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O Resgate do Soldado Ryan (1998): Épico histórico de Spielberg retrata de forma realista o "Dia D", refletindo a banalidade e a violência da guerra




Um veterano idoso caminha por um cemitério, acompanhado de sua família. Chegando a um túmulo específico, ele é tomado pela emoção e começa a recordar seu tempo como soldado. Na manhã de 6 de junho de 1944, o Exército dos EUA desembarca em Omaha como parte da invasão da Normandia. Capitão John H. Miller lidera seu comando em uma fuga da praia. O Departamento de Guerra dos Estados Unidos descobre que o soldado James Francis Ryan está desaparecido. Ele é o último sobrevivente de quatro irmãos que estavam todos no exército. O General George C. Marshall ordena que Ryan seja encontrado e enviado para casa para que sua família não perca todos os seus filhos. O filme ganhou 5 prêmios do Oscar, incluindo Melhor Cinematografia, Melhor Som, Melhor Edição de Efeitos Sonoros, Melhor Edição de Filme e Melhor Diretor para Spielberg, sua segunda vitória nessa categoria



Miller é ordenado a liderar um destacamento para encontrar Ryan. Quando chegam à disputada cidade de Neuville entre os defensores alemães e a 101ª Aerotransportada, Caparzo é morto por um atirador alemão. Miller e seus homens encontram um paraquedista chamado Ryan, mas ele não é o único para quem eles estão procurando, e eles são direcionados para um ponto de encontro onde a unidade de James Francis Ryan deveria estar. Miller descobre que Ryan está defendendo uma ponte chave na cidade de Ramelle. 


No caminho, Miller decide contra o julgamento de seus soldados para neutralizar um ninho de metralhadoras alemã, o que resulta na morte de Wade. Um soldado alemão sobrevivente é poupado pela intervenção de Upham, o intérprete do destacamento, que não está vivo para os horrores do combate. Miller vende o soldado, que foi apelidado de "Steamboat Willie", e ordena que ele se renda à próxima patrulha aliada. Quando Reiben ameaça desertar, Miller desarma a situação contando calmamente uma história que revela sua formação civil como professor e treinador de beisebol, que ele não falou anteriormente, e que tem sido objeto de muita especulação entre seus homens.


Ao chegar em Ramelle, o destacamento de Miller faz contato com Ryan e o informa da morte de seus irmãos. Apesar de chateado, Ryan se recusa a abandonar seu posto, que logo fica sob cerco atacando alemães. Miller assume o comando como o único oficial presente. Ele e sua unidade lutam ao lado do 101º, mas a vantagem da armadura alemã tem um preço sobre os americanos e Jackson, Mellish e Horvath são mortos. Na tentativa de destruir uma ponte com explosivos pré-colocados, Miller é ferido.



Crítica do filme


O Resgate do Soldado Ryan é um filme onde tudo é grandioso. O filme é um épico histórico dirigido por um dos melhores diretores da Nova Hollywood, Steven Spielberg. Com um elenco repleto de estrelas, uma fotografia belíssima e uma produção incrível da Paramount, fica difícil encontrar problemas no filme. Mas vale aqui o esforço de refletir brevemente o sentido do filme com relação a História e seu contexto.


O Resgate do Soldado Ryan não mostra nem os motivos, e nem a origem do conflito da Segunda Guerra, escolhendo ao invés disso mostrar um evento específico: a invasão da Normandia, o famoso "Dia D", marcando o contexto de quando os Estados Unidos entraram na guerra. Portanto, o ponto de vista era dos americanos no filme.


O dia da invasão da Normandia, França, em 6 de junho de 1944, ficou conhecido como o Dia-D. Esta foi a operação militar mais importante efetuada pelas tropas dos países Aliados ocidentais durante a Segunda Guerra Mundial. No final de junho daquele mesmo ano, mais de 850.000 soldados norte-americanos, britânicos e canadenses já haviam desembarcado nas praias da região da Normandia.


Após a conquista da França pela Alemanha em 1940, o maior objetivo estratégico dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial foi a busca da abertura de uma segunda frente de batalha na Europa ocidental.  No dia 6 de junho de 1944, sob o codinome de Operação Suserana (Overlord), tropas norte-americanas, britânicas e canadenses desembarcaram nas praias da região da Normandia, França, situada no Canal da Mancha a leste da cidade de Cherbourg e a oeste da de Le Havre. 



