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O Arquivo Fantasma: O Caso da Morte dos Médicos Japoneses


O sol ainda mal tinha subido quando o ronco das motos começou a ecoar pelos becos estreitos da favela, misturando-se ao funk que saía das caixas penduradas nos postes. Eram dezenas de entregadores de aplicativo, alinhados no cruzamento improvisado, cada um com o colete fluorescente reluzindo sob o brilho dos faróis, capacetes pendurados, celulares presos nas carcaças com fita isolante. Nesse clima, Danussa, William, João Alberto, Rebeca, Rodolfo e Lúcia são nossos personagens nessa saga urbana.




 Gasolina e "o mundo é dos fortes"

 

O cheiro de gasolina, café forte e pão com mortadela se espalhava pelo ar junto com o cheiro de alho queimado, enquanto os rapazes trocavam piadas, conferiam as corridas no aplicativo e aceleravam em pequenas explosões de ruído. As vielas ganhavam vida num vai e vem pulsante um mosaico de buzinas, vozes e sonhos motorizados cortando o labirinto de concreto e esperança.

No asfalto, mais uma vez, William perdia a corrida para seus colegas mais rápidos. Não tinha o que fazer, todos eram mais rápidos que ele. 

Na competição de metas dos motoboys, William perdia mais uma vez para Jurandir, que era o rei das entregas. 


Chegando em casa do trabalho cansado e estressado, William trabalha por aplicativo, com boa nota e tudo. 

 

Lúcia, sua esposa falava todo dia pra ele arrumar um emprego fixo, clt e ele só falava:  


-Não vou trabalhar mais pra ganhar menos...  


Rebeca Mancini era diretora de um hospital federal. Ela apagava um fogo por dia, e ainda assim era considerada funcionária fantasma, antes fosse. Já que qualquer negligência ela sabia como amortecer melhor que qualquer advogado de defesa.


Rebeca era casada com Rodolfo, um médico que perdeu sua licença por uma acusação de assédio sexual que ele jurava que não tinha acontecido. 


Ao correr dos meses, a solidão levava Rebeca a procurar por um amante dentro do hospital e achou. Sua indicação tinha sido feita pelo antigo governador e mantinha a missa e o terço que levava dos editais do hospitais. 


Na sala de arquivo, finalmente eles se livraram dos papéis e arquivos dos médicos até os anos 1990. Ela achava que isso faria uma sala extra, talvez de descanso ou mesmo poderia pedir ao governo mais uma ala. Era simples. 


Os Japoneses e a Policia Federal.


"Operação da Policia Federal!" 


Chegando lá e sem nenhum aviso veio a ordem de cima, todos os arquivos de administração destruídos ou realocados teriam que ser localizados. 


Enquanto isso, João Alberto um estagiário que tinha acabado de ser demitido só para não ganhar suas férias, se agarrou ao registro gerais que mexia, ele era responsável pelos arquivos e reparou que ele incomodava por querer trabalhar de verdade. 


Ele recusou assinar sua demissão e fez bem, ganhou depois 2 meses de salário e se assinasse não ganharia. Mas antes de dizer adeus ele bagunçou tudo que tinha arrumado, deixando um caos para aqueles que já não gostavam de trabalhar (os eternos indicados). Pegou também a senha e o login. Logou e depois pegando os arquivos que queriam tanto se livrar. 


Ele não entendia, eram arquivos de médicos japoneses que morreram na época da ditadura militar por um motivo ou outro. 


A operação chegou no arquivo geral que geria os arquivos do hospital próximo na maré, ninguém queria trabalhar ali por causa dos eternos tiroteios. 


Mas para alguém como esse estagiário já era a única chance que ele teria na vida. Ele sabia bem disso. 


Quem Trabalha Aqui? 


Mas não importava mesmo. Ao sair, ele viu um carro de polícia federal levando os documentos, alguns ele escondeu em um lugar que só ele pensava ver. 


A investigadora, Danusa, cínica e sem paciência chegou explicando as raízes da operação. 


- O hospital esconde décadas de lavagem de dinheiro sofisticada (as provas são apagadas através de décadas de má administração), como eles não querem investigação, eles se livraram através de vocês do arquivo e agora vocês me dizem que não sabem onde está as pastas requeridas? 


- Não é isso doutora, por causa de que a gente não trabalha aqui não. 


- Okay, você recebe um salário mensal e quem faz todo trabalho? 


-Ah, os meninos...  


- Você diz os estagiários? 


-Esses jovens ficam só nas redes sociais e celular. 


-Ao contrário da senhora, que maestra... 


Ela aponta o computador.


- Mas você pode saborear o tempo todos as virtudes de um jogo de paciência no computador? Você quer que eu acredite que 5 pessoas trabalham aqui e que ninguém trabalha. 


O porteiro ainda lembrou.


-Eles demitiram um dos garotos hoje. 


-Então ele se livrou de uma boa. 


A investigadora olhou de novo para a santa, uma escrava com um aparelho de metal, focinheira, aquilo ali era uma antiga casa de bombeiros adaptada como arquivo geral. Mas trabalhar, ninguém trabalhava. 


Do lado de fora ele foi pra casa, voltou pra sua cidade mais calma e em um café desses de rico ele olhou os documentos dos médicos, o que aquilo provava de tão importante (que os médicos morreram logo depois como viu de chegar a uma promoção na carreira)... 


Isso ele pôde entender. Mas o que isso de 40 anos atrás tinha a ver com as práticas de hoje? Quase deu graças Deus por ser demitido agora. 


Lúcia que era uma dondoca diferente (uma que recusava fazer qualquer esforço), e esposa de um entregador de aplicativo, pediu pra ele mudar de moto pra carro e ele explicou que cada um era uma carteira e que carro era muito caro. 


Lúcia queria de tudo, queria mudar de status, de tatuagem recente, de unha, de sobrancelha e de apliques no cabelo. No fim das contas, o entregador de aplicativo, trabalhava para que Lúcia pudesse sentir se parte das "mulheres cuidadas" e "privilegiadas", ou pelo menos ela achava assim. No fim do mês, todos os seus gastos davam um resultado estético único, a sobrancelha de henna, as unhas gigantes e de acrílico davam um toque de elite da favela peculiar. 


O episódio foi o seguinte, ele foi entregar um lanche e esqueceu de avisar entrando em área controlada, como estava cansado, pegou uma rota errada e foi confundido como de outra facção. Não foi torturado ou morto, mas ficou 3 a 4 horas se explicando e tendo documentos revirados.


Ele dizia com olhos cansados


-Eu sou doidão, é nós, pô!


- Ih ah lá, maluco quer soar maloqueiro, é mandado da clt. 


- Não, não. Sou moto-uber não trabalho pra ninguém.


- Mas é bom ter patrão, viado. Tu tá desperdiçando a vida. Tem que ter benefícios pra família. Tenta não falar as gírias, tu parece que tá de otarice, sacô? Tem que ouvir um trap, pintar o cabelo de vermelho e pegar benefícios dos patrãozinho rico da Faria Lima, tá okay? 


