Depois do Casamento é o título do filme Bad Girl (que ficaria como má garota em tradução literal). É um filme de romance e drama de 1931 dirigido pelo diretor Frank Borzage e estrelando James Dunn, Sally Eilers e Minna Gombell. O roteiro foi adaptado por Edwin J. Burke de uma novela de 1928 da famosa autora Vina Delmar. O enredo segue o romance e casamento entre um vendedor de rádios de uma modelo de loja. O filme revelou o ator de ascendência irlandesa James Dunn, sendo seu primeiro grande trabalho, também revelou Eilers. O filme foi nomeado para três Oscars e ganhou de melhor diretor e melhor adaptação. Em Coney Island, as garotas saem a noite para vetar os homens, como uma forma de cultura em comum das garotas. Elas se contentavam em vetar os homens. O filme, que foi feito com apenas $100 mil dólares e faturou $1.1 milhão, se baseia nesta cultura
Dorothy Haley e Edna Driggs são modelos de loja, estão fazendo um desfile de noivas para um trabalho. Logo vemos Dorothy ao fundo também vestida de noiva, mas como um emprego, não de verdade.
Na primeira cena, Dorothy dá um fora em cada cara que chega nela. Depois elas e as amigas comentam sobre como os homens são todos iguais e nojentos.
E Na volta do barca, as mulheres fazem uma aposta para atrair as atenções masculinas. As garota depois do trabalho resolveram passear em Coney Island, local tradicional em Nova Iorque, onde tem "carnival" e outros brinquedos infantis, como também é o local clássico de encontros entre namorados.
Dorothy começa a irritar um sujeito tocando ukelele. Ele comenta com ela que sua tia fazia sons parecidos, e que ela deveria ver um médico sobre isso, com grande sarcasmo, diferente dos outros homens. Ela continua tocando para irritá-lo.
O homem é Eddie Collins, depois de uma certa tensão inicial, eles começam a conversar. Eddie era esquisito, um homem que não flertava, disse as meninas na noite de saída delas. Na volta ele leva ela em casa. Eddie trabalha em uma loja de rádios e sonha e ter uma loja só para ele.
Depois disso eles marcam de sair marcando de se encontrar em frente a loja de doces, e Eddie esquece por estar trabalhando em um rádio, e acaba dando bolo nela chegando atrasado.
Dorothy fica sozinha a noite na rua e depois de dispensar mais um cara, ela vai até a casa de Eddie para tirar satisfações dele por causa do bolo que deu nela.
Quando ela percebe que ele esqueceu mesmo por ficar trabalhando até tarde, ele tenta se desculpar, mas ele ainda fica brava com ele. As horas passam e Dorothy fica com Eddie até 4:00 da manhã sem perceber.
Eles caminham até a casa de Dorothy, e ela fica com medo de apanhar do irmão abusivo, que não deixa ela chega depois de tarde em casa. É quando Eddie propõe casamento para ela como solução ao voltar com ela em casa, ela diz que é melhor ir sozinha e encarar o irmão.
Quando ela chega em casa, seu irmão a chama de vagabunda e a expulsa de casa. Fazendo ela ficar na casa da namorada do irmão, que é sua amiga e a protege pedindo para o irmão deixar ela levar suas roupas de casa.
No dia seguinte, Dorothy fica nervosa achando que Eddie tinha desaparecido e abandonado ela. Depois quando ele aparece, ele não entende a histeria de Dorothy e de sua amiga que estavam chorando antes dele chegar. Depois disso eles se casam.
Depois de algumas semanas felizes juntos, Dorothy fala para Edna que está grávida, mas não quer contar para Eddie com medo dele não gostar de crianças. O medo é parte da retratação dos medos americanos com o contexto da Crise de 1929. Enquanto isso, Eddie está organizando sua loja própria. Entendendo que sua esposa estava infeliz e por falta de comunicação, Eddie acha que Dorothy quer uma casa maior, e gasta toda sua economia nisso.
Deixando Dorothy ainda mais preocupada ao descobrir que Eddie gastou toda suas economias para se mudar para uma casa melhor. Depois disso Eddie descobre que será pai, e os dois começam a pensar que o outro está infeliz com a notícia. Eddie descobre que Dorothy cresceu sem os pais, pois sua mãe morreu no parto, contando o motivo da insegurança de Dorothy, para além de ser apenas uma "bad girl", ela possui certos traumas de família.
