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Drácula (1931): Tudo que você precisa saber sobre o vampiro mais famoso da história do cinema



Filme de terror de 1931 de Tod Browning, da época pré-code americano. Com o roteiro escrito por Garrett Fort, foi baseado na peça de 1924 "Dracula", de Hamilton Deane e John L. Balderston, que por sua vez se inspirou no livro de Bram Stoker, de 1897. Drácula migra para Londres e cruza seu caminho com a filha do Dr. Seward, Mina (Helen Chandler), noiva de Jonathan Harker (David Manners) e sua amiga Lucy (Frances Dade) no teatro. Depois de matar Lucy, ele torna ela uma vampira. Depois, ele vai atrás de Mina. 



O filme foi produzido e distribuído pela Universal. Estrelando Bela Lugosi como Conde Drácula, um vampiro que migra para a Transylvania para a Inglaterra e quer buscar novas vítimas vivas. R.M. Renfield (Dwight Frye) é um agente imobiliário que está viajando para a Transylvania para finalizar a venda de Carfaz Abbey. 


Renfield é um jovem que está viajando junto ao Conde Dracula para a Transylvania em uma viagem de negócios. As três esposas de Dracula aparecem no início do filme (interpretadas por Geraldine Dvorak, Cornelia Thaw e Dorothy Tree). 



As pessoas da vila local tem medo do vampiro, mas Renfield não percebe e continua ao seu lado. Renfield não percebe mas Dracula se veste como motorista e se disfarça de diversas formas e o engana. O povo local se protege com a planta verbena (acônito). 




Ele pede para ele desacelerar enquanto dirigia, mas enquanto ele dirigia, Drácula desapareceria. Drácula depois disso hipnotiza Renfield através de uma janela aberta, ele desmaia e é atacado por Drácula, que se esconde em um caixão e se alimenta da população do navio. 



Quando o navio chega na Inglaterra, apenas Renfield é descoberto, então acham que ele é Drácula, sendo mandado para o sanatório do Dr. Seward . Em Londres, a filha de Seward é apresentada para Drácula e seu noivo John Harker e a amiga da família Lucy Weston. Lucy fica fascinada com Drácula.




Naquela noite, Drácula entra em seu quarto e se alimenta de seu sangue e ela morre. Enquanto Renfield começa a sentir os efeitos de ter sido transformado por Drácula, comendo aranhas e moscas.




O professor Van Helsing (Edward Van Sloan) analisa o sangue de Renfield e descobre sua obsessão. Ele começa a falar sobre vampiros e na manhã seguinte, ele descobre a tendência de Renfield, Renfield implora para Seward deixar ele ir embora. 




Quando Drácula chama Renfield através da médium do rosnado do lobo, Renfield é interrompido por Van Helsing que mostra pra ele uma erva de verbena poderosa dos lobisomens, ele diz que é para sua proteção espiritual. 



Drácula visita Mina, dorme no seu quarto e ainda morde ela. Quando na manhã seguinte, Drácula faz uma visita, Van Helsing e Harker reparam que Drácula não tem um reflexo no espelho, e Van Helsing descobre a identidade de Drácula. 




Quando ele revela isso para Drácula, ele quebra o espelho e vai embora. Mina deixa seu quarto e corre até Drácula no jardim onde ele a ataca. Mina observa que Lucy tinha virado uma vampiro e estava assustando crianças no parque. 


Harker quer levar Mina para Londres para sua proteção, mas é convencido a deixar Mina com Van Helsing. Quando ela é atacada por Drácula, ele pede para a empregada deixar a planta para proteger contra o Drácula. Renfield já convertido escapa de sua cela e relata que Drácula havia prometida vários ratos para ele se ele permitisse entrar no asilo.

 



Van Helsing promete que vai trazer de volta Carfa Abbey para destruir Drácula. Drácula tenta também hipnotizar Van Helsing. Enquanto Drácula tenta medir forças om Van Helsing, ele tira uma cruz do casaco e força Drácula a recuar. Harker visita Mina no terraço, e aí ela fala como ama noites e sapos. Um morcego voa acima deles e Mina admite o que Drácula fez com ela e ataca Harker, que conta que o amor deles acabou.


Drácula hipnotiza Briggs para remover a proteção da planta (Aconitum napellus) do pescoço de Mina. Van Helsing e Harker veem Renfield indo para Carfax Abbey. 




Dracula pensa que Renfield o traiu e o mata. Dracula é caçado por todos, Van Helsing e Harker sabem que tem poucos minutos antes da luz do sol forçar Dracula a voltar ao seu caixão. Então Van Helsing prepara uma estaca de madeira enquanto Harker procura por Mina. Van Helsing coloca a estaca pelo coração e Mina finalmente volta ao normal. 



Minha Leitura do Filme 


O mito do vampiro de Drácula ficou conhecido por sua marca da cultura popular e depois de massa com o advento dos filmes no século XX. Mas no século XIX. Oscar Wilde chamou o livro de Bram Stoker de "o romance mais belo do século XIX". A abordagem daqueles que estariam a margem da sociedade, como obviamente os vampiros, era em si, uma crítica estética ao carácter parasitário do capitalismo e de sua rápida aceleração com a radicalização do liberalismo no fim do século XIX. 


