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Better Call Saul - "Fun and Game" (6x09): Jimmy se torna Saul Goodman de vez e o destino de Kim Wexler é traçado


Fun and Games é o nono episódio da sexta temporada da série Better Call Saul. Escrito por Michael Morris e Anna Cherkis. Gus convence Don Eládio que ele não teve nada a ver com o sumiço de Lalo, apesar da insistência de Hector dele ser o culpado, Kim e Saul vão no velório de Howard.      

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Kim e Saul voltam a rotina normal, o grupo de limpeza de Mike ajudou a limpar completamente o apartamento deles, onde Howard havido sido assassino por Lalo. Kim não consegue voltar a rotina normal depois do trauma e deixa de ser advogada. 




 Eladio concede para Gus a área norte da fronteira com o México. Gus é visto relaxando no bar enquanto conversa de vinhos com o dono. 




Vemos Gus relaxando enquanto toma um vinho, parece que ele está se divertindo (pela primeira vez em muito tempo), mas ele vai embora antes de poder se envolver mais com o cara, já que Gus é gay e sabemos disso por conta da vingança que ele quer fazer um dia contra o cartel por conta de seu antigo namorado que foi assassinado na sua frente por homofobia do cartel. A situação de Gus era complicada mesmo, não era que ele fingia que não era gay apenas, ele fingia toda uma vida para ficar fora do radar da polícia e do cartel. 





Mike visita Manuel Varga para lhe informar que seu filho Nacho Varga não vai voltar, e que teria sido uma morte honrada e sem "dor", mas o pai de Varga diz que mafiosos "são todos iguais" para ele. No enterro de Howard, Jimmy e Kim ficam sabendo sobre o fim da firma do irmão de Jimmy e de Howard. Kim mente sobre o vício de Howard para sua esposa (que estava praticamente já separada dele antes).

 


No dia seguinte, Kim entrega sua carta de desvinculação com a Ordem dos Advogados, e em seguida ela termina com Jimmy, dizendo que eles são tóxicos um para o outro. 


Logo em seguida, vemos a virada de Jimmy, e ele "breaking bad" em relação a sua personalidade 'boazinha' de antes. Sem Kim, Saul agora é um grande rico, de meia-idade, com problemas no crescimento no cabelo, e que transa com prostitutas em sua mansão, e dirige seu Cadillac DeVille, enquanto ele renovava seu escritório, a transformação está completa, e agora Saul (sozinho) está pronto para fazer parte do esquema com Walter White e Jesse. 




Crítica do episódio


Eles finalmente entregaram a linha do tempo que já sabíamos onde Saul/Jimmy ficava super rico, e depois pobre em Nebraska (trabalhando em uma loja de doces). Toda essa transformação já tinha sido mencionada antes em Better Call Saul. Muito se especulou sobre Kim, que ela era a verdadeira má, que ela "tomaria o cartel", que era ela que estaria "breaking bad", mas não é verdade. Na verdade, o que é mais impressionante do episódio é a cena onde Gus se reúne com o cartel e consegue manter relações ainda com Eládio por conta dos negócios, como disse ele, dava para ver o "ódio" no seu olhar, uma cena muito marcante. 




Ela se separou de Jimmy achando que eles acabam sendo tóxicos para pessoas em volta deles, por conta do trauma da morte de Howard. Não sou contra a ideia de separação provisória do casal, por fazer sentido dentro da estória. Jimmy precisava breaking bad, e isso só acontece se você está se sentindo sozinho ou deprimido. Temos também o funeral de Howard, que sinaliza o fim da grande empresa que tinha o nome do irmão de Jimmy e de Howard. Mostrando Kim se comprometendo mais uma vez mentindo para a esposa de Howard. 




Quero dizer, faz todo sentido a personalidade dele mudar mesmo depois do abandono de Kim. Não critico, apenas fico triste como fã do casal (que eu achava muito bom). 




Mas precisamos entender aqui que faz sentido para a linha do tempo traçada em Breaking Bad (ou seja, BB é a série do homem puto com mulher), e em Better Call Saul, a gente ainda gostava do Jimmy (o eu dele antigo) pelo grande respeito que ele tinha em relação a sua namorada Kim Wexler, que sempre esteve disposta a ajudar ele, por mais "ilegalista" que as práticas deles pudessem ser ás vezes. Eu ainda pensei que a Kim ia pegar um pouco da "boa vida" com o Saul, mas ela achou melhor separar antes dos dois se tornarem caricatos e cínicos (como aconteceu um pouco com o Saul). 