Sob o comando geral do General Dwight D. Eisenhower (futuro presidente) e, em terra, do general britânico Bernard Montgomery, mais de 130.000 soldados das tropas Aliadas desembarcaram em cinco praias francesas, as quais receberam os codinomes de Omaha, Gold, Juno, Sword e Utah. 


Na noite anterior ao desembarque marítimo, 23.000 paraquedistas norte-americanos e britânicos, utilizando paraquedas e planadores, pularam sobre o solo francês por trás das linhas-de-defesa alemães. A força de invasão contou com mais de 155.000 soldados e com também 50.000 veículos (dentre os quais 1.000 tanques). Cerca de 7.000 veículos marinhos e mais de 11.000 aviões forneceram o apoio militar necessário ao sucesso da invasão.



“Este é o Dia-D”, anunciou a BBC (rádio pública britânica) às 12 horas.  “Hoje é o dia. A invasão começou… Será realmente a tão esperada liberação?  A liberação sobre a qual tanto falamos, que ainda parece boa demais para ser verdade, como se um conto-de-fadas fosse se tornar verdade? Será que este ano, 1944, nos trará a vitória? Nós não sabemos ainda, mas onde há esperança, há vida. Ela nos enche de uma nova coragem e nos faz fortes novamente” escreveu Anne Frank em seu diário no dia 6 de junho de 1944.



A 1a. e a 29a. Divisões-de-Infantaria efetuaram o desembarque mais difícil, na Praia de Omaha, e é aqui que começa o filme. A forte resistência alemã naquele local causou 3.000 perdas de vidas antes que as tropas Aliadas pudessem estabelecer suas posições no final daquele dia.  No Dia-D propriamente dito, as tropas Aliadas sofreram mais de 10.000 perdas: as forças britânicas e canadenses perderam 3.700 pessoas; os EUA tiveram uma perda de 6.600 homens.  Os alemães perderam dentre 4.000 a 9.000 soldados. 



Isso explica a violência e impacto da primeira cena do filme, onde acompanhamos o grupo de soldados desembarcar na praia de Omaha. 


Esse é o momento ápice do filme. O cenário é caótico, com milhares de corpos mutilados no chão. Em termos audiovisuais uma batalha épica, fazendo-nos sentir como se a batalha fosse real. Porém, esse elemento da violência, que muitos críticos acharam ruim do filme, busca tirar o glamour da guerra. Fica claro no filme, que as tropas utilizavam soldados, principalmente da infantaria, como "massa", botando-os para morrer rapidamente atraindo a atenção do inimigo, enquanto outro grupo, mais sortudo, avança no território. 



Guerras não são bonitinhas e heroicas. Guerras são horríveis, um inferno, onde se vê seus colegas cair e não se pode fazer nada. Existe uma grande crítica aos clichês e "oba-oba" tradicionais dos filmes de guerra.


Sim, é a Segunda Guerra Mundial, e os inimigos são nazistas que merecem morrer (essa é a história oficial). Porém, Spielberg optou por por fazer aquilo uma batalha inglória. É possível ver alguns elementos de Tubarão (Jaws) no filme, pois apesar de ser um filme pró a visão histórica dos Estados Unidos e aliados, onde obviamente os inimigos precisavam ser derrotado, não existe nada de heroico e bonito na guerra, e por isso há uma forte desconfiança no olhar de Spielberg em relação a perspectiva do filme dos soldados que a narrativa acompanha.


O primeiro elemento que mostra isso, é a cena quando Hanks tenta salvar um soldado, e uma bomba despedaça metade de seu corpo, impedindo o salvamento. Depois, na questão do Ryan, que obviamente é um elemento alegórico do filme para falar desse jovem, que é homem médio, e que foi para guerra, e não tem esperanças na vida. Detalhe para a cena onde vemos o setor de comunicação e inteligência dos EUA e são todas mulheres, explicando o motivo da eficiência deles nesse setor. Mas a questão é que o próprio Ryan não quer ser salvo, anulando ainda mais o aspecto heroico da missão. 



