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Westworld - "The Auguries" (4x01): Análise do primeiro episódio da quarta temporada da série


Sete anos após os eventos da terceira temporada, uma cópia hospedada de William manipula o dono da Represa Hoover, que agora abriga uma grande fazenda de servidores que contém dados que ele quer de oito anos atrás,. Em Nova York, Christina, uma mulher que se parece com Dolores, trabalha como escritora na Olympiad Entertainment, criando histórias para os personagens não-jogadores em videogames. Ela é repetidamente perturbada por um homem chamado Peter, que afirma que ela está controlando sua vida. Maeve, vivendo em uma área remota, é rastreada por hospedeiros que ela mata e descobre que foram enviados por William





Crítica do episódio


Começa com um grupo de latinos discutindo (como colocar grana na série). Aparece então William, o homem de preto. Ele está simplesmente taking over o parque. O plano das moscas entrega que agora a série vai ter pegada sobrenatural também. E mais uma série recente falando de dificuldades de relacionamento entre estadunidenses e latinos.



Vemos então Dolores em sua nova vida. Ela agora é ruiva e mora em um cidade contemporânea. Ela dizer que sente como se alguém a observasse é quase uma piada dessa volta da série. É revelado no diálogo com a amiga que agora ela se chama Christina. 


A série parece querer passar nessa temporada uma certa ideia de novo normal, mostrando a rua, o cotidiano, pessoas ainda de máscara e um mendigo (para o qual Christina olha com cara de nojo).




Vemos então que agora, Christina, vive de escrever histórias similares a que ela vivia como Dolores. Ela é chamada para conversar como o chefe, que fala que suas histórias são muito melodramáticas. Ele sugere tramas que mais sensacionalistas, que o público goste, como todo mundo morrendo no final, algo que ironicamente foi o final da segunda temporada. 


Maeve tem memórias da última temporada com Santoro, único plot que na real se safou da última temporada. Vemos então Aaron Paul em seu plot, onde ele é um trabalhador operário, em um primeiro diálogo sobre trabalho e ludismo. De cara, vemos que sua participação está melhor que a última temporada, onde ele não fez nada.



Tem uma cena de tiroteio bem legal com Maeve. Temos então uma cena onde Christina vai ao encontro com um homem. O encontro não vai muito bem e ela vai embora, mas o homem  que a persegue aparece, a agarra e ameaça com uma faca. Ele acusa ela de escrever histórias ruins para ele, pedindo que o seu final seja mudado. Isso pode parecer uma metáfora do que aconteceu com a própria série na última temporada, mas também revela que ao que me parece agora o sistema de Westworld usa a antiga Dolores a escrever histórias para outros, algo que ganha uma proporção meio Exterminador do Futuro. 



Há uma reflexão profunda sobre ter um abusador atrás dela, pois para quem lembra da primeira temporada, Dolores era estuprada por William no primeiro episódio. Só que não sabíamos que ele era William e que antes eles tinham tido um caso, e nos chocávamos com aquilo. Mas depois, ao descobrir mais sobre os dois, entendemos que aquilo era meio combinado entre os dois. Esse episódio pareceu questionar que na vida real, um abusador ou alguém que te persegue não é narrativamente bonitinho. Há também uma reflexão sobre criador, criação e criatura muito forte, e como aquilo se cria pode ser alvo de diversas interpretações possíveis.


Teve também a vida pessoal do personagem do Aaron Paul, que foi explorado como sendo um homem médio, meio republicano, que ensina sua filha a atirar, ajuda a arrumar a casa, mas acredita em teorias conspiratórias. 


Há um forte debate sobre a alternância de poder na série. Ela começou como um Wester distópico em pleno governo Trump. Então todos os personagens tinha uma vida fodida, presa no western em profissões degradantes. Agora, com o Biden, parece que todos estão em um modelo futurista mas com uma vida mais instável, parecendo que agora todos eles trabalham para o "sistema", para a máquina de Westworld, algo que pode ser lido como alegoria para governo, política. 


Com a cena de Christina pedindo por uma história com final feliz, ao som de Video Games de Lana Del Rey, parece que a série entregou que aquilo já é o final, as consequências do que rolou no final da terceira, são o final e pronto. Mas as pessoas não sabem aceitar um final feliz, e aí que vemos aparecer Teddy. Se você achou a cena romântica, cuidado! Lembrando que era depois que ele aparecia que tudo dava errado para Dolores no primeiro episódio da série, sendo sua presença um anúncio da volta de William em sua vida. 


Gostei bastante da volta. Corrige vários problemas de trama da última temporada. Mas estou receoso, pois pela proposta do roteiro, muitas tragédias, surpresas e emoções parecem estar guardadas na temporada, que ao meu ver vai ter uma pegada mais emotiva.


Veja mais momentos marcantes do episódio:




 






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