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A Época da Inocência (1993): Scorsese adapta Edith Wharton, primeira mulher a ganhar o Pulitzer, em obra inspirada em livro brasileiro do século XIX




The Age of Innocence é um filme de drama histórico romântico americano de 1993, dirigido por Martin Scorsese. O roteiro, uma adaptação do romance homônimo de 1920 de Edith Wharton, foi escrito por Scorsese e Jay Cocks. O filme é estrelado por Daniel Day-Lewis, Michelle Pfeiffer, Winona Ryder e Miriam Margolyes, e foi lançado pela Columbia Pictures. Em 1870, vemos o namoro e casamento de Newland Archer, um rico advogado da sociedade nova-iorquina, com May Welland; Archer então encontra e representa legalmente a Condessa Olenska e isso choca a sociedade em volta deles



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Faço aqui essa comparação, que acredito que ninguém tenha percebido ou feito, do livro que inspirou esse filme com o livro "Inocência" (inclusive, o mesmo nome!), com a diferença de ser em outro lugar.


Interessante é entender o livro e o filme como retratos de uma sociedade forjada nas lógicas da etiqueta, que foram comentadas pelo sociólogo e historiador alemão Norbert Elias. Apesar do século XIX ter mudado a face política do mundo, com o surgimento de repúblicas modernas, como o Brasil, o "novos ricos" estavam interessados em se portar como a elite antiga, comprando seu caminho nessa nova sociedade como for, mantendo assim as aparência. 



 A autora Edith Wharton é dos anos 1920, como é dos anos 1920, a sátira do também amigo de Edith, ele escreveu Main Street, uma sátira parecida com a ideia do outro filme de Scorsese de 1973 Mean Streets. 


O escritor Sinclair Lewis (que foi votado por Edith apesar de ser mais esquerdista que ela), e que fez ele ganhar depois o Nobel de literatura em 1930, em um filme que fala sobre as expectativas de uma jovem que estudou sociologia na faculdade e quando se casa e vai morar em uma cidade pequena e feia, ela tenta modificar o lugar através de sua participação em clubes de mulheres, o que tem a ver dos dois é a questão da sociologia de bairro, apesar do primeiro nome ser diferente. O livro virou parte da cultura popular, e os times de esportes de ensino médio na sua própria cidade entre 1925-26, nomeando as crianças em eventos de esporte de "main streeters", explicando a origem da versão do Scorsese. 



 Edith ganhou um Pulitzer prize por esse livro e foi a primeira mulher a fazer isso, mas sua ideologia geral é completamente possível de ser questionada. Possivelmente ela pode ter feito sem saber do livro brasileiro, mas a história é clássica demais e óbvia demais para ignorar.  


No filme de 1993 de Scorsese tinha Daniel Day-Lewis como Newland Archer, Michelle Pfeiffer como Ellen Olenska, Winona Ryder como May Welland. Apesar de se casar May Welland, Archer queria mesmo era ficar com Ellen Olenska. Sendo o grande trauma que perpassa todo o livro. O início do filme passa se passa na Opera de New York, onde está ocorrendo uma apresentação de Fausto, que foi filmada na na Philadelphia. 


Scorsese chamou esse filme como o filme até então mais violento que já tinha feito até ali, o que faz sentido se pensarmos a estória em comum dos dois romances que é o casamento forçado, ou por aparência e a aderência aos escrúpulos e expectativas de uma sociedade cheia de regras. 



Em uma das cenas, Archer está tentando convencer Olenska a  achar felicidade mas também quer que ela volte para o marido para não fazer escândalo com a família. A câmera capta então os olhos de Archer ao perceber que na casa dela tinha os pertences de outro homem e aí vemos o ciúmes na cara dele. 


No livro de Edith, os personagens da elite nunca se satisfazem com sua vida, porque eles são ditados por normas, casam por aparência, por obrigação, essa sociedade de notas de rodapé e regras de etiqueta severas condenava as mulheres que não se casavam por exemplo. O filme de Scorsese observa essa semiótica, já que o título segundo a autora tinha sido de uma dessas "bonecas anjos" antigas que usavam em propagandas e folhetos.


