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Dexter: Resurrection (2025): A volta do passageiro sombrio em New York - Análise da 1º Temporada Completa


Quando Dexter: New Blood chegou ao fim em 2021, todos acharam que ele estava morto, mas a nova aposta da franquia mostra a ressurreição de Dexter. O elenco da temporada contou com nomes de peso como Neil Patrick Harris, Peter Dinklage como Leon Prater, Uma Thurman como Charley e Krysten Ritter como a Dama Vingança. 



A série fala da nova vida do filho Harrison, enquanto Dexter tentava a vida com uma nova identidade. Quando ele sabe que Harrison precisa de sua ajuda ele volta a ser o velho Dexter.

Depois do final da série original em 2013 muitos fãs ficaram frustrados e depois também em 2021, com Dexter New Blood, vimoso que parecia ter na época um final definido. Com novos e velhos personagens, o novo projeto parece ser uma das melhores produções atuais na televisão e conta com a animação dos fãs.

Muitos fãs aceitaram a morte de Dexter Morgan como um encerramento traumático, mas talvez justo, mas para nossa surpresa, Dexter voltou de novo e em grande estilo.  

O Açougueiro de Bay Harbor havia feito sua última vítima muitos anos atrás, mas voltava dos mortos para mais uma saga. Agora o açougueiro rouba a identidade do "passageiro sombrio" que ele mesmo já havia matado e assim ele começa a interagir com uma espécie de clube secreto de matadores, uma espécie de liga da justiça perversa, que Dexter quer, contraditoriamente, se infiltrar para acabar com ela de dentro, um a um. Mas parece que os membros dessa liga logo desconfiaram dele. 





Agora temos uma espécie de guilda, sindicato secreto de serial killers e outras surpresas. Dexter está de volta  de novo. A Showtime (Paramount+) lançou uma nova série chamada “Dexter: Ressurreição”, e os primeiros episódios já estão provocando discussões, controvérsias e uma certa empolgação. 


Enquanto a série que se propôs a ser uma forma de origem de Dexter, Pecado Original foi cancelada. Mas essa série aqui foi garantida a segunda temporada. 


Se Harrison havia atirado nele antes com ajuda da ex de Dexter, ela havia se arrependido e retirado as acusações contra Dexter, plot apontado como furado até por dizer que droga que Dexter usava era ketamina. Iniciando um novo momento de recuperação da franquia. 


Três anos após os eventos de New Blood, a série se inicia em uma clínica psiquiátrica prisional, onde é revelado que Dexter forjou sua própria morte com a ajuda de um cúmplice desconhecido. Seu filho, Harrison, acredita que matou o pai e está foragido, assombrado pela culpa. A série brinca com a ambiguidade Dexter realmente morreu ou foi mais uma manipulação de mestre?




Personagens novos e novos serial killers são o mote dessa temporada em Nova Iorque.  Interpretados pelos atores Neil Patrick Harris e Krysten Ritter. Dexter se sente atraído pela moça mas debate os limites éticos de uma assassina fria, por isso passa a observar o que faz. Levando ele a impedir um assassinato denunciando a polícia em uma ligação anônima. Assim ele cruza uma evidência de uma morte de Harrison e ajuda o filho a se livrar da polícia.




Dexter conhece o mundo uber e quando um serial killer da área começa a chamar atenção por roubar o alter ego secreto de sempre, "O passageiro das sombras (dark passager), que também é nome de um filme do Bogart de 1947. 

Dexter Morgan (Michael C. Hall) está mais velho, mais contido, mas com os velhos métodos. Há uma sensação de que seu "Passageiro Sombrio" voltou, mas agora mais filosófico, até melancólico. A série mergulha em temas como redenção e legado e tradição versus modernidade. 

Além do debate clássico da criminologia sobre o sujeiton comportamento e perfil. Dexter seria impossível para a realidade pensada, mas como série funciona e debate os limites da ética do ser humana e a responsabilização. Como ajudar alguém sem você mesmo ir junto? Esses dilemas morais são ótimos. 
 




