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Aumenta que É Rock 'n Roll (2024): Gravado em Niterói, filme resgata a História da "Maldita", primeira rádio a tocar Rock no Brasil ainda na época da Ditadura Militar



Aumenta que É Rock 'n Roll conta a história da primeira rádio de rock brasileira na década de 1980: a rádio Fluminense FM, também conhecida popularmente como "A Maldita", a rádio que começou a tocar rock raiz em um dos Estados mais conservadores do Brasil. Filme foi baseado no livro A Onda Maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense, de Luiz Antônio Mello 


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Filme conta com roteiro de L.G. Bayão e do próprio diretor Tomas Portella (que foi assistente e trabalhou) no filme de 2008 do Incrível Hulk com Edward Norton, Ensaio sobre a Cegueira (2008), e a série Impuros (2018). O tema dos quase 40 anos da rádio está em alta, com até mesmo um documentário de Tetê Mattos sobre a rádio e como ela foi criada. É mais um dos "filmes de rock", filmes onde as pessoas declaram seu amor ao rock in roll e querem recusar imitações e adornos pops, que a rádio teve que aderir em 1994. A rádio maldita durou até 2002. 



Na vida real, o início da rádio é interessante pensar era transmitida de Niterói, o primeiro trabalho coletivo da rádio se deu com uma coletânea intitulada Rock Voador, com nomes como Celso Blues Boy, Kid Abelha, Lobão, Paralamas e Blitz, com parceria com o Circo Voador.


Rock com praia, essa era a ideia que eles venderam. Havia todo um clima de inclinação para novas tendências de moda. Depois dos Beatles, a geração 70 havia "desistido" entregue a toalha, enquanto a ditadura apostava em algumas ideias "nacional desenvolvimentistas", mas que na verdade vinham com arrocho salarial ao povo mais pobre, perda de renda (era o "delfinato" definhando). Isso isolava os jovens e fazia deles uma certa necessidade de cultura própria afastada da música popular brasileira ou da geração anterior da tropicália.



Então, a cultura jovem, muito como hoje em dia, estava em uma bolha, em um nicho, e dessa forma, não era viável o investimento em rock em roll puro. Os banners, posters e mensagens gráficas do filme são ótimos, Motorhead, Tommy do The Who, poster de London Calling, do The Clash, The Misfits, Dead Kennedys.  A primeira compilação da rádio foi um Lp de 12 faixas com músicas de heavy metal Iron Maiden, John Lord, Matillion, Gang Of Four, Missing Persons. 



Muitas imagens de tudo que a gente todo dia na praia que a gente frequenta e nos lugares que a gente cresceu indo, agora essas imagens dentro de um filme, é surreal de legal. Mostra tocando Lobão e Ultraje a Rigor e negando tocar as tradicionais românticas ao estilo de Duran Duran ou Lionel Richie. 



Mostra um momento onde o dono agora da rádio tem que intervir contra o "vandalismo", sendo um dos momentos mais críticos do filme, mostrando como apesar da ideologia, um negócio ainda é um negócio e responsabilização é foda, ainda mais na época mais severa e sem resistência da ditadura militar. E depois disso, vindo o discurso oficial para tentar dizer que eles não eram inimigos, mas vítimas juntos do autoritarismo. 


Depois o policial vem dizer que ele intimidou os marginais, o rapaz ficou tão puto que deu um sono na cara do policial, e claro, foi preso por isso.  Esse momento de redemocratização, mostra um monte de jovens fazendo também campanha pelas diretas já. Mostrando que esse foi o momento onde a rádio passou a dar lucro. Mostra eles putos com a perda da emenda das diretas já no congresso (um fato contado muito bem no livro do Dante de Oliveira em 1983). 



Filme começa mostrando o Liceu (escola que muitos na nossa cidade passaram e que marca uma memória sentimental muito grande, mostrando como os jovens se conheceram) aqui de Niterói como um dois locais fundadores da chamada Maldita FM, uma rádio de rock que teve uma importância gigantesca na cultura jovem do Rio de Janeiro. Caramba, eles filmam no Colégio Liceu, filmaram na Amaral Peixoto (no centro aqui da nossa Niterói). Também filmaram na rodoviária Roberto Silveira, ambas alocações no centro da nossa querida cidade. Também gravaram nas nossas barcas (pergunta é como conseguiram a barca antiga?). 