-Tudo bem, é só que tenho que trabalhar muito. Minha mina é meio burguesa e quer de tudo. 


- Mas homem, já viu alguma mulher diferente? Antes de ter minha mina trabalha 6x1 no mercado, jogava meu videogame, nem era noia, depois de conhecer ela, vi que só acima de 10 mil pra manter aquela vaca. 


Danussa sabia que o Rio não era pra amador, mas já estava demais. Nada funcionava, ninguém trabalhava e por isso não tinha se rastro do que precisava se investigar.


 A prática do terço (parte obrigatória de propina em editais) era o que se mantinha, seja na ditadura, seja na democracia, os desvios de função e dinheiro estavam ali o tempo todo. Quantas vezes era assim. no Rio que chamavam de cidade maravilhosa. 


Chegando em casa do trabalho, cansado, William ainda pilotava sua moto. Sua nota no app era de 4.8, uma das mais altas da plataforma.


Sua esposa, Lúcia, reclamava todo dia para que ele arrumasse um emprego fixo, CLT, mas ele sempre respondia:


— Não vou trabalhar mais pra ganhar menos...


Rebeca Mancini era diretora de um hospital federal. Todos os dias apagava um incêndio diferente e, ainda assim, era tratada como funcionária fantasma. Mas qualquer deslize de alguém ela sabia como amortecer melhor que qualquer advogado de defesa.


Seu marido, Rodolfo, havia perdido a licença médica por uma acusação de assédio sexual que jurava não ter cometido.


Com o passar dos meses, a solidão levou Rebeca a procurar um amante dentro do hospital — e ela encontrou. Sua indicação veio do antigo governador, e ele mantinha a missa e o terço como quem leva a fé de editais hospitalares.


Na sala de arquivos, finalmente eles se livraram de papéis e registros médicos até os anos 1990. Rebeca achava que poderia transformar aquele espaço em uma sala extra ou até pedir ao governo mais uma ala. Era simples.

 

Danussa pegou o caminho errado e resolveu sair pra dar uma volta na área controlada. 


Viu moto taxi saindo de madrugada e resolveu pegar. 


William estava tão tonto que nem viu que a senhora fazia sinal pra ele. 


Ele levou ela em silêncio para uma casa perto da sua. Era casa de Adriana, a mulher que jogava paciência e não trabalhava. Dos levantamentos sobre os funcionários do arquivo, ela era a que tinha o perfil mais estranho.



-Vamos falar de detalhes. Quantos pedidos para documentação vocês tem por semana? 


- A chefe que sabe disso.


- Ah Alicia? 


- Isso mesmo. Acho que é uma duas vezes na semana, mas 2 semanas atrás os pedidos pararam de ser sobre arquivos antigos e começou chegar documento novo do hospital. 


Danussa saiu e viu na outra casa uma mulher que batia no seu esposo, e era o mesmo uber moto que a trouxe. 


- Posso ajudar senhora.


-Problema de marido e mulher ninguém mete a colher, dona. 


- Mas foi ele que me trouxe e não posso deixar você bater nesse moço que estava passando um sufoco na mão dos rapazes do movimento.


-Então você é a vadia que estava com ele, eu devia bater em você. 


-Mas não vai. 


Foi então que ela reparou que a mulher não parecia alguém comum e que estaria ali disputando seu homem. 


-Então ele falou a verdade?


- Falou sim. Eu vim pegar um depoimento da vizinha de vocês, a Adriane.


Lúcia esqueceu o ciúmes e ligou o modo fofoqueira. 


- O que que a Adriane fez? 


-Ela tem um emprego e não trabalha. 


Lúcia riu


-Sempre falei isso. Dizem que ela conseguiu porque o pai dela achou uns documentos no lixo do hospital e parece que era ouro em forma de chantagem. Chamaria ela de víbora se ela não fosse uma pura baleia. Acreditava que ela liga alegando "cansaço da obesidade" todo dia e ninguém demite essa maluca, a mulher é louca, tem a voz mais estridente do planeta. 


- Isso pode ser gordofobia, cuidado, sabia. Nada mas cruel que ser preconteituosa. E esses documentos, sabe o que era, a época que ele achou?


- 7 anos atrás


No governo de Sérgio Cabral, todos do arquivo arrumaram empregos cativos naquela época. Mas ainda era a "idade dourada" do Rio e desde então, nada funcionava mesmo.


Ela se despediu vendo o olhar aliviado do mundo. 


Que mundo era esse, onde homens nada podiam falar e ainda assim não soava democrático? 


Danussa pegou o caminho errado e resolveu dar uma volta pela área controlada.


Viu um rapaz de moto saindo de madrugada e decidiu pegar carona.


William estava tão tonto que nem percebeu que a senhora fazia sinal para ele. Em silêncio, ele a levou até uma casa próxima — a casa de Adriane, a mulher que jogava paciência e não trabalhava. Pelos levantamentos sobre os funcionários do arquivo, ela tinha o perfil mais estranho de todos.


Adriane, geralmente grosseira com todos, tremeu da cabeça aos pés com a presença de Danussa na sua casa.


— Como conseguiu esse trabalho? — perguntou Danussa — Por competência, eu diria que é impossível, não é?


— Olha, doutora, meu pai era faxineiro no hospital. Surgiu essa vaga quando terminei o ensino médio a distância. Já fazem cinco anos e nunca me demitiram.


— Mas demitem os garotos que trabalham lá?


— São estagiários, podem sofrer. Eles estudam mais que a gente.


— Vamos falar de detalhes. Quantos pedidos de documentação vocês recebem por semana?


— A chefe que sabe disso.


— Ah, Alicia?


— Isso mesmo. Acho que uma ou duas vezes por semana, mas duas semanas atrás os pedidos mudaram. Não eram mais arquivos antigos, começou a chegar documento novo do hospital.


Danussa saiu e viu, na casa ao lado, uma mulher batendo no marido — o mesmo moto Uber que a trouxera.


— Posso ajudar, senhora?


— Problema de marido e mulher, ninguém mete a colher, dona.


— Mas ele me trouxe e não posso deixar você bater nesse moço, que estava passando por um sufoco com os rapazes do movimento.


— Então você é a vadia que estava com ele? Deveria bater em você.


— Mas não vai — respondeu Danussa, firme.


Ela percebeu que a mulher não era comum e que parecia disputar o homem ali.


— Então ele falou a verdade?


— Falou. Eu vim pegar um depoimento da vizinha de vocês, Adriane.


Lúcia, esquecendo o ciúme, ligou o modo fofoqueira:


— O que a Adriane fez?


— Ela tem um emprego e não trabalha.


Lúcia riu:


— Sempre falei isso! Dizem que conseguiu porque o pai dela achou uns documentos no lixo do hospital, que eram ouro em forma de chantagem. Chamaria ela de víbora se não fosse uma pura baleia. Diz que todo dia liga alegando “cansaço da obesidade” e ninguém demite essa maluca. Mulher louca, com a voz mais estridente do planeta.


