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Um Morto Muito Louco (1989): O problema de querer sempre "se dar bem" em uma crítica feroz à meritocracia e ao individualismo no mundo do trabalho

 

Weekend at Bernie's é um filme de humor negro americano de 1989 da Fox, dirigido por Ted Kotcheff. Vemos a história de dois jovens funcionários de uma seguradora que, ao serem colocados para trabalhar em um sábado, descobrem um desfalque nas contas da empresa. Ao comunicarem ao seu chefe, o CEO Bernie Lomax, ele os convida para passarem o resto do fim de semana em sua casa de praia, apenas com a intenção de matá-los. O problema é que antes de eles chegarem lá, Bernie é assassinado por causa de um de seus esquemas. Ao chegarem lá, eles descobrem que Bernie está morto e, com medo de avisarem as autoridades, não sabem o que fazer com o corpo 


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Lembrete, Weekend at Bernie's é um filme de humor negro americano de 1989 dirigido por Ted Kotcheff, escrito por Robert Klane e estrelado por Andrew McCarthy, Jonathan Silverman, Catherine Mary Stewart e Terry Kiser. Conta a história de dois jovens funcionários de uma seguradora que descobrem que seu chefe Bernie está morto ao chegar em sua casa nos Hamptons. 


Ao tentar convencer as pessoas de que Bernie ainda está vivo até que possam partir para evitar que sejam falsamente suspeitos de causar sua morte, eles descobrem que Bernie ordenou seus assassinatos para encobrir seu desfalque. Weekend at Bernie's arrecadou US$ 30 milhões com um orçamento de US$ 15 milhões. O sucesso do filme inspirou uma sequência intitulada Weekend at Bernie's II (1993), com a adição no elenco do ator Gary Dourdan (de CSI). 


O filme custou US$ 15 milhões de dólares,  e lucrou US$ 30 milhões de lucro total e também foi rentável em locadoras e repetiu na tv a cabo. 


O filme não é sobre um morto exatamente, mas sobre a fraude que os jovens acham no balanço fiscal da empresa. Quando são convidados para uma festa na cada do CEO, eles acham que estão abafando, quando na verdade, o patrão já queria eliminar eles, o filme então brinca que por isso eles ligam zero para a ética de se preocupar com o patrão. 


Na primeira cena já do filme,  vemos um deles lavando calçada enquanto o outro cara vai para o trabalho em um bairro muito ruim de NY. Eles são assaltados no Central Park, mas recusam o assalto por não ter nada para roubar. É verão em NY e está quente e tudo na cidade parece caótico e maluco. Chegando no ambiente da empresa é tudo diferente, a decoração americana de prédio super clássico, a empresa desliga o ar final de semana quando os estagiários vem trabalhar. Enquanto o porteiro está em frente ao ar enquanto está com seus pés em cima da mesa, ou seja, ninguém vem ali além deles, só eles trabalham.


Um deles leva a sério, outro só quer ir para a praia. Mas os dois vivem de aparência. A "praia" é o alto do prédio, como o costume das lajes nas favelas do Rio de Janeiro. Um deles diz que deveriam ir em uma praia de verdade e o outro diz que isso não existe mais. 


Um deles acaba achando um erro grave na planilha de registro orçamentário da empresa e acha que por isso vão ser promovidos, eles tentam falar com seus superiores mas ninguém quer ouvir, mas na realidade, o "erro" nas páginas 28-41, na verdade, eles descobriram a lavagem de dinheiro da empresa e quando eles contam, os seus patrões passam é claro, a querer matar os dois, então eles são convidados para um final de semana na casa do patrão deles que planejava matar eles, mas o que eles não contavam é que o patrão havia morrido e eles estavam mentindo pois esse cara queria matar eles antes; O patrão planeja esconder a fraude na conta deles e depois se livrar deles.


Quem não se lembra da marca desse filme, toda vez que alguém tenta fraudar o segura com alguém já morto, como ocorreu aqui no Rio de Janeiro esses dias temos a lembrança desse filme na cabeça, o problema é que existe uma cultura capitalista esquizofrênica de nunca "parar de festejar e gastar", onde os funcionários carregam o patrão em um ritual de não querer se responsabilizar da morte de um cara que "todo mundo já queria matar" antes. 


Claro que existe o fato de ter que reportar isso. Na vida real, isso seria impensável, já que é crime vilipendiar cadáver, mas como é um filme, estar morto e no controle é a metáfora de ser um chefe rico, e é levado ao literal pelo morto dele.  Eles ficam o filme inteiro ali, quando eles poderiam só ter ido embora, nada ia acontecer com ele, mas eles queriam viver pelo menos uma vez o estilo de vida padrão dos CEO's de grandes corporações e por isso a piada de não reportar e viver na casa chique do morto.