Harrison Morgan (Jack Alcott) retorna como fugitivo, tentando fugir do ciclo de violência. Ele volta como um garoto bom, que tenta ser bom. Até sua primeira morte tinha sido para proteger uma mulher de estupro no hotel que trabalhava. 
 
A volta trás atores muito famosos como Uma Thurman (Kill Bill), Krysten Ritter (Jessica Jones) como A Dama Vingança e Peter Dinklage (Game of Thrones). 




O primeiro episódio mostrava uma clínica remota no Oregon. Um homem chamado "Daniel Kepler" acorda após uma cirurgia. Flashbacks revelam os acontecimentos pós-New Blood: o corpo de Dexter nunca foi encontrado. Depois descobrimos o motivo. 

Dexter acorda de um coma de dez semanas após ter sido baleado no peito por Harrison. Nosso assassino titular está de volta.

Mas antes de realmente despertar, somos levados a uma viagem pelo passado. Arthur (o Assassino da Trindade) aparece em suas visões e explica que Dexter “precisa passar pelo inferno para alcançar a ressurreição.” O problema dele sempre foi tentar ter tudo. O caminho que Dexter trilha é solitário, e ele é encorajado a seguir firme e tentar ajudar o filho. Doakes, Harry e Trindade aparecem para ele. 






Enquanto isso, Harrison tenta seguir com a vida. Está trabalhando no Empire Hotel e até passou no equivalente ao supletivo (GED)  e refez completamente a vida, se tornando um "ótimo rapaz". 

É bem visto pelos colegas e se dá bem com os clientes também. Infelizmente, ele também tem vislumbres do passado que ameaçam desestabilizar tudo, especialmente o fato de ter matado o próprio pai. Dexter descobre e mata o assassino de ubers depois que ele acha que "pegou" Dexter como motorista. 

Está claro que ele não vai escapar tão facilmente de seu passado e de seus impulsos. Queira ou não, provavelmente vai precisar da ajuda de Dexter  e logo! No último episódio, ele ajuda Harrison colocando o relógio do cara que ele matou nas coisas da Dama Vingança (uma vigilante assassina com amigos poderoso) e faz ela ser presa, desmontando a teoria da policial do caso, que trabalha ouvindo música. 

No hotel, Harrison conhece Shauna, que acaba de chegar de Iowa. Numa das noites, ela bebe demais e mal consegue ficar em pé. Um sujeito nojento chamado Ryan Foster finge ser o marido dela para levá-la para um lugar isolado. Harrison percebe que tem algo errado e logo descobre que Ryan a drogou.

Harrison intervém e mata o homem na hora. Ao perceber o que fez, tenta limpar a cena o melhor que pode antes de levar Shauna para o quarto dela. Curiosamente, ele usa todos os truques que Dexter lhe ensinou para se livrar do corpo e parece que funciona... ou não?

Os lixeiros descobrem partes do corpo cortadas ao descarregar sacos pretos no cais durante a triagem do lixo. 

Enquanto isso, Dexter já está acordado e se movimentando, embora ainda não consiga andar sozinho. Um policial de Iron Lake, Teddy Reed, aparece com um recado de Angela, que deixou a cidade após o tiroteio. “Estamos quites. Agora caia fora de Iron Lake.” 


Curiosamente, Angel Batista aparece e reflete sobre o que aconteceu com Debra, e como Dexter se mudou para Iron Lake, longe de Miami. Mas as coisas pioram quando Angel aborda o ponto crucial: tanto Maria quanto Angela acreditavam que Dexter era o Açougueiro de Bay Harbor embora, oficialmente, Doakes tenha sido responsabilizado. Deixando Batista certo de que ele precisa se vingar de Dexter e ele exagers demais seu punitivismo. 

Dexter foge de Angel quando percebe que ele sabe de tudo sobre sua vida antiga. Quinn acaba revelando no telefonema que Batista agora é um policial aposentado. Levando a detetive a pedir pra ele ir embora por ele parecer; claro, um justicialista. 

Porém, ao saber sobre o corpo esquartejado encontrado em Nova York, começa a perceber que Harrison é o responsável. O homem morto era um empresário sórdido e reincidente em crimes sexuais, então o fato de Harrison estar "seguindo o código" parece encaixar-se perfeitamente. Muita coisa muda e Dexter agora quer separar seu lado serial killer do seu lado pai. 

