O governo federal pretende transformar o país em uma vitrine mundial de desenvolvimento sustentável durante a COP30, conferência do clima das Nações Unidas que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. Sob o slogan “Novo Brasil: verde, justo e digital”, o Ministério da Fazenda apresentou nesta semana uma estratégia voltada a atrair investimentos internacionais e reforçar a imagem do país como referência em economia verde
Um plano de crescimento “com sustentabilidade e inclusão”
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta é demonstrar que o Brasil pode crescer economicamente sem ampliar o desmatamento e sem comprometer metas de neutralidade climática. O governo aposta em instrumentos como o mercado regulado de carbono, títulos verdes soberanos, financiamentos sustentáveis e projetos de bioeconomia na Amazônia.
“Queremos mostrar que o Brasil pode liderar uma nova economia global baseada em energias limpas, inclusão social e respeito ao meio ambiente”, declarou Haddad durante o evento “Novo Brasil: o futuro sustentável começa agora”, promovido em Brasília.
O plano também inclui parcerias com estados e municípios para expandir programas de energia renovável e restaurar áreas degradadas, além de linhas de crédito verde pelo BNDES e Banco do Brasil.
COP30: palco internacional
A COP30, marcada para ocorrer entre 10 e 21 de novembro, será a primeira edição do evento sediada na Amazônia e deve reunir mais de 30 mil participantes entre líderes globais, cientistas e ativistas ambientais.
O encontro será considerado um teste político importante para o governo Lula, que busca recuperar a credibilidade ambiental perdida durante gestões anteriores. A expectativa é que o Brasil apresente resultados concretos sobre redução do desmatamento, transição energética e inclusão social nas políticas climáticas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o país “voltou a ser parte da solução climática global”, citando a queda no desmatamento da Amazônia e a ampliação de projetos de reflorestamento comunitário.
Investimento estrangeiro e críticas
Analistas apontam que o governo busca usar o discurso ambiental também como estratégia econômica, tentando atrair fundos internacionais que priorizam sustentabilidade, como os green bonds e os fundos ESG.
No entanto, há críticas de ambientalistas e organizações sociais que consideram o plano ainda genérico e sem metas claras de monitoramento. Segundo a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o país “precisa ir além do marketing verde” e apresentar compromissos mensuráveis, sobretudo nas cadeias produtivas da pecuária e mineração.
“Sem políticas firmes contra o garimpo e o desmatamento ilegal, o discurso de liderança climática fica comprometido”, afirma o ambientalista Carlos Rittl, ex-secretário do Observatório do Clima.
Desafio de equilibrar economia e ecologia
A proposta do “Novo Brasil” tenta equilibrar interesses ambientais com pressões de setores econômicos. Produtores rurais e representantes do agronegócio defendem que as novas regras de crédito verde considerem também pequenos e médios produtores, evitando restrições que possam travar a competitividade.
Enquanto isso, especialistas destacam que o sucesso da estratégia depende da coordenação entre ministérios e da transparência dos investimentos.
“Se o Brasil conseguir provar que há retorno econômico na preservação ambiental, pode se tornar um modelo global de desenvolvimento sustentável”, avalia a economista Natalia Soares, do Insper.
Próximos passos
O governo deve lançar até o fim de outubro um relatório de sustentabilidade com indicadores atualizados sobre emissões de carbono, recuperação florestal e investimentos verdes. O documento será apresentado oficialmente em Belém durante a COP30.
Com a promessa de mostrar um “Brasil renovado”, o país busca não apenas protagonismo climático, mas também credibilidade política e econômica no cenário internacional.

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