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Tróia (2004): Grande produção com Brad Pitt como Aquiles adapta o poema Ilíada de Homero


Em 1185, o rei Agamenon une a Grécia, mas a paz está longe do ideal de ambos os lados. Aquiles, é um guerreiro que batalha na guerra do rei, apesar de odiar o rei tirânico também. Páris começa um caso com a mulher do irmão dele, Meneleu, rei dos Espartanos, a mulher mais linda do mundo, Helena. Páris foge com Helena e começa a sangrenta guerra que dura 10 anos. A conquista de Troia marca o domínio dos gregos no mar Egeu



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Lembro da faculdade de história, li Odisseia mais por prazer (ninguém tinha exatamente passado, passavam mais leitura de peças como de Sófocles e coisas assim literárias), e lembro que ficar impressionante como soava para mim moderno e quente e um pouco incompreensível, para dizer a verdade, mas isso é apenas um reflexo do gênero, mesma coisa com a Epopeia de Gilgamesh


Vemos essas pequenas diferenças de gêneros textuais e historiográficos, a nossa história é dividida basicamente em quatro tradições, a Greco-Romana a mais recorrente, sobre guerras e eventos fundamentais e militares, como Heródoto e Tucídides, visando a busca pela verdade e a análise mais crítica, a segunda a tradição cristã narrativa (ou judaico, teleológica), como Eusébio ou Agostinho e a tradição moderna e europeia ( historiadores como Ranke), e a tradição oriental narrativa ou persa, parecida com o estilo de Epopeia de Gilgamesh. 


Ilíada e Odisseia aparecem como a versão antiga, primal e grega da mesma coisa, conta a visão da guerra dentro do campo de visão dos grandes feitos fundadores (algo que a tradição ocidental e oriental compartilham), de grandes homens, envolvendo líderes  e personalidades fortes e reflete também valores sociais em crônicas de modernos administradores desse antigo e complexo nicho que era o Império Persa. 



Mas quando li Odisseia pela primeira vez com 18 anos, algumas coisas do livro ficavam expostas para mim como grandes mistérios e aventuras, cheias de superstições e estórias de heróis de guerras para mim pelo caráter narrativo do texto, mas é exatamente o que , isso porque não tinha lido junto Ilíada. Esses dias acabei tropeçando na rua e achando Ilíada e voltei nesse tema e foi uma leitura muito prazerosa mesmo. Lembro de ter pensado muito sobre Helena e Paris e sobre o caráter de Aquiles. 



O interessante é que os filmes também focam nisso, nessas diferenças de personalidades, do rei para o soldado, por exemplo. Assisti dois filmes com temas parecidos, mas diferentes em essência e produção, um é Helena de Tróia, focado na irresistível personagem e no seu magnetismo pessoal. Helena é verdade igual esse filme de um ano antes do outro aborda foi raptada por Teseu muitos anos antes de Paris. Outro detalhe louco é que quando a guerra acaba, Helena volta para casa com seu marido Meneleu, o corno mais manso de todos os tempos. 


Apesar da pesada cena de morte de Agamenon, o filme não causava tanta potência quanto esse Tróia, em título simples, Troy, focado em Aquiles. Apesar de muito romancear os gregos (Hollywood é claro), também não se furta de alguns debates e contradições históricas importante na figura desses "imortais".



Existem várias adaptações, especialmente modernas que debatem o valor do mito fundador que é Ilíada e Odisseia, consideradas umas das primeiras obras históricas, fazendo Homero um dos primeiros historiadores por associar narrativas individuais, como as de Helena e Agamemenon, com as consequências e motivações políticas por trás de suas ações. Existe uma adaptação moderna dos temas clássicos. Vale  lembrar do também muito bom filme clássico Ulisses de 1954 com Kirk Douglas. 


Todos conhecem a história da guerra de Troia, uma das primeiras batalhas da civilização ocidental conhecidas pelo homem e que edificou as lendas, mitologias e também histórias reais envolvendo civilizações antigas. Vamos falar sobre história para entender um pouco sobre esse mundo e esses personagens. Todos sabem também que a Grécia não era um país só, era um conglomerado de cidades-Estado, algumas delas mais ferrenhas guerreiras que outras, como Esparta. 


Mesmo com a perspectiva da "paz da democracia política" fundada como ideal ocidental pela primeira vez com os gregos, a guerra de Troia era mais marcante enquanto influência literária, como disse o Aquiles no final do filme. O filme faz parecer que a guerra durou apenas algumas semanas, mas foram quase 10 anos de cerco grego em Tróia. 


- e se perguntar sobre mim diga que combatia entre os grandes, ao falar de Aquiles que escolheu a guerra até o fim e se arrependeu, ao morrer para Paris, o guerreiro mais bravo e corajoso morreu para o mais covarde, aquele que combatia protegidos pelos regimentos que morriam para proteger ele da guerra que ele mesmo começou. Não consigo não comparar a guerra de Tróia com o conflito atual Israel e Palestina, até porque no século III, a influência de Flávio Josefo em um hibridismo entre a cultura grega e a judaica, o que envolve a forma de "divulgação" da cultura grega pouco antes da conversão em massa dos romanos em cristãos, essa é a importância dessa informação. 