Em outro momento, vemos a cena onde uma família, provavelmente judia, tenta fazer com que os soldados levem sua filha com eles para protegê-la, algo que o capitão recusa uma vez que não é a missão deles. 


Por último, quando eles preparam a armadilhas para os tanques panzer, a missão de salvamento ganha contornos de vingança e armadilha. Claro, era preciso impedir as tropas do Eixo, mas a visão de Spielberg é que tudo aquilo é muito sorrateiro, sem coração ou ideologia, apenas por ego humano, onde o olhar das cenas é sempre tensionado como nos focos radicais de Tubarão, marcando a estranheza daquilo para seu olhar.


Há um momento inclusive que os soldados executam inimigos que se renderam, algo que pelas leis de guerra é considerado crime marcial.



O final confirma sua metáfora de heroísmo vazio, uma vez que na conclusão descobrimos que o capitão também morreu, e que o senhor do início do filme que conta a história não é ele. Aqui Spielberg quer dizer que o verdadeiro líder heroico, se sacrifica pelo pelotão e pela pátria, não usa a hierarquia para dar ordens e afastar o perigo de si. 


Talvez o grande problema do filme tenha sido vender toda uma mensagem, com perspectivas acadêmicas e debates historiográficos, como se fosse um filme de ação qualquer de grande orçamento, para agradar a o público médio, que ia assistir o filme na televisão tomando uma cerveja, tornando assim quase uma propaganda em sua linguagem projetiva e que coloca o espectador em primeiro plano daquele cenário caótico e frenético. 


Tanto é verdade essa apologia a uma experiência antropológica da guerra, que Spielberg apenas um ano depois desenvolveu o game Medalha de Honra (1999). 


A série de jogos começou com o lançamento de um jogo desenvolvido pela DreamWorks Interactive, com a história do cineasta Steven Spielberg. O jogo foi lançado para o PlayStation em 31 de outubro de 1999. A inspiração de Spielberg para a série surgiu durante a direção e produção do filme Resgate do Soldado Ryan. Muito dos efeitos sonoros do filme (como tiros, gritos e explosões) foram usados no jogo e reaproveitados nos títulos subsequentes.


No jogo original de 1999, o jogador controla o Tenente Jimmy Patterson, um soldado e agente ligado a OSS, uma organização militar secreta dos Estados Unidos criada durante o período da Segunda Guerra Mundial. Jimmy trabalha secretamente enquanto realiza uma série de missões de sabotagem e combate contra a máquina de guerra da Alemanha Nazista. O objetivo é completar uma série de missões que incluem sabotar ou destruir estruturas e neutralizar soldados dos exércitos das Potências do Eixo e ajudar membros da Resistência Francesa, como a personagem Manon Batiste, que é a protagonista "jogável" da sequela, Medal of Honor: Underground. Nos jogos da série, são representados alguns momentos históricos da Segunda Guerra Mundial, como os desembarques da Normandia, inspirado nas cenas iniciais do filme Saving Private Ryan.



Nessa aplicação transmidiática, há uma exploração exacerbada do fantasma do nazismo em um certo louvor dos Estados Unidos, que parece querer buscar um eterno reconhecimento para esse país sobre a guerra, quando tiveram outras potências no front contra os nazistas. O Brasil, por exemplo, cumpriu papel fundamental em Monte Castelo na Itália, e os soviéticos foram os primeiros a factualmente invadir Berlim. Assim, há certa exploração estética e comercial da temática, afinal tudo vale contra o nazismo, mas forcando demais no Dia D e esquecendo outros fatores importantes na visão histórica da Segunda Guerra.


É claro, ouve um profundo esforço de verossimilhança na produção como um todo. As roupas, os veículos, principalmente de guerra como tanques e etc, e também de edição e pós produção, tornando o filme bem convincente. E o diretor, Spielberg, tentou ao máximo inserir uma estranheza, uma dúvida, no olhar do filme, mas que foi sútil demais e sem muito contexto com o roteiro, que eu considero que não é muito bom, principalmente em sua conclusão. Mas, utilizando o critério do pesquisador Marc Ferro para analisar filmes históricos, apesar de o filme sempre fazer um esforço de narrativamente representar um período, ele sempre reflete mais ainda seu próprio contexto histórico. E podemos ver claramente que o filme reforça certos ideais nacionalistas, que hoje soam forçados.