— E esses documentos, sabe de quando eram?


— Sete anos atrás.



Danussa se despediu, vendo o olhar aliviado de todos.


Voltando pra sua casa que ficava na Avenida Brasil (na melhor área perto da Fiocruz), era percebia o quanto aquela rua era enorme e cheia de pessoas dos mais diferentes locais e origens. Isso facilitava as raivas e dissidências. 


O estagiário segurava os documentos e procurou cada um deles na lan house por não confiar nem no vpn de sua rede. Tinha paranoia de tudo. 


Todos os médicos morreram depois de uma promoção no mesmo hospital que hoje eles pegam os arquivos, todos datando da época da ditadura militar, o último arquivo era de 1992, na verdade. 


Depois disso nenhum médico japonês no hospital e a administração colocou alguns nomes, a grande maioria ou tinha morrido ou mudado de Estado. Era um cargo então político e cansativo, era como o TCU e a aprovação de contas, uma verdadeira aventura no reino serelepe dos políticos corruptos. 


Rebeca ficava parada, morena e integrada, olhava todos de cima, Danussa com sua provocação loira e sem modos pediu logo pra ela parar de cena. O rosto de Rebeca caiu do chão. Ela falou como uma taróloga faz a leitura do futuro e fez ela perder o semblante de confiança. 



Danussa saiu sabendo que chegou na cabeça de Rebeca. Ela devorou os takes antigos, CPIs, pronunciamentos, vídeos de campanha, e percebeu um padrão: por mais que viesse de fora, o mesmo clientelismo infinito sempre reaparecia. A contradição mais óbvia era amarga: descobrir um crime não te colocava numa blacklist, porque o crime do outro lado sempre era maior. Era essa hierarquia suja que impedia a justiça de pegar no pé dos poderosos.


O estagiário segurava os documentos como quem segura uma bomba. Preferiu abrir os arquivos numa lan house, desconfiando até do próprio VPN. Paranoia? Talvez. Cautela, certamente.


Todos os médicos citados haviam morrido pouco tempo depois de conseguirem promoções no mesmo hospital que agora passava por auditoria. Embora muitos tivessem datas marcando os anos da ditadura, o arquivo mais recente era de 1992  depois disso não havia mais médicos japoneses no quadro. Alguns nomes sumiram, outros migraram de estado; o cargo vira então moeda política, o de sempre.



A expressão de Rebeca mudou. A confiança que ela exibia como escudo começou a rachar; sua face perdeu o brilho habitual, como se uma leitura de tarô tivesse desfeito uma previsão certeira.


Danussa não largou o fio.


— Quero dizer: você deve ter algo além dos esquemas. Um problema no casamento, um amante, um marido desconfiado?


Rebeca explodiu.


— Você está me difamando por aí! — acusou, perdendo a compostura.


— Não  respondeu Danussa, fria. 

— Só estou descrevendo um padrão. Eles promovem, montam uma cena, alguém morre depois e, pronto: culpam um marido, inventam um crime e ninguém questiona. Enquanto isso, você fica visível demais  e, secretamente, cruéis com quem está perto.


Danussa saiu da sala sabendo que havia acertado o centro do alvo. Rebeca não seria a mesma por algumas horas. Ou por algumas semanas.



Na cabeça de Rebeca o mundo tinha caído aos poucos.  Escutava como um rock pesado que batis sem parar. Ela recolheu malas, dinheiro, provas tudo ao mesmo tempo e fugiu sem falar ao marido de nada. Deixou uma carts pra um divórcio. Fugiu e deixou o hospital sem conseguir transferir o dinheiro roubado. 


No outro dia, toda a impressa falou apenas desse evento, a fuga da diretora do hospital por suspeitas de corrupção. 


Danussa lembrou do quadro da santa escrava com a focinheira. Rio era o lugar dos cadáveres e da tortura, não das fugas. Mas certamente seria interessante ver quem assumiria depois o hospital. 


O estagiário montou uma matéria denunciando a morte dos japoneses em formato de fanzine, explicando como o arquivo lucrava da lavagem de reputação das cenas de crime modificadas, e denunciando ainda que vários arquivos tinham sumido devido a falta de cuidado efetivos da staff. 


A Queda de Rebeca


Na cabeça de Rebeca, o mundo tinha caído.

O som era um rock pesado, batendo sem parar dentro do crânio.

Ela recolheu malas, dinheiro, provas — tudo de uma vez, em desordem.

Fugiu sem falar nada ao marido, deixando apenas uma carta curta, quase ilegível:

“Não volte a me procurar. Está acabado.”


Saiu da cidade como quem atravessa um incêndio, sem olhar para trás.

No hospital, o sistema travou. As senhas mudaram. O dinheiro desviado ficou preso entre transferências interrompidas.


Na manhã seguinte, toda a imprensa falava só daquilo:

“Diretora de hospital federal foge sob suspeita de corrupção.”

Estava em todos os jornais locais como uma denúncia do que aimda estava por vir. 


Danussa assistiu aos noticiários sem surpresa.

Lembrou-se do quadro antigo da santa escrava, com a focinheira de metal —

imagem esquecida em meio aos arquivos.

O Rio não era terra de fugas, pensou.

Era terra de cadáveres e de tortura.

Mas, claro, seria interessante ver quem assumiria o hospital depois.

Sempre há alguém pronto para substituir o corrupto caído.


O Estagiário


Enquanto isso, João Alberto, o ex-estagiário, trabalhou a noite inteira na lan house.

Transformou os documentos que restaram em um fanzine digital, misto de denúncia e desespero.

Escreveu como se gritasse:


“Os médicos japoneses morreram logo após as promoções.

Os arquivos foram apagados.

E o hospital lucra há décadas com a lavagem de reputações e dinheiro. É o negocio perfeito. 

A maquiagem dos crimes médicos e administrativos.”


Acusou a falta de zelo da equipe, o sumiço de provas, a repetição de nomes em editais.

Fez circular uma espécie de fanzine em grupos anônimos, fóruns, redes sociais.

Nada muito grande, mas o suficiente para incomodar.


Danussa viu o texto rodar na internet e pensou, sem romantismo:

“Todo sistema corrupto é sustentado pelos pequenos que cansam de calar.”


Lá fora, o Rio seguia igual —

barulho de motos, sirenes, tiros.

O rock pesado na cabeça de Rebeca agora era o som da cidade inteira.


Danussa se encontrou com o estagiário seguindo o rastro de uma gráfica. Ele tomou um susto ao ver ela e tentou fugir. 

-Calma, eu soube que você escreveu sobre o hospital e o arquivo. A gente podia conversar.


- O que eu fiz de errado? 


- Nada. Só quero saber, quando o arquivo dava problema? 


-Normalmente quando passava pela sala da chefe. Alguém formado na área e que faz aquilo com documento, parece piada. 



Ela viu a inocência de alguém que achava que oa documentos sumiam por falta de proeficiência, não, eles eram possivelmebte destruídos de propósito e aos poucos para ninguém perceber. 