A comparação aqui é justa, já que como os gregos daquela época, a guerra que em tese era justa porque um roubou a esposa do outro, se torna absurda e irreal, com os próprios combatentes como Aquiles se recusando ou vendo o "preço" pago pela influência de "grandes homens" que não fugiam das batalhas. Mas há uma ironia na forma como os poemas clássicos terminam com a derrocada de Tróia, mas também todos os envolvidos não foram recompensados, Aquiles se mostra como o personagem central do filme e também pudera. 


Inverte-se o começo, meio e fim da história, e Aquiles conhece Criselda e rapta ela do rei Mines, no filme é colocado como heroico e romântico. Agamenon havia raptado ela, deixando Aquiles irado, fato que o afastou da guerra até a morte de seu amigo Pátroclo.  No filme, não há nenhum rapto de Criselda, eles colocam como uma estória romântica avulsa e justificam dizendo como se a vida pessoal de grandes heróis nunca é lisa ou perfeita, porque eles estão buscando a "glória eterna". 




Esses homens eram  regidos ou protegidos pelos deuses que acompanhavam as batalhas normalmente do lado dos gregos, apesar de exceções, como Hera, deusa dos casamentos e esposa de Zeus acaba ajudando o lado oposto quando  seu marido estava em sono profundo. 


E esse ficou para mim como o mote do filme, uma resposta clara de Hollywood ao filme Helena de Troia, de 2003, um filme de televisão sobre o mesmo tema que apesar de ressaltar algumas perspectivas inovadoras, como uma Helena de Tróia ruiva e um assassinato de Agamenon feito pela sua esposa (melhor cena do filme), não era exatamente a melhor adaptação possível, perdendo  o caráter heroico e épico que ficava perdido. O filme de 2004 foi dirigido por Wolfgang Petersen, com roteiro de David Benioff.  


Isso aqui se torna uma forma de debate sobre história e gênero literário, os escritos de Homero, que sobreviveram por conta da oralidade contada de geração para geração,  o final do filme é diferente de Ilíada e é extraído de uma adaptação pós Homero de um outro poeta grego Quintus Smyrnaeus chamado "pós-Homero", uma série de 14 livros basicamente perdida, mas que conta sobre a destruição de Troia e em Ilíada.  Na outra estória, o heroi Ulisses, o mesmo que pensou na ideia do cavalo de Tróia, a Odisseia narra como ele conta do depois, a sua volta para casa, na ilha de Ítaca, despertando a ira de Poseidon e precisa se esconder na ilha Calipso, uma jornada de 10 anos.


A mudança do filme é cortar a parte do roubo de Criselda (Briseida), uma troiana que Aquiles roubou na guerra e queria manter,  por Agamenon (que no outro filme Helena de Tróia ele era bem mau, e estuprava Helena nesse outro filme). Aqui está a diferença histórica percebida pelo próprio filme de 2004 que corta a parte de Agamenon, e foca na morte de Aquiles por Páris. 


Até o século XIX não se acreditava na historicidade real da guerra de Troia, até que escavações recentes na região de Anatólia sugeriam que a cidade poderia se localizar na atual Turquia, na Anatólia, um lugar chamado Hisarlik, na península de Çanakkale. Em Troia, o rei Príamo recebe Helena quando Heitor e Páris retornam para casa e decide se preparar para a guerra. Os gregos eventualmente invadem e tomam a praia de Troia, graças em grande parte a Aquiles e seus mirmidões. 


Aquiles manda saquear o templo de Apolo e reivindica Briseida — uma sacerdotisa e prima de Páris e Heitor — como prisioneira, como mostrado no filme. Ele fica furioso quando Agamenon a tira dele com despeito e decide que não ajudará Agamenon no cerco, isso até a Pátroclo que faz Aquiles ligar toda sua raiva com ódio de ter perdido a mulher, o seu verdadeiro "calcanhar", podemos brincar, já que ele se envolve com a parente do cara que roubou Helena de Esparta, mas quem "tomou as dores" e era ditador era o Agamenon, que é um personagem tão ruim, que no filme de 2003, ele é morto por sua esposa que descobriu que ele matou a filha como sacrifício para a guerra, e no filme de 2004 Agamenon morre também na mão de uma mulher, quando ele é morto por Criselda que mata ele sem nenhuma ajuda de Aquiles (Hollywood feminista aqui). 


Uma forma do filme reinterpretar o poema mostrando que o relativismo de Aquiles vem do fato dele se manter corajoso e heroico mesmo lutando pelo lado que queria destruir tudo da cidade. Aquiles demonstrou isso quando deu 10 dias de pausa na guerra para enterrar o corpo do irmão de Páris, este sim que tinha morrido de forma heroica, acabou morrendo em combate para Aquiles, o mais forte de todos os guerreiros por ter matado seu amigo antes. 