Toda via, para finalizar, é um filme histórico necessário para entender melhor a História Contemporânea e da Segunda Guerra, principalmente no que foi de fato o Dia D na perspectiva dos Estados Unidos: um banho de sangue com milhares jovens sendo enviados para a morte sem ter a menor chance. Por outro lado, peca por universalizar essa mensagem, como se fosse um senso comum que deve ser contra o nazismo, quando justamente o nazismo na Alemanha começou da reificação do senso comum. 


Assim, talvez seja necessário assistir o filme com um olhar mais crítico, tomando certa distância, e buscando entende que ele é um filme contra a guerra, que mostra que não há glória em ver seus colegas morrendo na lama. Spielberg tenta transformar isso em uma experiência de prótese, buscando através da relação audiovisual fazer com que tenhamos a experiência angustiante, mas histórica, de algo que nunca gostaríamos de ter que viver na vida real.



História por trás do filme


Em 1994, a esposa de Robert Rodat lhe deu o best-seller Dia D: 6 de junho de 1944: A Batalha Climática da Segunda Guerra Mundial, livro escrito pelo historiador Stephen Ambrose. Enquanto lia o livro durante uma caminhada matinal em uma pequena vila de New Hampshire, Rodat se "deparou com um monumento dedicado àqueles que morreram em várias guerras, particularmente por causa dos repetidos sobrenomes de irmãos que foram mortos em ação". Ele foi inspirado por uma família real no livro de Ambrose chamada Nilands, que havia perdido dois filhos na guerra e pensava-se ter perdido um terceiro, cujo quarto filho foi "arrebatado" da Normandia pelo Departamento de Guerra.


Rodat propôs o lançamento ao produtor Mark Gordon. Gordon então apresentou a ideia de Rodat para a Paramount Pictures, cujos executivos gostaram da ideia e encomendaram Rodat para escrever o roteiro. Michael Bay foi abordado pelos produtores para dirigir o filme, mas ele recusou a oferta. Ele eventualmente dirigiu o filme Pearl Harbor, de 2001, que retratava os eventos dos ataques do porto de Pearl Harbor.



Carin Sage, da Creative Artists Agency, leu o roteiro de Rodat e chamou Steven Spielberg, que era um dos clientes da agência. Ao mesmo tempo, Spielberg, que na época estava estabelecendo parceria com a DreamWorks Pictures, pegou o roteiro e se interessou pelo filme. 


Spielberg já havia demonstrado seu interesse nos temas da Segunda Guerra Mundial com os filmes Empire of the Sun, Schindler's List e a série Indiana Jones. 



Spielberg mais tarde coproduziu a minissérie televisiva temática da Segunda Guerra Mundial, Band of Brothers, e sua contraparte, The Pacific, com Tom Hanks. Quando perguntado sobre isso pelo cineasta americano, Spielberg disse: "Acho que a Segunda Guerra Mundial é o evento mais significativo dos últimos 100 anos; o destino dos Baby Boomers e até mesmo a Geração X estava ligado ao resultado. Além disso, sempre me interessei pela Segunda Guerra Mundial. Meus primeiros filmes, que eu fiz quando tinha cerca de 14 anos, eram imagens de combate que foram ambientada tanto no chão quanto no ar. Há anos, tenho procurado a história certa da Segunda Guerra Mundial para filmar, e quando Robert Rodat escreveu Saving Private Ryan, eu a encontrei." 


Depois que Spielberg assinou contrato para dirigir o filme, a Paramount e a DreamWorks, que concordaram em financiar e produzir o filme junto com a Amblin Entertainment e a Mutual Film Company, fizeram um acordo de distribuição pelo qual a DreamWorks lidaria com a distribuição doméstica do filme, enquanto a Paramount lançaria o filme internacionalmente. Em troca dos direitos de distribuição da Saving Private Ryan, a Paramount manteria os direitos de distribuição doméstica ao Deep Impact, enquanto a DreamWorks adquiriria distribuição internacional.