Danussa encontrou o estagiário seguindo o rastro de uma gráfica. Ele se assustou ao vê-la e tentou fugir.


— Calma. Eu soube que você escreveu sobre o hospital e o arquivo. A gente podia conversar.


— O que eu fiz de errado? — ele perguntou, hesitante.


— Nada. Só quero entender uma coisa: quando o arquivo começava a dar problema?


— Normalmente quando passava pela sala da chefe. — Ele coçou a nuca. — Alguém formado na área e que faz aquilo com documento... parece piada.


Danussa percebeu a ingenuidade dele. Achava que os documentos sumiam por descuido, falta de técnica, desorganização. Não — eles eram destruídos de propósito. Aos poucos, para ninguém perceber.


Se quiser, posso continuar com a sequência dessa cena — mostrando ela descobrindo algo concreto (um documento, uma senha, um registro) que liga Rebeca à corrupção e à morte dos japoneses. Quer que eu faça essa parte seguinte?


Danussa pediu o impossível.


— Continue escrevendo — disse com firmeza. — Eu lhe direi sobre o quê, quando a hora chegar.


O consulado japonês ligou para a polícia no dia seguinte. As investigações sobre o hospital começavam a tocar em interesses maiores: empresas e associações ligadas à comunidade japonesa. Agora, temia-se uma represália, um abalo diplomático, talvez até um escândalo internacional.


Nos bastidores, o nome de Rebeca ainda ecoava. E o silêncio sobre os mortos japoneses tornava-se mais pesado que qualquer manchete.


Quer que eu continue essa linha com uma cena de bastidor (por exemplo, o delegado e um diplomata japonês conversando em sigilo), ou prefere seguir com Danussa e o estagiário tentando descobrir o que há nos arquivos desaparecidos?


Danussa mandou um requerimento para denunciar todo o departamento que funcionava ali, declarando que todos tinham culpa no cartório e que havia até gastos e empregos fantasma ali e que ninguém ligava de demonstrar incompetência. 


Todos perderam o emprego e João Alberto escreveu ao receber mais info sua matéria final antes de ir em um baile funk pela primeira vez na vida. 


- Quer uma vida de privilégio? Trabalhe no serviço público estadual, não é necessário ir todo dia e a culpa é sempre do estagiário.

As letras eram coloridas e chamada era pro público jovem

 


Segundo tópico em formado de meme e fanzine


A voz do povo é a voz de Deus? 


Se for, qual povo vai leiloar um lugar no céu? 


Os novos estagiários do arquivo do hospital corrupto são todos de lá, da igreja de Deus. Assinamos o nome no livro da vida para ter estágio?


Nos arquivos desaparecidos, havia documentos que comprovavam a falência de setores inteiros.

 

No interrogatório com Alicia, Danussa começou direto:


— Você é concursada?


— Sim, é claro. — respondeu, com um orgulho contido.


— Mas também é ativa na sua igreja Assembleia de Deus local, não é?


A mulher ajeitou os óculos, desconfortável.


— Sim... mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.


— Aparentemente, não. — Danussa abriu uma pasta e espalhou as contas de luz do setor sobre a mesa. 

— Mas veja: o ar-condicionado, essencial para conservar os documentos, só estava ligado na sua sala. Metade dos papéis com valor histórico apodreceu.


— Histórico? — ela riu. — São registros de médicos locais e seus familiares. Isso é arquivo corrente. E esses boletos nem passavam por mim, é tudo débito automático. Deve ter sido alguém antes de mim.


— Antes? Mas esse setor não é recente?


— É, mas funcionava junto aos papéis do Ministério da Saúde.


— Documentos de jurisprudência federal ou estadual?


— Misturados. Depois fizeram umas comissões pra “acabar com a fila de documentos”. — Deu um gole no café e completou, rindo: — Antes, quando os socialistas estavam no poder, ninguém trabalhava.


— E o estagiário? — perguntou Danussa. — Por que demitiu?


— Esses jovens chegam querendo mudar o mundo sem nem ter salário. Fiz um favor a ele.


Danussa enviou um requerimento formal denunciando todo o departamento: superfaturamento, empregos fantasmas, destruição proposital de arquivos e omissão administrativa. Pouco tempo depois, todos perderam o cargo.


João Alberto, o ex-estagiário, escreveu sua matéria final antes de ir a um baile funk pela primeira vez na vida:


“Quer uma vida de privilégio? Trabalhe no serviço público estadual. Não precisa ir todo dia, e a culpa é sempre do estagiário.”


Segundo tópico – em formato de meme e fanzine

A voz do povo é a voz de Deus? Se for, qual povo vai leiloar um lugar no céu?


Os novos estagiários do arquivo do hospital corrupto são todos de lá — da Igreja de Deus.


Será que assinamos o nome no livro da vida para garantir um estágio?


Com quantos documentos desaparecidos se faz um incidente diplomático?


A resposta — só saberemos se cobrarmos o nosso jornal, companheiros e militantes sóbrios desta terráquea internet.


Ao ir ao baile funk, João Alberto se sentiu importante pela primeira vez e desceu na moto de William que preferia levar 20 playboys viciados do que "carona" aos amigos locais que sempre queria uma vantagem. 


Ao ir ao baile funk, João Alberto se sentiu importante pela primeira vez. Desceu do moto taxista com o vento batendo no rosto e uma sensação estranha de conquista.


O piloto era William, conhecido na comunidade por seu riso fácil e por sempre repetir o mesmo lema:


— Prefiro levar vinte playboys viciados pra Zona Sul do que dar “carona” pros amigos locais. Aqui ninguém quer pagar, só quer vantagem.


João riu, mas ficou pensativo. Era o retrato perfeito da cidade: todo mundo querendo escapar de onde veio, até os que nunca saíram.


O baile acontecia num campo improvisado, iluminado por refletores de poste e luzes piscando. As caixas de som tremiam como motores de avião.


Pela primeira vez, ele sentia que o texto que escrevera — aquele fanzine amassado, denunciando o hospital, os arquivos e a corrupção — tinha algum eco. Alguém havia mandado mensagem dizendo que o zine estava circulando em fóruns e grupos estudantis.


Ele dançou, riu, gritou com o refrão da música que dizia:


“Quem mexe com santo, mexe com fogo.”


Mas uma parte dele ainda olhava para o celular, esperando uma ligação de Danussa.

Sabia que ela não era de festas, mas talvez assistisse de longe, do carro parado em alguma esquina, só pra ver se ele estava vivo.


No meio da batida, pensou no que tinha ouvido dela:


“Continua escrevendo. Eu te aviso quando a hora chegar.”


E o eco dessa frase misturava-se ao som dos graves, à poeira no ar e à certeza de que algo estava prestes a explodir — talvez no jornal, talvez na cidade inteira.


Quer que eu continue com a sequência da madrugada — o baile sendo interrompido por alguma operação policial, ou a aparição de alguém misterioso (como William revelando ter ligação com o hospital ou com Rebeca)? Isso definiria o tom do próximo capítulo: mais thriller político ou mais realismo urbano. Qual prefere seguir?