Realmente ficamos com a impressão de que sucesso financeiro não significa nada, tanto em Breaking Bad, quanto em Better Call Saul, pois você chega ao ápice do dinheiro, não pode gastar ele, e se gasta, gasta com bobagens. Essa é uma reflexão em comum entre as duas séries, o dinheiro não traz mesmo a felicidade, principalmente, se não tiver nada mais ali do que o dinheiro, isso vale para Walter, Saul e também para Gus, até mesmo para Mike, que não pôde passar para sua neta o dinheiro que ficou a vida toda juntando. 


Também explica o início da sexta temporada, que mostra detalhes de uma mansão de alguém com uma vida "boa", ou seja Saul ficou rico com sua firma, sendo tão corporativo quanto aqueles que criticava das firmas tradicionais (isso é uma crítica que podemos sim fazer ao personagem).

 

Mas apesar de entender a separação, gostaria que Kim ainda estivesse envolvida na vida de Saul em algum nível, parece muito estranho agora ela sumir do nada, apesar de explicar o motivo do Saul de Breaking Bad ser tão mais mau do que o Jimmy/Saul de Better Call Saul. Apesar disso, acredito que deveríamos ver o que está acontecendo com Kim, o que els está fazendo (já que ela abriu mão de ser advogada). No fim, vemos que Saul está completamente convertido, e que sua firma, com seu próprio estilo mais "popular" e sem escrúpulos, ficou enormemente conhecida. Vemos na imagem abaixo uma foto dele com o dizer ao fundo "homem do povo" (man of the people). 




História por trás do episódio


Por fim, o caminho está aberto para aparecer Jesse e Walter (agora que Kim não está mais em cena, explicando o motivo dela ser um personagem de Better Call Saul e não ser citada em BB. Apesar disso, o término deles que pareceu abrupto, como tirar um band-aid, acabou sendo uma cena muito forte pela bela interpretação de Rhea para a cena, onde ela falou um texto simples de término, cheia de emoção e realmente foi difícil para nós fãs encarar isso sem um lencinho. Mas ficamos esperando o follow up disso, faltam 4 episódios para o fim da série. 




A qualidade de Better Call Saul (apesar de variar entre episódios) é bem superior da maioria das séries que estão sendo produzidas atualmente. De uma série que inicialmente brincou de fazer um show sobre séries de atuação legal de advogados (ao estilo The Good Wife), entregou ao fim o envolvimento gradual de Saul com o cartel e a repercussão disso em sua vida pessoal, chegando ao ponto de sua transformação em literalmente outra identidade, e depois outra também (na vida futura após os eventos de Breaking Bad que acabaram com a vida tanto de Walter, quanto de Saul que era seu advogado).  



Talvez a moral do episódio se pensarmos a tradução do título é que no mundo do crime e do ilegalismo, não é tudo "Fun and Game" (que é uma expressão que significa diversão em inglês), apesar disso, sendo um episódio tenso e muito difícil de se fazer. O ator da série teve um infarto, por exemplo, na gravação do episódio anterior, Point and Shoot. 

A série acabou optando por uma opinião mais moralizada, uma espécie de visão de que todos ali estavam marcados de uma maneira ou outra (que pode ser um pouco fatalista da série, que o melhor ângulo de Breaking Bad e de Better Call Saul é a crítica a masculinidade frágil do homem médio americano.  




Isso aconteceu logo quando Bryan Cranston foi selecionado para Breeaking Bad, o estúdio não queria ele por ele estar marcado por ter feito uma sitcom boba antes. Esse tom entre a comédia e o drama está em Breaking Bad, e muito também em Better Call Saul, modelando entre os episódios engraçados e os episódios super dramáticos, como o fatídico "peekaboo" da terceira temporada. 


A série foi indicada para o Emmy de melhor mixagem de som por "Black and Blue", melhor edição de som para uma série de comédia ou drama por "Carrot and Stick", melhor série de drama, Bob Odenkirk como melhor ator, e Rhea Seehorn foi indicada também esse ano como melhor atriz coadjuvante, a série também ganhou uma indicação por escrita em drama para Thomas Schnauz que escreveu "Plan and Execution", o episódio sobre o golpe dado em Howard para se vingar do caso Sandpiper (que havia sido tirado do Jimmy quando ele que havia trago o caso em primeiro lugar). 



Outras imagens do episódio: 




Comentários

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