A caracterização do filme de Scorsese mudou um pouco alguns personagens, como Manson Mingot, adaptado como mais excêntrico que no livro, como Van Der Luydens parece mais inacessível. O diretor conhecido por fazer filmes como Raging Bull, Goodfellas, e Taxi Driver.



A principal diferença é que no livro, o advogado gosta de sua noiva e muito aos poucos vai se apaixonando por Ellen e mudando de opinião, já no filme, a relação dos dois é colocada como totalmente forçada. Mas o filme também não quer focar na rigidez das regras sociais. Essa brutalidade dentro das boas maneiras que o livro faz tão bem ao se colocar na visualização de um romance proibido, mesmo tema caro ao livro de Edith. 



Já comparando aqui o romance regionalista brasileiro "Inocência", de Visconde de Taunay publicado em 1872 (mesma época que abordada por Edith), temos a descrição de locais aparentemente "afastados da civilização", mas completamente iguais na sua forma de opressão.  Talvez o fatalismo do livro de Taunay é que a moça por não se casar como amado (o médico/farmacêutico) que se apaixonou por ela por ver ela febril enquanto cuidada dela, acabou indo para o duelo clássico mano a mano com o prometido da moça, que nada sabia da vida e do mundo e vivia em uma bolha de vigilância constante. 


No fim, tanto ela morre, quanto o amado, é uma dessas tragédias ao estilo Romeu e Julieta local. Já Edith foca nessas regras de etiquetas mortais e por abordar essa "Idade Dourada", cultivou a imaginação dos americanos para temas semelhantes na versão deles, sem o uso das armas e da masculinidade, a coerção era feita com luvas e não com a espadas.  

 

Qual é a ligação das duas o obra? Inocência foi publicado em 1872  e Época da Inocência (The Age of Innoccence) já em 1920 refletindo a mesma época, embora em locais completamente diferentes. No livro brasileiro , a menina de nome Inocência se apaixona em estado febril de malária pelo médico Cirino, mas é um romance fatalista, onde no fim, Cirino é morto pelo pai da moça e depois Inocência morre de tristeza e todos saem perdendo. 



Arte que retrata cena do livro Inocência, publicado em 1872 em formato de folhetim, cena de Cirino e Inocência sendo vigiados pelo pai da moça


 O livro de Taunay foi publicado em 1872 e retrata costumes, pessoas e ambientes do leste sul-mato-grossense (sertão), notadamente a cidade de Paranaíba e a frente colonizadora dos Garcia Leal, uma família que quer casar a filha (analfabeta) contra sua vontade, isso no meio as expedições científicas estrangeiras que queriam conhecer o território. E tem uma adaptação de 1983 com Walter Lima Jr. (cineasta da mesma cidade nossa aqui) e que adaptou o clássico para o cinema.  


Apesar de dois cenários que não poderiam ser mais diferentes, a essência é a mesma, as amarras da estrutura e dos costumes dentro da vida e da escolha pessoal das pessoas, um tema muito psicológico que coloca o livro de Edith dentro de um debate sobre sociedade, costumes e regras exteriores ao indivíduos, que eles não escolhem por si. 


Se pudesse fazer uma pilhéria sociológica aqui, são dois romances ao estilo da teoria de Émile Durkheim (funcionalismo: e a noção de que os indivíduos pouco alteram a sociedade ao qual estão submetidas e suas regras são exteriores e não interiores). 


Casas da antiga quinta avenida, as casas dos mais ricos de New York, em 1880.

Casa do milionário Cornelius Vanderbilt


Já o livro de Edith Wharton, que tinha 57 anos quando publicou seu grande livro é sobre os costumes de uma classe média que cultiva seus dias férias em Newport e na quinta avenida, em Upper East Side, 1870 e retrata com muita descrição a rica dos ricos e mais privilegiados de New York. 