Dexter foge da clínica, escapando dos olhos atentos de Batista, e segue para Nova York. Lá, encontra Harrison e se prepara para falar com ele. Mas observa ele a distância primeiro. Seguindo os passos do pai, Harrison mata um predador sexual que ia fazer mais uma vítima no hotel que ele trabalha. 

Em NY, Dexter faz novos amigos conhecendo um motorista de plataforma, onde ele aluga a casa extra do cara, mesmo depois brincando com ele porque ele "sem querer" contar para filha dele que ele tinha sido uma criança soldado que emigrou para a América para começar uma vida nova. Logo, o dilema debate ascensão social e se deve-se ou não custear uma faculdade, já que elas são caras e de qualidade duvidosa. 

Ele conhece Leon Prater, se tornando aqui o personagem mais importante para o fechamento do arco por ele ser o homem que por trás financia assassinos, e ao mesmo tempo a polícia. Ou seja, a série se atualiza na própria crítica e sabe como nenhuma outra série americana debater com realismo os limites da ideologia entre esquerda e direita. Das séries atuais, parece ser aquela que está mais agradando público e crítica. 

Dexter tenta suprimir seus impulsos, vivendo no anonimato enquanto frequenta sessões de terapia ordenadas pela justiça. Mas quando uma série de assassinatos imita seu estilo  preciso, ritualístico, moralista ele começa a se perguntar: alguém está copiando ele, ou ele está cometendo os crimes em estados de apagão mental? 

O que Dexter: Ressurreição faz bem, ao menos nos episódios iniciais, é honrar o tom original tentando ao mesmo tempo evoluir, temos a volta de Doakes e de outros personagens clássicos como Harry e Trindade que voltam a assombrar a mente de Dexter. Temos Batista, Quinn e até Masuka aparece em uma cena. Podia ter mais disso, mas há o risco da vida antiga de Dexter. 

Evita o gore gratuito e aposta no impacto psicológico de ser um assassino que tentou ser pai, um homem que seguiu um código, mas deixou o caos atrás de si. Tem muita uma volta da estética CSI clássica e do próprio Dexter.
 
A série começou fora do escopo de série policial e pouco a pouco foi voltando ao gênero de investigação só explorar a ligação da polícia com financiamento privado vindo de bilionários. Alguns detalhes são ouro, como a policial que quebra tudo ao escutar Stayin' Alive do Bee Gees, a Claudette. Um nosense pra mostrar que mesmo respeitando os cânones gerais desse tipo de série, de criar fortes personagens policiais, por exemplo, mesmo assim, a série não sai do foco e vira outra coisa. Ela mantém um alto nível de continuação, uma espécie de fidelidade, criando uma familiaridade mesmo com a nova série. 

Caso contrário, corre o risco de se tornar mais um reaproveitamento póstumo. Mas até agora a série se destacou positivamente por mesclar o velho e o novo. 

Além do destaque da interpretação de Michael C. Hall que parece que nasceu para ser o Dexter, segura as pontas soltas de qualquer estória. Uma interpretação que está no hall dos melhores atores da América. Essa temporada, ele conheceu Blessing Kamara, um motorista de aplicativo que realmente gostou de Dexter. Mas temos que entender que Dexter se infiltra facilmente. 

Ele é uma pessoa boa? Má? Se seguirmos o burro comportamentalismo da direita americana e analisarmos Dexter apenas como um monstro, perdemos o espectro de humano e herói, guerras e processos históricos diversos, como dá para ver que Dexter prefere tentar agora o perfil mais nas margens da sociedade. Dexter sempre se colocou como progressista e não racista e elitista. Seu código falava sobre sujeitos abjetos, sempre piores do que ele. Resultando na serie clássica um eterno debate.






Além de sempre atrair atores e atrizes queridos do público, a nova série ainda debate os limites éticos do comportamentalismo americano e a função ou não dos anti-heróis como Dexter. Ele conhece uma nova família de emigrantes e vira amigo deles em NY, se adapta exatamente por ser um outcast e uma máquina de sobrevivência. 