As filmagens começaram em 27 de junho de 1997, e duraram dois meses. Spielberg queria uma réplica quase exata da paisagem de Omaha Beach para o filme, incluindo areia a onde as forças alemãs estavam estacionadas e foi encontrada Ballinesker Beach, Curracloe Strand, Ballinesker, a leste de Curracloe, County Wexford, Irlanda. 


A produção da sequência que retrata os desembarques de Omaha Beach custou US$ 12 milhões e envolveu até 1.500 extras, alguns dos quais eram membros das Forças de Defesa da Reserva Irlandesa. Membros de grupos locais de encenação, como o Segundo Grupo de Batalha, foram escalados como figurantes para interpretar soldados alemães.


Além disso, vinte a trinta amputados reais foram usados para retratar soldados americanos mutilados durante o desembarque. Spielberg não escreveu a sequência, pois queria reações espontâneas e para "a ação para me inspirar sobre onde colocar a câmera". Hanks lembrou a Roger Ebert que, embora percebesse que era um filme, a experiência ainda o atingiu com força, afirmando: "No primeiro dia de filmagem das sequências do Dia D, eu estava na parte de trás da nave de pouso, e aquela rampa desceu e eu vi as primeiras 1-2-3-4 fileiras de caras sendo explodidos em pedaços. Na minha cabeça, é claro, eu sabia que eram efeitos especiais, mas ainda não estava preparado para o quão tátil era."


Algumas filmagens foram feitas na Normandia, como o Cemitério e Memorial Americano da Normandia em Colleville-sur-Mer e Calvados. Outras cenas foram filmadas na Inglaterra, como uma antiga fábrica aeroespacial britânica em Hatfield, Hertfordshire, Thame Park, Oxfordshire e Wiltshire. 


A produção também deveria ocorrer em Seaham, County Durham, mas as restrições do governo não permitiram isso. De acordo com Gordon e Levinsohn, os produtores dificilmente estavam envolvidos na produção, pois Spielberg foi encarregado de controle criativo total do filme. 


Ambos os produtores estavam envolvidos apenas na captação de financiamento externo e na gestão da distribuição internacional. Gordon, no entanto, disse que Spielberg era "inclusivo, gracioso e extremamente solícito em termos do desenvolvimento do roteiro".


A representação histórica das ações da Companhia Charlie, liderada por seu comandante, o capitão Ralph E. Goranson, é considerada boa na sequência de abertura. A sequência e os detalhes dos eventos estão muito próximos do registro histórico, incluindo o enjoou do mar, experimentado por muitos dos soldados à medida que a embarcação de desembarque se movia em direção à costa, as baixas significativas entre os homens quando desembarcavam dos barcos, e sua dificuldade de se conectar com unidades adjacentes na costa.


O distinto "ping" dos rifles M1 Garand dos soldados americanos ejetando seus clipes de munição é ouvido durante toda a sequência de batalha. Muitos detalhes das ações da empresa foram retratados com precisão. Por exemplo, foram usados os codinomes corretos para o setor que a Charlie Company assaltava, e setores adjacentes. Incluído na representação cinematográfica do pouso estava uma missão seguinte de limpar um bunker e sistema de trincheiras no topo dos penhascos que não fazia parte dos objetivos originais da missão para a Companhia Charlie, mas que foi realizada após o ataque na praia.


A parafernália utilizada incluía doze exemplos reais da Segunda Guerra Mundial, 10 LCVPs e 2 LCMs, defendendo as LCAs britânicas que as Companhias Ranger montaram na praia durante a Operação Overlord. Os fotógrafos usaram câmeras subaquáticas para melhor retratar soldados sendo atingidos por balas na água. Quarenta barris de sangue falso foram usados para simular o efeito do sangue na água do mar. Esse grau de realismo foi mais difícil de alcançar ao retratar veículos blindados alemães da Segunda Guerra Mundial, pois poucos exemplos sobrevivem em condições operacionais. 


Os tanques Tiger I no filme, eram cópias construídas sobre o chassi de tanques T-34 antigos, mas funcionais. Os dois veículos descritos no filme como Panzers foram feitos para retratar destruidores de tanques Marder III. Um foi criado para o filme usando o chassi de um tanque Panzer 38(t) construído na República Tcheca semelhante à construção do Marder III original; o outro era uma arma de assalto SAV m/43 sueca modificada, que também usava o chassi de 38(t). 