Vamos analisar Newland Archer se apaixona pela prima de sua noiva, Ellen, que se envolveu em um escândalo ao se separar de seu terrível primeiro casamento. Apesar de estar prometido para a linda May Welland, ele acaba gostando mais da outra por ser "mundana" e inteligente, o contrário da ignorância e da inocência de May que o irrita. Ele cada vez mais não quer casar com o modelo de "inocência" perfeita contido em May. 



Recentemente, a série de televisão da HBO "The Gilded Age", sobre a mesma época chegou a ter o brasileiro filho do Walter Carvalho, o Lula Carvalho trabalhando na fotografia de alguns episódios da segunda temporada, talvez por essa influência de estética brasileira (leia-se realista) na própria literatura americana com esse exemplo aí.  


Aqui temos a mesma falta de condenação de uma escrita conservadora e rica em detalhes etnográficos, ao mesmo tempo, que podemos identificar que os dois autores tinham esses valores, também abordavam um certo fatalismo de elites decaídas emaranharas em teias de tragédias e vontades comprimidas. 



Veio a escrever em 1920, na época que a modernidade solapava os últimos resquícios da chamada por Hobsbawm "Era dos Impérios", das grandes conquistas, da última grande onda mundial de nacionalismo e também do ciclo das últimas "grandes guerras" do século XIX.  Guerra do Paraguai no Brasil, Guerra Civil nos Estados Unidos que também serviu para "acabar" com o clima de opulência das décadas de 1850-60, os anos de 1870 seriam os últimos anos dos "grandes impérios antigos", até a Primeira Guerra o mundo teria visto o fim do Império Turco Otomano por exemplo. 



Esse fim de grandes fortunas e dos grandes capitalismos antigos causou várias alterações e crises econômicas, como a queda do valor do dinheiro americano fez a classe dos ricos perder um pouco de sua estrutura do "dinheiro antigo". 


O que quero dizer é que foi uma época de grande mudança no mundo inteiro, o progressivo fim da escravidão no ocidente e diversas alterações que podiam colocar fim a estrutura de família e patriarcado antigas. Por isso que Edith foi muito capaz de descrever como que era o 'fim' de um tipo de cultura muito própria e que ao poucos mudou completamente também em termos de tudo mesmo. A autora escreveu antes o livro "A Casa da Alegria" livro que termina com um suicídio, e fala sobre a corrupção na classe da elite e a estória da menina bem nascida que ficou pobre, lançado em 1905.


A família de Edith frequentava os verões de Newport, em Rhode Island. Enquanto estava na Europa, foi educada por tutores e governantas, rejeitando os padrões das casadas da época, lendo então mais livros da biblioteca do pai, criticava a ideia de bailes e festas obrigatórias para as mulheres. Sua família havia proibido ela de ler romances até o seu casamento.


Como o Romantismo estava em decadência na época em que a obra foi escrita, pode-se considerá-la de transição para o Naturalismo, devido a uma grande e infalível caracterização do homem como produto do meio, isto é, ele age de acordo com o tipo de vida que leva. Esse regimento de conduta e a vigilância de tudo e de todos é um tema em comum dos dois livros, que querem retratar o romantismo com lentes de etnografia científica, traduzindo frustrações até mesmo da elite com as regras da sociedade mais "civilizada" possível.  



No livro brasileiro Inocência, embora o anfitrião o tenha recebido normalmente, não compreendeu os elogios que o recém-chegado entregou para sua filha e começou a desconfiar dele, ainda mais depois que ele nomeou a borboleta com o nome da filha, mas depois que ele fez suas pesquisas, ele foi embora e tranquilizou Pereira. Mas quando sua filha diz que não vai se casar, leva uma baita surra do pai, aí o pai depois se encontra com Cirino e o mata a sangue frio, Inocência ao saber que teria mesmo que ser casar com Manecão morre de tristeza. É quase medieval a relação da tragédia aqui. O livro termina com Meyer recebendo uma grande homenagem na Alemanha por sua descoberta científica: a Papilio Innocentia, a borboleta achada no sertão igual Inocência, uma grande piada com a missão dos cientistas conviver com um país retrógrado e escravocrata.