O que está em jogo é o valor da guerra para futuras gerações e como se conta uma estória tão clássica como esta. No filme de televisão, Agamenon e os outros gregos ser transformaram em vilões, sem nenhuma ética na guerra, até mesmo o herói épico Aquiles cedeu deixou os troianos enterrar os seus mortos. Aquiles é o tropo narrativo de Páris, ele também rouba uma mulher do grupo rival, só que enquanto um é "covarde" o outro é corajoso. 



Enquanto isso, os troianos reúnem todo o seu exército de 25.000 homens e discutem o que fazer sobre a invasão grega. O general Glauco deposita sua confiança no exército de Troia e na força de suas muralhas, enquanto outros defendem a diplomacia, levando Páris a declarar que desafiará Menelau pelo direito a Helena.


Os exércitos troiano e grego se encontram fora de Troia. Durante uma negociação, Páris se oferece para duelar pessoalmente com Menelau em troca de Helena e a cidade serem poupadas. Agamenon, pretendendo tomar a cidade de qualquer maneira, aceita. Menelau fere Páris e quase o mata, mas é morto por Heitor, violando o duelo. 


Um Agamenon enfurecido ordena aos gregos que esmaguem o exército troiano em menor número. Na batalha que se seguiu, Heitor mata Ajax em combate individual e o exército grego sofre milhares de baixas devido ao exército endurecido de Troia, forçando Agamenon a recuar. Ele dá Briseida aos soldados gregos para sua diversão, mas Aquiles a salva. Mais tarde naquela noite, Briseida entra furtivamente nos aposentos de Aquiles para matá-lo; em vez disso, ela se apaixona por ele e eles se tornam amantes. Aquiles então resolve deixar Troia, para grande consternação de Pátroclo, seu primo e protegido.


Apesar das objeções de Heitor, Príamo ordena que ele ataque os gregos. Na batalha, Heitor duela com um homem que ele acredita ser Aquiles e o mata, apenas para descobrir que era na verdade Pátroclo. Atormentados, ambos os exércitos concordam em parar de lutar por um dia. Aquiles é informado da morte de seu primo e jura vingança. Desconfiado de Aquiles, Heitor mostra à sua esposa Andrômaca um túnel secreto sob Troia. Se ele morrer e a cidade cair, ele a instrui a levar seu filho e quaisquer sobreviventes para fora da cidade, para o Monte Ida.


No dia seguinte, Aquiles chega fora de Troia e desafia Heitor. Os dois duelam até que Heitor seja morto, e Aquiles arrasta seu cadáver de volta para a praia de Troia. Príamo entra furtivamente no acampamento e implora a Aquiles que devolva o corpo de Heitor para um funeral adequado. Envergonhado de suas ações, Aquiles concorda e permite que Briseida retorne a Troia com Príamo, prometendo uma trégua de doze dias para que os ritos funerários de Heitor possam ser realizados em paz. Ele também ordena que seus homens retornem para casa sem ele.



Agamenon declara que tomará Troia independentemente do custo. Preocupado, Odisseu elabora um plano para se infiltrar na cidade: ele faz os gregos construírem um gigantesco cavalo de madeira como uma oferta de paz e abandonarem a praia de Troia, escondendo seus navios em uma enseada próxima. Príamo ordena que o cavalo seja trazido para a cidade. Naquela noite, os gregos escondidos dentro do cavalo emergem e abrem os portões da cidade para o exército grego, iniciando o Saque de Troia. Os guerreiros de Troia tentam defender sua cidade, mas são dominados e massacrados, enquanto a maioria da população é morta ou escravizada.



Enquanto a cidade baixa está sendo saqueada, Andrômaca e Helena guiam os sobreviventes para a segurança através do túnel, com Páris dando a Espada de Troia a Eneias, instruindo-o a proteger os troianos e encontrar um novo lar para eles. Enquanto o exército grego penetra nas muralhas do palácio, Glauco lidera os soldados troianos restantes em uma última resistência corajosa. 


Depois é feito um funeral especial para Aquiles, onde Odisseu creme seu corpo. Um filme que inovou ao tratar a metáfora de Agamenon como uma forma de retratar os riscos de um combate regido por reis autoritários e sem nenhuma solidariedade, a estória diferencia o perfil do governante que apenas usufrui e distribui os impactos da guerra, para a altivez do guerreiro que combate nos batalhões da frente sem medo de morrer. 


No caminho de volta na Odisseia, Ulisses vive diversas aventuras situados pós guerra de Tróia , ele vive diferentes aventuras e reconta os feitos dos guerreiros antigos já como lenda. Desperta a ira de Poseidon, deus dos mares, e precisa se esconder na Ilha de Calipso.



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