Nascido em 1950, Silvio Tendler ficou conhecido como "cineasta dos vencidos", ou por "cineasta dos sonhos", logo ele se transformou no maior nome dos documentários históricos e fez isso levantando informações importantes sobre pessoas que ficaram esquecidas ou que foram perseguidas pela sociedade. Essa lista mostra 5 filme dele que representam o conjunto da obra do autor
A trajetória de Sílvio Tendler como documentarista é única e especial, é meu documentarista brasileiro favorito, sabendo usar de conhecimento histórico para sustentar suas análises. Então pensei nessa lista que enumera obras do cineasta que mais tocam o tema de história do Brasil, através de grandes figuras como Tancredo Neves, JK e Jango.
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Ele tem uma estética similar em algum sentido com o Michael Moore nos EUA. Ambos são natos em saber usar imagens de arquivo e históricas em narrativas ricas de significado e valor. Eu recentemente revi o Utopia e Barbárie e admirei muito essa forma dele de abordar a ideia de desenvolvimento e contexto geral que aborda após as duas grandes guerras.
Isso e depois o Vietnã marcaram uma juventude que pensou mudar tudo radicalmente no Maio de 1968 e que depois amargou um período de fechamento político que só acabaria em 1974. Legal ver a Susan Sontag no documentário falando sobre o define o que é histórico para uma sociedade.
Ele utiliza muitas vezes de depoimentos de pessoas de interessante do mundo cultural e sabe mesclar opinião com bom embasamento em evidências históricas. Por isso que vemos muito dessa alma histórica muito dos seus documentários biográficos históricos.
- Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980)
- Jango (1984)
- Utopia e Barbárie (2009)
- Tancredo Neves - A Travessia (2010)
- Glauber, o Filme – Labirinto do Brasil (2003)
Esse documentário mostra o clima de entusiasmo da redemocratização após a derrota das diretas já, e a preocupação nacional com a doença de Tancredo, que todos queriam ver presidente. Depois da morte de Tancredo quem assumia era José Sarney, considerado na época adido do regime militar.
Um filme que discorre sobre a força da utopia, fala sobre a mentalidade do fim da guerra, os baby boomers, a crença no americanos através do gibi, a descrença gerada no Japão após os EUA jogar a bomba atômica, a utopia do sionismo e a ideia de socialismo que não pensa na miséria do povo palestino.
Acho que Silvio Tendler, que faleceu recentemente demonstra essa forma de coragem da verdade, de uma forma de abordar intensamente os processos de evolução, dialética e evolução política e histórica do nosso país.
O doc do Jango e do JK são ambos dos anos 1980, e servem como janelas para conhecer a personalidades de dois importantes líderes nacionais de antes da ditadura militar.
Esses documentários mostram dois importantes ex presidentes e explica um pouco sobre as tentativas de golpe anteriores a 1964 e explica a escolha de Sofia que fez Jango ceder ao parlamentarismo.
O que pode se ver na maioria de suas obras mais marcantes, é a preocupação em registrar momentos cruciais da história política e cultural do Brasil.
Os Anos JK - Uma Trajetória Política (1980) abriu espaço para Tendler como “o cineasta dos vencidos”, trazendo uma leitura crítica e afetiva sobre o governo Juscelino Kubitschek, símbolo do desenvolvimentismo e da modernização, mas também alvo de perseguições após o golpe de 1964. O filme repercutiu fortemente na redemocratização.
Jango (1984) consolidou sua voz política ao revisitar a trajetória de João Goulart, presidente deposto em 1964. O documentário tornou-se um marco da memória nacional, exibido em praças públicas e ligado ao processo de mobilização pelas Diretas Já, reforçando o cinema como instrumento de cidadania.
Glauber, o Filme – Labirinto do Brasil (2003) desloca o olhar da política institucional para a cultura, retratando a vida e a obra de Glauber Rocha. Aqui, Tendler articula cinema, arte e resistência, destacando a importância de Glauber como símbolo da luta cultural contra o autoritarismo, da ideia nativista ao estilo Pokicarpo Quaresma. Glauber era incrível, participou de filme do Godard, fez filme de faroeste na África, tinha escritos sobre o cinema de altíssimo nível e gostava dos clássicos, Eiseistein e John Ford. Silvio também fez um doc sobre Castro Alvez, poeta romântico baiano do XIX que Glauber dizia que era ele reincarnação.
Mais ainda, ele morreu aos 42 anos como Castro Alves e costumava a dizer que ia embora dessa forma. Como explicar a esperança de Glauber? Darcy Ribeiro falou bem em seu funeral, Glauber chorava a fome e a dor de todos os brasileiros e é verdade.
Utopia e Barbárie (2009) é uma síntese mais ampla, fruto de 19 anos de pesquisa. O documentário vai além do Brasil e conecta o destino de uma geração de militantes, artistas e intelectuais ao sonho das utopias revolucionárias e às frustrações da barbárie política e social do século XX.
Tancredo Neves – A Travessia (2010) recupera o personagem que simbolizou a transição democrática nos anos 1980, um líder que uniu diferentes forças políticas, mas cuja morte repentina abriu um vazio e marcou a redemocratização com um tom de luto e expectativa.
Ao selecionar essas obras, vemos a importância de Tendler em preservar a memória coletiva, resgatando figuras históricas e momentos decisivos. Cada filme funciona como uma peça de um mosaico maior, no qual a política, a cultura e as utopias brasileiras são revisitadas para compreender não apenas o passado, mas também as esperanças e dilemas do presente.
São todos documentários que mergulham na História do Brasil e do mundo contemporâneo.




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