Essa ideia parecida da descrição extremamente científica de costumes particulares ao meio natural. Coisas absurdas, como Inocência ser analfabeta por que o pai tinha medo de ensinar ela a ler a e escrever e ela não ser "inocente" mais, esse detalhe é monstro para entender o objetivo trágico que o livro  brasileiro provoca, fala sobre a hospitalidade sertaneja, os acordos entre famílias para preservar o poder, a questão da honra antiga, o analfabetismo como tática de dominação das mulheres e a crendice aos juramentos aos santos, a vingança, o duelo, coisas que já tinham caído no mundo ocidental, mas não nesses cantos do Brasil. 


Mas a referência e comparação aqui são válidas, já que Edith fala da mesma coisa, só que com essa brutalidade toda já mastigada nas estruturas de boas maneiras e etiquetas da típica burguesia moderna, contrastando com o relato de Brasil Império, o livro de 1872, é sobre eventos que acontecem uma década antes.  Entre os dias de 15 de Julho de 1860 e 18 de Agosto de 1863 são as únicas datas do romance. 


Uma coisa questionável da biografia da escritora é que ela era apoiadora das ideias de imperialismo francês e chegou a viajar para o Marrocos sob o convite do General Hubert Lyautey e escreveu um livro sobre essa viagem. Mostrando o lado ruim da influência da escritora, um certo louvor da etiqueta que condena, invertendo os temas de importância política para temas sobre o universo feminino, a autora por fim recebeu por suas contribuições escritas um doutorado honorário de Yale em 1923.


Queria comentar sobre o filme e o livro é que é um tipo de romance onde você vai se encantar ou gostar dos personagens, você não cai fácil aqui. Você não torce pelos personagens, de tal maneira, que acho que May pode ser o retrato da própria escritora, que "se detona" digamos aqui. 


Apesar de burra e inocente, May não tinha culpa do próprio advogado seguir todas as regras da sociedade, incluindo dizer para May que estava apaixonado por ela pouco antes do casamento, ou seja, ela deu a oportunidade para ele ir embora. Ele até parece o vilão algumas vezes. Ele vive a vida "que ele não queria viver" e depois se encontra com ela e eles ficam juntos, mas é sinceramente muito devastador e sem graça, serve enquanto modelo de época. 


O filme de Scorsese percebeu isso e fez um retrato de um cara machista, mostrando que a autora fez seu nome em cima de tornar o seu protagonista homem alguém que o leitor vai sentir pena. Quando normalmente, mulheres escrevem sob o ponto de vista feminino. 


Retrata essa transição dos ideais românticos virginais vitorianos clássicos para uma concepção realista de romance, mas que nem por isso é melhor, já que existe como uma fantasia de "E se eu tivesse seguido aquele outro caminho", Edith teve a maestria de usar seu protagonista masculino para fazer uma heroína egoísta clássica na figura. Digamos que ele é a garota do livro de romance tradicional, ele se conforma, ele se aventura, e por isso que ele prefere também algo mais "experiente" como a condessa. Ou seja, é uma história de amor onde o nojo da obviedade da fantasia dos envolvidos acaba sendo sintomático de uma mudança de postura de época ou histórica. 


"The Age of Innocence" foi lançado nos cinemas em 1º de outubro de 1993, pela Columbia Pictures. Foi aclamado pela crítica, ganhando o Oscar de Melhor Figurino e sendo indicado para Melhor Atriz Coadjuvante (Winona Ryder), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Direção de Arte. 


Margolyes ganhou o BAFTA de Melhor Atriz Coadjuvante em 1994. O filme arrecadou US$ 68 milhões contra um orçamento de US$ 34 milhões. Scorsese dedicou o filme a seu pai, Luciano Charles Scorsese, que morreu um mês antes do lançamento do filme. Luciano e sua esposa, Catherine Scorsese, tiveram pequenas participações no filme.


Na cidade de Nova York da década de 1870, o advogado Newland Archer planeja se casar com a respeitável jovem May Welland. A prima de May, a herdeira americana Condessa Ellen Olenska, regressou a Nova Iorque depois de um casamento desastroso com um dissoluto conde polaco. No início, ela é condenada ao ostracismo pela sociedade e rumores perversos são espalhados, mas à medida que a família de May corajosamente apoia a condessa, ela é gradualmente aceita pelas melhores famílias antigas de Nova York.