Depois disso, Eddie implora para o melhor obstetra da cidade acolher o caso de sua esposa por um desconto, quando ele era o médico mais caro da cidade. Eddie achava que precisava mostrar que ele poderia fornecer isso para Dorothy.
Eddie começa a chegar tarde em casa, não conta para Dorothy que ele compete em rinhas de boxe para conseguir dinheiro extra. Em uma das cenas mais interessantes do filme, que lembra o filme Rocky em essência, com Eddie e seu competidor conversando sobre a chegada de seu primeiro filho, enquanto fingem brigar pelo dinheiro que o evento trazia.
Ao ter o bebê, Eddie visita Dorothy com hematomas por todo o corpo, ela presume que ele passou a noite em uma briga de bar, e fica magoada com ele. Dorothy percebe que as outras mães acabavam sendo mais amorosas e orgânicas com seus bebês no berçário do que ela. Quando ela vai receber alta, ela sente a falta do neném, achando que alguém estava escondendo seu bebê dela. Eddie nem questiona, entra na sala para ver a criança. Por fim, os dois percebem que amavam o filho, com Eddie descobrindo por fim que o que Dorothy sentia era o estranhamento de uma vida nova.
Na volta da maternidade, Eddie comenta com carinho que o bebê deles poderia ser presidente, mas o cara do taxi comenta ranzinza: "Isso é o que todos dizem" e Eddie fica tentado a brigar com ele por raiva dele estragar o momento. Mas apesar dessas pequenas coisas, os dois terminam junto e com o neném recém nascido.
Contexto da época e da produção do filme
Em meio a depressão econômica após 1929, a vida na América era pessimista e os cinemas se enchiam para ver filmes de estética forçada e escapistas, que falavam com certo tom de sotaque inglês fingido. Filmes com temáticas de exotismo e também que imitavam os modos da elite eram os mais realizados. Todo o material da novela original foi reescrito para se adequar ao ditames do escritório Hays Office.
Na história original, Dorothy engravidava e era obrigada a casar de maneira automática, como uma história de cartilha moralista. O diretor mudou isso, pois na perspectiva de Borzage, os mais pobres são idealizados como os mais honrados. No filme, o diretor mudou isso para uma perspectiva mais romântica. A questão dos personagem retratarem certo conservadorismo, convive com uma perspectiva moderna de ambos. Ela procura por um homem que não flerte e trabalha. Ele procura abrir sua loja, mas na verdade só liga para ela e ama suas reclamações.
Nem mesmo o diretor do longa queria fazê-lo, sendo obrigado pelo contrato com a Fox a produzir um filme que tinha o orçamento de apenas $100 mil dólares, contratando apenas atores desconhecidos, o diretor queria o ator Spencer Tracy para o papel principal masculino que acabou por ter o ator James Dunn. Apesar disso tudo, o filme foi um sucesso e lucrou quase dez vezes mais que isso. O filme foi "salvo" por Borzage que pôde ter autonomia relativa para fazer o filme. Esse filme também não foi lançado no continente europeu na época, sendo um filme para o mercado interno americano.
O filme parece ter sido o nascimento do modelo das sitcons americanas, que estariam melhor elaboradas nos anos de 1950.
Frank Borzage foi um dos grandes diretores da Hollywood clássica. No livro Frank Borzage, The Life and Films of a Hollywood Romantic, aborda que a frequente temática repetida em toda obra do autor é amor sublime e condições econômicas desfavoráveis. Era um cineasta que gostava de abordar o comum, ou o problema da inflação ou do custo de vida. Coisas triviais tanto eram influência grande do autor, que passava longe do tipo de cinema emocionante e arrojado como Howard Hanks e John Ford. Por isso que os anos 1930 o termo "toque de Borzage" era usado para descrever essa forma dele conceber uma ideia.
Um dos funcionários da censura dos Hays codes, Lamar Trotti disse que a adaptação da história original era uma história enjoativa sobre doutores e doenças e o livro era nojento, brega e que a história deveria se chamar Motherhood e não Bad Girl, pois a garota teria sido "má apenas por uma noite". Os estúdios como Pathé, ou a Metro-Goldwyn-Mayer, a Universal e Paramount negaram o filme, achando que a temática de sexo antes do casamento era contra os códigos de produção que começavam a ser discutidos na época. o censor que tentou se tudo para acabar com o filme, viu a película e adorou, dizendo ser o melhor filme desde o advento do cinema falado.