Há algumas imprecisões históricas na representação do filme da campanha da Normandia. Na época da missão, as forças americanas das duas áreas de praia americanas, Utah e Omaha, ainda não tinham se ligado. 


Na realidade, uma equipe ranger que opera fora da área de Omaha teria que se mover através da cidade ocupada pela Alemanha de Carentan, ou nadar ou navegar através do estuário ligando Carentan ao Canal da Mancha, ou transferir de barco para a área de pouso de Utah. Por outro lado, as forças americanas que saem de Utah Beach teriam rotas diretas e muito mais curtas, relativamente livre de posições inimigas, e já estavam em contato com algumas equipes de ambas as divisões aéreas dos EUA aterrissadas na área.


Em contraste, os desembarques em Utah Beach foram relativamente incontestáveis, com unidades de assalto pousando em praias em grande parte desocupadas e experimentando muito menos ação do que os desembarques em Omaha. 


Os cineastas do filme escolheram começar a narrativa com uma representação da história mais dramática de Omaha, apesar das imprecisões históricas. 


Além disso, o filme retrata a 2ª Divisão Panzer das Reich como o adversário durante a fictícia Batalha de Ramelle. Na verdade, não há nenhuma cidade chamada Ramelle e a 2ª SS não estava envolvida na Normandia até julho, e depois em Caen, contra os britânicos e canadenses, 160 milhas a leste (160 km). Além disso, as pontes do rio Merderet não eram um objetivo da 101ª Divisão Aerotransportada, mas da 82ª Divisão Aerotransportada, parte da Missão Boston.



Muito também foi dito sobre vários "erros táticos" cometidos pelas forças alemãs e americanas na batalha climática do filme. Spielberg respondeu dizendo que em muitas cenas ele optou por substituir táticas militares sólidas e estrita precisão histórica, por efeito dramático. Alguns outros erros técnicos também foram cometidos, como a orientação invertida das barreiras da praia e as obstruções do tripé com uma mina.


Na vila arruinada de Ramelle, um erro ortográfico em francês pode ser observado em um anúncio mural, como a palavra estomac é erroneamente soletrada como estomach.


Para alcançar um tom e qualidade que fossem fiéis à história, bem como refletiu o período em que se passa, Spielberg mais uma vez colaborou com o grande fotógrafo Janusz Kamiński, dizendo: "No início, ambos sabíamos que não queríamos que isso parecesse uma extravagância technicolor sobre a Segunda Guerra Mundial, mas mais como imagens de noticiário coloridos dos anos 1940, que é muito desaturado e de baixa tecnologia."


Kamiński teve o revestimento protetor retirado das lentes da câmera, tornando-as mais próximas daqueles usadas na década de 1940. Ele explica que "sem o revestimento protetor, a luz entra e começa a saltar ao redor, o que a torna um pouco mais difusa e um pouco mais macia sem ficar fora de foco". Realmente ficou um trabalho foda, já que em grande parte é a fotografia que dá o tom crítico do filme.


O fotógrafo completou o efeito geral colocando o negativo através em um efeito alvejante, um processo que reduz o brilho e a saturação de cores. O tempo do obturador foi definido para 90 ou 45 graus para muitas das sequências de batalha, em oposição ao padrão de tempo de 180 graus. Kamiński esclarece: "Desta forma, alcançamos um certo staccato nos movimentos dos atores e uma certa crocância nas explosões, o que os torna um pouco mais realistas."


A representação histórica das ações da Companhia Charlie, liderada por seu comandante, o capitão Ralph E. Goranson, é considerada bem mantida na sequência de abertura. A sequência e os detalhes dos eventos estão muito próximos do registro histórico, incluindo a doença do mar experimentada por muitos dos soldados à medida que a embarcação de desembarque se movia em direção à costa, as baixas significativas entre os homens quando desembarcavam dos barcos, e sua dificuldade de se conectar com unidades adjacentes na costa.