O filme foi inspirado também em um livro por sua vez. Aumenta que É Rock 'n Roll. Em uma rádio à beira da falência, o radialista  Luiz Antônio pega uma direção de rádio, o filme conta como a Fluminense AM virou a lendária "Maldita", com a banda 94,9.


Em meio ao caos de uma estação de rádio à beira do colapso, surge Luiz Antônio, um radialista desajeitado que se vê inesperadamente no comando. Com sua paixão pelo rock'n'roll como única bússola, ele e sua equipe excêntrica transformam a decadente Fluminense FM na lendária "A Maldita". Entre solos de guitarra e interferências de sinal, acompanhamos as épicas jornadas de Luiz, enquanto ele navega pelas ondas do rádio brasileiro.


Conta a história da Rádio Fluminense, sabemos também que essa rádio tentou uma volta durante um tempo e foi muito legal também com essa pegada mais do rock. Acho que todos cresceram ouvindo essas estórias, mas é interessante ver um filme sobre estórias que sempre foram contadas na oralidade. Caraca, a história da maldita, a rádio mais querida dos jovens fluminenses! O filme mostra muitos detalhes de época, como a morte do amigo deles, o filho do jornalista Samuel Weiner, o Samuel Wainer Filho, um dos apoiadores do projeto.



Por causa da recusa de uma geração em repetir o estilo que era dominante na época da ditadura militar. Vale lembrar que essa era época sem internet, onde as pessoas realmente escutavam rádio todo dia. Hoje em dia, o rádio vive mais de anunciantes do que de audiência e relevância, sendo um local de referência memorial mais do que um local de lançamento de novas músicas ou de rotinas de playlists de rock clássico, uma coisa rara de se ver no gosto do brasileiro médio. 


Em uma certa hora, aparece Evandro Mesquita querendo dar uma fita demo da Blitz para ele no fliperama. Em outra cena, mostra Jimmy Page no Rio e eles com direito a entrevistar o cara.  Mas acaba que eles aparecem em uma festinha com Cazuza que coloca um ácido na boca da moça, mas o radialista recusa, mas ela coloca o negócio na bebida dele mesmo e ele fica muito louco. 



Vemos já em um show dos Paralamas do Sucesso, na época de Hebert Vianna muito jovem ainda. Outro show mostrava a banda Legião Urbana cantando Geração Coca-cola e todas essas músicas inesquecíveis e que vieram a tocar muito sem parar depois. Interessante saber que se usou de uma rádio cujo proposta inicial era tocar músicas de rock que normalmente não tocavam no dial das rádios brasileiras da época (e de hoje em dia também). 


Foto da época de um show com divulgação da rádio.



Mostra como um bando de garotos fã de rock in roll estavam tentando fazer cultura na época de uma ditadura militar. O filme começa com essa relação escolar de jovens muito novos que eram muito fãs de rock mas que se sentiam reprimidos pelo senso comum dominante e arcaico de sempre da sociedade brasileira. Os jovens refletiam sobre a pauta das músicas, sendo difícil tocar Sex Pistols sempre. Tem uma parte do filme que uma grávida tem um livro no elevador. Tem outra parte que mostra um senhor ouvindo o rádio ao som de Joan Jett (The Runaways) em frente a estátua de Arariboia (do índio fundador da cidade de Niterói). 


A sensação de época é gostosa, vemos os discos de AC DC, o amor ao Jimmy Hendrix e os conservadores donos da rádio aos poucos "deixando" o projeto acontecer. Mostra essa ideia de ter uma ideia cultural global e estar preso em um local onde todos são extremamente conservadores em volta. Os donos da rádio são mostrados como pessoas que queriam uma rádio para namorados em motéis para tocar Lionel Richie, mas os jovens queriam outra coisa. 


Em certa parte do filme, vemos o início das conversas em torno do Rock In Rio, Roberto Medina é citado como "aquele cara maluco que trouxe Sinatra pro Brasil", na verdade, sabemos que é um produtor clássico com contatos com o PSB, os socialistas locais. No filme, brincam que um festival assim seria impossível, porque "todo mundo sabe que o Brasil dá calote" e mostra a saga de poucos recursos e oficialidade para cobrir o primeiro Rock in Rio de 1985, um evento certamente histórico e de peso.



Depois disso, temos o fim do filme no Rock in Rio mesmo, mostrando que depois, vimos a eleição do primeiro presidente civil, antes da sua trágica morte, com Sarney assumindo, ou na própria história da rádio, com seu criador largando três anos depois. Mas ele tem uma rádio na internet até hoje chamada LAM. 


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