Parecia realmente um outro prêmio, com menos convidados, com algumas pessoas utilizando máscaras, outras não. Dessa vez, quem apresentou e finalizou foi um DJ e não um apresentador, como sempre é. O in memorian foi muito suave e mais verdadeiro que o convencional, até por conta da Covid-19. Sem um apresentador fixo, a cerimônia pareceu mais "comunal" e aberta para fala, mas por conta de um clima de certa familiaridade, ninguém foi excêntrico demais, ou puxou um celular para uma selfie cheia de artistas ricos e da televisão.
Sempre reclamamos do tom "chapa branca" dos Oscar e de sua identidade puramente sindical patronal americana, como se o Oscar que se diz sobre o "melhor do cinema mundial" pudesse ser apenas de obras americanas. Várias vezes a academia premiou por lobby e interesses coletivos de classe os filmes. Mas parece que no ano da pandemia, poucas pessoas realmente se dedicaram a fazer filmes. O que acontece por aí foi uma contradição, a destruição das fórmulas tradicionais de grande bilheteria e blockbuster, como filmes dos anos de 1990 como Titanic, ou a evolução para filmes de chapa branca para consumo das elitizadas e distantes salas de cinemas moderna.
Esse ano não teve nada disso. Com apenas Tenent lançando campanha para exibição física de sua obra. Nos tempos atuais de homeoffice, pensamos, e se o Oscar fosse uma live? seria demais até mesmo para a inovação do formato. O que foi feito também foi bem diferente. Com uma iluminação mais escura, e com participantes que falavam ao "pé do ouvido", parece que a academia estava respondendo ao problema da crise atual nos Estados Unidos por conta da Covid-19. Dessa vez, as categorias de melhor ator e melhor atriz foram as últimas divulgadas.
Os ganhadores:
Melhor atriz: Frances McDormand por Normadland, que já era esperado.
Melhor ator: Anthony Hopkins por O Pai (não foi pegar o prêmio)
Roteiro: Foi para "Promising Young Woman", uma história de abuso, vingança e empoderamento feminino.
Adaptação de Roteiro: "The Father", esse filme é um ponto fora da curva por demonstrar todo um longa dentro de um mesmo local e por debater a velhice e a demência.
Ator Coadjuvante: Nessa categoria, o ator Daniel Kaluuya concorreu com a sua assessoria por Judas e o Messias Negro, filme que analisamos aqui também. A atuação do revolucionário Fred Hampton cativou a academia, que deu o Oscar para ele em uma categoria de ator coadjuvante. Acho que isso ocorreu devido a academia estar ficando mais pró esquerda e pautas similares.
Música Original: Quem ganhou como "música original" foi "Fight for you" do Judas e Messias Negro, filme da Netflix.
Atriz Coadjuvante: Youn Yuh-julg por Mirari, outro filme estrangeiro que agradou muito a crítica americana e que revelou o talento da atriz em questão para o mundo.
Animação: O prêmio de animação vai para o filme Soul, que conta a história de um músico que se sentia como um fracassado, até que ele morre do nada, e percebe que agora que teria sido sua grande chance de viver de verdade. Um filme profundo sobre vida e morte, e também sobre o poder efetivo da música. Outro Oscar da grande empresa Pixar.
Direção/Melhor filme: A cineasta chinesa Chloé Zhao ganhou em direção e em "best picture", categoria mais disputada por Nomadland, que também escrevemos sobre aqui no blog, aparecia já como forte candidato ao Oscar ao ganhar o prêmio da crítica britânica e da crítica especializada também. . Em seu discurso recebendo a cobiçada estatueta ela dedicou a todas as pessoas que acham algo de bom, mesmo com os processos de adversidades, e que em todo lugar, teria pelo menos essa bondade implícita. Nomadland também ganhou em "melhor filme"
O filme foi para academia como o "filme do ano" por retratar a economia e a pobreza real na América mostrando a vida nômade de quem teria um estilo de vida mais bruto e móvel, seria uma América pós crise de 2008 fraturada e desiludida, isso depois que ano passado a academia deu o Oscar pelo filme da Coréia do Sul: O Parasita, e a tendência é essa mesmo com o crescimento asiático dos últimos anos, com tecnologia e o desenvolvimento migrando para lá, a academia ficaria vergonhosa de dar para um lobby próprio, mas isso não significa uma "tomada de consciência", mas sim uma resposta aos anos de protestos, como a campanha antiga do oscarsowhite# de 2016.
A academia tem um longo caminho para consertar seu elitismo e fazer do cinema um instrumento de reflexão que envolvem o pensamento histórico popular e das próprias massas nacionais, com suas reflexões e angústias, ou mesmo insights. A janela do cinema que é o Oscar está preparada para hospedar e projetar mais do que o sameoldalways do velho de guerra cinema narratológico americano. A cerimônia, apesar de simples e um pouco silenciosa, foi inovadora em vários sentidos e ficará para a história como uma das cerimônias mais diferenciadas e únicas que o Oscar já fez.
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