 

Ele viu a mesa de drogas, todas as drogas divertidas, para aumentar a sensação de liberdade e agitar como em uma rave. Na verdade, a ordem pros playboys ricos era, compras barato drogas no baile, lolo, lança perfume, balinha, coca e maconha e vender nas raves caríssimas da vida. Era um duplo padrão.


 Mas João estava quase fazendo uma tese de antropologia, depois da capeta da sua última vez, crente, negra, evangelica e hipócrits, algo nele mudou o disco e tudo que ele queria agora era aproveitar dos seus privilégis de classe e raça que antes incomodavam. 



Ele curtiu até 9 da manha e voltou sozinho com a sensação de que sem tiroteio aquilo era o lugar mais bonito do planeta. Sua mãe estava mandando mensagens de toda a meneira. 



Ele respondeu cínico.


- Joca está dormindo, mãe. Vai acordar ele suas mensagens. 


Era melhor a mãe achar que ele era gay do que achar que ele foi no baile funk.


Aqui vai uma versão levemente revisada e ampliada, só lapidando o ritmo e reforçando o subtexto — sem mudar sua voz original:


O baile funk era o lugar mais estranho da terra — armas, drogas e discursos de liberdade, tudo junto, tudo misturado, como se o caos tivesse virado uma religião.


João Alberto percebeu o erro tarde demais: aquele não era o baile da Nova Holanda, onde ainda havia um mínimo de controle.

Tinha ido parar no baile da outra facção.

Só não teve problema porque ainda era visto como “garoto de prédio” — aquele tipo que paga, dança, grava stories e vai embora sem entender o que acontece de verdade.


Havia uma mesa improvisada com todas as drogas possíveis, um mercado a céu aberto: loló, lança-perfume, balinha, cocaína, maconha.

Os meninos de boné vendiam como quem vendia doce em festa infantil.

Era o segredo sujo das elites: os mesmos playboys que tremiam de medo do baile vinham ali comprar barato pra revender caro nas raives “conceituais” da Zona Sul.


Um duplo padrão de moral e lucro.


João olhava tudo como se fosse um antropólogo bêbado — estudando a própria espécie.

Desde a última “experiência” com a moça crente, negra, evangélica e hipócrita, algo dentro dele tinha virado.

Não queria mais salvar o mundo nem fingir consciência social.

Queria curtir o privilégio de quem podia ir e vir, beber e voltar pra casa vivo.


Ficou até as nove da manhã.

O sol nascendo atrás dos prédios fazia o morro brilhar dourado, e por um instante, ele pensou:


“Sem tiroteio, esse é o lugar mais bonito do planeta.”


No caminho de volta, o celular vibrou como uma sirene: vinte mensagens da mãe.


Ele respondeu, cínico, com a cara amassada e um meio sorriso:


— “Joca tá dormindo, mãe. Vai acordar ele com essas mensagens.”


Era melhor a mãe achar que ele era gay do que descobrir que tinha passado a noite num baile funk.


Quer que eu continue a partir da manhã seguinte — talvez mostrando o impacto da denúncia de João saindo nos jornais (misturada ao escândalo da fuga da diretora) — ou prefere seguir pelo lado pessoal, mostrando ele tentando esconder a vida dupla da mãe e de Danussa?


O jornal local deu com nojo a repercussão do blogfazine de João. 



Na sala de investigação.


-Como você conseguiu? 


-Conseguiu o que?


-Não enterrar essa merda toda? 


Disse apontando os documentos. 


- Uma complexa rede de apoio. 


-Da polícia local?


-Claro, quem mais nos ajudaria?



Danussa não sabia o porque, mas tinha aprendido que até para amigos era melhor mentir do que falar a verdade. 


-E agora, o que vamos fazer? 


-Tentar reconstruir o arquivo do hospital com o que sobrou, rever alguns despesas discricionárias que vimos que estavam indo pra outros lugares. Vamos fazer a limpeza que a sociedade tanto anseia. 



-Não sei porque, sempre estranhei essa palavra, limpeza... 


Ao sair do Rio, não contou a ninguém e foi com o uber moto de sua confiança, não era do movimento, nem ladrão e apanhava da mulher.




-Você quer me levar pra São Paulo? Dou 2000 reais pra nunca dizer que nem me conheceu.


Ele achou que ela tava brincando e esfregou os olhos. 


-2000 mil reais? E pago combustível também. 


-É que saí do Rio fazendo muitos inimigos. Ele aceitou sabendo que se fosse pra levar porrada que levasse com 2 paus no bolso. Ele pegou o capacete extra e falou


-Vou fazer agora um frete pra São Paulo de uma carga de chinelos. 


-Chinelos é ruim, sua mulher vai pedir a amostra do que for que você leve. 


-Doces e brigadeiros, alfajos argentinos... Acho que isso você compra uma caixa apenas pra agradar aquele ogro que você chama de mulher.


- Lúcia é um amorzinho quando toma todos os seus remédios na hora certa. Ela só não pode tocar no álcool que vira outro ser humano.


 A Morte da Boneca Inflável


No hotel que parecia que Danussa estava hospedada, 5 homens de preto apareceram e o pessoal do hotel ia expulsar mas viram que era algum grupo ao qual não se podia dizer não. 


- Danussa Conceição, está hospedada aqui? 


- No quinto andar.


Disse a secretária que sabia que não ia morrer por um desconhecido com morte já planejada e juramentada.


As luzes estavam apagadas, eles ligaram a lanterna e viram um movimento na cama, confirmaram a meio luz, ela estava ali. 


Atiraram com armas israelenses, uma metralhadora e outra era um fuzil. Os tiros acordaram meio hotel hotel e chamaram a atenção da polícia. Eles fugiram todos, mas um foi pego, ficou pra trás ao ter a roupa presa na hora de fugir pela janela. 


No quarto quando a polícia chegou, Danussa não estava, o que gerou burburinho de todos os lados, um, a tentativa de homicídio, dois o carácter de previsão da mulher que previu que tinha data e hora para sair do Rio. 


O que se mexia na cama era uma boneca inflável dentro de lençóis de seda que tinha movimento. Ela comprou pra forçar eles a atirar mesmo se ela não tivesse ali. 


Ela soube quando chegou em São Paulo sobre o ataque e não pareceu surpresa nem um pouco. 


Aqui vai uma versão revisada e ritmada, mantendo tudo que você escreveu, só ajustando fluidez, pontuação e tensão narrativa — como se fosse o texto final de um roteiro ou romance:


O jornal local publicou a repercussão do blog fanzine de João com nojo — tratava o caso como “sensacionalismo de estudante”, mas a matéria já corria pelos grupos e coletivos da cidade.


Na sala de investigação, o clima era outro.


— Como você conseguiu? — perguntou o delegado.


— Consegui o quê? — respondeu Danussa, fria.


— Não enterrar essa merda toda? — disse ele, batendo nos documentos espalhados pela mesa.


— Uma complexa rede de apoio.