Apesar disso, é sempre debatido os limites da aspiração e inspiração desses tipos vigilantes, cruzando o universo da série com uma abordagem mais pulp e quadrinho.  

Nos últimos episódios tivemos muitas revelações. A morte da Dama vingança na cadeia salvou Dexter de ser implicado por esconder evidências, no caso o relógio. 

A tentativa de colocar Harrison pra estudar desenvolveu boas metáforas da série, e vimos Dexter mostrando toda sua experiência contra o justicialismo da policial, que apesar de boa, não é "nível dexter". 

O assassino gemini (que matava em dupla escondidos) deu uma mega trabalho para Dexter que teve que matar um e depois matar seu irmão em uma cena épica onde ele faz o serial killer o atacar de raiva e o mata em "legítima defesa" na primeira morte assistida com plateia de Dexter. 

Nesse 1x08, aconteceu várias coisas  impressionantes. A guilda dos serial killers finalmente percebe que Dexter quer acabar com eles e encontram Dexter com seu filho e logo ele fica neurótico com medo de usarem seu filha para se vingar dele. 

Outro fato marcante é como Dexter se livrou do personagem do senhorio/locatário que incomodava a amiga de Harrison. Um plot que podia muito bem ser ruim virou um momento onde Dexter é quase pego por Batista, o homem que Dexter estava assustando e falou em "nome dos inquilinos" (ator do Pussy de Sopranos) saiu correndo.  

Então não teve corpo e nem nada. Fazendo a nova detetive a desconfiar de Batista que ela descobre ser recém aposentado. Ou seja, ele está errado também em uma busca justicialista. Conhecemos então a nova namorada de Harrison, uma loirinha que faz criminologia na faculdade que ele agora está estudando.  





No 1x09, Batista encontra seu destino e até o fim Dexter mostra que segue o seu código. Ele se desespera porque descobriram a identidade do seu filho e quem ele era quando Batista tenta alertar sobre Dexter. 

O 1X10 (season finale) último episódio foi emocionante demais. Vimos que Dexter ficou trancado na sala isolada do bilionário junto ao corpo de Batista, que desconfiou de Dexter até o fim. Mas Dexter não o matou. 

Até agora ele se manteve no código quase como milagre, apesar de tantas reviravoltas e da influência que alguns pensam ser negativa de Dexter. Dexter agora é melhor pai do que era antes. Pediu a Harrison ajuda para sair de lá.

 Quando ele já saia sozinho, Harrison é avistado efeito de refém, Dexter volta e o presidente da guilda, aquele que doava para a polícia é a última morte de Dexter da temporada. Ele ainda pega o iate super caro do bilionário e descarrega o corpo agora em New York, não mais Miami. 





A série tocou em muitos pontos sobre a visão do Dexter mas esqueceu de aprofundar esses novos personagens, como Charlie ou mesmo a policial. Harrison na faculdade foi legal, Dexter recusando dinheiro também. 

A série ainda termina refletindo sobre a própria série, dizendo por fim, sou o que quero ser, ou o que você quer. Herói, policial, bandido, serial killer, o público pode escolher o peso do martelo da justiça nessa trajetória. 

Mas por fim, gostaria de debater algo adicional. Dexter foi originalmente inspirado em livro. Até a 3 temporada era bastante parecido, depois mudaram algumas estórias. Mas vale pensar quem e Dexter? 

Sempre foi vendido como um monstro, explicado como alguém que tem o sangue gelado, não expressa emoções. Toda sua vida, seu pai policial e que o adotou muito jovem pensou em um código para ele, o "Código de Harry", que brinca com aquela ideia clássica vinda do filme Dirty Harry.



Então, Dexter que poderia ser um monstro pelos seus laudos e exames corresponde ao modelo de análise comportamental (de Skinner) como forma de dizer que a pessoa não teria valores morais ou sentimentos por não demonstrar esse tipo de atividade mental. 

Mas nem toda verdade vem das academias americanas, e Dexter prova isso sendo um grande herói improvável sem cair no clichê que negaria o próprio código da série, que se preza pelo realismo. 




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