Esse filme foi o primeiro filme da Universal com a temática de monstros e de terror. Algumas frases do filme ficaram muito marcadas, como quando o Drácula diz "Eu nunca bebo... vinho", ou "Para quem não viveu um dia da vida, você é um homem sábio", Van Helsing é um grande cientista e professor, racional e com grandes discursos, mas sua estratégia de manter o segredo da identidade de Drácula deixa que ele possa atacar mais mulheres, e daí, nada do que poderia fazer, ele fez. 


Algumas curiosidades são interessantes sobre o filme, Edward Van Sloan, o Van Helsing gravou uma cena de epílogo onde ele avisaria a audiência para ficar atenta aos vampiros. A cena foi cortado pela censura por conta do código de Hollywood, sendo uma cena perdida. Outra cena foi no fim, quando Drácula aparecia gemendo de dor quando era morto. Por isso que parece meio bobo o fim, quando finalmente Van Helsing e apenas enfia a estaca no Drácula, sem aparecer isso direito no filme, mas a mensagem é que ele foi morto. 


Existe uma importância em torno da mensagem visual do Drácula. Na novela de 1897 a imagem era de uma maneira diferente do visual do filme com o ator húngaro Bela Lugosi, que foi escolhido pela Universal Pictures como Drácula e mal sabia falar inglês sem esconder o sotaque.  O ator Lou Chaney foi agendado para o papel mas acabou sendo trocado por ter falecido antes das filmagens, o ator era nacionalidade de húngaro. Lugosi também recusou qualquer maquiagem ao estilo Frankenstein


O sotaque era destacado no filme, pelo filme ter tecnologia sonora, diferentemente de Nosferatu. A imagem original do Drácula era de um homem muito mau e assustador, diferente da imagem de Bela Lugosi, que era um homem galante e bonito. 



Drácula em retratado da novela original de 1897.


A autora Jennifer Wicke argumenta que a ideia da novela de Dracula serve como um display incessante e obcecado com essas novas tecnologia e modalidades culturais que marcam novas invenções do período, como o telégrafo, o gravador e reprodutor de música, a câmera Kodak e já constante utilização da mídia de massa, era parte da percepção de começar a ir ao cinema para assistir a vilões e antagonistas, não apenas cowboys e mocinhos. Uma típica característica de períodos de crise. 


A ideia de vampiros na cultura popular remonta de vários séculos atrás. No Século XIX, eles eram a moda nos Estados Unidos, e principalmente na Inglaterra vitoriana. Nessa época, vigorava no mundo uma espécie de código de condutas morais que transpareciam medos coletivos populares e outros medos da era vitoriana. Homens eram considerados superiores e mulheres meros enfeites. 


Quando Van Helsing e seu grupo tentam desvendar como vencer Drácula, as mulheres eram apenas cuidadas em forma de tutela, parasitária, por isso Mina não era consultada por nada que acontecia com ela. 


As atividades sexuais femininas eram controladas.A atividade sexual do homem envolvia a potencialidade de poder votar, de poder concorrer a cargos públicos e ir em universidade, tudo que era negado as mulheres. 


Historiador Pratrick Weston Joyce atribuiu o mito original do Drácula a uma figura sombria da mitologia irlandesa. A figura tem o nome de Abhartach, um rei do século V que era um tirano. O próprio Bram Stoker foi nascido na Irlanda. 




A principal percepção que temos uma narrativa epistolar fruto do romantismo do século XIX, junto com o florescimento de preocupações modernas de tecnologia e a repercussão disso enquanto hábito para as massas. Drácula foi um livro marcante de Bram Stoker que foi escrito com paridade com os temas e contexto de Frankenstein de Mary Shelley. 


O personagem de Van Helsing simboliza o poder do racionalismo e da ciência, ele reúne seus colegas de maneira muito profissional e que tenta pensar em soluções para pegar Drácula. Ele até que demora para vencer o monstro, e faz no fim de maneira não muito épica, mas racional. Se o vilão é um vampiro, ele vai dormir em uma hora e ficar vulnerável. Então ele ataca com uma estaca de madeira e finalmente mata o Drácula. 


Mas em 1931, a Grande Depressão consumia de medo e pânico o público americano. O diretor do filme, era conhecido por ser um "sádico", vivia isolado em sua mansão em Malibu e gostava de ir nos cinemas para assistir as longas batalhas de casais que dançavam em competições. Notava que o público apostava como se eles fossem cavalos. 


Drácula foi um sucesso de crítica e de público e teve diversas sequências e filmes remakes, possuindo um efeito que colou na cultural popular, como a imagem de Lugosi como intérprete de do Drácula. Nos anos 2000, ele foi selecionado como culturalmente, historicamente, e esteticamente significante para preservação no Registro Nacional de Filmes. O cinema em período de crise estimula as estórias de terror como forma de manter a coesão social, falando por metáforas sobre elementos de anomia da sociedade. 