O cara que o patrão contratou para matar os garotos acabou morrendo na mão do mesmo cara que ele tinha contratado para esse fim. Ou seja, os jovens estagiários do mercado financeiro liberais (pois acham que vão ficar amigos do patrão), são salvos de morrer porque já haviam apagado o patrão. Quando chega na casa de Bernie, eles comentam "se você trabalhar bastante um dia pode ter tudo isso", outra brincadeira com a meritocracia falsa. 


A crítica odeia esse filme demais, até Roger Ebert não gosta, dizendo que a piada que sustenta o filme do início ao fim não é engraçada propriamente dito, é uma coisa meio "mundo cão". No fim, a sensação ao espectador que assistiu o filme com atenção é de que o filme questiona a meritocracia e o sistema de empregos do mercado financeiro. 


O filme teve uma sequência em 1993 com Andrew McCarthy e Jonathan Silverman e também com o morto do primeiro filme. Em 2019 fez 30 anos do lançamento do primeiro filme. Mas o filme foi marcante para a cultura pop, sendo mencionado em várias séries e filmes como em How I Met Your Mother. 


O que aconteceu em 1989, os Estados Unidos tinham George H. W. Bush como presidente (o pai do Bush filho), eles derrubaram nesse ano no Panamá o governo de Noriega, e no Brasil marcante para o filme foi importante mais do que para os Estados Unidos, em tom canastrão, eles contaram uma estória extremamente séria, elegemos para presidente Fernando Collor, o jovem candidato do mercado financeiro e da direita conservadora contra Lula (o cara que era visto apenas como um trabalhador comum na época). Ou seja, elegemos o morto.


Collor tinha todas as "pautas certas" para as noções da direita, mas sujo e convencional como todos os outros marajás. O filme ajuda a refletir esse clima, só que nos EUA. Esse filme é uma caricatura tão grande sobre o pensamento da meritocracia da direita, mas de uma maneira tão radical que é difícil acreditar que ele passe apenas como uma comédia de costumes (dark) padrão. 


Como a piada da namorada do Bernie ter se satisfeito mesmo com ele morto, ou seja, está acostumada a ele "não fazer nada", quando perguntada, ela responde "nunca esteve melhor", algo assim. Quando finalmente ligam para o policial que está por ali perto, acontece que ele também está drogado e não pode atender a ocorrência, enfim, todos querem festa, afinal é o capitalismo dos anos 1980.


O patrão brinca com o fato de ser o filho do antigo dono da empresa (explicando o motivo da lavagem de dinheiro), ele não fez o dinheiro da própria empresa. O relatório era sobre as apólices de seguro, onde a data das apólices tinham sido preenchidas depois da morte dos beneficiários (o que é exatamente a piada do "causo" principal do filme, os estagiários fizeram o que a empresa sempre fez). Ou seja, a empresa passava as pernas no sistemas financeiro. 


No feriado do dia do trabalho 01 de Maio, eles aceitam trabalhar, o que era uma armadilha de livre mercado, na verdade, o patrão ia matar os dois.  Eles aceitaram brincar com o patrão sem vínculo de respeitar o feriado do dia do trabalho. 


Tudo é metafórico, o cara é um herdeiro da fortuna, ele é morto porque ele não manda na própria empresa, nem na própria casa, é uma vida "radical", porém vazia e abjeta. Na festa da casa do Bernie acontece com todo mundo na casa dele (ou seja, ele nunca teve ali mesmo), e que sua postura paradora e blasé mostraria que o cara talvez sempre "esteve morto" mesmo sem vida, por isso ninguém percebe a diferença. 


Essa é a grande piada do filme, como um plano sequência onde ninguém quer segurar a barra de reportar o assassinato do morto, em uma das cenas, a jornalista questiona bêbada para o outro porque ele não quis publicar seu livro sobre se Sherlock Holmes e Watson seriam amantes, mostrando o que são os editoriais de jornalismo e da própria literatura comum diária. 


Um dos amigos queria apenas fingir que o cara está vivo, já que eles estão debatendo se tem ou não que reportar, ligar para a polícia, e lembrando que o patrão tentou incriminá-los, é compreensível que eles tivessem medo de ligar para a polícia, por mais que fosse o 'procedimento padrão' em situações como essa, o que acontece é que ninguém quer reportar e perder a festa. Eles chegam até a andar de lancha com o patrão sim (só que ele já estava morto). O assassino volta porque a lenda é que ele "continua vivo" e assim ele atira nele para garantir que ele estaria morto mesmo e como tem três testemunhas ele tenta matar eles, mas a sua arma acaba a munição . 