— Da polícia local?


— Claro. Quem mais nos ajudaria? — respondeu, sem piscar.


Ela não sabia exatamente por quê, mas já tinha aprendido: até para os amigos, era melhor mentir do que dizer a verdade.


— E agora, o que vamos fazer?


— Tentar reconstruir o arquivo do hospital com o que sobrou. Rever as despesas discricionárias, entender pra onde o dinheiro estava indo. Fazer a limpeza que a sociedade tanto anseia.


— “Limpeza”... — repetiu Danussa, com um meio sorriso. — Sempre achei essa palavra perigosa.


Quando decidiu sair do Rio, não contou a ninguém. Chamou o moto táxi de confiança — o mesmo que levava os viciados de madrugada, o que apanhava da mulher, mas nunca roubava ninguém.


— Você quer me levar pra São Paulo? — perguntou ela. — Dou dois mil reais pra nunca dizer que me conheceu.


William esfregou os olhos, achando que era piada.


— Dois mil? E pago o combustível?


— Pago o que for. Saí do Rio deixando muitos inimigos.


Ele deu de ombros.

— Se for pra levar porrada, que seja com dois paus no bolso.


Colocou o capacete extra nela e comentou:

— Vou fazer um frete pra São Paulo, levar uns chinelos.


— Chinelos é ruim — retrucou ela. — Sua mulher vai pedir amostra.


— Então doces. Brigadeiros, alfajores argentinos...


Danussa riu.

— Compra uma caixa pra agradar aquele ogro que você chama de mulher.


— Lúcia é um amorzinho... quando toma os remédios na hora certa. Só não pode beber — aí vira outro ser humano.


No hotel onde Danussa supostamente estava hospedada, cinco homens de preto chegaram pouco depois da meia-noite.

O segurança ia expulsar, mas bastou um olhar para entender: era gente que não se dizia “não”.


— Danussa Conceição está hospedada aqui?


— Quinto andar. — respondeu a secretária, que sabia que negar informação podia custar a vida.


As luzes do quarto estavam apagadas.

Eles abriram a porta com chave mestra, acenderam lanternas e viram o vulto de alguém na cama.

Confirmaram o movimento.


Atiraram.


Usaram armas israelenses — uma metralhadora e um fuzil.

Os tiros acordaram meio hotel.

A polícia chegou em minutos, mas os homens já fugiam pelas janelas.

Um deles ficou para trás — a roupa prendeu num gancho do ar-condicionado.


Quando a perícia entrou no quarto, a notícia caiu como bomba:


Danussa não estava lá.


O que havia na cama era uma boneca inflável, coberta com lençóis de seda, um motorzinho de ventilador por baixo — suficiente para simular respiração.


Ela tinha previsto tudo.

Sabia o dia e a hora em que viriam matá-la.


Quando chegou em São Paulo, Danussa ouviu a notícia do atentado pelo rádio.

Ficou em silêncio, olhando a estrada cinza pela janela.

Nem surpresa, nem medo — só uma constatação:


“No Brasil, fugir viva é a forma mais sofisticada de vingança.”

O jornal local não perdia a ironia com o crime e a desgraça alheia. 

Quer que eu continue a partir daí — mostrando como Danussa se reorganiza em São Paulo (talvez criando uma nova identidade e usando o blog de João como fachada), ou prefere que o foco vá para a investigação do atentado, mostrando William envolvido ou ameaçado por ter sido o motorista?


Na volta pra casa, chegando de madrugada, William se deparou com uma cena no seu quarto que deu nojo a ele.


Era sua mulher Lúcia conversando com Rodolfo, um homem branco, de meia idade e óculos. 


-Acabou tudo entre a gente.


Falava ele preocupado.


-Agora que sua mulher foi embora. Eu posso largar o William, podemos fugir juntos.


-Você não entendeu. Melou tudo. Ela quem tinha dinheiro. Vou precisar trabalhar agora e com essa denúncia nunca foi ser contratado. Precisamos nos afastar. 


William não fez escândalo. Foi ao bar sem ser visto, único lugar aberto e bebeu apenas o suficiente pra tomar coragem. 2 horas depois, viu ela sair pra ir ao trabalho. 


Pegou todas as suas coisas da casa alugada deles e foi para um hotel. Não contou pra onde vinha e apagou suas redes sociais. 


Quando Lúcia voltou pra casa, só estava escrita no espelho com seu batom mais caro a palavra que doeu


-Piranha interesseira


O médico que era casado com Lúcia olhou tudo nas coisas dela, achou alguns dólares perdidos mas agora maia do que nunca ansiava pela sua vida confortável antiga. 


Danussa voltava ao seu modo sem máscaras, sentia que podia até contar quem votou na eleição e coisas bobas assim. São Paulo só não tinha praia, até os fascistas eram mais educados na hora de caçar ou mandar grupo de extermínio atrás de você.


A corregedoria de SP tinha amigos de lá sim, e passou a ir todo dia para saber se havia novidade no interrogatório do único pego. 


Ela pediu avião da FAB e escolta e resolveu ela mesma tirar dúvidas do homem, mesmo sabendo que era como pisar em uma ilha de cobras. Mas agora os procedimentos de segurança estava ao seu lado. 


Ela muito fria se encontrou como sujeito


-Ademir Lourenço Jorge Maia...


-Deixa eu adivinhar, ex policial militar?


-A senhora leu minha ficha? 


-Não, só adivinho o óbvio. Vocês mataram a minha namorada, Cassandra, acho que não tem como gostar de você. 


-Pode falar o que quiser, eu não vou abrir o bico. 


-Claro, mas quem for que te protege, saiba. Você vai pra presídio federal, não cai na mordomia da cidade da polícia daqui. Esquece então você. 


Na volta pra casa, madrugada, William encontrou algo que lhe deu nojo.

Lúcia estava no quarto conversando com Rodolfo — homem branco, de meia-idade, óculos — e a cena tinha a frieza de um acordo selado.


— Acabou tudo entre a gente — dizia Rodolfo, preocupado.

— Agora que a sua mulher foi embora, eu posso largar o William. A gente pode fugir junto.


— Você não entendeu. Melou tudo. Ela que tinha dinheiro. Vou ter que trabalhar agora, e com essa denúncia nunca vou ser contratado. Precisamos nos afastar.


William não fez escândalo. Sumiu pela porta como sombra e foi ao único bar aberto, bebeu o suficiente para tomar coragem. Duas horas depois viu Lúcia sair para o trabalho. Voltou à casa vazia, apanhou suas coisas e foi para um hotel barato. Não contou nada a ninguém e apagou as redes sociais.


Quando Lúcia voltou, no espelho do quarto — escrito com seu batom mais caro — uma palavra que doeu:


PIRANHA INTERESSEIRA


Rodolfo vasculhou as coisas dela; achou alguns dólares escondidos. Agora, mais do que nunca, ansiava pela vida confortável que julgava perdida.