Em relação ao protagonista, o contraditório Conde Drácula, quem ele é além de ser o protagonista, pois ele é inimigo (antagonista) de todos na trama, ou seja, não é possível torcer por ele, mas nem tão pouco ficamos ávidos para que seja caçado, é uma contradição para além do protagonista clássico dos filmes. 


Bastidores e contexto da produção




Na época de lançamento da segunda grande adaptação de Drácula, o filme contava com toda sorte de censura contra ele. Sendo considerado um filme devasso, mas isso é uma crítica injusto com sua técnica e intenção. O viés técnico é garantido pelo trabalho de fotografia Karl Freund que dividiu a direção com Tod Browning. 


Já no filme Drácula tem uma estética diferenciada, bastante planos médios, ao estilo americanos clássicos. A caracterização do Drácula como um homem "galante", bem vestido, ou seja, o vilão parecia o mocinho. O filme já começa com a música O lago dos Cisnes, de Pyotr Tchaikovsky(1877) na falta de uma trilha na versão original. Em 1998 houve uma restauração do filme, agora com as músicas do grupo Kronos Quartet e Philip Glass para um lançamento de DVD. 





Tod Browning foi o cara dos filmes de terror, teve grande influência em personificar um gênero. Ele nasceu com o nome de Charles Albert Browning, era um importante diretor de Hollywood que acabou marcando a cena do terror,  entre 1915 e 1939 ele flutuou em vários gêneros, mas ele é conhecido principalmente pela sua influência no terror, com o filme Freaks (1932) que aborda a questão da anormalidade. 


Ele também foi um ator de teatro vaudeville de circo itinerante. Ele foi odiado por Hollywood por sua atitude distante do glamour da MGM. O estúdio queria bloquear o acesso dos atores diferentes, deficientes que fizeram parte do casting de Freaks (1932), filme que ficou 32 anos proibido na censura. 


O filme foi parcialmente filmado no estúdio da Universal Studios Lot na Califórnia, que foi reutilizado em uma versão totalmente em espanhol que também estava sendo feito para o filme com Carlos Villarias como o Dracula. Foi pedido para o ator fazer uma imitação de Bela Lugosi no papel. Outra curiosidade é que Lugosi aceitou um relativo salário baixo pelo trabalho. Por 7 semanas de trabalho, era pago $500 dólares por semana. David Manners que interpretou Jonathan Harker foi pago um salário maior para ele. 


Sabemos que historicamente, as lendas sobre vampiros vieram da Romênia, o personagem da novela Drácula é Vlad III Tepes, príncipe da Valáquia entre 1456 e 1462, utilizada da técnica do empalamento para matar seus inimigos, era considerado um grande tirano. Sendo essa a teoria mais aceita para a origem do vampirismo. Pesquisadores também rastreiam o surgimento das histórias de vampiro na Babilônia antiga, na Mesopotâmia, na Sérvia, em Portugal, na Índia, no Egito, e na Grécia e em Roma haviam narrativas de vampiros.


Em termos filosóficos, em relação ao significado de quando foi escrito (no fim do século XIX), a perspectiva da novela que inspirou o filme era de inovações tecnológicas e de costumes. Em termos literários, os herdeiros do tipo de literatura da geração segunda do romantismo, do 'fim do século', como Lord Byron, Bram Stoker escrevia também um pouco sobre si e da opinião dos outros sobre ele. 


 A primeira adaptação do vampiro Drácula foi produzida em 1922, intitulada Nosferatu (1922), mas como não possuía autorização dos descendentes o nome foi mudado para Nosferatu, isso fez com que se destruísse muitas cópias de Nosferatu por não ter a autorização da viúva de Bram Stoker. Diferentemente do primeiro filme de 1922 que era mudo, o filme Drácula (1931) foi marcante por ser um dos primeiros filmes de terror sonoros(com a nova tecnologia do som no cinema, que fez surgir a ideia de "audiovisual"). 


O ícone do Drácula influenciou várias adaptações marcantes posteriores baseadas completamente ou parcialmente na história de Bram Stoker. O personagem do brasileiro José Mojica, o Zé do Caixão foi inspirado também no filme de Tod Browning. Tem filmes e filmes de adaptações, como a famosa de Francis Ford Coppola Drácula de Bram Stoker (1992). Na série Buffy ele também apareceu. Em jogos, tem por exemplo o Castlevania, com foco no filho e sua vida pessoal do Drácula. 


Em temos de inovação e impacto psicológico, o romance original ganhou mais uma dimensão referencial, sendo substituído pelo cinema no século XX que faria sua própria interpretação sobre o século XIX. Elementos como o homossexualismo, o vampirismo, a sexualidade feminina escondida, todos esses elementos horrorizaram as plateias vitorianas, e que esse choque não é muito evidente ao público moderno. Mas a cultura fílmica que veio da década de 1930 no cinema trouxe uma nova dimensão e abordagem para a literatura do século XIX. Obviamente, modernidade e progresso, aumento da expectativa de vida, descoberta da sexualidade envolvem de Drácula. 


Confira onde assistir clicando aqui



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