Eles estão ferrados em pleno verão, debatendo estar difícil a vida, mas ao mesmo tempo, eles estão curtindo a vida felizes sem stress. Eles bancam ser estilosos, mesmo estando sem dinheiro. Um dia comendo podrão na rua, eles veem a vida luxuosa do chefe deles. O cara que mora sozinho e é preguiçoso vive em um apartamento cheio de baratas enquanto o certinho mora com os pais. 


Algumas curiosidades como Jon Cryer (o Alan de Two and Half Men) ia estar no filme mas foi substituído por Andrew McCarthy. As cenas na casa dos Hamptons foram filmadas em Bald Head Island, na Carolina do Norte, e as cenas de barca foram filmadas em Wrightsville Beach, Carolina do Norte. A casa do Bernie foi filmada em Fort Fisher, também Carolina do Norte. 


Larry Wilson e Richard Parker são dois funcionários financeiros de baixo escalão de uma seguradora na cidade de Nova York. Ao revisar os relatórios atuariais, Richard descobre uma série de pagamentos feitos pela mesma morte. 


Ele e Larry levam suas descobertas ao CEO, o rico e hedonista Bernie Lomax, que os elogia por descobrirem a fraude no seguro e os convida para passar o fim de semana do Dia do Trabalho em sua casa de praia nos Hamptons. Sem o conhecimento da dupla, Bernie está por trás da fraude. Encontrando-se nervosamente com seu parceiro da máfia, Vito, Bernie pede que os dois sejam mortos para encobrir a descoberta. Depois que Bernie vai embora, Vito ordena que o próprio Bernie seja morto por dormir com a namorada de Vito, Tina.


Bernie chega à ilha antes da dupla e planeja os assassinatos com o assassino Paulie ao telefone, sem saber que a conversa está sendo gravada em sua secretária eletrônica. Paulie chega e mata Bernie com uma injeção letal de heroína, depois a apresenta como autoinfligida.


Larry e Richard posteriormente encontram o corpo de Bernie na sua cadeira e usando óculos. Antes que possam chamar as autoridades, os convidados chegam para uma festa que Bernie costuma dar todo fim de semana. Para surpresa da dupla, os convidados estão ocupados demais na festa para perceber que ele está morto, com o sorriso estúpido da injeção e os óculos escuros escondendo seu estado sem vida. 


Temendo implicação na morte de Bernie e querendo aproveitar a luxuosa casa no fim de semana, Larry propõe que ele e Richard mantenham a ilusão de que Bernie ainda está vivo, o que Richard acha um absurdo. Ele muda de ideia quando Gwen Saunders, uma estagiária de verão da empresa com quem ele tem um relacionamento de flerte, também chega.


Depois da festa, Tina bêbada chega em casa e exige que a dupla a encaminhe até Bernie. No entanto, ela também não consegue perceber a situação e faz sexo com o cadáver dele. Um dos mafiosos de Vito testemunha isso e, pensando erroneamente que o assassinato de Bernie falhou, notifica Vito, que manda Paulie de volta.





 Ele tenta ligar para a polícia, mas em vez disso ativa a mensagem telefônica detalhando a conspiração de Bernie contra eles. Sem saber como Bernie morreu, eles acreditam erroneamente que ainda são alvo de um ataque da multidão e, como Bernie havia dito para não matá-los enquanto estivesse na área, decidem usar o cadáver de Bernie como escudo. Todas as suas tentativas de deixar a ilha são frustradas, pois eles repetidamente extraviam e recuperam o corpo de Bernie e, eventualmente, são forçados a retornar para a casa de Bernie. Enquanto isso, enquanto eles não estão olhando, Paulie faz inúmeras outras tentativas de assassinato e fica perturbado com seus repetidos "fracassos" na hora de matar o CEO.


A polícia chega e prende Paulie, levando-o embora em uma camisa de força enquanto ele continua a insistir que Bernie ainda está vivo. Gwen convida Richard para passar uma semana com sua família, enquanto Larry decide ir para casa para dar espaço a eles. 


O corpo de Bernie é colocado em uma ambulância. Porém, a maca rola e cai do calçadão, jogando o corpo na praia logo atrás do trio, que foge enojado. Depois, um menino, que antes havia enterrado o corpo na areia, chega e começa a enterrá-lo novamente. O fim do filme mostra o corpo do CEO sendo enterrado por uma criança alheia de tudo que acha que ele está vivo também. 



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