A condessa é desprezada em uma festa social organizada por sua família, mas com a ajuda de Archer ela consegue retornar em um evento organizado pelo rico Van der Luydens. Lá ela conhece um dos financistas consagrados de Nova York, Julius Beaufort, que tem uma reputação de negócios arriscados e hábitos dissipados. Ele começa a flertar abertamente com a condessa tanto em público quanto em privado. Archer anuncia prematuramente seu noivado com May, mas ao conhecer a condessa, ele começa a apreciar suas opiniões não convencionais sobre a sociedade de Nova York e fica cada vez mais desiludido com sua nova noiva May e sua inocência, falta de opinião pessoal e senso de identidade.


Depois que a condessa anuncia sua intenção de se divorciar do marido, Archer apoia seu desejo de liberdade, mas se sente compelido a agir em nome da família e persuadir a condessa a permanecer casada. Quando Archer percebe que está se apaixonando involuntariamente pela condessa, ele sai abruptamente no dia seguinte para se reunir com May e seus pais, que estão de férias em St. Augustine, Flórida. Archer pede a May para encurtar o noivado, mas May fica desconfiada e pergunta se sua pressa em se casar é motivada pelo medo de que ele esteja se casando com a pessoa errada. Archer garante a May que está apaixonado por ela. 




De volta a Nova York, Archer visita a condessa e admite que está apaixonado por ela, mas chega um telegrama de maio anunciando que seus pais adiaram a data do casamento. Após o casamento e a lua de mel, Archer e May estabelecem uma vida de casados em Nova York. Com o tempo, a memória de Archer da condessa desaparece. Quando a condessa retorna a Nova York para cuidar da avó, ela e Archer retomam a amizade e depois admitem o amor um pelo outro. Eles marcam um encontro secreto para consumar o relacionamento, mas antes que a ligação possa ocorrer, a condessa anuncia repentinamente sua intenção de retornar à Europa.


Duas semanas depois, May dá uma festa de despedida para a condessa. Depois que os convidados vão embora, May diz a Archer que está grávida e admite que contou essa notícia à condessa duas semanas antes, apesar de não ter certeza disso na época (a implicação é que May suspeitava do caso amoroso de Newland e disse a Ellen especificamente para empurrá-la para retornar à Europa em vez de perseguir Archer).


Os anos passam: Archer tem cinquenta e sete anos e tem sido um pai zeloso e amoroso e um marido fiel. Os Arqueiros tiveram quatro filhos. May morreu de pneumonia infecciosa e Archer lamentou muito por ela. O filho noivo de Archer, Ted, o convence a viajar para Paris. Ted providenciou para que eles visitassem a Condessa Olenska lá. 


Archer não a vê há mais de vinte e cinco anos. Ted confidencia a seu pai que May confessou em seu leito de morte que "... ela sabia que estávamos seguros com você, e sempre estaríamos. Porque uma vez, quando ela pediu, você desistiu do que mais queria." Archer responde: "Ela nunca me perguntou." Naquela noite, fora do apartamento da condessa, Archer manda seu filho sozinho para visitá-la. Sentado no pátio, ele relembra o tempo que passaram juntos e vai embora lentamente.


Diferentemente do livro que tem o tom certo de tragédia, já que não gostamos aqui do personagem e o romance só existe na imaginação suja dele que acha que "não viveu", o filme deu um 'final feliz' dele ir se reencontrar com ela para dar um sentido narrativo, mas aí estragou um pouco a ideia de Edith de abordar um fatalismo que é a melhor descrição da época em si citada do que um final feliz. Ao mesmo tempo, que o filme sabe capturar essas minúcias coercitivas da sociedade muito bem. 


No final, fica ambíguo se ele foi visitar Ellen ou não. Deixando para o universo das possibilidades, quando no livro, termina apenas na ideia do desejo imaginado, havendo assim uma crítica a procura eterna pelo ideal romântico e a todo cinismo de uma época histórica. 

 


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