Apesar dos elogios, o filme recebeu algumas críticas negativas pesadas. Escrevendo para o Chicago Reader, Jonathan Rosenbaum deu ao filme duas estrelas e sentiu que "tem alguns bons momentos de ação, muitas tripas derramadas, alguns momentos de drama que não parecem falsos ou ocos, algum ambiente de período bastante tenso, e um pouco de morfo sentimental que me lembra Forrest Gump". 


Andrew Sarris, do Observer, escreveu que o filme era "tediosamente manipulador, apesar de sua energia hercúlea". 


O filme também ganhou algumas críticas por ignorar as contribuições de vários outros países para os desembarques do Dia D em geral e especificamente em Omaha. O exemplo mais direto deste último é que durante o pouso real, os 2º Rangers desembarcaram de navios britânicos e foram levados para a praia de Omaha pela Nave de Desembarque da Marinha Real (LCAs). O filme os descreve como sendo da Guarda Costeira dos Estados Unidos (LCVPs e LCMs) de um navio americano, o USS Thomas Jefferson (APA-30). 


Essa crítica estava longe de ser universal, com outros críticos reconhecendo a intenção do diretor de fazer um filme "americano". O filme não foi lançado na Malásia depois que Spielberg se recusou a cortar as cenas violentas; No entanto, o filme foi finalmente lançado lá em DVD com um certificado 18SG em 2005.


Muitos veteranos da Segunda Guerra Mundial afirmaram que o filme era a representação mais realista do combate que já tinham visto. O filme foi tão realista que alguns veteranos de combate do Dia D e do Vietnã deixaram os cinemas em vez de terminar de assistir à cena de abertura retratando a invasão da Normandia. Suas visitas a conselheiros de transtorno de estresse pós-traumático aumentaram em número após o lançamento do filme, e muitos conselheiros aconselharam veteranos "'mais psicologicamente vulneráveis'" a evitar vê-lo. O Departamento de Assuntos dos Veteranos criou uma linha direta nacional para veteranos que foram afetados pelo filme, e menos de duas semanas após o lançamento do filme já havia recebido mais de 170 chamadas. 



O cineasta e veterano militar Oliver Stone, acusou o filme de promover "a adoração da Segunda Guerra Mundial como a boa guerra", e colocou-o ao lado de filmes como Gladiador e Black Hawk Down que ele acredita serem bem feitos, mas podem ter contribuído inadvertidamente para a prontidão dos americanos para a invasão do Iraque em 2003, o que considero um exagero pois além da transição de governo de Clinton para Bush que marca os dois momentos, há um 11 de setembro entre o filme e a invasão.



Em defesa do retrato da guerra do filme, Brian De Palma comentou: "O nível de violência em algo como Salvar o Soldado Ryan faz sentido porque Spielberg está tentando mostrar algo sobre a brutalidade do que aconteceu." 


O ator Richard Todd, que atuou em The Longest Day e foi um dos primeiros soldados aliados a desembarcar na Normandia (Operação Tonga), disse que o filme era "Lixo. Exagerado." 


O acadêmico americano Paul Fussell, que viu o combate na França durante a Segunda Guerra Mundial, se opôs ao  filme que descreveu como, "a maneira como Spielberg está salvando o soldado Ryan, depois de uma abertura honesta, angustiante, de 15 minutos, visualizando detalhes da insuportável bagunça sangrenta em Omaha Beach, degenerada em uma performance patriótica inofensiva e acrítica aparentemente projetada para emocionar meninos de 12 anos durante a temporada de verão. Seu gênero era puros cowboys e índios, com os cowboys virtuosos, é claro, vitoriosos."


O historiador Jim DiEugenio tomou nota de que o filme era na verdade "90% ficção" e que Tom Hanks sabia disso, com seu objetivo de "comemorar a Segunda Guerra Mundial como a Boa Guerra e retratar o papel americano nele como crucial".


O filme foi indicado para onze Oscars na 71ª cerimônia anual, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator para Tom Hanks e Melhor Roteiro Original. O filme ganhou cinco deles, incluindo Melhor Cinematografia, Melhor Som, Melhor Edição de Efeitos Sonoros, Melhor Edição de Filme e Melhor Diretor para Spielberg, sua segunda vitória nessa categoria.


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