Em julho de 1931, a Fox recebeu um processo por conta dos direitos autorais da história, que eram para serem liberados até 1 de Setembro de 1931. Robert, V. Newman também processou o teatro Roxy, onde o filme teve sua inauguração. A apelação chegou na Suprema Corte americana que deu ganho de causa para a Fox. O filme por seu viés católico acabou sendo amplamente aceito pela crítica da época e pelos grupos censores.
A Fox percebendo o apelo de novela do longa, lançou uma versão em espanhol de Bad Girl, intitulada Marido y Mujer. O filme foi visto por muitos como uma adoração de um tipo de família pobre que não existiria. Como uma forma de adoração ao sonho de decência diária. Passando desde o momento em que Dorothy e Eddie se conhecem, ela se encanta por ele o reconhecendo como espécime rara, "a fellah who won't flirt" (um cara que não flertava) constava uma um tipo de homem que nenhuma garota acreditava que existia na época. Os comportamentos modernos e individuais dos dois, como os dois falavam gírias. Dele enquanto alguém que possui um sonho de trabalho, sua loja de rádios, e ela que não possuiria o amor clichê convencional de uma mãe tradicional. Os dois são personagens modernos, que nem por isso deixam de se encaixar na moralidade da classe média.
Possuindo enredos falando sobre pessoas da classe trabalhadora, a fórmula de comédias ou dramas em formato de sitcons, como a personagem da Edna, que parece ser ranzinza, porém possui um "coração de ouro" e também cria um filho sozinha sem pai, o clima de vizinhança e crianças brincando no bairro, em meio a falta de entendimentos ironia afiada.
Alguns dizem sobre a história que o modelo de marido estabelecido é tão bom, que serviu para dar o padrão de higiene e valores de toda uma geração de homens. Na figura de Eddie, que lavava a louça para sua esposa grávida. Servindo segundo muitos autores, como uma das imagens de maridos mais "desconstruídas" presentes nos filmes clássicos. Para um filme considerado conservador, esses detalhes valem ouro.
Todos esses temas parecem comuns demais e triviais demais para aparecer representado nas telonas, e por isso que os estúdios não queriam adaptar a ideia. Sem todas as amarras clichês e ingredientes convencionais narrativos, como crimes, sex appeal, triângulos amorosos, ou ciúmes, nada disso.
A censura e o conservadores dos códigos no cinema fizeram desse filme lindo em sua plena possibilidade, mas Borzage que colaborou nesse filme mais conservador inicialmente não querendo, um ano depois fez uma adaptação de uma obra de Ernest Hemingway chamada "A Farewell to Arms", em 1932, com carácter muito mais adulto do que desse filme, que ficou como exemplo de como os Hays codes agiam para modificar e tornar os filmes palatáveis de acordo com os grupos que davam selo de exibição aos filmes.
Em filmes como 7th Heaven, Borzage eternizou o último casal do cinema mudo, com Janet Gaynor e Charles Farrel. Já com Sally Eilers e James Dunn, o cenário agora era um casal romântico com som ao fundo foi eternizado como um dos maiores inovadores, que ainda são conservadores. Não mais habitantes de uma terra dos sonhos, mas moradores de Nova Iorque real, dos imigrantes e membros gerais da classe média baixa.
O filme se tornou uma referência cult para vários artistas e ícones do pop pela sua sutileza em contar tramas íntimas. Por exemplo, a cantora Madonna, já fez uma canção e um clipe chamado Bad Girl, faixa do seu quinto álbum de estúdio "Erotica" (1992). Depois que os diretores Ellen von Unwerth e Tim Burton rejeitaram as ofertas para dirigir o videoclipe, ele foi finalmente dirigido pelo renomado diretor David Fincher (Clube da Luta, House Of Cards, Seven...), e que trabalhou com Madonna em seus vídeos para "Express Yourself", "Oh Father" e "Vogue", foi filmado na cidade de Iorque de 12 a 18 de janeiro de 1993. Além de Christopher Walken, o vídeo também apresenta participações dos atores Mark Margolis, Tomas Arana, Rob Campbell, James Rebhorn e uma participação especial não creditada de Matt Dillon, que interpreta um detetive da cena do crime.
Disponível no Youtube:
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