Danussa seguia sem máscaras em São Paulo. Dizia que gostava da cidade porque “pelo menos aqui os fascistas eram elegantes na hora de mandar um grupo de extermínio”. A corregedoria de SP tinha seus contatos; ela ia todo dia ao distrito para se informar sobre o único homem pego na fuga — o que prendera o casaco na janela e não conseguiu escapar.


Pediu avião da FAB, escolta, e resolveu ela mesma tirar as dúvidas. Sabia que era como pisar numa ilha de cobras, mas os procedimentos de segurança estavam ao seu lado.


No centro de custódia, entrou fria como sempre e cruzou o salão direto até a cela.


— Ademir Lourenço Jorge Maia? — disse, sem cumprimentos.


Ele sorriu com a calma de quem espera o script.


— Deixe eu adivinhar: ex-policial militar? — perguntou ele.


— Não li sua ficha. Só acerto o óbvio. — Danussa plantou a voz. — Vocês mataram a minha amiga, Cassandra. Não tem como eu gostar de você.


Ademir encolheu os ombros.


— Pode dizer o que quiser. Eu não vou abrir o bico.


— Claro — respondeu ela, sem perder o tom. — Mas saiba disso: quem te protege não vai te tirar da cadeia comum. Você vai para presídio federal. Vai esquecer essa mordomia que tem aqui. Esquece.


Ademir riu, um riso seco.


— Você realmente acredita que eu tô sozinho? 

— falou. — Tem quem pague pela minha calma. Tem quem escreva despachos e apague nomes. Vai ser mais fácil te calar do que me prender.


O ar entre eles ficou denso. Danussa não recuou.


— Tente. — disse. — Vai ser a única coisa que vai te dar sono nessa vida.


Ela saiu deixando-o com o riso no rosto. Lá fora, o guarda entregou a ela um envelope pequeno: havia uma foto de família com um político local ao fundo — a cara de alguém que gosta de se mostrar intocável. Danussa guardou a foto no bolso e caminhou para a van da escolta. A investigação só começava a ficar interessante.


 Advinha quem era o mandante


A foto revelava que podia ter mandante e o partido, era o marido da Rebeca, e no pior dos cenários, era ele mesmo quem queria se livrar da própria mulher e por isso ele servia aos políticos fisiológicos. 


Ela fez diferente. Sem diligência, apoio, sem escolto. Ela prendeu o cabelo e usou um boné com uma roupa velha e suada que parecia de estudante.

 

Ele segurou um revolver 32, pequeno e seguro e escondeu no bolso da sua jaqueta. 


Ela apareceu na casa do polícia desligando os alarmes e quando menos se esperava, encontrou o homem que tinha sido o mandante. 


-Você é rápida e esperta. Quase esquecemos que você é mulher. 


Disse com ódio nos olhos pesados e sem dormir. 


Ela mirou no peito e pensou, se ela não fosse ansiosa, estaria morta. 


-Querida, você deveria estar morta, sabia.


-Foi você quem pediu. Vou te matar agora. Você só se livra se admitir o seu crime, como que para Deus, uma coisa a máscara cai. 


TUDO BEM, EU tentei matar você, achamos que era você naquele hotel, Você avisou Rebeca pra ela fugir, devia ter recebido do esquema também


-Ela não levou o dinheiro. Ainda está nas ilhas caiman, vindas de um sindicato honorárico qualquer. 


-Quem vai ficar com o dinheiro?


-O tesouro, algum dia vai ser descoberto e virar erario público. Eu sou uma otimista. 


Nessa hora , ele tentou fugir, mas William que estava ali no quarto dele pegou ele por trás e imobilizou ele. 


Ela pegou seu celular e enviou para o email de seu jornalista favorito. 


Lá fora sirenes da polícia interrompiam o que seria um assassinato puro. 


Ela pegou ele falando de cada detalhe de sua morte. Pegando o testemunho de William, Ele lhe contou sobre Lúcia e sobre sair de casa. 



Danussa ao sair, disse a William que de todas as pessoas envolvidas, ele era certamente o mais sortudo. 


Ele dormiu na casa extra de um primo que comprara um terreno. Parecia o pior lugar do mundo, mas ali ninguém lhe batia, parecis até sonho. Ficava pensando que nunca ia arrumar uma mulher que ficava contigo, sem grana nenhuma mulher fica. 


Pelo menos agora podia ele mesmo se valorizar. Aprendeu a cozinhar e a limpar e logo pensou se não era bom também fazer essas coisas do que ver a mulher reclamando sempre.de fazer. Passou a entregar sua própria comida nas plataformas e a fazer dinheiro. 


O ex médico e politico tinha sido preso, eles haviam recuperado muito dinheiro e tudo. Mas e agora. Como sair o mais rápido possível desse lugar horrível. 



Mas antes, ela se encontrou no bar com João e William, ambos lhe dizeram que ela a pessoa mais rica que eles já haviam conhecido na vida deles. 


Ela disse que eles um dia podiam tentar concurso pra Polícia Federal. 


Os dois riram ao mesmo tempo de nervoso e não pararam mais. E fizeram ainda 20 piadas sobre como pobres ou favelados entravam com 400 anos de atraso para qualquer concurso, ainda mais de segurança pública. 


-Acho que essa não é nossa tribo, doutora. 


- Mas podia ser. 


-Paranoia de paulista. 


- Bom, tentaram me matar... 


- AH, não exatamente... 


- Mataram uma boneca inflável, doutora. 


- Mas ela era minha amiga poxa, prosa mais estável e proficus do que uns 200 homens perfilados. 


Ela abraçou cada um e apenas pediu algo. 


- Nada de filiação Psol? 


- E somos ricos, doutora? Talvez João aqui que estudou mais. 


-As meninas desse partido são muito bonitinhas, não dão mole não. 


-Ou talvez você tenha militado errado como dizem.


Os três riram e se despediram, mas por último quando William estava indo embora, do alto de sua inocência reparou que ela pediu pra ele depois da noite clarear, levar ela pra São Paulo enfim. Ela perguntou se ele tinha lugar pra dormir, que ela pagava. Ele foi gentil e disse que tinha um quarto totalmente extra, mas totalmente pobre para ela.


Eles partiram de manhã e ela estava tensa e armada. 


Prólogo


A saga do estagiário sortudo e levemente inocente

João levantou e abriu sua conta no banco. Anotou uma senha e um login que não era só de Sis Reg (cadastro oficial dos arquivo do governo). Tinha um nome no papel que estava embaixo de uma lixeira, da última vez que viu. Ele pegou.de raiva vendo um nome estrangeiro. 


Estava escrito, conta para usuário do banco dos playboys da faculdade dele. O mesmo banco que tinha no campus. 


Ele abriu esse login procurando o site. Ele quase não conseguiu acessar, mas sentiu se seguro de digitar em uma lan house com VPN. 


Ele abriu e tomou um susto. 


15 mil reais em um fundo previdenciário qualquer que ninguém ia conferir. 



Ele quase comemorou e se jogou no mundo de dinheiro. Mas não podia, não seria ético. 


