família na cripta do cemitério do lugar. Na manhã seguinte, a família consegue fugir á pé para a fronteira com a Suíça. 


A verdadeira Maria von Trapp tem uma breve aparição de câmera junto com sua filha Rosmarie e Werner von Trapp durante "I Have Confidence". A família von Trapp estava com dificuldades financeiras era se manter depois da morte do patriarca Georg em 1947. Os produtores de Hollywood quiseram comprar apenas o título da obra de Maria, mas ela recusou, querendo toda sua história publicada. Em 1956, um produtor alemão quis comprar a história chamado Wolfgang Liebeneiner e eles fizeram uma turnê de músicas tradicionais austríacas. 


Em 1956, a Paramount comprou os direitos do filme e queriam Audrey Hepburn no papel de Maria, mas largaram a ideia. A família já estava famosa quando a peça The Sound of Music ganhou 6 prêmios Tony (de teatro de lá), incluindo "Melhor Musical". Em 1960, a Fox comprou os direitos do filme por uma média de 1.25 milhões de dólares. O presidente da Fox da época, Richard D. Zanuck contratou Ernest Lehman

 

Lehman revisou o roteiro da peça musical original e rearranjou alguns sets de músicas, enfatizando o trabalho com movimento e câmera, utilizando as lindas paisagens de Salzburg na Aústria. A música "Do-Re-Mi" é uma sequência que era apenas um número estático a princípio. Lehman além de trabalhar nessa música, também cortou duas músicas Love Survive?" e "No Way to Stop It", de Elsa e Max. Vendo que as versões anteriores não eram tão boas, ele dedicou utilizar a memória escrita por Maria para fazer o roteiro principal do filme. 


Procurando por um diretor, acharam Robert Wise, com quem Lehman tinha trabalhado com ele em West Side Story.  Wise estava ocupado com outro filme, The Sand Pebbles. Outros diretores foram oferecidos o filme, mas negaram, entre eles, Stanley Donen, Vincent J. Donehue, George Roy Hill, e Gene Kelly. Convidou até mesmo diversos amigos e conhecidos e não conseguiu que ninguém achasse a proposta do filme bacana. Robert Wise não queria o cargo inicialmente e ao ler um rascunho da ideia de Lehman acabou se encantando com a ideia e aceitou o desafio depois do seu filme passar por um hiato. Rodgers forneceu "Something Good" and "I Have Confidence", especialmente pro filme. O diretor não queria a cena inicial de cara de Maria cantando no início do filme. 



A primeira e única escolha de Lehman foi Julie Andrews, que já tinha ficado famosa fazendo o filme Mary Poppins anteriormente. Wise e Lehman assistiram uma cena do filme, Wise teria tido "vamos assinar o contrato dessa garota, antes que alguém pegue ela", para o papel masculino, estavam cotados Bing Crosby, o ator Yul Brynner, Sean Connery, e Richard Burton. Wise havia visto Christopher Plummer na Broadway e queria ele para o papel. Wise queria alguém famoso para o papel da baronesa, os atores principais eram praticamente anônimos para o público em geral. 


Uma questão que foi intensa no filme foi o processo de escolha (do casting) que envolveu a seleção de 200 entrevistas e audições pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. Algumas das crianças entrevistas ou testadas que não foram selecionadas foram Mia Farrow, Patty Duke, Lesley Ann Warren, Geraldine Chaplin, Shelley Fabares, Teri Garr, Kurt Russell. Eles filmaram a cena do casamento do filme antes de tudo para ficar preparada, já que era na abadia Mondsee. Em 25 de abril até 22 de maio foram filados em locais como Felsenreitschule, Nonnberg Abbey, Mirabell Palace Gardens, Residence Fountain


O time de marido e mulher Marc Breaux e Dee Dee Wood que tinham trabalhado com Andrews em Mary Poppins trabalhou na coreografia com Saul Chaplin no piano. Breaux e Wood pensaram em um tipo de coreografia mais apta a atmosfera e paisagem do filme, e fizeram a coreografia da cena dos fantoches em "The Lonely Goatherd", na cena as crianças parecem fazer um show para o tio, a baronesa e o pai junto com Maria. Robert Wise encontrou alguma dificuldade das figuras públicas locais do lugar onde estava filmando, já que não queriam que ele colocasse a bandeira nazi nas filmagens no lugar. 



Wise arrumou que as cenas fossem filmadas na Capela St. Margarethen e nos Dürer Studios (o escritório da madre superiora). A cena do picnic nas montanhas, onde cantam "Do-Re-Mi" foi filmada acima da cidade de Wefen no Rio Salzach entre 25 27 de junho. A cena final da família escapando foi filmada em Obersalzberg, no Alpes da Bavária. Dia 9 a dia 19 de junho foram filmadas cenas no Frohnburg Palace, representando a fachada da villa dos von Trapp. 


A voz de Christopher Plummer foi completamente dublada depois pelo cantor experiente da Disney Bill Lee. O filme foi então editado por Wise e pelo editor William Reynolds. Outra curiosidade é que os cenários (sets) usados no filme foram baseados no trabalho do artista Maurice Zuberano.



Depois de apenas alguns meses de lançamento, o filme foi exibido em em 261 teatros em outros países, foi o primeiro filme americano completamente dublado, sendo um sucesso de público na maior parte do mundo, com exceção na Áustria e na Alemanha, onde a versão original Die Trapp-Familie (1956) era muito vista ainda pelo público.  Os austríacos reclamaram que as músicas eram hits da broadway que se passavam como "músicas populares originais", uma reclamação bem pífia considerando a relevância histórica do filme. 


Na vida real, os von Trapp não eram tão ricos como foram mostrados no filme, mas é verdade que foi um opositor aos nazistas, apesar de heroi da Primeira Guerra enquanto austríaco. Georg se mudou com a família para Salzburg pouco tempo depois da morte de sua primeira esposa, Agathe Whitehead, in 1922. Georg é chamado de "Capitão" no filme, mas essa não era a patente real de George, como austríaco de família importante, era nobre considerado Ritter (cavalheiro hereditário). Os nazistas queriam expandir o domínio através da área naval que Georg era muito bom, reconhecido na época da Primeira Guerra. 


No filme para fortalecer essa ideia de lugar, autoridade e arquétipo social, tem a noviça boazinha e o "Capitão" mau, na realidade, uma das filhas de von Trapp se referia ao pai como extremante carinhoso e que ele fazia presentes para dar aos filhos ele mesmo, como a noviça faz no filme. No fim do filme, quando a família foge no convento é apenas uma história do filme, na vida real, a família von Trapp fugiu pegando um trem para a Itália. Na vida real, os dois se casaram em 1927 e não em 1938, ou seja, estavam casados 10 anos antes da invasão nazista.


Outra curiosidade é que a família von Trapp era muito rica antes da crise de 1929 e que depois passou a ter que controlar cada vez mais as despesas. O personagem de Friedrich foi inspirado no segundo filho mais velho Rupert, Liesl, a filha mais velha é inspirada em Agathe von Trapp, a segunda mais velha na família real. Os nomes e idades dos filhos foram trocados para não parecer exatamente igual a realidade. O legado do filme é imenso, mas foi ignorado na Áustria durante vários anos. Sendo considerado um dos grandes filmes já feitos na história. 


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