O mundo girou e para ele se fez a real possibilidade de ser mais um comprado pelo sistema. Por uma sorte digna de loteria. A escolha de Sofia estava lançada. 


Para aprimorar a fluidez e reforçar o impacto cinematográfico, aqui vão alguns ajustes e sugestões pontuais:


-Querida, você deveria estar morta, sabia.

-Foi você quem pediu. Vou te matar agora. Você só se livra se admitir o seu crime — como que para Deus, uma coisa a máscara cai.

-TUDO BEM, EU tentei matar você. Achamos que era você naquele hotel. Você avisou Rebeca pra ela fugir, devia ter recebido do esquema também.

-Ela não levou o dinheiro. Ainda está nas Ilhas Cayman, vindas de um sindicato honorário qualquer.

-Quem vai ficar com o dinheiro?

-O tesouro. Algum dia vai ser descoberto e virar erário público. Eu sou uma otimista.


2. Epílogo (William e João):


-Nada de filiação Psol?

-E somos ricos, doutora? Talvez João aqui que estudou mais.

-As meninas desse partido são muito bonitinhas, não dão mole não.

-Ou talvez você tenha militado errado, como dizem.


Ela riu, mas o riso soou cansado. Pagou a conta, deixou gorjeta e levantou. O sol de fim de tarde atravessava o bar, e por um instante, os três pareciam livres.

João na lan house:


Ele abriu e tomou um susto.

Quinze mil reais em um fundo previdenciário qualquer que ninguém ia conferir.

Ele quase comemorou, quase se jogou no mundo do dinheiro. Mas não podia — não seria ético.

O mundo girou, e para ele se fez a real possibilidade de ser mais um comprado pelo sistema.

Por uma sorte digna de loteria.

A escolha de Sofia estava lançada.


A foto revelava que podia haver mandante e o partido; era o marido de Rebeca e, no pior dos cenários, ele mesmo quem queria se livrar da própria mulher. Servia aos políticos fisiológicos e, por isso, não havia como confiar em ninguém. 


Danussa decidiu agir diferente. Sem diligência, sem apoio, sem escolta, prendeu o cabelo, usou um boné e uma roupa velha e suada que a fazia parecer uma estudante qualquer. Levava escondido no bolso da jaqueta um pequeno revólver calibre 32, seguro e discreto. Chegou à casa do policial, desligou os alarmes e entrou sem ser percebida. Quando menos se esperava, encontrou o homem que havia sido o mandante.


Ele a observou com ódio e disse que ela era rápida e esperta, quase esquecendo que era mulher. Ela mirou no peito dele e pensou que, se não fosse ansiosa, já estaria morta. Ele ainda tentou provocá-la dizendo que ela deveria estar morta, e ela respondeu com calma que ele mesmo havia pedido por isso. Disse que só se livraria se admitisse o crime, diante de Deus, como quem deixa cair a máscara. 


O homem, tomado pelo desespero, gritou que realmente havia tentado matá-la, que achara que ela estava naquele hotel e que ela própria avisara Rebeca para fugir, provavelmente por ter recebido dinheiro do esquema. Danussa respondeu que Rebeca não levou nada e que o dinheiro ainda estava nas Ilhas Cayman, proveniente de um sindicato honorário qualquer. Quando ele perguntou quem ficaria com o dinheiro, ela respondeu que o tesouro seria descoberto algum dia e viraria erário público, porque, apesar de tudo, ainda era otimista.


Nesse momento, o homem tentou fugir, mas William, que estava escondido no quarto, o imobilizou por trás. Danussa pegou o celular e enviou todo o material para o e-mail de um jornalista de confiança. Lá fora, as sirenes da polícia interromperam o que seria um assassinato puro e simples. Ela conseguiu gravar o mandante confessando o crime e também o testemunho de William, que contou sobre Lúcia e sua decisão de sair de casa. Ao deixar o local, Danussa disse a William que, de todos os envolvidos, ele era o mais sortudo.


William passou a noite na casa extra de um primo que havia comprado um pequeno terreno. Era um lugar pobre e abafado, mas ninguém lhe batia, e ele dormiu em paz. Pensou que nunca encontraria uma mulher que ficasse com ele sem dinheiro, mas pela primeira vez podia se valorizar. Aprendeu a cozinhar, a limpar, e percebeu que preferia isso a ouvir reclamações. Começou a preparar comida para vender e logo passou a entregar nas plataformas de aplicativo. O ex médico e político havia sido preso, e grande parte do dinheiro recuperado, mas ainda restava a dúvida: como sair o mais rápido possível daquele lugar horrível?


Antes disso, Danussa encontrou-se em um bar com João e William. Os dois disseram que ela era a pessoa mais rica que já haviam conhecido na vida. Ela respondeu brincando que eles deviam tentar um concurso para a Polícia Federal.


 Eles riram nervosos, dizendo que aquela não era a tribo deles, e ela apenas sorriu. João comentou que tudo aquilo era paranoia de paulista, e ela lembrou que tentaram matá-la. William corrigiu dizendo que, na verdade, tinham matado uma boneca inflável. Danussa, com tristeza e humor, respondeu que a boneca era sua amiga, mais estável e produtiva do que duzentos homens perfilados. 


Abraçou os dois e pediu apenas que não se filiassem a nenhum partido duvidoso. Eles riram de novo, João comentou que talvez ele fosse o mais estudado, e William fez piada dizendo que as meninas do partido eram bonitas, mas não davam mole. Danussa respondeu que talvez eles é que tivessem militado errado.


Os três riram e se despediram. Quando William se preparava para ir embora, ela pediu que, depois que a noite clareasse, ele a levasse para São Paulo. Perguntou se ele tinha um lugar para dormir e disse que pagaria. Ele respondeu que tinha um quarto extra, pobre, mas vazio, e ela aceitou. Partiram ao amanhecer, ela tensa e ainda armada.


No prólogo de tudo isso, João acordou cedo e abriu sua conta no banco. Encontrou um papel sob uma lixeira, anotado com uma senha e um login que não eram do SisReg. 


No papel, lia-se “HSBC — conta para usuário Santander”. Ele acessou o site de uma lan house usando VPN, e, ao conseguir entrar, levou um susto: havia quinze mil reais em um fundo previdenciário esquecido, que ninguém jamais conferiria. Quase comemorou, quase se jogou no mundo do dinheiro fácil, mas parou. Não seria ético.


O mundo girava diante dele, oferecendo a real possibilidade de se tornar mais um comprado pelo sistema. Por uma sorte digna de loteria, ele tinha nas mãos a escolha que definiria o futuro. A escolha de Sofia estava lançada. O estagiário se corromperia e viraria quem tanto criticava?


Danussa iria investigar ou alguém investigaria o arquivo morto dos japoneses mortos na ditadura? Ou ficar por isso mesmo?


William teria alguma esperança de CLT e direitos trabalhistas? E o blog de João Alberto, teria sucesso com o tom denuncista, ou ele teria que comprar impulso nos seus posts? E O Rio de Janeiro, quando vai ter um governador de novo? 


FIM

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